Capítulo - 16
Não posso negar que você vale a pena
Porque depois de todo esse tempo
Eu ainda estou a fim de você
Eu já deveria ter superado todas as borboletas
Mas estou a fim de você (estou a fim de você)
E, amor, até mesmo nas nossas piores noites
Estou a fim de você (estou a fim de você)
Still Into You - Paramore
Aquela menina fashionista que odeia peças de roupas pretas, precisou renovar seu guarda-roupa inteiro. Spencer deixou bem claro que a única exigência para uniformes, seria o uso da cor preta. Que cabeça de jerico dessa cara. Só dou um ponto para ele, porque é dono do bar.
Infelizmente ainda estou necessitando desse trabalho, nos quatro meses que estou morando com Yan, senti na pele o que é a vida adulta. Mas a diferença é que ele tem uma vida luxuosa de adulto, o que me faz odiar seriamente a sua realidade. Sei que com o que ajudo para pagar o aluguel, não dá nem metade. Porém faço questão de continuar contribuindo.
Por forças maiores vou ter que colocar meu cropped preto e reagir de uma forma ou de outra. Ao menos consigo fazer looks babadeiros. Igual hoje, estou com uma calça de couro, body regata com amarração frontal estilo espartilho, a parte do sutiã é rendada e a parte do busto com tule transparente. Por conta do frio tenho sob meus ombros uma jaqueta de couro e estou usando um coturno com salto médio.
Esses últimos dias estava sem ânimo, aquela desgraça do Michael mexeu com algo que queria que estivesse enterrado no meu mais profundo interior. Contar para o Yan sobre a história foi libertador, ninguém literalmente ninguém sabe o que aconteceu com o meu relacionamento, nem minhas amigas, muito menos minha mãe.
Passei por esse trauma sozinha, não tinha coragem de contar para dona Bárbara, ou meu pai, mesmo eles sendo pais incríveis. Na época não conseguia tirar da minha cabeça que a culpa de tudo que estava acontecendo com Michael era minha. Mas hoje eu entendo que ele é um manipulador filho da puta.
Saber que Yan não me julgou mas sim me ajudou, foi muito importante. Uma confiança que tínhamos a muito tempo foi restabelecida no nosso convívio. Por um momento eu vi o meu melhor amigo de seis anos atrás.
Ele se mostrou compreensivo, protetor e carinhoso ao mesmo tempo. Coisa que eu não via há muito tempo nele.
Como força do destino uma moto extremamente grande e barulhenta para na minha frente me assustando de imediato. Estou mais alerta com tudo depois do que aconteceu com O'Connor. Ele não deu as caras desde o dia, mas sinto como se estivesse sendo observada de alguma forma.
A pessoa em cima da moto está totalmente vestida de preto, desde o capacete até o sapato. É estranho mas ao mesmo tempo sexy. A jaqueta de couro parece uma pintura emoldurando seus músculos. A perna longa se estica e apoia no chão o peso para segurar o monstro que está montado. Logo sua mão coberta por luva abre a viseira escura.
Os olhos de pálpebras pesadas e escuro como a noite entra na minha visão. Consigo ver que é o Yan pelo seu piercing microdermal na maçã do rosto e o piercing no nariz. Sem ele saber um alívio se instala no meu corpo atento, ao identificar que ele está na minha frente não Michael.
— Vai ficar só me olhando, ou vai subir? — ele estende um capacete igual o seu, porém com detalhes roxos.
— Não vou ser mais uma das suas fãs que senta aí. Quantas pessoas já usaram esse capacete? — questiono com a sobrancelha erguida.
— Você é inacreditável, Rainha da treta — gargalha. — Para a sua informação esse lugar aqui só tem uma dona — bate a mão no assento atrás dele. — E esse capacete, comprei para a mesma pessoa — dá uma pausa dramática. — Minha namorada é a única que sentará na minha garupa e irá usar esse capacete — lança uma piscada junto com um sorriso charmoso no canto dos lábios grossos.
