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Capítulo Quatro: Frustração

Terça, 02 de abril de 2024

Hyunjin deu três toques na porta antes de entrar no escritório de Minho com um saquinho de padaria e duas xícaras de chá verde.

Seu primo estava estressado, andando pelos corredores como um touro bufante, ele estaria rindo de rolar no chão se não estivesse tão preocupado com o mais novo. No entanto, atrás do computador e banhado pela luz que atravessava os vidros laterais totalmente descobertos pelas cortinas, ele parecia levemente mais calmo. Levemente.

— Se vossa senhoria me permite o questionamento — brincou, as xícaras sendo colocadas uma em cada lado da mesa e o saco de guloseimas no meio, estavam quentinhas. — Qual foi o motivo da cara amarrada a manhã inteira?

Minho bufou, descruzando os braços e abrindo o saquinho, puxando um sonho de padaria para si, os dedos sujando de açúcar polvilhado, parecia minimamente animado com a iguaria.

— Ele não me responde — haviam duas gigantescas interrogações vermelhas na testa de Hyunjin. Minho revirou os olhos e disse antes de uma mordida — Ai Jesus, o Christopher! Ele não me responde!

As sobrancelhas do Hwang se ergueram em compreensão, mas ele logo deu de ombros e puxou um doce para si, sentando-se na cadeira à frente de seu primo.

— Ele pode estar ocupado com qualquer coisa ou te evitando.

Minho riu por detrás da porcelana fumegante, totalmente descrente.

— Ele não seria burro ao ponto de me evitar, hyung.

O mais velho deu de ombros, não levando a questão totalmente a sério. Minho é paranóico por natureza, não precisa que mais alguém o emburre.

— Provável. Mas você não tem como saber. E mais, por quê não chama a Momo para te acompanhar no jantar de quarta? — Minho negou com a cabeça — Ou sei lá, o Joshua, quem sabe... a Somi! A última vez você disse que foi divertido ter a Somi como acompanhante.

O Lee respirou fundo, desistindo de analisar os documentos a sua frente e deixando aquilo de lado para tomar chá e fofocar com docinhos. Aquele era um jantar de negócios, algo cheio de gente insuportável de tão importante, roupas caras e joias de brilhantes e alí ele enxergava um bom lugar para inserir Chan em grandes oportunidades.

— Eu queria levar ele. Sei lá, pra ele ver outros ares? Andar com a alta sociedade, ver empresários pode ser bom. Mas pra isso ele precisa me responder!

Hyunjin riu enquanto se permitia pensar ao mastigar um sonho com recheio de chocolate, a massa de pão fofinha, o açúcar, o creme de chocolate explodindo em sabor no seu paladar. Então algo estala na sua mente.

Minho é filho único, herdeiro de uma fortuna gigante, atualmente CEO, sempre uma imagem em destaque, um protagonista, alguém incrustado de cristais e holofotes. Ele é o centro de tudo, suas palavras são continuamente ouvidas, suas mensagens imediatamente respondidas e suas vontades atendidas. O mundo sempre tem olhos e ouvidos para ele, se curvando e o desafiando, mas sempre o dando atenção.

Minho não conhece o que é ser ignorado. Bom, não até agora.

— Você é tão mimado. — Hyunjin cospe, em conclusão.

— Bela constatação, não estou menos irritado.

Hyunjin revirou os olhos, Minho é o suco do pirralho nojentinho de tão chato, mas é seu protegido, infelizmente.

— Faz o seguinte, vou deixar a Somi de sobreaviso, se esse cara não responder até amanhã de tarde, você vai com ela.

Minho soltou o arzinho pelo nariz, Hyunjin mentalmente o comparou com um touro muito puto.

— Ele vai responder.

— Bom, isso é entre você, o relógio e o seu tal "futuro esposo" — ele fez aspas, mas sem querer derramou chocolate no blazer — Ô, porra!

— Bem feito! — Minho ri.

Hyunjin tira o blazer azul escuro todo exibicionista, fazendo uma pose idiota para seu primo cujo nariz está torcido em total nojo.

— Saiba que as pessoas amam me ver só de camisa social! Destaca meus bíceps, sabe?

O Lee revirou os olhos.

Hyunjin é insuportável!

Mas não sendo suficiente suportar ver o seu secretário se exibindo pelos corredores da empresa por um dia inteiro, Minho olhava o celular a cada segundo, mandando raios mentais para que Chan lesse sua mensagem, gritando dentro de sua própria cabeça, se debatendo no chão de suas entranhas paranoicas, sangrando por todos os seus poros de pura ansiedade e estresse.

Ele não quer levar Somi. Ela é sim muito querida, isso com certeza é. Uma borboleta social, as pessoas a amam e ficam horas entretidas conversando com ela, sem sombra de dúvidas há mais pontos positivos do que no outro lado da balança mas Minho quer levar o Chan!

Que caralho de vida!

Só pode ter acontecido alguma coisa, ele matuta. Chan não é alguém que demora a responder, as vezes que se falaram por celular ele sempre foi rápido.

Talvez Chris realmente esteja me ignorando, sussurrou o diabinho na sua orelha.

Minho quer se debater, espernear, se jogar no chão e enfiar a cabeça no porcelanato bem polido de sua sala. Ele anda de um lado para o outro como um animal encurralado. Se a vida fosse um desenho animado ele com certeza iria furar o chão e levantar poeira de tanto andar em repetição.

A mente do Lee dá um estalo, Chan trabalha no café durante a manhã!

— Que horas são? — ele olha seu Rolex de ouro. Minho odeia relógios pesados e luxuosos, mas encontrou sua mãe depois do almoço, disse a ele que aquele era um presente. Certo, as horas — cinco e dez da tarde.

Chan contou que durante a tarde dá aulas de inglês e pela noite estuda... Minho quer arrancar seus cabelos na pinça. Existem brechas, horários, momentos que o australiano poderia pegar o celular e falar com ele, como sempre fazia.

Minho se sente a criatura mais mimada e idiota do mundo. Ele quer ir até Bangchan. Contar sobre os planos para quarta, ouvir um sim ou um não, desde que o ouça, que ele tem uma chance muito boa para Chris.

Minho é a pessoa que, quando sente que pode levar alguém para cima, é consumido por uma força absurda de precisar puxar essa pessoa consigo.

Ele sabe que pode pôr Christopher no topo de tudo, e ele realmente se vê querendo isso, mesmo que sequer o conheça completamente.

Isso o corrói pelo resto da tarde, sem a resposta de Chan.

Pelo início da noite, ainda sem resposta.

Durante a madrugada, porque ele não consegue dormir, então brinca com os gatos até cair no sono lá pelas quatro da manhã, adivinhe? Ainda sem resposta e com o celular carregando ao lado da televisão.

Soonie e Doongie não veem parte ruim nisso, pois dormem encolhidos em seu dono, um perto da cabeça de Minho e outro sobre sua barriga. Um lindo momento em família!

