CAPÍTULO - 24
Eles não sabem sobre as coisas que fazemos
Eles não sabem sobre os eu te amo que dissemos
Mas eu aposto que se eles soubessem
Eles ficariam apenas com ciúmes de nós
Eles não sabem sobre o todas as noites
Eles não sabem que eu esperei toda a minha vida
Apenas para encontrar um amor dessa forma
Amor, eles não sabem sobre, não sabem sobre nós
Eles não sabem o quanto você é especial
Eles não sabem o que você fez para o meu coração
Eles podem dizer o que quiserem porque eles não nos conhecem
Eles não sabem o que fazemos melhor
É entre mim e você, nosso pequeno segredo
Mas eu quero dizer a eles, eu quero dizer ao mundo que você é minha, menina
One direction — They Don't Know About Us
Quando tudo vai muito bem, você precisa desconfiar do que pode acontecer. Realmente seria um sonho se meu namoro com o Yan desse certo para vivermos felizes para sempre. A minha decisão de contar para meus pais sobre nosso relacionamento apenas no natal, era exatamente porque temia que algo acontecesse.
Não sou pessimista, porém… mesmo me entregando de corpo e coração para ele, no fundo algo me dizia que a bomba relógio estava prestes a estourar.
Foi isso que aconteceu, há dois dias atrás.
Foi completamente ingênua em pensar que Yan queria me ajudar a não ter fama de amante e não ser deportada, fui ingênua em acreditar nas suas mentiras e não perceber o real motivo por trás de todas elas.
Minha mente repassa a todo momento as palavras que Thabita me disse antes de pegar carona com o Yan. Me fazendo voltar ao dia que meu mundo desabou.
O frio está congelando meu dedos, sou obrigada a parar de responder Maeve e Cam, que estão preocupados por Yan ainda não ter chegado. Guardo o celular no bolso assim como minhas mãos, para tentar aquecê-las.
Minha atenção é voltada apenas para a rua pouco movimentada e iluminada. Mas sei que estou segurando, pois os seguranças do tamanho de um armário que o Spencer contrata, ainda estão na entrada do bar.
Troco o peso de uma perna para outra e de vez em quando dou alguns pulinhos para tentar me aquecer.
Onde Yan se meteu? Ele não costuma se atrasar tanto assim.
Ainda olhando para a rua, consigo enxergar um carro blindado em pouca velocidade. Rápida entro em alerta e um gatilho do que aconteceu com Michael, fez com que eu ficasse petrificada no lugar. O automóvel enorme na cor preta para no meio fio e o vidro se abaixa lentamente.
Consigo reconhecer a pessoa no mesmo momento, mesmo com a pouca iluminação. Mas nem por isso deixo de ficar menos em alerta. No entanto, minha postura se torna mais rígida e elevada, pronta para acabar com essa garota. Não imaginei que fosse rever Thabita algum dia, pensei que ela tinha entendido o recado, principalmente por Yan ter deixado claro que está namorando comigo.
O que essa garota quer, hein?
Ela sai do carro e vem de encontro a mim. O que faz eu ficar levemente assustada. Seu cabelo está em um ninho, usa um conjunto de moletom muito largo e a sua aparência não está nada saudável. Está bem mais magra de quando vi a mesma, muitas olheiras debaixo dos olhos e rosto inchado de quem está chorando constantemente. Sem falar na energia pesadíssima que estou conseguindo sentir sobre ela.
Tem alguma coisa errada, isso está nítido.
— Oi… s-sei que não quer me ver — sua voz é fraca e gagueja um pouco. — Mas, por favor, apenas me escute, não quero brigar — está agitada, olhando de um lado para o outro e as mãos trêmulas.
— Porque deveria? — sondo.
— É importante — o queixo treme e as lágrimas escorrem pelo seu rosto. — E p-porque estou cansada de segurar esse f-fardo sozinha— o choro vem sem aviso.
Poderia fingir que ela não está na minha frente e entrar novamente no Abismo para me proteger do frio para esperar meu namorado. Porém, não sou sem coração, Thabita está tão fragilizada e a única coisa que posso fazer é escutá-la.
