Capítulo Cinco: Pensamentos
Segunda-feira, 08 de abril de 2024
Era segunda-feira mas Chris se sentia exausto como se não tivesse acabado de passar pelo fim de semana. Ou, mesmo tendo passado por ele, sequer teve tempo para si.
Depois de sair com Minho no sábado e honestamente ter amado esse tempo livre, ele se afundou em estudos, novamente. Dessa vez para melhorar suas atividades que estavam sendo aplicadas às crianças que dava aula de inglês. O nível dos pequenos era bom, definitivamente bom, mas ele sabia que poderiam melhorar.
Foi com essa premissa que seu domingo foi engolido entre apostilas coloridas e planejamentos de aula. Ele terminou com as costas tensas e doloridas, a visão cansada ao ponto de nem sequer aguentar usar óculos, mas ficar sem ele era ainda pior, sem beber água por um dia inteiro e ter, até mesmo, esquecido de comer adequadamente. Por sorte que Heeseung bateu em sua porta perto do jantar, ou ele teria se jogado na cama e dormindo de exaustão.
— Cê precisa respeitar seus limites — Heez havia dito, sentado do outro lado do sofá enquanto o via comer. — Não é bom ficar todo esse tempo sem se alimentar. Nada saudável.
Bangchan sabia que nada daquilo era saudável, ele em si não era mais alguém saudável, mas que seja. O importante é que tudo está feito. São sacrifícios, certo?
Então o relógio bateu meia noite e cinquenta e nove, o dia virou, horas mais tarde ele teve que se vestir, tomar café, pegar ônibus e ir para o trabalho.
O tempo estava feio, nublado e ameaçando chover a qualquer momento. Ele não sabia onde estava sua sombrinha então saiu assim mesmo.
Ao chegar no trabalho todos estavam com um humor horrível, tão horrível quanto a cara de seu chefe. Dongwoo apontava o dedo para todos, insatisfeito pelo baixo movimento do café. Chris bocejava atrás da mão após amarrar o avental na cintura, ignorando os gritos histéricos de seu chefe.
— Pra virem tomar café nesse muquifo só se juntassem todos os homens gostosos do mundo sem camisa para serem atendentes, mas detalhe, não chamaria atenção de todos os públicos — sussurrou Jennie pelas costas de seu pai.
A coisa em si era desastrosa.
— Suicídio coletivo mais tarde? — segredou Beomgyu, fingindo espanar alguma sujeira. Chris riu.
Ele sabia que as coisas não estavam indo conforme Dongwoo esperava, mas isso não significava que a culpa era de seus empregados. Ele era um homem arcaico que se negava a fazer o café acompanhar os passos da modernidade. As pessoas dizem gostar do vintage mas só quando as convém, quando é falsamente enterrado na antiguidade. Pessoas gostam da fuga de realidade sem perder a rapidez e o conforto. Temático.
Mas, Chan se resguardou em apenas encarar o velho briguento e atender os poucos clientes que entravam enquanto matutava onde arrumar um novo emprego. Pensando nisso, ele lembra agora que seu currículo precisa de um up e dedicaria suas férias a isto. Ele queria mudar para algo no campo da educação mas parecia impossível sem estar com a faculdade concluída. Maldito seja o ensino superior.
Às onze e trinta ele pode tirar o avental e pegar sua bolsa na salinha dos funcionários. Ele se despede de Jennie e Beomgyu, o sininho da porta toca quando fecha. Próximo a fazer?
Enquanto Chris pega o ônibus para a sede da companhia de transporte urbano — porque, para sua irônica alegria, seu cartão de transporte estava dando como recusado —, arrumando por sorte um cantinho para sentar, seus fones tocam 2015 de Cristian Kuria, pequenas gotinhas de chuva escorriam pelo vidro e então a invasão melancólica afundou seus pés. O australiano se permite reclamar sobre os acontecimentos no twitter, aceitar o convite de jantar na casa de Seungmin assim que resolver suas coisas no centro, depois rola para o Instagram, vê memes, fotos de amigos, um seguidor novo, amigo do ensino médio, ele reconhece. Hanbin.
Sung Hanbin sempre foi o que Chris queria ser: popular, notas fantásticas, amado e bonito. Os anos passaram e nada parece ter mudado, Hanbin tem um Instagram bombado de seguidores, posts de propaganda para a faculdade que ele estuda, sobre o clube de futebol da faculdade, uma foto claramente programada dele estudando, vídeos de seus treinos e avanços na academia, um perfil típico de uma subcelebridade, fotos de estúdio no perfil, propagandas e sorriso longos numa pele incrível e cabelos lisos. Parece tão milimetricamente perfeito.
Algo dentro de Chris se retorce. Inveja e admiração? Elas andam juntas? Ele não sabe, mas se sente mal por se ver assim. Se comparar é o primeiro caminho para desrespeitar sua própria história, mas é inevitável.
Ele entra em seu próprio perfil, encontra fotos do céu, desenhos, outras suas e de seus amigos, no aniversário de Luquinhas, no passeio ao parque com Hannah, de suas mães de mãos dadas na praia, de livros empilhados na biblioteca junto da mão de Taehyung, sobre música, suas crianças pintando o chão do parque, uma de Berry dormindo e outra de seu tênis favorito no dia em que buscou sua CNH.
Christopher é simples, cru e desinteressante.
Nada de super popular, super inteligente, super antenado e super famosinho. Ele é super ele, super medíocre, super ansioso, super estressado e super chato.
E então ele desliga a tela, encosta-se no banco e respira fundo.
Bangchan se vê perdido.
Ele não é maduro, mas também não é imaturo, ele está em formação de si mesmo o tempo todo, mas não é como se tivesse paciência para esperar por si. Christopher é jovem em seus vinte e dois anos, cru perante o mundo, cheio de ideias bobas, fazendo bolos quando está surtando, chorando quando algo dá errado, se desesperando com pequenas coisas, se sentindo atrasado enquanto Hanbin parece uma jovem estrela do Instagram, seguro de si, nas fotos e vídeos.