O celular desperta às seis, ele segue sem respostas mas se levanta do sofá. Um apaixonado por hábitos iniciando sua rotina. Ele se prepara para ir trabalhar.

Hyunjin o liga às seis e cinquenta dizendo que Minho vai para a casa de Jisung ao invés da empresa. A missão do dia é combinar o terno dele com o vestido de Somi, que por acaso é azul. Minho rebate, não vendo necessidade de sair para a casa de seu amigo resolver isso, ele mesmo tem muitos ternos. Hyunjin o responde com um "Ok, espere aí".

Exatamente vinte minutos depois, quando ele calçava os sapatos para ir trabalhar e seus gatos estavam devidamente alimentados e a caixa de areia vazia, alguém bateu em sua porta, a qual ele abriu com uma careta descontente.

— Bom dia, Lee Minho querido! — Jeong Yunho estava ali, com aquele seu típico sorriso amoroso que Minho sempre tentou tirar na porrada. Ele não está sozinho.

Minho não está mais de saída.

— Oi Yunho, Momo e Jisung.

A manhã será longa.

— Não faz essa cara — Momo brigou com ele, como quem lê seus pensamentos — Hyunjin falou que você precisava de ajuda.

Ela deixou sua bolsa no sofá e fez todos se amontoarem para tirar uma selfie que seria enviada a Hyunjin para provar que estavam ali.

— Quero café e panquecas — Yunho choramingou se agarrando a cintura de Jisung, parecia cansado e sonolento. — Esse plantão foi uma porra, sabia? Fui mandado pro call ficar recebendo trote de moleque filho de puta. Não dei um santo cochilo!

— Agradeço a vinda — Minho desamarra os sapatos sociais —, mas se estava cansado podia ter ficado em casa.

Yunho fez uma careta para ele, o seu maior defeito era ser extremamente solícito, sabia disso, mas também sabia o quanto Minho era importante para si. Além de que os quartos ali eram muito confortáveis, uma sonequinha em colchões caros seria magnífica!

— Minho vá se trocar — Momo falou da cozinha, já preparando os cafés na cafeteira —, seu trabalho hoje é home office. Jisung venha fazer panquecas, eu tenho medo de frigideiras.

— Desde o ensino médio tu tem isso — Jisung resmunga, se soltando do aperto de Yunho, que agora estava muito feliz cutucando o queixo de Soonie — Você lida com sangue, osso saltando e o caralho a quatro e tem medo de frigideiras?

Momo estava perigosamente perto do poleiro de facas, Minho esperou a ameaça vir.

Jisung entrou na cozinha, ela puxou a maior faca da coleção que Minho nem lembrava ter e apontou para o outro com um olhar assustador.

— Quer descobrir se eu tenho medo de faca?

— Ai, Desculpa! — Jisung colocou as mãos para o alto, se tremendo teatralmente — Eu sou um homem justo, pai de família, meu esposo tá bem ali, eu sou gente decente, ficha criminal limpa, me perdoa por favor! Não me mate!

Minho revirou os olhos, esse aglomerado de loucos é sua família, para estar completa só faltava Hyunjin.

Ele vai em direção ao quarto para se trocar. Deixando para Momo a opção de cutucar ou não Jisung com uma faca.

Todos ali eram estranhamente bem equilibrados um com o outro, mesmo sendo muito opostos.

Hyunjin tem 30 anos e Minho 28, os dois são primos mas sempre estudaram nas mesmas escolas, completamente grudados, após eles vinha Hirai Momo com 28 anos que na verdade é mais velha que Minho por alguns meses. Momo é filha de grandes empresários e sempre estudou junto com os Lee, consequentemente, se tornou uma grande amiga de Minho — e quando referem-se a ser amiga dele, inclui Hyunjin também, já que os dois são quase uma extensão um do outro. Após ela veio Han Jisung, agora com 26 anos, assim como seu esposo, Jeong Yunho, de mesma idade. Os dois começaram a namorar no ensino médio, mesma época em que se tornaram amigos dos outros três.

Minho não sabe dizer em que ponto eles viraram esse embolado de amor e carinho, mas não reclamava. Sua vida era mais suportável por conta deles, todos eles. Seu coração ficava confortável no meio desse caos familiar.

Ele troca de camisa, coloca uma bermuda, quando o tecido senta em se corpo e ele visualiza a si no espelho seu cérebro leva um choque.

— Jeong Yunho!!! — Minho grita, correndo do closet de seu quarto até a sala mais que depressa. — Temos alguém para stalkear!

O citado se levanta de uma só vez, agora de ânimo revigorado, assustando Soonie de seu colo.

— Fofoca?

— Não exatamente. Estou saindo com alguém — a sequência de "uhhh" veio antes de ele continuar — não é romântico. Eu chamei ele pra ir no evento de hoje, ele não me respondeu até hoje e ficou online só ontem de manhã, ou seja, eu tô me doendo de estresse por que ele não me respondeu.

— E você acha saudável stalkear ele? — Jisung perguntou virando uma panqueca no prato, ao que Momo aponta para último como quem concorda totalmente.

— Me dê seu notebook e o nome, aí nós vamos decidir o que é ou não saudável — Yunho fala ignorando a opinião de seu esposo.

— Yunho, não alimenta as doidices do Minho. Ele tá puto porque o futuro esposo dele sumiu e não responde desde terça — a voz de Hyunjin sai de algum lugar, Minho sente sua alma tirando print screen. Ele segura o próprio coração para se recuperar do susto.

— Eu seria feliz se você fosse menos boca de sacola, hyung.

Hyunjin fecha a porta atrás de si e tira os sapatos sociais os apoiando na entrada, sequer ligando para o que o Lee estava reclamando.

— Espera, o Minho tá casando? — Momo coloca as xícaras de café no balcão, estarrecida e aponta para Yunho — Lembra do que a gente falou naquele dia?

Jeong franze o cenho e logo depois concorda, Hyunjin passa por eles para o quarto de hóspedes falando:

— Isso, lembrem que vocês colocaram minhoca na cabeça do Minho pra ele arrumar um casamento com um cara. E depois eu tenho que ouvir a dragoa da Chaewoon! Quem vai pagar meu terapeuta esse mês são vocês!

— De nós o mais rico é o Minho e a Momo, manda pra eles — Jisung defende.

Hyunjin desaparece, agora todos estão olhando para Minho como se ele fosse louco, mas um louco a ser admirado. Yunho imediatamente abandona o sofá e segura o castanho pelos ombros o abraçando e desejando "Felicidades pelo seu futuro casamento, hyung. Seja muito feliz como eu e Jisungie somos!".

Minho dá tapinhas na costa do grandalhão, agradecendo, mas logo desvia o foco para o assunto importante.