Meu coração errou uma batida, ele me chamou de namorada, disse que apenas eu sentarei na sua garupa e ainda comprou um capacete só para mim. Com apenas uma frase ele fez eu ter três sustos internos diferentes.
Tudo isso alimenta minha adolescente interior que era extremamente apaixonada pelo melhor amigo quatro anos mais velho. Sei que está brincando e me ajudando com esse negócio de namoro de mentira e tudo mais. No entanto, não consigo esconder que isso não me afeta Ele ficar me chamando de namorada e ser fofo em vários momentos, me deixa inquieta e parece que Yan sabe disso.
— Não somos namorado — repreendo e me aproximo pegando da sua mão o capacete com mais brusquidão e coloco na minha cabeça.
— Já escutei isso uma vez, olha onde chegamos — debocha.
Não rebato porque ele tem um ponto, reviro meus olhos fortemente e subo na moto com mais destreza do que esperado. Meu pai é obcecado por motos, essa do Yan é presente dele, assim como a do Eike. Quando fiz dezoito anos ele fez questão que eu aprendesse a pilotar, papai me deu as noções básicas e depois tirei a carta sem reprovar.
Estou aguardando ansiosamente quando ele me presenteará com uma moto personalizada com as minhas cores favoritas, roxo e amarelo.
— Vamos o que está esperando? — reclamo, pois Yan ainda não deu partida.
— Seus braços devem ficar aqui — me puxa para colocar meus braços ao redor da sua cintura, fazendo meu peito colar nas suas costas.
— Não, isso já é demais, não vou ficar agarradinha com você — volto para posição inicial, um espaço bem grande entre nós.
— Você é quem sabe — dá de ombros, liga a moto me pegando desprevenida com o tranco que dá. Rapidamente agarro seu tronco, com medo de cair de cima desse monstro — Boa garota — seu tom é deboche puro.
Não consigo responder, pois logo Yan está correndo pelas ruas de Nova York. Estou entorpecida pela sensação de adrenalina e o vento forte lambendo meu rosto. Yan dirige rápido porém conscientemente, não consigo nem comparar com o dia que fiquei traumatizada com Michael.
Meus braços estão ao seu redor, consigo sentir o seu calor por cima da blusa e o cheiro forte amadeirado, que reconheço ser o mesmo que ele usava desde sua adolescência. Permito-me apenas sentir todas as sensações gostosas, agarrada ao seu corpo. Estou tão inerte que nem percebo quando chegamos.
Ficaria por mais alguns minutos tranquilamente nessa posição. Estava tão aconchegante abraçar Yan e sentir seu cheiro assim como o ar gelado no meu rosto. Vai virar meu novo local de conforto.
Só que ele não pode saber que fiquei confortável em agarrar seu corpo definido, quente e cheiroso…
Ravena não vá por esse caminho. Estou te avisando, então não reclame.
Quando a moto para, preciso de alguns segundos para entender que é para eu descer. Estamos em uma rua deserta e escura, sendo iluminada apenas pelos faróis de carros super diferentes e motos no estilo da do Yan. A música está alta e tem muita gente bebendo, dançando e curtindo a noite.
Desço da moto e dou o capacete pro Yan, ele coloca os dois no retrovisor, retira a chave, só então desce do seu monstro e coloca as luvas no bolso da jaqueta. Sem pensar duas vezes, ou pedir minha permissão, segura a minha mão e me puxa até um grupo de gente.
Já estamos atuando? Ou é apenas preocupação? Que momento eu preciso parecer uma louca apaixonada?
Yan me deixa confusa, ele é intenso demais. E o pior é que eu também sou.
Estamos ferrados.
Encontro-me assustada com sua reação inesperada, mas sou obrigada a colocar um sorriso no rosto quando vejo Max e Eike na rodinha de pessoas. Yan comprimenta os amigos com aperto de mão e logo tenho quatro olhos fixados em mim.