Às vezes Chris quer mudar tudo de si do dia pra noite, largar tudo, reinventar tudo. Mas e se ele fizer isso e perder uma grande oportunidade na antiga organização de sua vida, e se ele recomeçar do zero e ao invés da contagem continuar ela reinicia e ele perde tempo? Talvez seja melhor esperar menos e continuar onde está. Ou não? É exatamente como caminhar em um labirinto, a cada curva vai haver uma surpresa, boa ou ruim, cada lado tem algo novo, cada rumo lhe bate num caminho fechado ou uma nova estrada. Você segue, volta, refaz, anda pra trás e no fim não tem certeza de nada.
Então Chris se sente pequeno e atrasado comparado aos outros. Na verdade, ele sempre se sentiu atrasado. E isso dói. Parece que tudo está errado. Mas somos tão jovens.
Seu ponto de descida está chegando, enquanto Lauv e Troye Sivan cantam "I'm So Tired" ele desce do ônibus e caminha em direção a mais um pepino que precisa descascar. Empurrando aquele sentimento idiota pela garganta. É amargo.
Chan não tem tempo pra isso.
Ele poderia vir dirigindo, como Hanbin, usando o carro de sua mãe. Chris tem medo do trânsito pesado, suas mãos ficam frias e ele sente a pressão do volante em seus dedos e a responsabilidade que aquilo significa. Sua vida, a vida de todos. É um comprometimento muito grande, ele tem medo. Não de se comprometer mas de errar.
Então ele pega um ônibus.
Porque é mais importante que sua mãe fique com o carro e tenha como apoiar Haeri, Lucas e Hannah. Nunca se sabe, né?
Não sei, Chris diz a si mesmo, as mãos enfiadas no bolso da calça jeans enquanto avança, talvez eu pense demais.
Terça-feira, 09 de abril de 2024
Hwang Hyunjin entrou na sala do CEO, bateu a porta, respirou fundo e descansou as mãos nos quadris enquanto na outra ele segurava seu celular de trabalho próximo a orelha. Ele estava bufante e infelizmente Minho estava muito feliz com isso.
— Onde. Você. Se. Meteu. — sibilou entre dentes, a mão na frente do captador de sons do telefone.
— Ah, eu estive por aí — Minho balançou as mãos dramaticamente — em muitos lugares...
Hyunjin fechou os olhos enquanto massageava a testa para aliviar todo o estresse que corria por seu corpo.
— A Chaewoon não para de me ligar falando de um tal de almoço em família. Minho, pelo amor de Deus, você tem nove anos?!
Ao invés de falar algo, ele pega seu celular e ignora a estressada e descabelada existência de seu secretário. Hyunjin bufa e volta ao telefone.
— Desculpe. Sim senhora, eu prometo falar com ele. Não se preocupe... Sim tia — ele aperta os olhos em direção ao primo —, o Minho realmente precisa de uma grande injeção de juízo nessa cabecinha oca.. Você está certíssima. Sim... Vou falar com ele. Um beijo, tia Lee. Uma boa tarde para a senhora também — e ele finalmente se afasta do celular e encara Minho como se fosse a própria morte vindo buscá-lo — Ela estava a exatas uma hora buzinando no meu ouvido, sabia?
— Que bom que você é o secretário e não eu, senão já tinha mandado o pessoal do Jisung travar o ciático dela quando fosse na fisioterapeuta. — Minho resmunga largando o celular para o lado.
— Você fala como se ela não fosse sua mãe.
— Ser minha mãe não a impede de ser o próprio embrulho do capeta.
— Sucinto — Hyunjin senta na cadeira na frente de Minho enquanto coça os dedos entre os cabelos escuros — Aliás, é esse o tal jantar que tu falou uma vez? De levar o Christopher.
— Sim, a comemoração da Shu.
— Literalmente todo mundo vai estar lá...
— São os Lee, né? É um evento para contar glórias.
Hyunjin suspira, mas seu rosto logo ganha vida.
— Ah! Agradeça a ele por mim, o bolo estava maravilhoso, me acabei de comer. O Senhor Choi também.
— Farei. — Minho mordeu os lábios e suspirou — Aliás, eu preciso falar com ele sobre sábado.
— Tem dado certo?
Ele franziu as sobrancelhas.
— O quê?
— Os encontros. Se tem dado certo.
E Ah, aquele sorrisinho que Minho deu antes de falar não escapou ao julgamento afiado de Hyunjin.
— Tem sido agradável.
— Defina agradável.
— Ora, o que você quer que eu diga? — Minho cruzou os braços e Ah, Deus suas orelhas estavam vermelhas! — Ele é... bonito. Hyung, não faça perguntas idiotas, se você estivesse com a gente no dia de fazer o contrato saberia como ele é!
— Mas é justamente isso — Hyunjin argumentou apontando para a mesa — como eu não estava com você, preciso da sua opinião e análise sincera sobre o rapaz.
Minho parecia um gato retesado, completamente na zona defensiva.
— Eu não sei que diabos você quer ouvir.
— A verdade, Minho. Toda essa história sem pé nem cabeça de pegar a porra de um cartaz na rua e fechar o contrato de encontro com um cara que você não conhece, sair com ele todo fim de semana, comprar presentes e se preocupar com ele. Se preocupar, Minho. Vocês se conhecem há no máximo quatro semanas! Cara é meio absurdo querer tocar isso pra frente. Desculpe, eu acho arriscado!
— E eu sou humano — Minho falou, erguendo uma fachada fria que raramente usava com Hyunjin — e também sei me preocupar com as pessoas. Você fala como a mamãe — o peito de Hyunjin retraiu, doeu — E no mais, eu sou adulto, você não tem que se preocupar com as minhas escolhas. Se as coisas continuarem bem nós vamos nos casar e fim.
Ele entendeu que havia cruzado uma das linhas de Minho, o rosto fechado nada mais era do que suas defesas se erguendo. Mas a questão era que o Hwang estava preocupado com toda essa facilidade de Minho se envolver, ele já viu isso antes e não acabou bem. Era apenas cuidado.
— Eu não quis dizer isso — seus ombros caem —, como se você fosse ruim e que não se importasse, não é esse o ponto. A minha questão é como você aceitou com facilidade esse rapaz. Minho você sorri quando fala dele, é como se fosse um alívio.. um...