— Sim, sim obrigado meu anjo. Mas antes de o casamento acontecer eu preciso encontrar onde esse diabo se meteu!

— Não se preocupe Minho hyung — ele viu o Jeong bater continência — nós o encontraremos para você! Me diga onde está seu notebook, por favor.

Ele aponta para a biblioteca, logo o mais novo não se atrasa em se mover até lá.

Antes da busca e prova de roupas todos se amontoam na cozinha para tomar café com panquecas e ovos mexidos. É um empurra empurra e uma briga muito doce, eles com certeza poderiam usar a mesa, mas preferiam ficar ali brigando.

Após a comilança, Minho lavou as louças, Hyunjin limpou o balcão, enquanto isso Momo e Jisung fuçaram o guarda roupa dele. Yunho estava na sala com um notebook, o nome completo de Christopher e um sonho de descobrir mais fofocas.

— Achei o twitter dele, hyung.

Minho terminou de limpar as mãos num pano de prato e colocou sobre o ombro.

— E aí?

— Último tuíte é sábado, dia 30.

— Passa. Eu estava com ele nesse dia.

— Ele é bonito mesmo — Hyunjin comenta sobre o ombro de Yunho, agora despido da tediosa roupa de trabalho, suas calças fofinhas e camiseta estavam muito mais confortáveis.

Momo entra na sala e espreita pela fofoca diante de seus olhos com uma fala curiosa.

— Quem é bonito? Ei, vamos lá pro quarto do Minho ver as roupas e fofocar num cômodo só.

E todos vão, as tarefas devidamente concluídas. Yunho senta no divã marrom perto da janela, esticando as pernas cansadas, Hyunjin está se acomodando na ponta da cama, Momo e Jisung estão encostados na cabeceira desta, as perninhas cruzadas prontos para o julgamento de Minho.

— Separamos umas roupas chiques, vista todas, vamos comparar. Esse é o desfile da sua vida, querido! — Momo apontou para o closet. Ele foi. Ela quase voou em cima de Yunho. — Me mostra o bonitão do Minho!

Sanando a curiosidade de todos, Jeong vira o notebook para eles, a tela estava na imagem de perfil de Chris, que aparecia sorridente na foto, cabelos enrolados escondidos num boné, vestido de moletom preto, no fundo da foto aparecia um chalé veraneio e uma parte do mar. Momo fica chocada.

— Rapaz! Ele é bonitão mesmo, em?

— Se a Momo achou ele bonito é porque ele realmente é bonito — Hyunjin brincou, ao que ela joga um beijo no ar dizendo "Agradeço a confiança".

Yunho suspirou, pegando a tela de volta ao normal.

— Tsc. O twitter dele realmente não tem nada de mais, vou pro Instagram procurar.

Minho entra no quarto vestindo um terno azul escuro comum e simples. Momo o expulsa com uma mão balançando para cima e para baixo.

— Volta.

— Nossa, que é isso?! Me senti desvalorizado!

— E tá mesmo, você pode ficar mais bonito do que isso! Próximo!

Yunho se anima, até mesmo sentando corretamente.

— Temos uma pista! No Instagram dele não tem nada mas de um amigo dele sim, um story com uma foto desse rapaz, olha — ele mostra a imagem, ele está sentado no braço de um sofá de touca preta, moletom e bermuda — tá marcando o arroba do tal Christopher com legenda assim "Notícias sobre esse animal raro: reza a lenda que ele some do nada e aparece de madrugada dizendo 'Noona você estudou pra prova de hoje?'". Ou seja, tem uma prova possivelmente rolando aí. O story foi postado ontem de tarde. Ouviu, Minho?

— Ouvi! — ele grita de volta — Procure mais, por favor.

— E lá vamos nós — ele recolheu o notebook para seu colo. Fuçando um pouco mais, parecendo animado novamente — Achei o arroba de um dos amigos de um amigo dele. Uma pessoa chamada Lalisa.

— Jura que eu vou ter que vestir isso? — Minho diz voltando pro quarto, esse terno era mais sofisticado, a costa do blazer era toda de rosas azuis subindo até os ombros, que logo virava um degradê para rosas pretas, haviam pedrinhas brilhantes costuradas como um caninho de estrelas.

Momo estava boquiaberta!

— Que blazer lindíssimo!

— Nossa, eu amei muito! — Hyunjin bateu palminhas — Mas pode ficar melhor, bora dar uma olhada.

Eles voltaram ao closet enquanto Minho gritava a Yunho:

— Pode ir contando o que achar, Yun!

— Oook, — ele fala arrastado — essa amiga Lalisa marcou a conta do twitter do Chan numa thread, parece que ela tá fazendo um diário de como tá sendo a semana de provas deles. O texto diz "Thread acompanhando eu e meus amigos em uma semana de provas", emoji com dedinho pra cima, depois "Tá todo mundo reunido na casa do Taehyung, porque ele é rico e tem muito espaço. Seguem fotos do pela saco lendo fanfic ao invés de estudar, logo depois rezando nove ave Maria ".

Minho e Hyunjin entram no quarto, agora ele veste o mesmo blazer mas com uma calça social preta que envolve suas coxas lindamente, no braço tem um Rolex pequeno mas muito bonito, a camisa social levemente transparente é definitivamente sensual. Jisung assobia.

— Hyung, duvido que se você não mandar uma foto pro seu Caso Desaparecido ele não responde em três segundos.

— Ha. Ha. Ha. Han Jisung, você é muito comediante, né?

— Você tá muito Met Gala nessa roupa — Yunho comenta, Minho usa aquele comentário como base contra Hyunjin.

— Ouviu ele? Eu preciso de algo simples, não chique todo "desfile de moda".

Hyunjin revirou os olhos e sentou de volta na cama. Minho sorriu e voltou correndo para o closet.

— Continua, Yunho!

— Ah, sim! "Segunda-feira. um tormento! Odiamos viver! Ficamos até tarde estudando, de manhã o Chan dez panquecas e café, Jun fez brownie pra comer no lanche. Estudamos em casa, a prova foi um inferno, mas sobrevivemos e fechamos! Não tiramos zero!". Nossa, eles são bons, em?

"Tô cansado," Yunho umedece os lábios e esconde um bocejo "Vou só resumir, terça ela escreve sobre o Chan dormir tarde estudando, ir trabalhar de manhã e dar aula de tarde, tem uma foto dele dormindo de uniforme. Ela diz que eles deixaram ele dormir antes da prova, um tal de Junhui fez uma revisão antes da prova e eles se saíram bem graças a isso. Na quarta o Junhui passou mal, pelo visto eles vão dormir a semana nesse tal de Taehyung. Oh, não, essa coisa do Junhui passar mal foi na noite de segunda, depois da prova. De manhã essa Lalisa fez biscoitos, eles estudaram juntos num café após o Chan sair do trabalho. Nesse dia todos se vestiram de preto."