— Quer dizer que finalmente vocês deixaram o tesão falar mais alto? — Eike mexe as sobrancelhas sugestivamente de uma forma engraçada.
Não sei o quanto Eike e Max sabem sobre nosso relacionamento de mentira. Então decidi mentir de qualquer forma.
— Yan não conseguiu resistir, o Narutinho acorda toda vez que estou perto — debocho com o homem grande ao meu lado.
Yan revira os olhos e fica vermelho. Ótimo consegui atingi-lo, nunca vi esse homem com tanta vergonha como hoje. Minha vontade é de rir junto com seus amigos que começam a tirar sarro dele, para o meu deleito tenho um Yan prestes a surtar, porém ele precisa manter a sua pose de bad boy.
Nunca na minha vida imaginei que Yan viraria Bad Boy muito menos que namoraria um, mesmo que seja de mentira. Sei que tem pessoas que possuem fetiches sobre isso e até colocam na internet.
Pelo menos não precisei fazer um twitter “Procura-se um Bad Boy para namorar”, ganhei um de graça.
— Agora entendo a sua inspiração para escrever aquela música — Max solta, Yan lança um olhar matador para o amigo e eu fico curiosa.
— Como assim? Yan escreveu uma música? Eu sou sua musa inspiradora, lindo? — questiono curiosa olhando para ele ao meu lado.
— Ah parceiro, conta para a Vena sobre a música, não seja tímido — Eike apoia, tenho certeza que se Yan pudesse matava os dois homens na nossa frente em um estalar de dedos.
— É, conta para mim, amor — entro na onda.
— Não é nada de mais — desvia o assunto.
— Aquela música é hit, e a inspiração precisa saber disso — Max bota mais lenha na fogueira.
— Agora estou curiosa, vai me conta — sacudo seu braço. — Vou ser a mulher mais feliz do mundo se contar — pisco um olho para ele.
— Escrevi uma música, vamos lançar em breve e… — pausa me olhando profundamente dentro dos meus olhos. — Sim, você foi a minha inspiração.
Poderia dizer que Yan está mentindo, ou atuando sendo um ótimo namorado. Mas suas palavras tem muita verdade, assim como seus olhos escuros.
— Sério? — franzo a sobrancelha.
— Sim, você é minha musa inspiradora — ergue a minha mão que está entrelaçada na sua e deposita um beijo nela, ainda me olhando.
Uau, ele realmente escreveu uma música me usando de inspiração?
Bato meus cílios igual uma idiota, tentando entender se ele está fingindo ou falando a verdade. Minha mente quer me levar para o caminho que ele está falando a verdade, como eu sou iludida.
Não sei quanto tempo ficamos nos olhando, mas não consigo desviar meus olhos dos deles e creio que o mesmo também não consegue.
— Viva aos pombinhos — meu primo corta todo o clima gritando e batendo palmas.
Eike entrega uma cerveja para Yan, ele se solta de mim como se estivesse pegando fogo e vira de uma vez o líquido no gargalo. Pego a outra garrafa estendida pelo meu primo e dou um gole para dar uma disfarçada.
Eike e Max se distanciam um pouco de nós dois voltando para a roda. Yan ainda está bebendo a sua cerveja, mas em um movimento rápido vem parar na minha frente. Estou encostada na lataria de um carro qualquer e ele no meio das minhas pernas com poucos centímetros de distância.
O grandão cobre toda a minha visão, de qualquer forma não faço questão de olhar o que há ao nosso redor, por que as bolotas negras estão me observando. Seus olhos brilham e passa por todo o meu rosto, vai da minha boca, para o meu nariz, meus olhos e depois repete todo o processo.
Agora Yan pega uma mecha do meu cabelo e começa a brincar de enrolar no seu dedo. O que ele está pensando? Não estou entendendo mais porra nenhuma.
Meu Deus, como é difícil ser eu.