— Porque o Christopher é alguém de boa energia e que as memórias sobre ele me trazem a sensação de algo bom. Simples. Eu não gosto dele de forma romântica, se esse é o teu medo. E quando você conhecer ele vai entender o que eu quero dizer.
— Certo — Hyunjin espalmou as mãos na mesa e maneou com a cabeça, já desistindo do assunto —, tô mega animado pra ver como esse Christopher é alto astral!
— Ele é, você vai ver.
— Sim, sim. — Hyunjin se levanta — Vamos marcar uma ida ao boliche e juntar todo mundo.
— É uma boa ideia.
Hyunjin fica incrédulo. Uma coisa era ele conhecer Christopher mas outra bem diferente era o mundo pessoal de Minho colidir com o de um desconhecido. Apresentar aos amigos, a família, como se deixar cair para dentro da concha de sua vida.
— É uma boa ideia?
Minho franziu as sobrancelhas, sem saber onde exatamente seu primo quer chegar brincando de papagaio de pirata.
— Sim. Foi o que eu acabei de dizer: é uma boa ideia.
Hyunjin assentiu e coçou o topo da cabeça parecendo totalmente perdido, ele escorregou os dedos pelos cabelos escuros e cutucou o piercing na sobrancelha.
— Mudando de assunto — ele começou a gesticular, o que significava que estava contendo sua animação com o tema —, sabia que o Jisung me mandou uma fanfic? Drunk For Love. É de um ex-rockstar americano e um solista de k-pop. Ela é incrivelmente boa — então ele aponta para Minho como se estivesse o acusando de um crime gravíssimo — Eu deixei de fuder com uma mulher bonita pra caralho e super interessante pra ler essa merda de fanfic.
— Ok... agora sim eu fiquei surpreso.
— Eu sinto que minha vida depende de algumas palavras de uma pessoa desconhecida sobre outras pessoas desconhecidas numa história desconhecida.
— Como assim "depende"? Você não leu tudo?
— Não estava concluída — ele coloca as mãos na cabeça. Talvez estivesse muito próximo da representação da loucura e abstinência.
— As pessoas publicam coisas não concluídas? Livros?
— As pessoas. Publicam. Sem estar. Concluído!!! — Hyunjin faz menção de engolir seu punho e gritar, depois olhando para Minho como um bicho fora de controle — Eu mandei exatas quarenta e nove mensagens para esse autor, ofereci dinheiro, carro, casa, vaga de emprego, o meu álbum autografado da Britney Spears... E o autor não me respondeu ainda.
— Vai beber uma água e pede pro Sr. Choi te comprar uns chocolates que você gosta. Compra pra ele também. Respirar um pouquinho.
Depois de alguma insistência de Minho, Hyunjin foi. O CEO ficou rindo consigo mesmo sobre como o outro tinha capacidade de se deixar engolir por universos.
No mais tardar daquele mesmo dia ele se vê pensando sobre o que Chris poderia estar fazendo porque, honestamente, Minho delegou todas as suas responsabilidades a terceiros e estava brincando de rodar na sua cadeira giratória.
Eu [16:20pm]
Primeiramente, boa tarde jovem rapaz
Segundamente, como foi seu dia? Está indo pra faculdade? Precisa de alguma coisa?
Terceiramente, meu deus que bolo gostoso era aquele?! Eu tô pelas tampas de tanto que comi, o Hyunjin e o Sr. Choi também amaram!
Christopher Bang [17:00pm]
Oi minho! Buenas tardes!
Ah, eu tive um dia meio desafiadorkk mas tudo bem de modo geral. estou indo pra faculdade agora!
Sobre o bolo, SERIO !?!?!? 😭
Aaaaaaa fico feliz
Eu [17:01pm]
Se quiser me dar presentes, me dê bolos
Christopher Bang [17:01 pm]
anotei!
Eu [17:01 pm]
Você está indo pra faculdade de que? Se quiser mando um taxi para você
Christopher Bang [17:01 pm]
Nah, eu vou de ônibus
acabei de entrar nele, por sinal
Eita
Eu [17:02pm]
Eita?
Como assim eita?
Tá tudo bem?
Chris?
Meu deus
Ai puta que pariu aconteceu alguma coisa??
[Mensagem de voz 00:05s]
Christopher Bang [17:03pm]
meu feus calma
Só tinha arrumado um lugar pra sentar
tá tudo bem
Eu [17:03 pm]
Meu deus que susto
Vocr tava aqui do nada sumiw
Bang Christopher Chan você não me assuste assim
Christopher Bang [17:03 pm]
LSKKSJDSJD que bonitinho você surtando
Eu [17:03 pm]
Bonitinho é um martelo na sua cabeça
Jesus
E como assim você nao estava sentado???
Christopher Bang [17:03pm]
O bus ta cheio
Mas vagou lugar
Eu [17:03 pm]
Meu deus que desconfortável
Não quer que o Sr. Choi te leve todos os dias, não?
Christopher Bang [17:04pm]
mds minho, claro que não
Eu [17:04pm]
Então precisamos de um valor fixo pra você pegar táxi
Você tem carteira de motorista?
Christopher Bang [17:04pm]
Carro y moto
tirei no início do ano, to de provisória
mas tenho medo de dirigir pq n sei eh mt arriscado 😐
Eu [17:04pm]
Você se sentia melhor com carro ou moto?
Christopher Bang [17:04pm]
Eu gostava mais da moto !
Eu [17:06pm]
Ok
Christopher Bang [17:06pm]
Ok como assim ok
Minho
Eu [17:06pm]
Oi Chris
Christopher Bang [17:06pm]
a
enfim
O que voce está aprontando ⁉️
Eu [17:06pm]
Eu? Nadinha 😃
Christopher Bang [17:06pm]
me engana que eu gosto
Eu [17:06pm]
Eu nunca enganaria você, meu bem
Só estou pensando no seu próximo presente!