Yunho suspira e estica as costas, Minho vem entrando no quarto com um terno preto de forro azul florido.

— Tem vários tuítes desse Taehyung dizendo que eles estão estudando horrores. Junhui só dá retuite em genshin, fora isso a única pista do futuro maridão é o post do Instagram do tal "wchestermin".

— Não gostei — Minho diz, muito sincero, ao que seus amigos o olharam sem entender.

— Da roupa ou do maridão? — Momo brinca.

Jisung revira os olhos, — Minho você já fez duas faculdades ao mesmo tempo sabe muito bem que às vezes você realmente nem tem tempo de mexer no celular, mais ainda nas provas.

Ele cruza os braços, voltando a analisar seu reflexo.

— Ah, fala sério! Nem meus pacientinhos, que são minúsculos, são tão insuportáveis como você.

— O vilão sou eu, Momo?! — Minho se ofende, saindo em direção ao quarto enquanto fecha o zíper da calça e abotoa a camisa social preta — Se coloquem no meu lugar, eu não faço ideia do que ele está fazendo, não confio nele. Sábado nós fizemos compras caríssimas e logo depois ele some? Não me peçam pra confiar em alguém com o histórico de coisas insalubres que já me ocorreram. Não dá. Eu não sei quem ele é e até onde é capaz de ir.

Yunho assente com a cabeça, aquele definitivamente era um ponto a ser visto. Seus amigos pareciam entender o mesmo, um silêncio desconfortável tentou se solidificar alí, mas não contava com a tagarelice de Momo.

— Bom então que seja, remédio pra doido é um doido e meio. Se ele fizer graça a gente mete o caralho na vida dele!

Hyunjin saiu em defesa do Bang — No meio dessa briga de cachorro grande o garoto seria totalmente desfavorecido, vocês são super influentes e ele... um anônimo, basicamente.

— Eu não acho que seja tudo isso que você montou na sua cabeça — Jisung olhou para Minho. — Tipo, sim. Justificável. Mas ele parece ser de boa, e como a amiga dele tava postando, eles estão em semana de provas. Relaxa o cabeção e espera as coisas acontecerem, cara.

Minho bufa, mas acaba aceitando os conselhos — lê-se que entrou por um lado do ouvido e saiu pelo outro.

A discussão toma um rumo aleatório sobre "pessoas poderosas", subcelebridades e fofocas de famosos. Yunho dá sua investigação como concluída e Minho finalmente teve uma roupa aceita por seu quórum de juízes da moda.

A manhã se enrola por ali mesmo, eles se amontoam na cozinha para papear enquanto Minho e Hyunjin deixam a casa com cheiro de cebolinhas refogadas com cenoura e frango apimentado.

O final daquela semana vem para o Lee como um amontoado de reuniões, drinques caros, apertos de mão e análises criteriosas de relatórios. O trabalho pareceu tentar o afogar a ponto de plenas meia noite de uma sexta para sábado ele estar de olhos vidrados no computador, mergulhando entre documentos e relatórios de gastos. Os olhos ardiam pelo uso excessivo da tela enquanto sua garrafa de café com desenho de gatinhos já estava em menos da metade, a xícara verde clara via-se vazia, pedindo para ser preenchida com mais cafeína enquanto tudo o que cérebro de Minho queria fazer era mandar seu dono ir até a esquina da casa do caralho.

Minho estica as costas no banco de couro e coça a lateral da cintura.

O celular vibra duas vezes em algum lugar no meio daqueles papéis, na terceira ele tateia entre os volumes, na quarta o aparelho é encontrado ao lado do pote de canetas, escondido numa pilha bagunçada de planilhas de gasto. O nome de Bangchan brilha na tela inicial, Minho ajeita sua coluna e fecha a cara, como se o outro pudesse ler suas feições por mensagem.

Christopher Bang [10:55pm]

Minho meu deus

me desculpa a demora gigantesca. me afundei completamente nas provas da faculdade

puta merda

como você está? deu tudo certo?

Eu [10:56pm]

Oi Chris

Resolvi, deu tudo certo. Hyunjin me fez deixar uma amiga de sobreaviso, prevendo que você estava ocupado.

Como foram as provas?


Christopher Bang [10:56pm]

boas? bom, assim eu espero. as duas últimas foram o cão, estudei igual desgraçado, senão tirar notas boas eu me ☠️☠️☠️

Eu [10:56pm]

E faz o que acordado a essas horas?


Christopher Bang [10:57pm]

voltando pra casa

passei a semana dormindo na casa do meu amigo pra gente estudar mas hoje já não precisa mais, aí tô voltando pra casa

só que eu não calculei isso quando a gente saiu pra faculdade, tive que voltar no Taehyung pra pegar minhas roupas e enrolei pq o Binho fez bolo.

A porta estalou, Hyunjin entrou no escritório devidamente empijamado e com um prato de biscoitos. Minho olhou para ele, então para o telefone, a palavra Voltando criou um pequeno choque na sua mente.

— Opa, voltando de quê?

— Quem?

— O Chris — Minho logo adiantou a frase alheia enquanto digitava — Se você apontar o dedo na minha cara e dizer "eu avisei", juro que vou te matar.

Hyunjin deu de ombros murmurando um "Mas eu avisei, mesmo" e se acomodou na cadeira fofa próxima a estante de livros.

Eu [10:57pm]

Me manda seus dados bancários

Christopher Bang [10:57pm]

Minho??

Okay

xxxxx xxx

Eu [10:59pm]

Você ainda tá na casa do seu amigo?


Christopher Bang [10:59pm]

sim...

MINHO QUE ISSO

Eu [10:59pm]

Peça um taxi pra casa. É perigoso andar sozinho por essas horas.

Nós vamos sair amanhã. De três da tarde tá bom? Vai ter um bom tempo pra descansar e dormir.


Christopher Bang [11:00pm]

MINHO NAO TEM COMO UN VALOR DESSE TSNTO

Eu [11:00pm]

Nós conversamos sobre eu te mimar e você ✨ aceitar ✨


Christopher Bang [11:00pm]

santo cristo

Obrigado pelo mimo! (?????

não sei nem como reagir

Eu [11:00pm]

Um brinde por seu esforço nas provas. Agora, me responda sobre amanhã.


Christopher Bang [11:00pm]

sim, sim, podemos

de 3 horas é perfeito pra mim

— Pra onde eu levo ele amanhã? — Minho levantou a cabeça para olhar seu primo, Hyunjin virou o livro para o lado e fez um bico pensativo.

— Parque. Eu o levaria ao parque, coisas verdes, ar puro e comidas gostosas. Vai chamar ele pra sair?

— O plano do casamento ainda tá de pé, né?

— Creio eu.

— Então sim.

Eu [11:00pm]

Nós vamos ao parque. Você precisa de coisas calmas. Vou levar lanches.

O código de vestimenta é: bermuda.

