Caminho das Índias
A ultra foi mais que emocionante e satisfatória! Aquele pedacinho crescia saudável dentro de mim, e já gostava de causar como a mãe, já tava fazendo jogo duro pra revelar o sexo! Estava tudo certo com ele, mas o estresse das últimas semanas prejudicou minha saúde. O obstetra disse que umas vitaminas, e bastante horas de sono ajudariam muito; além da quitanda que Matias armava lá em casa toda seman! Ele leva frutas que eu nunca nem ouvi falar. Já é um padrinho maravilhoso!
- Você viu, né Bárbara, precisa se alimentar bem, e dormir! Vai tirar mais tempo para descansar! - Matias dando bronca no final da consulta.
- Mas, a campanha não acabou! Eu ainda preciso fazer pelo menos três novos anúncios para as revistas de moda mais importantes do estado!
- Para com isso. Até onde eu sei, a empresa ainda é minha! Você instruiu a Mari muito bem, e Alícia sabe o que precisa ser feito. Você tem uma equipe eficiente. Você vai, no máximo, aprovar o projeto antes de enviar para a redação. E isso é uma ordem!
- Sim senhor! - respondi, vendo que não tinha como fugir. - Matias, preciso ir ao banheiro, bexiga espremida!
- Vá, bela! É só seguir à direita, vai encontrar com facilidade.
E eu encontrei. Encontrei MESMO! Enquanto seguia correndo sem correr, olhando para o alto seguindo as placas, e POF! Dei um encontrão num corpo alto, que me amparou antes que eu perdesse o equilíbrio. O médico indiano maravilhoso!
- Olá! Dirija com cuidado, senhora; vai acabar perdendo a habilitação! - disse ele, sorrindo - Como vai a gravidez?
- Vai muito bem, graças a Deus! - vontade de conversar versus vontade de fazer xixi, prexisava decidir rápido, então, escolglhi os dois - Você poderia esperar um minutinho só? Eu quero continuar a conversa, mas realmente preciso ir ao banheiro!
- Emergência de grávida! - disse ele sorrindo - Claro! Vem, é por aqui. - disse ele, me guiando pelo outro corredor à direita, e logo chegamos à porta do banheiro, que ele abriu muito cavalheiresco. - Te espero aqui fora.
Corri pra fazer xixi. Deus, a gente ingere uma gota d'agua e pronto, já tá com vontade de fazer xixi! Aproveitei pra ver como eu estava, dei uma ajeitada no cabelo, e saí.
- Pronto. Agora sim! - respirei aliviada.
- Então, e o pai, está feliz? - perguntou.
- O pai? Ah, creio que sim! Depois que me deixou por uma lusitana rica, deve estar feliz da vida! - respondi, tentando soar casual, e falhando - Na verdade ele nem sabe da gravidez, e espero que continue assim!
- Uau. Ele deve ser um babaca e tanto! - disse, espontaneamente, ruborizando logo em seguida - Perdoe a indiscrição; é que...
- Tudo bem, ele é um babaca e tanto mesmo! - e de repente eu não sabia mais o que dizer, e fez-se um silêncio constrangedor.
- Bom, então isso quer dizer que você é ... solteira? - perguntou.
- Sim. Sou! - de repente me vi constrangida como uma adolescente. Ser mãe solteira me assustou de uma forma muito estranha, mas que durou bem pouco.
- Eu não costumo fazer isso. Na verdade nunca fiz. É anti ético, mas... Você gostaria de tomar um café, conversar..?
- Adoro café! - respondi, sorrindo, visivelmente desajeitada.
- Posso te ligar então? - estendeu a prancheta com papel e uma caneta presa nela para que eu anotasse meu número.
- Claro. Vou ficar esperando! - disse, e logo me senti ridícula por ter dito isso.
- Não vai esperar muito, prometo! - disse ele, dando uma piscadela. - Preciso ir agora, o dever chama! Mas te ver me fez ganhar o dia!
Eu apenas sorri. Ele sorriu de volta, aparentemente feliz com a minha reação abestalhada. Ele se foi e eu fiquei observando aquele corpo esguio caminhando, o movimento incrivelmente sexy do jaleco, os ombros retos; aquele homem era maravilhoso!
De repente Matias surge do nada no corredor.
- Bárbara! Se perdeu? - perguntou enquanto caminhava até mim - Você está bem? Tá com o olhar focado em algo que eu não estou vendo.
- É porque não está mais lá! - respondi.
- O quê? - questionou confuso - Você tá variando?
- Não! - respondi, saindo do transe causado pelo doutor indiano mais gato que eu já vi - Estou com fome! Vamos comer alguma coisa.
- Hum, ótimo ouvir isso! O que quer comer?
- Pensei em tabule!
- Não acredito! Você quer comer algo leve! - disse ironicamente - Você acha que eu nasci ontem é? Tá me escondendo o que?
- Ai, credo! Só porque eu quero comer tabule? - tentei soar ofendida, mas de novo não deu certo.
- Sei! Vamos em busca do seu tabule. Lá você me conta o que aconteceu!
Saímos rindo de lá. Não vou ter como esconder meu encontro com Dr Rashid por muito tempo, mas pelo menos até o dia seguinte guardarei esse segredo com a minha vida! Com a minha vida? Tô dramática demais, com certeza são os hormônios!
Já em casa, sozinha, eu aproveitei para dar uma olhada no meu guarda roupa antigo, pra ver se alguma digna de um encontro ainda me serviria ou se eu teria que sair à procura de um look para mamãe plus size sexys. Isso existe? E pensando nisso eu cheguei à conclusão de que sabia pouquíssimo sobre moda gestante plus size. Na verdade não sabia nada. Como ser evidentemente grávida sem parecer uma melancia ambulante? Eu amo as minhas muitas curvas, mas em breve haverá uma curva soberana. Vou conversar sobre isso com Matias!
- Ih, o celular tocando... tá onde esse negócio, gente? - um mar de roupas cobria a cama - Achei! Alô. - atendi ofegante.
- Olá, Bárbara? - perguntou a voz masculina do outro lado.
- Sou eu! - respondi, ainda recuperando o fôlego.
- Aqui é Rashid. Tá tudo bem? Você tá ofegante.
- Tá tudo bem sim. É que eu tava arrumando o guarda roupa.
- E quem venceu a batalha? - aquela risada maravilhosa soou como música nos meus ouvidos.
- Acho que eu perdi! - confessei - Então, como foi o plantão?
- Ainda estou no hospital, na verdade, mas não consegui esperar até amanhã. Estava ansioso pra falar com você, pra conversar...
Quando dei por mim estava sorrindo com aquelas palavras tão simples.
- Então, podemos nos ver amanhã?
- Claro! Podemos sim! - respondi de imediato, sem me preocupar com o que iria parecer.
- Que bom! Quando eu sair do hospital te ligo pra gente marcar o horário e o local, pode ser?
- Tudo bem! Vou ficar esperando.
- Espero que a noite passe bem rápido! - confessou, e pude sentir uma timidez inesperada na voz dele - Agora preciso voltar pro meu plantão. Foi muito bom falar com você!
- Fiquei muito feliz de você ter ligado! Até amanhã!
- Que bom, também estou muito feliz! Até amanhã!
É oficial, voltei a ser adolescente!
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Ô gente, como resistir à esses dois?
Quem aprova esse casal, me digam?
Esse encontro vai dar o que falar né! Vamos torcer!
Beijos, e até a próxima!
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