Christopher Bang [17:07pm]
LEE MINHO EU VOU ME MATAR NA SUA FRENTE
Eu [17:06pm]
Nós conversamos sobre você aceitar os meus presentes
Christopher Bang [17:07pm]
mas uma coisa é um cordão, uma roupa (se bem que, juntando tudo eu comprava bem mais do que um celta
mAS OUTRA COISA É UMA FUDENDO MOTO
Eu [17:07pm]
não quero sua opinião
beijos tchau 😚
Ao que Minho mordeu os lábios encarando o celular todo sorridente, Bangchan estava, num outro lugar, totalmente ruborizado e estático. Ah, que diabos. Ele queria se enterrar no meio do chão daquele ônibus e bater a cabeça no vidro.
— Por quê tá rindo pro celular, BangueTian? Hm, tá de namoradinho — Seungmin piscou para ele, todo sacana.
— Deixa de ser besta — ele o empurrou. Estavam ombro a ombro.
— Bom, eu ouvi o "Puta merda" que você disse quando ele te chamou de Chris. E te conhecendo bem, você tá todo cheio dos floreios e dragões na barriga, emm!
O australiano revirou os olhos, Seungmin parecia um adolescente idiota tirando gracinha.
Então o Kim fala, depois de um tempo calado — Não faz mal, sabe?
— O quê?
— Esse sentimento de gostar de alguma coisa e ficar tímido, não faz mal. Você trabalha muito, cara. É bom, às vezes — ele brincava com um dos chaveiros do Pochaco pendurados na mochila. — Você também tem um coração. Também merece gostar de alguém legal — ele levanta o olhar para o seu melhor amigo com um sorriso calmo — Não acha, Bangochan?
É. Talvez. Não faz mal. Pensou Chris.
Sinceramente, esse não era um assunto muito frutífero para sua cabeça. Ou era, na verdade, mas pensar sobre não o ajudaria em muita coisa. Mas, para si, aquele foi o "hot topics" da semana.
Se houvesse uma caixa de assuntos os quais ele poderia tirar de sua mente, ou no mínimo evitar deixar como tópico principal, sua família e Minho estariam nas primeiras linhas. Veja, ele sente falta de casa, do cheiro de comida fresquinha, da gritaria de seus irmãos, de suas mães reclamando ou ouvindo música alta. É um inferno o qual ele ama fazer parte, esses anos de faculdade não tem sido fáceis já que ele está longe de quem ama. As idas de vez em quando não bastam para matar a saudade.
A última vez que falou com eles foi na quinta de tarde, era um horário atípico, eles costumam trocar mensagens às dez da noite, na volta de Chris para o dormitório, é uma caminhada rápida já que ele se distrai no celular. Mas, naquela quinta sua mãe o surpreendeu um pouco mais cedo, o que o deixou feliz e melancólico ao mesmo tempo.
Pela tela do celular ele via Hannah sentada na mesa estudando enquanto Jessica cortava morangos. Ele podia ouvir sua caixinha de som cheia de figurinhas de heróis tocando de fundo, mas o foco era todo na voz carinhosa de sua mãe.
— Nos conte como foram as provas, querido. Você sumiu nessas últimas semanas!
Hannah resmungava no fundo — Pode continuar sumindo, não queremos você na família.
— Hannah Bang!
— Não se preocupe com essa pirralha fedorenta e feia, mamãe. Eu só senti sua falta mesmo, quem é essa aí na fila do pão?! — ele ficou feliz ao ouvir um "Feio é tu! Seu cara de capivara!". — Ignorando esse energúmeno, onde tá a Mãe Haeri, Jeongin e o Luquinhas?
Jessica sorriu, e Deus, era um alívio vê-la sorrindo depois de tanto tempo.
— Foram na feira, os três.
— O Lucas saiu de casa de casaquinho de tricô, calça jeans e sapatênis — contava Hannah — Tal qual um senhor aposentado.
Ele podia imaginar, o caçula dos Bang era realmente uma peça rara.
Hannah apareceu atrás de sua mãe roubando um morango.
— Cê vem pro aniversário dele?
— Vou sim, meio que as coisas vão terminar depois da segunda leva de provas... mas eu vou ir antes, no dia do aniversário, prometo.
— Hannah, sente lá, por favor.
Ele foi, então Jéssica pegou o celular e o tirou da cozinha, ela sentou no sofá da varanda da frente de casa e respirou fundo antes de dizer, com os olhos preocupados.
— Haeri disse que alguma coisa vai acontecer.
— Oh — ele processou a fala, Haeri costuma ser muito sensitiva e gosta de deixar todos alerta quando sente que algo está perto de acontecer. Chan suspira — É ruim?
— Ela acha que não, mas... é diferente, ela disse. Não parece ser algo ruim, mas ela tá com esse sentimento. Tem alguma coisa acontecendo. Ela me pediu pra falar com você sobre isso.
Minho. Minho estava acontecendo. Lentamente adentrando em sua mente, seu dia, em suas entranhas, ele sabia. Mas... não parece ser a hora de falar sobre. É muito cedo e incerto.
— Fora a loucura da faculdade não tem nada — omitiu.
— Filho...
— Não mãe — Chris a interrompeu, havia uma dose de súplica em sua voz, Jessica não ignorou isso — ainda não. Eu vou falar sobre isso quando entender melhor. Mas não vai ser agora.
Jessica Bang encarou o olhar de seu filho pelo celular, analisando cuidadosamente o rosto da pessoa que tanto ama. Após tomar o seu tempo em silêncio ela suspirou.
— Nós vamos te acolher sempre que precisar e respeitar suas escolhas, filho. Nós te amamos, acima de tudo. Eu não sei o que tá acontecendo ou se alguém te fez alguma coisa... mas nós estaremos aqui por você.
Então ele quis chorar, mas segurou.
O mais estranho é que essa não foi a única ligação da semana. Ele não é um grande amante de ligações, como um bom jovem millennial, ou seja lá a qual geração pertence, ele só não é dado a falácias que denunciam sua reação crua, enquanto palavras escritas podem ser uma máscara de uso simples.
Mas aquela era a pessoa que tanto lotava seus pensamentos, a segunda coisa na lista que ele gostaria de silenciar, Lee Minho.
— Oi Chris, está ocupado? — perguntou a voz calma do outro lado da linha.