Boa noite Chris, chegue bem em casa. Descanse.


Christopher Bang [11:01pm]

jesus ok

boa noite, minho

descanse e durma bem!

Minho releu as mensagens silenciosamente e respirou fundo, o celular foi colocado de lado. Ele procurou os olhos de Hyunjin, que curiosamente já estavam em si. Eles não disseram uma palavra sequer, mas o Hwang sabia exatamente quantas interrogações e ressalvas corriam na mente do caçula, então ele se limitou a uma ordem.

— Vai dormir, Min. Amanhã você tem coisas a fazer. A agenda já tava limpa de qualquer forma.

— Falta eu limpar a casa.

— Cê' limpou ela ontem de madrugada num surto de energia pós reunião. Vai dormir.

E com uma boa criança chateada, Minho faz bico enquanto desliga o computador e tateia a mesa em busca do celular. Ele se permitiu um bocejo enquanto sentia o cansaço cobrir todo o seu corpo.

— Boa noite, hyung.

— Boa noite, Lino.

Sábado, 06 de abril de 2024

— Oi, oi! Trouxe bolo!

Foi a primeira coisa que Christopher falou ao entrar no carro, trazendo consigo uma boleira contendo um belíssimo bolo confeitado com morangos e algum creme branco que Minho não sabia dizer qual, mas parecia delicioso!

— Uau, eu vou querer um pedaço!

Chris sorriu e colocou o cinto de segurança, admirando o bolo em seu colo, orgulhoso de seu trabalho. Ambos estavam dentro do código de vestimenta e ironicamente na mesma paleta de cores, bermuda clara e camisa branca com tênis azuis. Um sorriso se estica nos lábios de Minho ao notar a semelhança.

O caminho até o parque fora particularmente quieto. Chris colocou Blue Velvet de Bobby Vinton para ocupar o silêncio, puxando uma sequência de cantores de Jazz. Era calmo, Minho agradecia. Sua mente estava sendo praticamente cruel consigo mesmo, o espetando a cada meio segundo sobre o quão idiota ele havia sido ao considerar que Bangchan o estava ignorando por maldade.

Minho torce os lábios. Hyunjin estava certo, afinal. Sempre sendo um mimadinho jurando que o mundo caminhará ininterruptamente conforme suas vontades. Pensar nisso o entristece. Ele não gosta de ser assim, no entanto, ele é e sabe se lá quanto tempo levará para que mude. Além disso, as ressalvas que as experiências passadas o fizeram adotar também começaram a cobrar o seu preço. Ele odeia tudo isso, mas que seja!

— Tem uma vaga ali — aponta Chris, tirando Minho de uma longa e silenciosa reflexão que durou quase todo o caminho para o parque.

— Que olhos afiados, Senhor Bang.

Ele brinca, forjando um bom humor, estacionando exatamente onde o mais novo apontou. Quando a chave deixa a ignição a voz de Nat King Cole para no meio de Smile, prometendo voltar a canção quando o passeio acabar e o carro for ligado novamente.

Retirando a cesta de guloseimas e panos da mala do carro, Minho e Chris procuram uma boa ponta de sombra em meio a grama, árvores e lago. O clima é bom como não se mostrava a um tempo, a grama estava verdinha após alguns dias de chuva, o céu pintado com nuvens brancas fofinhas e o calor tocando suas peles.

Somente a alguns metros do lago, com uma sombra quase divina, Minho achou o lugar perfeito para estenderem seu pano. Talvez, em algum canto de sua mente, somado ao clima gostoso daquele dia, a voz de Billie Holiday cantava Autumn In New York.

In canyons of steel

They're make me feel

In Home

It's autumn in New York

Parecia bom.

O vento era bom.

Cheiro de árvores, de lago, sol e flores. Era um belo meio de outono.

Cachorros correndo atrás de seus donos, os cabelos voando com o vento, crianças gritando de animação com as bochechas vermelhas de alegria, os rostinhos pintados de protetor solar na ponta do nariz e bracinhos. É caloroso, doce e cativante.

Minho olha para a sua esquerda e vê Chan respirar fundo, uma vez, inspirando e expirando, duas vezes, três e então quatro, ele fecha os olhos, alguns raios de sol que escapavam entre as folhas dando holofote as pequenas sardas de seu rosto pálido e bem desenhado. É cru, com olheiras e lábios mordidos em alguns pontos, uma espinha e outra machucada e a barba recém feita. É sincero e real.

Bonito, Minho pensa quase em voz alta.

Então afasta o pensamento, se abaixa e começa a tirar as guloseimas e pratinhos da cesta, espalhando-os aleatoriamente sobre o pano. O bolo que Chris trouxe salta aos seus olhos, ele não consegue conter seu espírito de formiguinha.

— Quero provar o bolo — ele diz em voz baixa — Aliás, eu acho que trouxe faca e colherzinhas.

— É bom que tenha — comentou o australiano num sorriso, finalmente abrindo os olhos —, porque eu esqueci completamente. Estou sem cérebro por tempo indeterminado, sabia disso?

Minho deixou escapar um sorriso. Logo se apressando em procurar os talheres dentro da cesta, ele estendeu a faca para Chris e após isso espalhou os pratos, colheres e copos pelo lençol. Era estranhamente confortável. Nada de cobranças nem posicionamentos, o silêncio era uma opção bem aceita, a conversa sem rumo e os atos impensados mas sempre analisados, afinal, aquele ainda era um período de "teste".

— Fiz esse bolo ontem à noite quando cheguei em casa — Chris contou, ajudando a servir o suco — Na verdade foram dois, até o Yugyeom achar o que eu tinha feito primeiro e implorar por um pedaço, acredita? O safado tava na gandaia, chegou de madrugada e teve a coragem de fazer chantagem por bolo!

— E você deixou?!

— Deixei! — ele cortou uma fatia generosa para Minho, entregando o pratinho de bolo para o coreano enquanto chupava o dedo que encostou no chantilly de baunilha. Minho esperou ele se servir também. — O Yug nunca machucou uma formiga e sempre cuida de tudo, infelizmente tem crédito na minha mão. Dei o bolo pro safado e fiz outro, foi bom porque eu me desestressei e...

Chris parou de falar por um segundo. Minho o viu olhar para o prato de bolo e para si, e depois para o prato e depois para si. Não duas, mas três gigantes interrogações vermelhas brilhavam sobre sua cabeça.

— Estava esperando você se servir — Minho explicou, os ombros de Chris nitidamente relaxaram. O Lee achou graça.

A primeira colherada veio como um sonho, de tão delicioso. O chantilly tinha o toque especial de baunilha no sabor e era macio na boca, a massa do bolo, Deus... era fofa e pontualmente doce, era um bolo sem grandes detalhes por dentro, fora que o detalhe era ele em si, a massa leve, o sabor nem muito doce nem sem graça. Minho definitivamente comeria e repetiria infinitamente sem cogitar enjoar. Os morangos davam um gosto superior a coisa final, admirando seu leve amargor vermelho deslizando no paladar. Os olhos de Minho reviraram de prazer, seu estômago abraçou aquela iguaria como uma criança feliz com seus presentes de natal.