— Estou te ouvindo — cruzo meus braços.
Passa as mãos tremendo no seu rosto para limpar as lágrimas, tenta se acalmar suspirando fundo e só depois começa a falar:
— Sei que está namorando o Yan. Vi que vocês assumiram um t-tempo depois de termos brigado, mas tenho certeza que ele não te c-contou sobre… sobre o que aconteceu entre nós — franzi a sobrancelha. — Naquele dia que Yan transou comigo e disse seu nome, não usamos nenhuma proteção. Por isso fiquei tão brava, pensei que ele foi me procurar porque gostava de mim, mas a verdade é que ele só queria te esquecer e me colocou em risco de várias formas. — São informações demais, minha cabeça está latejando, sei que não vai parar por aí. — Me d-desculoa Ravena, mas tentei conversar com o Yan e ele não me escutou, você é a minha única opção nesse momento — suspira novamente e morde o lábio inferior. — Fiquei grávida, mas ele não quis saber e simplesmente me abandonou esperando um filho dele na minha barriga.
— Yan, me contaria se fosse verdade.
— Não, ele não contaria. Ele armou tudo para parecer que eu sou a errada, no mesmo dia que contei sobre a gravidez ele terminou comigo e logo depois apareceu namorando com você. Porque eu mentiria sobre isso, Ravena? Tenho muito mais a perder do que ele se minha família descobre, sou da elite e isso seria um escândalo, pensa um pouco.
Impossível, não pode ser possível uma coisa dessa. Yan iria me contar se algo desse tipo tivesse acontecido. Ele não iria me esconder.
Thabita está chorando novamente e por incrível que pareça, tenho compaixão por ela, mesmo pensando que essa história é muito louca para ser verdade, até porque ela não aparenta ter nenhuma barriga, já que tudo isso já faz alguns meses.
— Não, posso acreditar — nego com a cabeça.
— Tenho provas, posso te enviar tudo por mensagem e você vai ver com seu próprios olhos os exames — garantiu. — Além dele ter me abandonado, quando tentei ter uma conversa para falar sobre o que tinha acontecido ele não quis — suas lágrimas rolam sem parar. — Com todo o estresse da minha família saber, sem ter o apoio dele, acabei perdendo meu bebé — fala entre soluços olhando nos meus olhos.
A tristeza que aparece nos seus olhos castanhos é o que precisava para saber que tudo realmente é verdade. Infelizmente, eu acredito no que ela está dizendo. Mesmo querendo que não fosse verdade.
Tanto a minha boca com as duas mãos e respiro fundo para a bile não subir.
Agora tudo faz sentido e o porquê dela estar tão abalada. Ela passou pela descoberta sozinha, não teve apoio nenhum do Yan e ainda perdeu um serzinho que já fazia parte dela e não tinha nada haver.
Se fosse eu no seu lugar não sei se aguentaria.
— Não estou aqui porque quero voltar com ele ou algo do tipo. Sei que Yan gosta de você, era nítido isso, mas eu esperava apoio de alguma forma, por estar grávida de um filho seu e não recebi nada. Perdi meu filho por causa dele, só queria que soubesse que o Yan não é quem ele diz ser.
Yan não é quem ele diz ser.
Yan não é quem ele diz ser.
Yan não é quem ele diz ser.
Yan não é quem ele diz ser.
Yan não é quem ele diz ser.
Essa frase rodou na minha mente.
Então, Thabita estava grávida e ele queria fingir um namoro comigo só para se afastar dela? O pior é que ele sabia dessa gravidez?
Não pode ser possível, não consigo acreditar nisso.
Em nenhum momento ele pensou em me ajudar, ele só queria se safar e livrar a sua cara.
Não parece nada com o Yan, o meu namorado que conheço há anos, mas tudo faz sentido.
— Sei que é difícil de acreditar, mas eu tenho provas Ravena, posso te mandar todas se quiser — fala com tanta convicção, que é difícil não acreditar. — Tentei ter uma conversa com ele naquele dia que vocês estavam na pizzaria e contar sobre tudo o que aconteceu, só que Yan é irredutível. Me mandou desaparecer da sua vida, porém não consigo mais fingir que está tudo bem, eu perdi um bebê, perdi meu bebê e não posso falar para ninguém sobre isso, eu queria esse bebê. — Thabita começa chorar novamente.