É quinta-feira, entre uma e tantas da tarde ou algo muito parecido com isso, um e uns quebrados. Chris ficou um bocado surpreso de ver o nome de Minho brilhando na sua tela de bloqueio, seus dedos coçaram de nervosismo então ele atendeu. Mentiria se dissesse que seus lábios não estavam secos e seu coração não havia disparado.
— Oi, oi, não estou. Acabei de chegar do trabalho. Tudo bem?
— Sim... eu só... quis ligar. — Minho disse o final quase num murmúrio, e se calou. O australiano não sabia se era sua deixa para falar algo, mas ele preferiu esperar — Porquê sábado... nós vamos sair, sim? Você pode escolher para onde nós vamos.
Chan mordeu os próprios lábios e pendurou o celular entre o ombro e o ouvido enquanto destrancou a porta... Para onde poderiam ir?
— Você está cansado? — ele perguntou subitamente.
— Como assim?
— É, sabe. Cheio de dores, tenso ou cansado. Cara... — ele jogou as chaves na mesinha e tirou os sapatos, Minho estava achando interessante ouvir os sons de seus movimentos — eu tô só o pó da rabiola. Sem mentira. Se me pedir pra escolher, acho que um SPA seria muito bem vindo.
— Uau, eu gostei da ideia. Gostei mesmo. — ele ouviu um farfalhar de papéis — Podemos ir umas nove horas e ficar o dia todo!
— É bom, eu realmente gosto.
— Vou pedir ao Hyunjin que faça nossas reservas. — ele ouviu Minho sorrir — É surreal, você foi realmente certeiro na escolha.
— Ao seu dispor. — ele guardou os sapatos e olhou para a sala vendo um Soobin o encarar muito interessado enquanto está estatelado no sofá. Ele acena — Ei Soo.
— E aí, Aussie?
Sem se alongar muito, ele foi para seu quarto, já voltando a Minho — Você já almoçou?
— Sim! Comi horrores e me esbaldei em pudim. Preciso parar senão vou ficar bem gordinho.
Chris nem se conteve ou sequer processou sua própria fala enquanto revirava os olhos.
— Tu é todo bonitão, tá preocupado com isso por que?
Foram alguns segundos que o outro passou em silêncio mas Chris notou. Ele achou graça.
— Ora, eu agradeço o elogio mas, se continuar fugindo da dieta vou ficar rechonchudo igual o Soonie! Se bem que o Soonie é muito lindo e fofo, talvez eu também fique?
E como num timer perfeito, Chris ouviu um miado na ligação.
— Eu estou falando do seu irmão para o Christopher, dia oi Doongie! — e então mais um miado, o australiano queria engolir seu punho por tamanha fofura.
— São seus gatos? — questionou, conectando o celular aos fones.
Ele queria trocar de roupa, mas se sentia tímido ao falar com Minho enquanto se trocava. O que não fazia o menor sentido já que o coreano sequer poderia vê-lo. Vencido pelo cansaço, ele tira a camisa e coloca os fones.
— Vou te mandar as fotos do Soonie e do Doongie, saiba que é muito importante eles gostarem de você.
— Eu imagino que seja. — Chris sorriu, então pegou o celular para ver as fotos enviadas — Meu Deus! Esse é o Soonie?
— Sim!
— Que rapazinho mais fofo e simpático. Nossa, o focinho dele é metade branca metade alaranjado! O outro é o Doongie? — ele ouviu um "Uhum" — Que turminha mais fofa, parece que foram feitos da mesma forma. Tirando que o Doongie tem mais partes brancas no rostinho. Simplesmente arte.
— São fofos, sim? — Minho parecia orgulhoso. Um sentimento bom se aflorou no coração de Chris. — Falando em fofos, você já comeu?
Ah.
— Christopher Bang.
Ah.
Não era normal sua pele se arrepiar daquela forma. Talvez fosse o vento que adentrava por entre as cortinas e seu corpo parcialmente desnudo ou uma junção disso tudo.
— Então, daddy. — Sim, ele usou uma carta baixa que faria Minho rir.
— Pare de piadinhas e vá comer. — o Lee parecia sério, mas o australiano conseguiu ver o sorriso em sua fala — Você já está em casa, sim? O que quer comer? Vou mandar entregar.
— Calma que não é assim que a banda toca.
— E como é que a banda deveria tocar, Senhor Bang? Você prometeu aceitar os meus mimos! Temos um contrato, Christopher.
Maldito seja aquele que fez Minho pegar feição por fala o seu nome completo. Chris bufou enquanto trocava a calça por uma bermuda.
— "Mimimimi temos um contrato" vai jogar isso na minha cara toda vez?
— Vou.
— Raios — ele apanhou uma camisa velha e bem macia — Certo, que seja. Quero bimbap e hotteok de chocolate.
— O que mais?
— Somente.
— Acho pouco.
— Vai comer comigo?
— Perdão?! Ai! — Minho resmungou, parecia ter se batido em algum lugar. Fez-se um silêncio tímido por alguns segundos.
Chris estava sorrindo, ele queria ver as orelhas do Lee ficando vermelhas, ah como queria. Então ele se debruçou sobre sua persona que ama flertar somente para afogar o coreano entre seus encantos.
— É suficiente, mas se você vier comer comigo tem que ser pra duas pessoas.
— Eu não... Ah, Deus. Seu amigo de quarto vai criar a morte comigo — argumentou — Não posso fazer inimigos.
Agora quem estava com vergonha era Chris.
— Você não esquece isso...
— Desculpe, é que a situação foi realmente engraçada. De toda forma, sobre desfrutar de uma maravilhosa refeição ao seu lado — e lá estava o diabo Lee Minho brincando com a sanidade de Chris — infelizmente não posso, querido. Estou em casa mas, já me afundando nas coisas da empresa. Eu te prometo que meu sábado vai ser seu. Vamos luxar o dia todinho.
— Me vejo na obrigação de fazer um mega pudim pra você.
Ele faria de qualquer forma, mesmo que Minho não lhe oferecesse nada. Chris ouviu um suspiro surpreso do outro lado da linha.
— Você sabe fazer pudim???
— É uma das muitas coisas que eu sei fazer bem — se gabou. — Sou habilidoso com as mãos.
Ele ouviu alguma coisa caindo, foi difícil abafar o riso.