Chris olhava para ele em expectativa, ao mesmo tempo que se debruçava sobre as pequenas reações que o Lee deixava escapar.

Tão fofo, o australiano pensou.

— Se eu pudesse escolher algo pra comer antes de morrer — Minho disse, já cortando outro pedaço com a colher — eu com certeza pediria esse seu bolo. Puta merda, que bolo maravilhoso!

Chris sorriu, as orelhas ganharam um leve tom de vermelho enquanto sentia algo muito caloroso mordendo seu coração. Ele baixou a cabeça e decidiu provar o bolo, mentalmente anotando os pontos a melhorar e quais estavam bons, uma avaliação habitual a cada mastigada. A comilança não era silenciosa, na verdade Minho estava estranho ao silêncio, precisando que Chan o preenchesse com os assuntos mais diversos.

— Provas é um tema proibido, certo?

Chris se jogou dramaticamente na grama, a colherzinha enfiada na boca enquanto fingia estar morto para o tópico, mas ele logo se ajeitou, rolando de barriga para baixo, e apoiando os cotovelos na grama. Minho viu uma folhinha ficar presa no cabelo dele, mas deixou ali porque era engraçado.

Mentira, ele se sentiu tímido de tirá-la.

— Não falamos sobre provas após uma semana de provas.

O Lee mordeu os lábios e viu Chris continuar.

— Falaremos sobre esse ser o segundo date e como está sendo as impressões — Chan mordeu um mini sanduíche enquanto o mais velho o analisava cuidadosamente — quais os planos futuros, e o que acha que podemos melhorar. Se quisermos que isso dê certo, precisamos ser cruelmente sinceros.

Minho suspirou enquanto pegava um potinho de pudim e se encostou no tronco da árvore que dava aquela saudosa sombra, calmamente repassando as palavras de Chris. O australiano tomou a frente mais uma vez.

— Bom, eu vou começar. É estranho pra mim essa coisa de sair com alguém mas, tem sido tranquilo porque não é romântico. É como se fossemos construindo as coisas com calma e eu particularmente gosto de fazer amigos — ele cutucou as uvas verdes, puxando três do cacho e então olhou para Minho — O que acha?

— Eu acho o nosso ritmo bom. — ele assumiu enquanto espetava a colher no pudim — Assumo que fiquei receoso no começo, você tem vinte e dois e eu vinte e oito, estamos em tempos de vida diferentes... Mas estamos indo bem nessa construção de amizade. Você até é bem maduro pra alguém jovem, se porta muito bem e é... — Companheiro? Bom? Doce? Fofo? — alguém bom de se ter perto.

Chris deu uma piscadinha sacana em direção a Minho, mas logo voltou a posição de seriedade.

— Algum embate ou assunto mal colocado que deveríamos resolver? Incômodos?

Minho olhou para o pudim esquecido em seu colo e a colher firmemente fincada nele, Chris esperou de forma paciente enquanto mordia uma uva, notando que na verdade, havia sim uma ponta solta.

— Nesta semana, na terça, houve um evento grande com vários empresários e eu lembrei de você. Eu mandei mensagem e queria que você fosse comigo. Não sabia da sua semana de provas. E fiquei... chateado? Estressado? Não sei a palavra...

— Incomodado? — Chris ofereceu. Minho estalou o dedo, agradecido.

— Sim! Eu fiquei incomodado por você não ter respondido, e... Meu Deus eu me sinto tão mesquinho falando isso em voz alta... — ele baixou o rosto, irritado consigo mesmo e envergonhado.

— Tudo bem — confortou distraidamente —, se quisermos que dê certo vamos precisar usar umas palavras meio duras e tal, umas ofensas meio sinistras, mas é por um bem maior. Além de que uma boa amizade nasce da sinceridade, jogo aberto e tal, não tem como ser só coisas boas, somos seres humanos completamente diferentes. É da nossa essência. O contraste faz o foco e o foco faz a conexão, é uma questão de cativar — então ele ri, lembrando-se de um livro que Hannah o obrigava a ler antes de dormir, ele brinca com a pequena florzinha ao lado do pano e divaga — Em O Pequeno Príncipe de Antoine de Saint-Exupéry a raposa diz, depois de o principezinho a perguntar o que significa cativar: "É uma coisa muito esquecida. Significa "criar laços". — então ele olha para sua direita como se estivesse interpretando o menino — Criar laços? — e então para o outro lado, sendo agora a raposa — Exatamente. Tu não és ainda para mim senão um garoto inteiramente igual a cem mil outros garotos. E eu não tenho necessidade de ti. E tu não tens necessidade de mim. Não passo a teus olhos de uma raposa igual a cem mil outras raposas. Mas, se tu me cativas, nós teremos necessidade um do outro. Serás para mim único no mundo. E eu serei para ti única no mundo..."

Minho olhou para Chris com admiração. Aquela genuína e quase infantil de tão sincera. O tempo não parou ao redor deles, as crianças ainda estão gritando e correndo, os cachorros ainda latem e brincam, os pais entoam reclamações sobre possíveis machucados de uma queda mas isso tudo é abafado aos sentidos de Minho. Tudo o que ele vê é um jovem australiano deitado na grama comendo uvas e citando um livro que outrora fora o favorito dele. Em que momento parou de ser? Que sentimento confuso, melancólico e doce foi esse que aquele rapaz o afundou tão repentinamente?

Christopher estranha o silêncio, imaginando que falou demais e olha para o homem à sua frente com preocupação, mas naqueles olhos havia uma sinceridade dolorosa ao ponto de fazer o australiano perder o ar.

— Eu achei que você só queria o dinheiro e as roupas super caras, que após isso iria me dar um gelo e sumir. Desculpa. O Hyunjin até falou que podia ser besteira e você estar ocupado com a faculdade... ou realmente ser o que eu pensava.

— E o que você acha agora? — perguntou o mais novo, com tranquilidade.

— Que eu fui meio paranoico, esqueci que você também tem vida, estuda, e nem tudo é sobre meu umbigo. O Hyunjin reclamou sobre eu ser alguém que sempre espera me servirem e responderem com urgência, é... algo que eu preciso melhorar. Eu estava chateado e ainda estou, na verdade, principalmente por ter te interpretado mal. Perdão se te ofendi.

Chris balançou a cabeça negativamente. Minho sentiu uma dor prévia do que poderia sair os lábios carnudos do rapaz.