Escutar todas essas informações e ver a sua situação me faz ficar comovida. Fui uma idiota em acreditar nele esse tempo todo, não consigo acreditar que não teve nenhuma oportunidade em todos esses meses para me contar o que estava acontecendo. Yan, simplesmente fugiu de todas as consequências e fingiu que nada aconteceu.
Mas não consigo fingir igual ele, tenho uma mulher fragilizada dizendo que procurou ele e não recebeu nenhum tipo de ajuda. Só Deus sabe como está a cabeça dessa garota.
Uma lágrima solitária cai pelo meu rosto e me sinto na obrigação de consolar Thabita. Com meu olhar peço permissão para abraçá-la e ela aceita assentindo com a cabeça em positivo.
Dei um abraço forte, deixando ela chorar tudo que tem vontade. Assim me permiti também deixar as lágrimas rolarem. Não sou idiota, consigo ver que ela não está mentindo. Meu lado feminista nao me permite ficar brava com ela, sendo que a vítima somos nós e o culpado de tudo é o Yan.
— Me desculpa — Thabita se afasta e limpa seu rosto, disfarçadamente faço o mesmo. — Me desculpa por isso, mas realmente está d-difícil suportar… obrigada por entender — lança um sorriso amarelo.
— Eu que peço desculpa, se soubesse… se soubesse da história, as coisas não teriam acontecido daquela forma. Yan precisa se responsabilizar por tudo, se depender de mim ele vai — tranquilizo.
— Obrigada por me entender e não me julgar.
— Nunca te julgaria — sou sincera.
Thabita me lança um sorriso e limpa as mãos nas calças. Ela suspira, olha para os lados e com um aceno de cabeça se despede.
Ainda estou baqueada, mas sei que não quero ver Yan nesse momento. Preciso pensar, colocar as ideias nos lugares e principalmente me permitir chorar, por ter sido uma idiota e acreditado nele.
Com o olhar turvo pelas lágrimas e as mãos trêmulas lego o celular do bolso e envio uma mensagem para o Yan, dizendo que ele não precisa me buscar. Não sei se ele respondeu na mesma hora, pois fiz questão de desligar o celular depois que entrei no Uber.
Por mais que o meu banheiro já tenha sido arrumado e voltado a água, continuei dividindo com meu namo… com Yan, hoje seria a primeira vez que dormiria sem ele, na cama dele, com o cheiro dele.
E isso foi mais doloroso do que ter que fingir que nada aconteceu no outro dia.
— Ursinha, estou ansioso para contarmos — a voz grossa que não consigo confundir, sussurra no meu ouvido. Me tirando dos devaneios.
Desde o dia que a Thabita me contou sobre tudo estou em um limbo. Onde não sei se fala sobre isso com o Yan, se sou capaz de continuar com o namoro normalmente, se quero uma briga desnecessária entre ele e meu pai.
Várias perguntas passam na minha cabeça. Não sei o que fazer.
Eu amo Yan.
Mas não sei se meu amor é capaz de aceitar o que ele fez.
Disse que daria uma segunda chance, mas não vou dar a terceira. Tudo tem limites.
Desde dois dias atrás estou fingindo que está tudo normal, mas estou tentando tomar distância para poder pensar melhor. Estou vivendo de desculpas esfarrapadas, porém não estou me importando com isso.
Yan não me contou que engravidou Thabita. Então posso omitir algumas coisas dele.
Estamos indo para o Brasil comemorar o natal. Se dona Bárbara não tivesse planejado essa festa desde do meio do ano e me implorado para estar presente, juro que teria ficado em Nova York, de preferência bem longe de Yan.
Realmente sou uma ótima atriz, porque nem sei explicar como estou conseguindo ficar ao seu lado me segurando para não dar na cara dele e dizer que já sei sobre suas mentiras.