— Porra! — Minho xingou baixinho.
— Tudo bem, querido?
— Você é uma ameaça. — Chan mordeu os lábios, muito divertido. Ele ouviu Minho juntar alguma coisa — Quero pudins, vou te fazer um agradinho, você compra os materiais necessários e me deixe provar o seu pudim. Me mostre o que sabe fazer com essas mãos, Christopher.
Ah.
Ele estava cavando a própria cova, seus braços estavam arrepiados e suas orelhas quentes.
— Vou colocar na lista de avaliação que você é bom de flerte. Nossa Senhora...
Uma notificação apitou, Chris pegou o telefone para ver do que se tratava.
Seus olhos se arregalaram...
— Minho?!
— Já apareceu a notificação? — ele se fez de sonso, a voz totalmente fingida — Nossa, nem percebi, sabe?
— Minho, o que nós..
— Na verdade — ele interrompeu — eu preciso ir trabalhar, tirei do meu tempo só pra ouvir seu lindo sotaque e te convidar pra sair. Estamos certos, querido?
— Cara mas...
— Estamos certos, querido?
Chris mordeu os próprios lábios enquanto respirava fundo.
Minho era um pequeno diabinho esperto. Mas que seja, Chris pode entrar no jogo.
— Sim, meu bem. Estamos certos.
Quando aquela voz amorosa e calma tocou os ouvidos de Minho todos os seus pelos se arrepiaram, como um choque se arrastando sedutoramente por seu corpo e arranhando seu couro cabeludo. Seu coração errou uma batida, talvez duas ou três e sua respiração desestabilizou, mas tudo bem.
Tudo bem.
Tudo bem.
Sábado, 13 de abril de 2024
Tudo bem um caralho.
Minho estava assustado.
Ou talvez essa não seja a palavra correta mas, é a única que parece encaixar na sua mente diante de tanto.
Veja bem: regata branca abraçando o tronco forte, o peitoral grande marcado, braços desnudos e tonificados de fora, calça jeans clara um pouco larga em contraste com a camisa, tênis, uma bolsa de ombro e um óculos de grau no rosto. Era só isso que Christopher usava, mas existe uma maldição que Minho aos poucos percebeu, até as roupas mais básicas do mundo se tornavam estupidamente bonitas quando colocadas em Chris. É uma praga! Os olhos de Minho não tem paz!
Ele nem sequer conteve sua língua de chicote quando Chris entrou no carro, soltando um:
— Ao invés de irmos em um SPA eu deveria te colocar em um avião para Milão, você desfilaria pra alguma marca de luxo e seria disputado a tapa pra ser o novo embaixador dela.
Christopher riu, as pontas das orelhas ficando vermelhas de vergonha. Ele colocou o cinto enquanto rebatia, educadamente.
— Que mentira, é só um jeans e uma camiseta! Mas eu agradeço o elogio.
E não importa quantos aplausos Minho direcionasse a Chan, honestamente feitos só para o empurrar mais e ver o rubor tingir suas orelhas e bochechas, o mais novo agradecia e negava a bajulação.
Durante o caminho eles trocavam histórias de vida que combinavam com as músicas que estavam tocando, então foi completamente louco ouvir Minho contar que fez faculdade de dança enquanto ouviam Paparazzi da Lady Gaga.
— Foi a música que eu apresentei em uma das feiras anuais de artes — um sorriso discreto ornando seu lindo rosto. — Eu lembro que o auditório estava cheio e eu desesperado, a roupa que nosso grupo usou era linda — contou, com um orgulho tão grande que fez o peito de Chan se apertar. — Nós mesmos costuramos! Foi... foi a experiência mais incrível e impactante da minha vida. Eu nunca me senti tão bem como naquele dia.
Chris ficou em silêncio, o coração batendo devagarinho no peito enquanto olhava para Minho com um carinho difícil de quantificar. Ele nunca tinha se dado ao trabalho de ir além do que o coreano lhe oferecia, do homem rico, Lee Know, líder do maior aglomerado de empresas da Coréia e todos os títulos que vinham na frente dele mesmo.
Minho, a pessoa, o cara que ama pudins e doces diversos, cujo sorriso é tão bonito e fofo que consegue balançar até o mais duro dos corações, cheio de brincadeiras, piadinhas estranhas, que ama seus dois gatinhos e agora Chris sabe de mais uma coisa sobre ele, sobre arte e dança.
— Tudo bem? — perguntou, notando que Bangchan o olhava por um bom tempo, este que desviou os olhos, recobrando o controle de seus próprios pensamentos.
— Sim, só... — Chris encarou a estrada passando pelo retrovisor enquanto pensava se deveria falar ou não. Ele respirou fundo — Eu não tinha parado pra pensar que você também tem hobbies bobos, gosta de doces e... vai além do seu nome. Desculpa, isso é...
Minho piscou os olhos, um pouco chocado. Parecia de certa forma absurdo ouvir que você não é alguém e sim um nome, mas indo fundo, ele não estava totalmente errado. Minho apreciou o momento em que o australiano formulou a sua possível verdadeira imagem ao invés de descartar o que eles estavam vivendo. Isso moveu uma parede dentro de si.
— Obrigado.
— É o mínimo.
Antes que o silêncio os afundasse em pensamentos Bangchan escolheu Blowin' in the Wind de Bob Dylan porque a gaita o lembrava de uma pequena viagem que fez quando pequeno para a fazenda do avô paterno, onde o vento era tão forte que as árvores rangiam, ele se lembrava dos cavalos correndo pro estábulo perto do fim do dia, o sol se ponto enquanto sua velha vovó fazia chá e os biscoitos assavam no forno de lenha.
O caminho foi preenchido por histórias, Minho carinhosamente as guardou em sua caixinha escrito "Coisas do Christopher" e Chan também fez questão de absorver todas as experiências que Minho lhe contava, separando-as em um lugar de carinho.
Dongyo SPA & Hotel, Chan leu a placa de entrada escrita em um hangul longo e delicado, aquela área era toda cheia de verde e com pássaros cantando alegremente ao redor do estacionamento coberto. Eles desceram do carro, seguindo o caminho de pedras e grama até a entrada, sua estrutura era como a de um grandioso templo budista, mas perfeitamente equilibrado com a modernidade.