— Acho que não me sinto ofendido, não. Você é humano Minho, e tá tudo bem errar e ver as coisas como não são, se frustrar, querer tudo pra ontem. E eu acho que já foi um bom passo você conseguir me contar isso. E sempre que acontecer nós podemos conversar sobre — Minho assentiu, verdadeiramente aliviado com as palavras de Chris — E não espere que eu responda sempre. Quando eu me sinto pilhado ou em crise, costumo sumir um pouco. Essa semana foi um peso extra, eu estava trabalhando, tinham as provas e aulas de inglês das crianças. Fiquei a semana na casa de um amigo porque seria melhor estarmos juntos pra estudar nas horas vagas e fiquei a semana toda com eles indo pra lá e pra cá.

— Você contou.

— Pois é. Então você também vai precisar entender que eu também tenho meu próprio tempo. E nossos tempos nem sempre vão conseguir convergir. Se você me mandar mil e quinhentas mensagens eu vou te responder essas mil e quinhentas mensagens no meu tempo, mas vou.

Minho analisou as palavras de Chris, às guardando na caixinha "Coisas do Christopher" que ficava no seu cérebro e a fechando.

— Sua vez.

— Quero saber seus gostos pra te dar presentes, e seus planos pra te ajudar neles, e que você me chame se precisar de alguma coisa. Pode ser cedo pra querer isso logo mas, não sei, eu queria que fosse logo — ele comeu um pouco de pudim enquanto pensava — Não tenho coisas que incomodam além do que eu disse antes. Eu quero continuar com os encontros, você quer?

— Também quero! Aliás, eu acho — Chris ficou de pé enquanto dizia, limpando a grama de sua roupa — que a gente deveria ir em um parque de diversões algum dia, e cozinhar, jogar bola na praia ou beber num karaokê. Depois eu te apresento os meus amigos, e se você quiser me apresenta os seus também — ele disse enquanto olhava ao redor do lago com curiosidade.

Minho achou bom, novamente abrindo a caixinha Coisas do Christopher e indo no bloquinho de Encontros para anotar as ideias propostas.

— Minho, olha! Tem ganso no lago!

O Lee nem sequer teve tempo de pedir ao Bang para tomar cuidado pois o australiano já estava ao lado do lago, agachado, admirando o grupo de aves nadando. Minho o admirou assim, com uma bermuda jeans, camisa branca e uma quadriculada de botões totalmente abertos por cima, os cabelos bagunçados de grama e por conta do vento, jovem, meio rebelde e muito doce. O que ele era em seus vinte e dois anos? Cheio de energia e persona como Chris? Não, talvez não.

Mas o perigo mora à esquerda, quando um grasnado fez Chris quase jogar o celular na água pelo susto, um ganso de asas abertas e bico pronto para matar um, veio para cima do australiano, que só pôde se levantar mais que de pressa e correr ao redor do lago tentando se livrar do animal sanguinário!

Minho ria! Ria! E ria tanto do desespero daquele rapaz que estava fazendo sua barriga começar a doer. Ele estava ficando sem ar, e nada de Chris se livrar do ganso, ele corria de um lado para o outro, ameaçando Minho de morte por estar rindo de ao invés de o ajudar, depois apontando para o ganso e gritando para que o deixasse em paz.

— Criatura devassa! Cruel e sanguinária!

— Meu Deus, é um ganso!

— Criatura devassa!!! — Christopher gritou enquanto corria. — Minho me ajuda!

O Lee enxugou uma lágrima do rosto antes de gritar de volta:

— Tente ir pra longe do lago, pode ser isso!

Ele foi, totalmente sem fôlego, os cabelos desgrenhados e as roupas desalinhadas. Pressentindo bicadas furiosas sendo direcionadas a seu calcanhar, mas escapando por muito pouco. Quando finalmente conseguiu voltar para onde Minho descansava, o viu desabar de rir novamente, e sendo totalmente contagiado pela deliciosa gargalhada daquele homem, se permitiu sorrir com ele. Seu corpo estava quente pela atividade repentina, as bochechas e orelhas vermelhas. Ele se jogou no chão de peito para cima.

— Ai, minha barriga... — Minho sussurra, finalmente se recuperando da crise de risos.

— Você ia me deixar morrer nas mãos de um ganso! — Christopher apontou um dedo acusador para Minho enquanto servia suco para si e sentava na ponta oposta ao mais velho.

— Nunca seria capaz de tamanha crueldade!

— Que mentira. Como você pode me pedir pra casar com alguém que me deixaria morrer nas mãos de um ganso, Minho?

— Não se brinca com a natureza — ele argumentou — Você invadiu o território dele, e ele se defendeu! É a lei!

Christopher revirou os olhos e bebeu uns goles de suco antes de dizer.

— Você está do lado de quem?

— De quem corre mais.

— Não achei justo. Quero divórcio!

— Pedido de divórcio negado — Minho piscou, porque o excesso de risos o deixou feliz —, vou cercar a área do casamento com gansos, aí você não poderá escapar.

Chan deu uns golpes de suco e pescou um sanduíche após dizer:

— Bom saber suas táticas, vou fugir do casamento.

Minho sorriu. Eles beliscavam a comida e conversavam um pouco sobre a vida, o tempo, a infância e tudo o que vinha em mente, Minho era mais ouvinte do que falante, Chris não via problema nisso, sabendo da reserva que o outro tinha. Mas ao tratarem sobre pessoas que mais sabiam sobre suas vidas ele se viu divagando para além.

—... eu tenho o Seungmin, ele me conhece de trás pra frente. Se não for meu amigo vou precisar matar ele porque ele sabe demais. É deveras perigoso ter alguém sabendo demais sobre minha periculosa e pacata vida. E você?

— Hyunjin hyung é meu melhor amigo, meu primo e também meu secretário. Nós somos muito grudados desde pequenos, principalmente porque meu pai nos criou assim. Fora os nossos amigos, ele é aquela pessoa que eu sempre vou buscar e que com certeza me conhece mais do que ninguém.

— Talvez seu pai tivesse noção da solidão que é e escolheu alguém pra ficar perto de você. — Chris cutucou o chantilly sujo em seu prato com a ponta do dedo.

Minho se deixou pensar por esse lado.

— Faz sentido. Não sei como é tua relação com a sua família mas a minha é... conturbada. — o australiano levantou os olhos para Minho, dando toda sua atenção ao ouvi-lo — Não existe companheirismo e amizade, é só um jogo interminável de interesse e conveniência. O Hyunjin é filho de uma irmã da mamãe, que por acaso era casada com um irmão do papai que agora já é falecido — ele mordeu os próprios lábios, nem se dando conta de como começou a abrir sua vida ali — Depois da morte do tio Kyung o papai aproximou o Hyunjin de mim. Nós éramos pequenos. Eles sempre trabalharam juntos, talvez ele soubesse como é difícil lidar com tudo sozinho e trouxe o Hyunjin como continuação do trabalho em dupla. Ele também dá muito apoio para a tia Jiwon. Ela tem uma alfaiataria, eu amo usar as roupas que ela faz, quem sabe um dia você a conheça.