— O que é isso? Me trouxe aqui para eu ficar encurralada nesse carro. Qual é? Quero curtir, dançar e etc — falo tudo bem rápido, nervosa com seus gestos.
— Dance para mim, então — coloca uma mão na minha cintura, apenas para apoiar ela em algum lugar.
Não tinha nenhuma necessidade disso. Não tem ninguém nos vendo e a maioria já viu que somos um casal.
No entanto, esse gesto me deixa mais desconfortável ainda. Não estou acostumada com esse lado do Yan meio fofo, meio safado.
— Você está falando sério? — questiono semi serrando os olhos. — Quer que eu dance para você?
— Por que não? É isso que os namorados fazem, não é? — Dá de ombros.
Tudo atuação. Agora está explicado.
— Não, os namorados dançam juntos, querido — empurro seu peito — Preciso de outra cerveja, essa já ficou quente.
Desencosto do carro e vou em busca de outra bebida. Na verdade eu preciso de um tempo longe do Yan, estou ficando confusa. Não sei distinguir o que é verdade e o que é atuação, ele literalmente está levando a sério essa farsa.
Merda, eu não tenho maturidade para isso.
Não consigo dar nem quatro passos, pois meu pulso é segurado e de repente bato no peito muito forte. Parece ser bestagem, mas essa cena ficou igualzinha às do Doramas que assisto.
— Sei uma coisa que os casais fazem, muito melhor do que dançar — suas mãos estão na minha cintura me segurando firme no lugar, seus dedos quentes fazem minha pele arrepiar com o contraste com o vento gelado.
Se não fosse por seu aperto, acredito que já estaria desfalecida no chão.
Yan não espera pela minha resposta, ele apenas me puxa mais para perto, se curva e cola seus lábios no meu. A primeira coisa que sinto é o metal gelado do seu piercing, depois sua língua quente… já não estou mais raciocinando direto. Sua pegada é forte me fazendo soltar um gemido involuntário, sua língua desliza explorando todos os cantos da minha boca.
Minhas mãos vão para o seu cabelo no mesmo instante que uma sua paira na minha nuca e outra desliza pelas costas até chegar em cima do meu traseiro. Yan suga meus lábios, morde e lambe como se fosse a sua última missão do mundo e precisasse fazer bem feito.
Estou em êxtase com seu beijo, meus pulmões clamam por ar, mas prefiro sentir o seu gosto mentolado misturado com cerveja. Não sei se todos estão olhando, qual a reação das pessoas ao nosso redor e não faço questão de saber.
Caramba, estou beijando o meu crush da adolescência pela segunda vez. Beijar Yan, me traz sempre a sensação de estar beijando pela primeira vez novamente.
Seu beijo é feroz, quente e muito gostoso. Eu viveria apenas para beijar o Yan se fosse possível.
Mas ele não pode saber disso, para não inflar seu ego.
Puxo seu cabelo com meus dedos no mesmo instante que ele mordiscou meu lábio inferior. Yan aperta fortemente minhas nádegas e sinto minha intimidade pulsar. Mais um gemido é escapado, mas Yan toma todos os gemidos que solto.
O beijo é interrompido por um esbarrão que o homem na minha frente leva. Yan fecha a cara na mesma hora e me segura mais forte para não cair. Quando ele vira para trás algo o deixa em alerta. As costas ficam rígidas e suas mãos estão para trás tentando me manter escondida no seu corpo. Porém a minha curiosidade fala mais alto e dou uma espiada pela flecha do seu braço.
Michael O'Connor.
— Me perdoem, casal — ele gargalha, mas não vejo nenhum humor na situação — Adorei saber que pelo menos uma vez, fui primeiro que você em algo, Tanaka — solta sua frase como se não quisesse nada.
Mas eu sei o que está fazendo, ele quer provocar porque ainda está com o ego ferido, por não ter voltado com ele.
— Yan — chamo, porém seus olhos enraivados estão direcionados apenas há uma pessoa. — Yan, vamos — tento mais uma vez, dessa vez olhando fundo dos seus olhos, segurando seu rosto para ele manter o contato comigo, mas é em vão.
Percebo que o seu foco é apenas encarar O'Connor, parece que Yan está em um transe de raiva, pois nem a minha voz ele escuta. Então decidi puxar seu braço para que ele me acompanhe para longe.
Deu certo, mas seus olhos continuam fixados em Michael.
— Você tá aí com essa cara que não entendeu nada, deixa eu te explicar amigo. Eu comi essa vagabunda e agora você tá com as migalhas.
Tudo aconteceu muito rápido, em um segundo Yan estava se soltando do meu aperto, no outro ele já tinha dado um soco no Michael e depois já estava em cima dele, desferindo vários socos repetidamente sem O'Connor ter a possibilidade de reagir.
Corro até a briga e tento puxar Yan de cima de Michael, mas a minha tentativa é completamente em vão. Já tem uma multidão ao nosso redor, mas não tem uma alma viva que se prontifica para separar.
— Socorro, alguém me ajuda — peço tentando novamente separar os dois — Yan, por favor, para com isso — grito desesperada quando vejo que o rosto do Michael já está todo ensanguentado.
Tudo o que faço é em vão. Logo Eike está me colocando de lado e entrando na minha frente para separar a briga. Yan reluta por um momento, mas cede pela a força do meu primo.
— Isso é pra você pensar duas vezes antes de falar sobre a minha garota, filho da puta — grita e dá dois chutes no estômago do Michael, ele se contorce.
Consigo ver com mais clareza como O'Connor o nó na garganta se instala. Sua cara está totalmente desconfigurada e muito inchada. Meu Deus, o que Yan fez com ele? Minha preocupação não é com Michael, mas o que pode acontecer com Yan.
Gotas gordas de chuva caem sobre nós e barulho de sirene é escutado ao longe. Eike retira a sua blusa e joga a chave da sua moto para Max. Um alvoroço da plateia que estava assistindo a briga é formado, Yan segura fortemente na minha mão e começa a correr comigo até a sua moto.
Estou afobada e com medo do que pode acontecer, ao nosso redor várias pessoas estão correndo, gritando e até caindo. Barulhos de moto e carro se misturam com as sirenes. Está uma baderna, meu coração está acelerado e o choro entalado na minha garganta.
Quando paramos na frente do seu monstro ele retira rapidamente a sua camisa debaixo da jaqueta e coloca na placa da moto.
— Me escuta, Ravena — grita, segura meu rosto com as suas duas mãos me fazendo olhar para ele. — Você sabe pilotar? — apenas balanço a minha cabeça sem conseguir falar nada. — O padrinho vai me matar, mas eu preciso que você pilote essa moto, acelere sem olhar para trás, está me entendendo?
Novamente assinto e não penso duas vezes antes de montar na moto quando vejo que uma viatura está próxima. Yan coloca sua mão em cima da minha que está na embreagem e a outra ele segura sua camisa na placa da sua moto. Praticamente só preciso acelerar e trocar de marcha, pois Yan aperta mais forte suas pernas todo momento que tem um obstáculo na nossa frente. Para despistarmos qualquer viatura ele me guia para onde tenho que ir.
O monstro é bem maior do que eu, mas quando aprendi a pilotar foi com a do meu pai, estou acostumada com o peso dessas motos. Faz alguns meses que não subi em cima de nenhuma, mas ainda lembro pilotar. A adrenalina está na minha veia me fazendo acelerar para não ser pego pela polícia. A chuva cai fortemente no nosso corpo, me fazendo ter um pouco mais de cautela para não derrapar e sofrermos um acidente.
Não quero nem imaginar o que vai acontecer se eles nos pegarem, Yan está com vestígio de sangue na sua roupa e ainda estávamos em um local com vestígio de racha. Evidências para dar tudo errado é o que não falta. É isso que me dá mais disposição para acelerar sem olhar para trás igual Yan me pediu.
Três ruas depois do bar do Abismo, sem vestígio da multidão de motos, carros ou polícia, Yan grita para eu parar a moto. Mas finjo que não escuto o que ele diz, estou nervosa, com medo e com muita adrenalina para liberar.
— Ravena, para a moto agora — grita e sua voz ressoa por cima da chuva. Com raiva por ele gritar comigo, seguro o freio com tudo e a moto derrapa, pelo chão estar cheio de água. Nada acontece, pois os pés do Yan vão para o chão mais rápido do que o meu. — O que você pensa que está fazendo?
Pula da moto e retira o capacete rápido demais. Também desmonto do monstro, para confrontá-lo.
— Estava tentando fugir da polícia, se eles nos pegassem só Deus sabe o que ia acontecer com a gente — rebato gritando.
— Só que você não pode simplesmente bater quase duzentos quilômetros nessa porra — ele começa a surtar.
Não aguento mais e o nó na minha garganta começa sair em lágrimas grossas igual a chuva que cai sobre nós.
— E-eu pedi… pedi pra você não fazer nada com suas mãos — bato meus pulsos no seu peito duro.
— O que você queria? — Yan imobiliza meus braços. — Queria que eu escutasse aquele desgraçado falar o que quiser de você?
— Eu não me importo com o que ele fala ou deixa de falar — falo em meio aos soluços. — Eu me importo apenas com você… — me interrompe.
— E eu me importo com você — grita. Sua testa cola na minha e seus olhos fixam no meu. — Eu me importo com tudo o que fazem e falam de você, Ravena — sua voz é mais calma.
— Me promete… me promete, que não vai fazer nada com suas próprias mãos novamente — imploro. — Me promete, Yan — bato o pé irritada.
Ele fica me olhando por vários minutos, queria ter a possibilidade de saber o que passa na sua mente.
— Não posso prometer isso, Ravena — brada.
— Não consigo suportar… — meu soluço me interrompe — suportar a possibilidade de acontecer alguma coisa com você, por favor não faça mais nada com suas mãos Yan — falo junto com o choro e bato no seu peito duro que nem se movimenta.
— Eu não posso prometer isso, pois jurei a sua mãe que te protegeria a todo custo, não me importa se vou ter que socar a cara daquele idiota de novo, ter que fingir ser seu namorado, ou ser seu chofer pois não quero que aquele desgraçado chegue perto de você — segura meu rosto. — Sou capaz de fazer tudo por você, desde as coisas mais absurdas, só para te ver bem, porque merda — ele bufa e passa a mão pelo cabelo encharcado. — Eu te amo Ravena, porra eu te amo tanto que não consigo suportar a ideia de falarem merda sua, ou fazerem algo para atacar você. Não consigo suportar vê-la triste, machucada ou qualquer caralho que seja. Então não me peça para não fazer nada com as minhas mãos, pois eu cuido do que eu amo e eu amo você desde sempre, Ursinha.
Suas palavras me deixaram chocada, nada faz sentido. Yan me deixa confusa de tantas formas, minha cabeça não está racionando todas as palavras que ele disse.
Yan me ama? Como assim ele me ama?
Minha adolescente de anos atrás esperou tanto por escutar isso, mas a Ravena de hoje em dia não sabe como reagir ao escutar essas palavras.
O mesmo que acabou de dizer que me ama, segura minha nuca e me puxa para um selinho mais demorado, que logo se torna em um beijo mais calmo, diferente do que demos alguns minutos atrás. Mas independente da forma que seja, já sei que seus lábios são os únicos que quero sentir beijando os meus.
Sou do Yan desde sempre, de corpo e alma.
Admitir isso para mim mesma é estranho, mas é preciso, porque eu também amo ele.
Nunca superei o crush da minha adolescência. Percebi isso, porque toda vez que beijo Yan sinto borboletas no meu estômago.
Sou capaz de tudo só para vê-lo bem. Então estamos na mesma.
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