Minho nem sequer precisou os apresentar, a atendente imediatamente o direcionou um grandioso sorriso e se curvou estendendo um cartão azul claro, os oferecendo boas vindas. Não muito atrás veio Hansol, dizia o crachá, que se ofereceu para liderar o caminho sabe-se lá para onde.
— Montamos uma pequena agenda para que possam aproveitar bem o dia — Hansol contou, Chris podia sentir o seu coreano adornado com alguns hábitos de falantes do inglês — mas podem ser feitas alterações a qualquer momento, foi apenas uma ideia.
— O que temos por agora? — Minho perguntou enquanto eles atravessavam o jardim com uma pequena cachoeira, o som do desaguar acalmando seus nervos.
— Primeiro a troca de roupas e então para o banho de hidromassagem para um relaxamento inicial, massagem com óleos e proponho os cuidados faciais para aliviar as tensões. Temos lindos jardins e águas termais, a área é de livre passeio! Não se preocupem, temos mapas de localização por todo o prédio e atendentes circulando para os guiar. E este — eles pararam, Minho estendeu o cartão que recebeu para Hansol, que confirmou o número da porta à sua frente, eles estavam de cara para o jardim central, Chan podia ver ao redor as salas com plaquinhas na porta, eles provavelmente estavam perto da área de cuidados — este é seu quarto, os complexos do SPA estão logo após o jardim indo reto, as saunas e piscinas na sua direita após o jardim vertical, e o nosso restaurante fica a sua esquerda depois do lago de carpas. Meu nome é Hansol e eu desejo que curtam o dia!
Chan sorriu, então olhou para Minho, que na verdade estava olhando para ele, suas orelhas ficaram imediatamente vermelhas.
Hansol os deixou com uma despedida amigável, Chris e Minho entraram no quarto, as paredes eram de pequenas ripas de bambu, havia uma cama de casal gigante e que diga-se de passagem, era extremamente convidativa.
— Eu... — Minho começou, parecia tímido, a luz ambiente que vinha da janela parcialmente coberta pela cortina moldava seu rosto angelical. Ele engoliu a seco, parecendo incerto, Chris esperou por seu tempo — eu acabei não prestando atenção se Hyunjin pediu um quarto de casal ou para duas pessoas. Espero que isso não incomode. Mas eu posso fazer a troca! Eu...
Bangchan sorriu, porque a preocupação de Minho com seu conforto era adorável.
— Tá tudo bem, relaxa. Além do mais, não vamos dormir, o quarto é mais para guardar nossas coisas e nos trocarmos, certo?
Oh, as orelhas, Chris pensou, maravilhado quando o vermelho tingiu as pontas de Minho.
Então ele resolveu puxar um pouco mais, porque se o Lee tinha a audácia de fazer isso consigo ele também poderia perturbar os juízo deste um pouco.
— Vamos nos trocar e aproveitar o dia!
Minho assentiu, mas o rubor voltou a seu rosto e orelhas assim que Christopher sem mais nem menos jogou o óculos na cama e puxou a camiseta pelos ombros, expondo os membros superiores tonificados. Minho piscou, se prontificando a ir pegar os roupões no banheiro e trocar de roupa.
Na segunda taça de vinho Minho puxou o roupão um pouco mais para si e observou a sua frente.
Chris estava na sala de cuidados faciais enquanto Minho ficou alguns minutos de molho nas águas termais, logo desistindo delas e sentando-se para prestigiar umas das cachoeiras artificiais enquanto bebericava seu vinho.
Ele estava um pouco pensativo, algumas conversas que fora obrigado a ouvir de sua mãe atormentando seu juízo. Coisas como "Você precisa de casar o quanto antes" e "O seu pai optou por me abandonar quando deixou o comando da Lee para você, isso é injusto, você deveria estar do meu lado, não do dele".
Minho ignorava todas as chamadas de sua mãe sobre casamento, porque ele faria isso do seu jeito, com quem ele confiasse e no momento ele escolheu dar esse voto a Chris, um jovem completamente estranho mas de grande força e coragem, de alma tranquila e sorriso caloroso. Era ele, até então. E Minho honestamente gostaria que continuasse sendo ele.
Quanto ao sumiço de seu pai e a transferência do poderio de CEO da Lee, bom, Minho não pode fazer nada a não ser aceitar. Porque ele sabia que nos últimos anos, quando o seu pai o colocou para fazer administração e deixar a dança em segundo lugar ele soube que seu dia chegaria. Não é como se ele quisesse isso, no entanto entendia onde estava sua responsabilidade. Lee Taehyun sempre foi um homem meticuloso, conhecia a sua esposa e suas falcatruas, pode não ter sido o melhor e mais amoroso dos pais, mas seus conselhos eram muito prestigiados.
Ele preparou Minho como líder e Hyunjin como braço direito pois sabia que não poderia contar com sua esposa, que estava muito ocupada envenenando qualquer possível futura parceira de Minho. Taehyun foi cruelmente sincero quando assinou o último papel que deixava a cadeira de CEO para seu filho.
— Ninguém é confiável, criança. Somos velhos, odiamos um sangue novo no comando, passamos a perna em nossos amigos e mentimos durante reuniões para termos a parceria mais proveitosa. Ninguém vai te respeitar ou apoiar, se você cair ou errar todos vão apontar o dedo e virar as costas. Sua mãe quer que você se case com alguém da escolha dela por poder, para se manter em pé porque sabe que meu sucessor é você e que vocês não se dão bem. Eu vou sumir pelo mundo quando sair por aquela porta. Eu não quero que me procurem, está me ouvindo? Não me conte se fizer merda, não me peça ajuda, vá lá e resolva. Eu estou cansado de tomar decisões, Minho. Cansado da azucrinação da sua mãe. Eu quero "fingir que não existo" como dizem vocês jovens.
Quando ele virou de costas, Minho não sentou na cadeira de CEO como uma criança que admira o poder de seus pais faria. Ele sentou no chão e ficou um bom tempo quieto enquanto o telefone tocava enfurecidamente sobre a mesa de vidro.