— Vai ser uma honra.

Os lábios do Lee se esticaram num sorriso muito doce. Aquele fim de tarde com certeza estava sendo maravilhoso. O sentimento de criar uma boa relação com alguém era algo novo, acostumado com as relações meramente profissionais, Minho quase estranha a perspectiva de tentar algo duradouro. Mas não parecia difícil, não quando passou a ver Chris como alguém que realmente estava querendo que aquilo desse certo.

Parece bom, ele pensa.

— Está anoitecendo, não tô tomando seu tempo de descanso? — o australiano questiona, ao que o Lee, pela primeira vez naquele passeio, olha as horas no seu relógio de pulso.

— Uau, foram três horas de perseguição de ganso. Eu estou chocado com a sua resistência, Senhor Bang.

Chan revirou os olhos — É um prazer ser o motivo da sua risada, Senhor Lee.

Minho quis se matar, o clima de flerte sem o mínimo compromisso que Chan sempre estabelecia era enlouquecedor. Não parecia haver rumo nem grandes emoções além de uma brincadeira sem fundo cujo objetivo era só mudar a conotação de uma frase boba com palavras assertivas e destroçar o juízo de Lee Minho. Ele não estava acostumado com isso, seu rosto ficava vermelho com muita facilidade.

E como de "costume" o caminho de volta tinha o comando de Chris sobre som, ele deixou aquele trajeto para a voz de John Coltrane e Johnny Hartman em You Are Too Beautiful. Ele estava viciado em Jazz.

Após Minho deixar seu mais novo Diabinho de estimação no dormitório, ele volta para casa mais que depressa para atormentar Hyunjin com seu resumo do passeio — e talvez ele tenha deixado na playlist que o australiano havia escolhido tocando —, de toda forma, ele guarda seu querido bolo na geladeira, e joga-se no sofá para dar afagos em Soonie enquanto busca o número de seu querido primo.

Eu [07:18pm]

Hyunjinnnnnnnnnnnnn hyunnnnnnng


Hyunjin hyung [07:18pm]

Estou debruçado sobre um divã tomando um vinho

O que voce quer agora

Eu vi seu post no twitter torturando o garoto correndo atrás de ganso

Até ontem você odiava ele pelo vácuo

Eu [07:18pm]

eu errei, ok? Errei feio. Fui egoísta e mesquinho mass

Conversei com ele e contei sobre como me senti, ele super entendeu


Hyunjin hyung [07:18pm]

Tô começando a botar fé nesse cara, não tô gostando

Eu [07:18pm]

ele é uma boa pessoa, hyung

ele quem disse q nós deveríamos conversar sobre como estávamos nos sentindo, expectativas, pontos positivos e negativos e onde melhorar. eu tô achando bem legal, sabe?

ekkk ai jesus ele recitou o pequeno príncipe

a cena da raposa e do príncipe conversando sobre o que é cativar


]Hyunjin hyung [07:18pm]

Eita, o que você fez?

Era seu livro favorito na infância

Eu [07:19pm]

eu me MATEI na frente dele


Hyunjin hyung [07:19pm]

Socorro garoto, que é isso

Tem previsão de apresentar ele?

Eu [07:19pm]

hmmkkk sim

Chaewoon me ligou pra falar de um jantar/almoço em família, literalmente todo mundo. Comemoração do sucesso da abertura dos hotéis da Shu, talvez seja daqui a algumas semanas, duas no máximo

E ele vai ter que estar lá


Hyunjin hyung [07:19pm]

Socorro, coitado do garoto

Eu [07:19pm]

penso

Preciso conversar com ele sobre isso, deixar bem claro como vai ser horrível tenebroso escabroso cena de filme de terror


Hyunjin hyung [07:19pm]

Quando cê vai apresentar ele pro pessoal?

Eu [07:19pm]

Não sei, na verdade eu queria esperar um pouco


Hyunjin hyung [07:20pm]

Daqui por diante sua agenda vai ficar cada vez mais cheia. Tem vários acionistas pirando porque o tio Taehyun saiu sem mais nem menos e deixou o comando pra ti. Eu nem sei como ele convenceu esses bando de velho a aceitar a saída dele.

Eu [07:20pm]

Ouço mas finjo que não


Hyunjin hyung [07:21pm]

Perdão, cara

Eu [07:21pm]

É inevitável, a velha guarda não costuma gostar de sangue novo


Hyunjin hyung [07:21pm]

De qualquer forma, é fim de sábado, você teve um date legal e merece descanso!

Eu [07:21pm]

Eu vou é limpar a casa

Vai sair hoje?


Hyunjin hyung [07:21pm]

Yas, alguém me chamou pra uma noitada

Eu [07:21pm]

insalubre


Hyunjin hyung [07:21pm]

Não tem nada demais

Eu [07:22pm]

Voce quem sabe

Vou limpar a casa

E comer bolo😈😈😈


Hyunjin hyung [07:22pm]

Bolo??

Eu [07:22pm]

bolo! o chan fez bolo pro piquenique e eu implorei pra ele me dar o bolo p eu comer tudo sozinho


Hyunjin hyung [07:23pm]

E ele deu

Eu [07:22pm]

Deu hihihih

Agora vou comer bolo de café da manhã

Fominha da madrugada

Jantar

Almoço

Desjejum


Hyunjin hyung [07:23pm]

Ai Minho, você não cresce

Vai lá comer seu bolo

Vou sair

Eu [07:22pm]

Você anda saindo bastante, hyung

Achou alguém bacana?


Hyunjin hyung [07:23pm]

Hm, não

Eu só... me sinto inquieto e sair, beber, dar uns amassos me faz me sentir melhor

Não sei o que tá acontecendo

Eu [07:22pm]

Qualquer coisa tô aqui, sabe disso


Hyunjin hyung [07:23pm]

Eu sei, você é meu irmãozinho antes de tudo

Eu [07:22pm]

🤢🤢🤢🤢🤢

🐰🐺১ NOTAS
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O

lá, olá como vai?? It's binny on the building!!!


Esse cap deu 8.5K palavras eu tô 😐 e não, eu não tinha noção do quão grande alguns caps estavam ficando, minha média é 4/5K no máximo então... Uau.

O que estão achando da fic?

Falta, exatamente, uma att, pras publicações daqui e do ao3 entrarem em igualdade. A att seis, que é do cap chamado "Trivialidades em anéis de noivado" vai ser postada nas duas plataformas no mesmo dia.

Eu tô quase encerrando minhas atividades na faculdade, e aí finalmente férias!!! Se tudo der certo na prova de hj a lili (liberdade) canta!

Bom, no mais, eu espero que estejam gostando, comentem sempre que se sentirem confortáveis, eu amo responder comentários kskss

Tenham um bom restante de semana, bebam água e se alimentem!

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