Ao mesmo tempo que quero ficar o máximo possível longe, quero aproveitar o mais um pouco, pois sei que quando tomar uma decisão não vai ter volta.
Para poupar a minha vontade de falar mais que a boca, apenas sorri sem mostrar os dentes.
— O que há de errado, Ravena? Está estranha desde o dia que dormiu no seu quarto — questiona me encarando com seus olhos negros.
Quando meus olhos ficam nos deles só consigo enxergar um homem mentiroso, hipócrita e egoísta que ele está sendo por não estar do lado da Thabita, em um momento que ela precisa da sua ajuda.
— Estou cansada — falo apenas isso e desvio o olhar do dele me controlando para não desabar na sua frente.
— Falta pouco, linda — coloca sua mão na minha nuca e faz um carinho no meu cabelo. — Deita aqui no meu colo — sugeriu.
Penso umas dez vezes antes de me aconchegar no seu corpo grande, com o pensamento que essa vai ser a última vez que vamos estar tão próximos.
Fecho meus olhos fortemente me obrigando a tentar dormir para não ficar pensando em tudo, ou eu vou ficar louca.
Preciso de conselhos da minha mãe.
Não aguento mais.
Yan continuou me dando carinho até o avião pousar e eu aproveitei para pensar mais e mais, no que iria fazer. Foi apenas quando estávamos saindo do avião e tivemos que separar nossas mãos unidas, pois meus pais estavam aqui no aeroporto nos esperando, que me decidi.
Não vou falar nada sobre o relacionamento com meu pai.
Não vamos contar sobre o namoro.
Não vamos continuar com o que temos.
— É aqui que não despedimos, então? — Yan pergunta enquanto descemos as escadas rolantes.
— Sim.
— Vou sentir saudades, precisamos contar logo para o padrinho. Estou disposto a tudo por nós, eu te amo — pisca o olho.
Eu também estava. Mas você ferrou com tudo Yan. Eu amo você, mas não sou capaz de sofrer mais uma vez por sua culpa.
Me amo muito mais, do que você.
Droga, porque tinha que ser assim?
Apenas lanço um sorriso e foco minha atenção em encontrar meus pais com o choro entalado na garganta, não sei se sou capaz de segurar por muito mais tempo. Quando meus olhos encontram os da minha mãe, depois do meu pai e por fim do Benício, já sinto as lágrimas caindo.
A distância entre nós é diminuída com passos largos e rápidos, logo estou nos braços dos três. Mesmo conversando todos os dias com mamãe, meu pai me acompanha pelo Instagram diariamente e o Benzinho me chamando para jogar partidas de jogos online com ele todo final de semana. Ainda sinto saudades deles, muita, muita mesmo.
— Aí minha princesa, que saudade que estava de te abraçar — mamãe é a primeira a se pronunciar enquanto acaricia meus cachos. Não consigo aguentar e um soluço escapou por meus lábios. — O que houve? Tá tudo bem, estamos aqui.
— Sentiu tanta saudades assim, princesa? — Papai franzi as sobrancelhas.
— Porque tá chorando, Tatá? — Benzinho questiona.
Sou amparada pela minha família que me amparam. Angústia, decepção, saudade, aflição, medo e dúvida são transformadas em forma de choro que deixo sair. Fico alguns minutos sendo abraçada e acalmada e só então saio dos braços da minha família.
— Estava com muita saudades — imito a outra parte.
— Também estávamos, querida — mamãe acaricia minha bochecha me lançando um sorriso gentil.
— Vai ficar aí plantado igual um poste ao invés de vir falar com seu padrinho — meu pai abre os braços com um sorriso enorme esperando por Yan.
Os dois se abraçam apertado, com muitos tapas nas costas e camaradagem. É até bonito ver a cena. Não sei qual seria a reação do seu Ravi ao descobrir que estávamos namorando.
Algumas vezes penso que ele aprovaria de boa, mas nas outras tenho a plena certeza que aconteceria a terceira guerra mundial.
Mais um motivo por que não quero dar continuidade com esse namoro. Não vale a pena tanta briga na nossa família por causa do meu relacionamento com o Yan.
O que tivemos foi algo passageiro, vamos seguir em frente, encontrar outras pessoas e sermos felizes.
Precisamos fazer isso.
— Meu deus, você já está três vezes maior do que eu — minha mãe fala para Yan que abraça ela de uma forma desgraçada por causa do tamanho.
— Querida, não é tão difícil ser maior que você. O Benício está do seu tamanho — Ravi tira sarro.
— Engraçadinho — Babi mostra a língua.
— Você trouxe meu presente? — Meu irmão se coloca no conversa perguntando para Yan.
— Trouxe, parceiro — Yan sorri e faz um comprimento com Ben.
— E você maninha? — mexe as sobrancelhas sugestivamente.
Mesmo esse moleque tendo trezentos bonecos do homem-aranha ele que mais. Benício quer todas as versões possíveis que existam no mundo, como estava nos EUA, cai na besteira de um dia ir ao shopping e mostrar um boneco do Miles Morales.
Meu irmão ficou alucinado, completamente apaixonado e me fez prometer comprar pra ele. Não consigo dizer não para esse garoto, gastei uma boa grana comprando brinquedos para o Benzinho, eu estava mais empolgada do que ele.
— Claro que comprei, trouxe mais algumas coisas. Acho que você vai amar — acaricio seu cabelo cacheado que está sem os dreads agora.
— Mamãe, vamos logo embora — implora com um beicinho.
— Não ensinei esse garoto ser assim, a culpa é sua Ravi, por mimar tanto nossos filhos — Mamãe briga.
— Mimei tanto, mas mesmo assim eles quiseram ficar longe de nós — papai dá de ombros olhando diretamente para mim me alfinetando.
Sabia que ele não iria deixar barato. Seu Ravi é assim.
— Tá carente, velho? — pergunto brincando e abraçando ele.
— Velho? Quem tá velho aqui? Não me adula, Ravena — ficou emburrado.
— Ah, pronto já vi que tá velho, rabugento e carente — aperto a sua bochecha, ele reclama e todos riem até ele, que se rende e me abraça bem apertado e depois beija minha testa.
Depois de muitos abraços, beijos e risadas seguimos para o carro. Estar com minha família me dá um alívio momentâneo, mas quando olho para o Yan, lembro de tudo o que está acontecendo e o choro entalado na garganta.
Eu… eu só quero me divertir no natal, ficar longe dele por enquanto e depois conversarmos. Preciso disso, ou vou enlouquecer.
Mas o problema é que o ar está pesado, minha mãe me encara, com um ponto de interrogação imenso no seu olhar, assim como o Yan. Mas a única coisa que consigo fazer, é ignorar tudo
— Que caras mortas são essas? Contem para nós como estão conseguindo conviver, Yan nos últimos meses não me atualizou das brigas, Ravena nem liga pro seu pai. Quero saber de tudo.
Papai puxa assunto enquanto enfrentamos o engarrafamento.
Meu queixo cai no chão quando descubro que o Yan ficava contando das brigas entre mim e ele. O que mais ele andou contando? Ele tá maluco?
— Sua filha tomou juízo, pelo jeito — Yan debocha com um sorriso cínico.
O grande problema é que não tô conseguindo ver brincadeira em nada quando está se tratando dele.
— Pelo jeito alguém não é capaz de aturar uma pessoa falando a verdade na sua cara, uma vez na vida — cutuco com o mesmo deboche.
— Sério que vocês vivem assim? Parem com isso, vocês são grandes e adultos — mamãe repreende.
— Eu tô adorando — papai sorri como uma criança que acabou de ganhar doce.
— Temos nossos momentos, madrinha. Mas sua filha é impossível, muito barraqueira, teimosa e dona da razão — Yan reclama.
Ok, então agora a culpa é minha? Se eu sou tudo isso que ele diz, qual motivo teria para querer ficar comigo? Porque ele precisa me expor dessa maneira na frente dos meus pais?
— É muito agradável conviver com um playboy mimado, mentiroso e hipócrita — rebato um tom mais elevado.
— Tá vendo, ela é assim.
— Igualzinha mãe — meu pai gargalha.
— Ei — dona Babi belisca o braço do papai. — Nós somos assim porque vocês são cabeça dura demais. Ravena está certíssima.
Mamãe me defende e Yan e Ravi estão sorrindo. Benzinho está entretido no seu joguinho. Enquanto eu, eu estou muito nervosa. Estressadíssima, tudo está uma merda e isso transparece na minha cara.
Disfarçadamente Yan fica olhando para mim todo o trajeto, mas a minha preocupação é não surtar nesse momento.
Assim que avistei minha antiga casa, uma nostalgia se formou no meu interior. Está tudo tão familiar, tudo como lembrava. Piso meu pé na sala e já me surpreendo com a decoração, tá tudo tão lindo. Realmente dona Bárbara se superou com essa preparação para a noite de natal.
Graças a Deus não tem ninguém ainda para fazer os comprimentos formais. Só preciso de um banho e minha cama. Aviso meus pais que vou descansar e subo diretamente para meu antigo quarto.
As melhores e boas lembranças aparecem na minha mente e um sorriso genuíno nos meus lábios. Tiro meus sapatos, minha roupa e estou prestes a ir para o banheiro, mas a porta se abre me assustando.
— Cadê a privacidade? — pergunto para o homem enorme e tatuado que aparece na minha frente.
Rapidamente coloco a camisa por cima do meu corpo para que não fique exposta.
— Porque está se tampando? Já sei de cor cada detalhe do seu corpo — diz sem paciência.
— O que meu pai vai achar se ele entrar e me ver de sutiã na sua frente? — arqueio a sobrancelha.
— O que tá acontecendo? — estreita os olhos na minha direção.
— Nada — desvio meus olhos do dele. — Estou cansada, Yan — passo as mãos pelo meu rosto e suspiro fortemente.
— Yan? Cadê o grandão? Ou amor? — está incrédulo. — Tem a coragem de dizer que não tá acontecendo nada?
— Yan, me deixa por favor.
— Ravena, que porra é essa?
— Estou cansada. Cansada de tudo, por favor só me deixa em paz — imploro.
— É por causa do que falei no carro, amor você sabe que é brincadeira… — interrompo.
Seria muito melhor fazê-lo achar que esse é o motivo.
— Não gostei, estou estressada e quero ficar sozinha. Pode respeitar meu momento — explodi.
— Não acredito que vai ficar assim, por causa de uma brincadeira — justifica.
— Meus pais não sabem sobre nós e não quero que eles desconfie, vá para sua casa.
— Eles não sabem sobre as coisas que fazemos. Eles não sabem sobre os eu te amo que dissemos. Eles não sabem que eu esperei toda a minha vida apenas para encontrar um amor dessa forma. Amor, eles não sabem sobre, não sabem sobre nós. Eles não sabem o quanto você é especial para mim. Eles não sabem o que você fez para o meu coração, mas eu quero que saibam que você é minha garota. Estou esperando apenas um sinal verde seu, por mim nós contávamos muito tempo atrás sobre o relacionamento, mas estou te respeitando. Darei espaço para você, mas saiba que estou pronto.
Sem querer, Yan acabou de declarar mais uma vez. Meu cérebro queria até acreditar nas suas palavras, mas então as imagens da Thabita voltam com força. Sou obrigada a fechar meus olhos, respirar fundo e só então tenho coragem de dizer.
— Quero ficar sozinha, preciso pensar.
— Como assim? Pensar o que?
— Sobre nós, sobre o que temos e o que vamos fazer, não sei se sou capaz de estragar tudo por causa do nosso namoro.
— Quer dizer que não sou digno o suficiente?
— Não quero uma briga desnecessária.
— Eu entendi completamente, sabe com toda certeza, sem pensar duas vezes eu estragaria tudo por nossa causa — seu tom é tão ríspido que chega a causar calafrios.
Ele gira nos calcanhares, sai do quarto e deixa a porta bater sozinha. Mesmo se ele esperasse por uma resposta, não iria conseguir dar alguma. Estou muito fragilizada com tudo que descobri, não vou ser capaz de dar mais alguma chance para ele.
Acabou, não haverá mais nada entre nós.
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