Algo se moveu do lado de Minho, ele piscou os olhos, finalmente voltando a si.
— Ei, tudo bem?
Era Bangchan quem estava o puxando para o presente. Parecia mais profundo do que realmente era. Ele estava o trazendo para a realidade.
— Seu rosto está brilhando — Minho constatou, então tomou outro gole de vinho e cruzou as pernas, — como foi?
— Me senti um príncipe. Super mimado!
Minho sorriu. Ele viu Chris fechar os olhos e absorver a luz do sol, enquanto a cachoeira fazia seu trabalho de relaxar suas mentes. Ele não sabia que horas eram aquilo, completamente à mercê dos mimos daquele lugar e silenciado das responsabilidades externas, por mais que sua mente ainda o lembrasse de tudo, como um fantasma no espelho.
Eles passaram pela massagem, e Minho não sabia que suas costas estavam tão tensas e seus ombros tão doloridos até a sensação de alívio o absorver como água na esponja de louça. Depois vieram as termais, as massagens e máscaras faciais, após o almoço Minho e Chris tomaram um momento no lago de carpas apenas trocando abobrinhas sobre tatuagens e cores de esmalte.
Foi assim que Minho descobriu que Chan era louco por tatuagens mas tinha medo da dor da maquininha, assim como, sua cor favorita era vermelho. De cores a que peixe eles seriam se pudessem deixar de ser humanos, o assunto foi costurando por rumos completamente loucos, isso até Minho dizer que tubarões bebê são feios e Chris ameaçar o enfiar de cabeça no lago se ousasse chamar tubarões bebê de feios.
— Bora na sauna comigo? — perguntou Minho, um pouco tímido, mesmo depois da sequência insalubre de ameaças feitas por Chris.
Ele concordou, Minho só não se lembrava que o conceito de sauna eram homens pelados suando numa saleta quente, a situação não é nada embaraçosa. Honestamente, não é mesmo, tudo completamente aceito e tranquilo culturalmente mas ele estava ali com Christopher Bang. E certo, Minho é louco e eles estão se tornando amigos, mas ele não estava pronto para ver Chris completamente nu e de braços abertos sentado na sauna com uma toalha sobre o colo. Observe, não é como estar com Hyunjin, que é seu amigo de infância, praticamente irmão, nem o mesmo de estar com Yunho ou Jisung.
Aquele é Christopher, com suor escorrendo lentamente por sua pele leitosa, de olhos fechados sentindo o calor agir em seus poros, seu peito estava vermelho assim como os lábios carnudos e Deus, ele é impossível de tão bonito, isso deixa Minho de orelhas vermelhas. Quando ele abre os olhos Minho sofre porque seus olhos estão turvos e a baixos, ele é fisicamente sexy, psicologicamente adorável e faz doces, ele é a porra de tudo o que Minho poderia querer como amigo. Amigo. É certo olhar assim pra porra de um amigo?
— Oh, Hyung... — Chris se levantou sobre Minho, que estava sentado no banco à sua esquerda e o calor inundou o coreano por todos os sentidos, porque Chris era maior do que ele em termos de massa, ele o cobria visualmente, seus ombros mais largos e Deus, ele sentiu o toque quente do australiano entre sua sobrancelha e olho, mas Minho estava sem ar, com os olhos piscando nervosamente enquanto sua visão estava turva mas Chris se afastou tão rápido, como se nunca tivesse sacolejado todos os nervos de Minho ao mesmo tempo. — Prontinho, ia cair suor no seu olho.
— Obrigado...
Então o silêncio voltou e Minho fechou os olhos para não virar uma gelatina humana. Ignorando que Chris estava olhando para ele, com seu jeito doce e os lábios levemente erguidos enquanto apoiava a cabeça na palma da mão.
O pós sauna foi uma ducha fria para fechar os poros abertos pelo calor. Quando os dois saíram do complexo da sauna contemplaram uma fina garoa os lembrando do clima instável que estava aquele verão.
O cronograma dizia que eles tinham manicure e cabeleireiro agora. Optando por se vestir mais adequadamente, os dois voltaram para o quarto, Chris vestiu sua camiseta branca de antes e um short leve, Minho fez o mesmo. Era quase cômico a forma como sempre escolhiam cores parecidas para usar.
A promessa para o dia era se desligar dos problemas então os celulares permaneceram no quarto.
Na manicure Chris pediu estrelas e pontinhos nas unhas, com fundo de base transparente, e outras pintadas de vermelho ou preto. Já os cabelos foram lavados e hidratados, Chris conversava com a cabeleireira que cuidava de si, perguntando se os produtos eram para cabelos ondulados, e que ele tinha medo de ir em cabeleireiros e colocarem alguma química não compatível com seus onduladinhos. Mas tudo estava certo, apesar de ele não saber, Minho havia colocado esse ponto para Hyunjin enquanto falava sobre a reserva no SPA.
Ao fim de tudo, Hansol voltou para eles com seu mesmo sorriso amigável do início e com duas sacolas de presente, entregando-as a Chris e Minho. A despedida foi como a de velhos amigos prometendo se encontrar novamente.
Os dois se sentiam de alma lavada.
— Quando chegar em casa — Chris abriu a porta do carro e apontou para Minho — me lembre de te entregar seu pudim.
Os olhos dele brilharam.
— Não precisa nem falar duas vezes!
🐰🐺১ NOTAS
.
.
.
.
OLAAAAAA
Uma att de 7.6K? Eu vou birutar!
então como estão? eu estou triste, mas tudo bem.
O QUE ME DIZEM DA CENA DO SPA? O CHAN ENXUGANDO O SUOR DO MINHO A TENÇÃO OSNEJRMDOWJENFKSIAJRNCOCHSUHEUFHDUWHEHFIDJSWJF AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA
eu assumo, que até agora, essa cena e uma cena do próximo cap são as que mais me desestabilizam
me digam o que estão achando !!
finalmente entrei de férias da faculdade e tão... talvez eu consiga escrever mais(?) por incrível que pareça eu sou mais inativa nas férias do que em períodos normais kk
btw, espero que tenham gostado da att, descansem e se alimentem corretamente 🤍🏆💐
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro