{Boa leitura. ♡}

Olivia's POV.

Já se passou uma semana desde o dia do meu aniversário - também conhecido como "o-dia-em-que-finalmente-cedi-aos-encantos-do-meu-companheiro-de-cela-de-vez".

Já acabei o Monte dos Vendavais e já tive tempo de o reler duas vezes. Das três vezes que o li, na última semana, chorei sempre com a reação do Heathcliff ao que aconteceu à Catherine. O Niall diz que sou uma picuinhas por chorar por causa de um livro, mas eu tenho a certeza que também vi os seus olhos embaciados da primeira vez que lhe li o livro.

E, falando nele, muitos "beijos acidentais" têm acontecido durante estes dias. Eu estou, finalmente, a deixar-me levar por - e a confiar em - alguém, depois do que aconteceu com o Zayn. Mas, mesmo assim, o Niall é a única pessoa em que confio realmente. Apesar de não nos conhecermos há muito tempo, eu posso dizer que ele é uma pessoa de confiança apenas pela maneira como ele me abraça.

Conheci as "amigas" que o meu companheiro de cela fez, no primeiro dia que veio para aqui, e elas são exatamente como eu as imaginava. E tenho falado com o Harry. Já lhe pedi desculpa por o ter beijado, dizendo-lhe que apenas estava irritada com o Niall; ele respondeu, e passo a citar: "Tudo bem, amor. Não hesites em vir ter comigo quando estiveres irritada com ele outra vez.", recebendo um olhar de morte do Niall e uma cotovelada do companheiro de cela do Harry - que se apresentou como sendo o Louis.

Ainda não descobri o que se passou entre eles os dois mas, sinceramente, também não voltei a perguntar. Irei acabar por descobrir, eventualmente.

O meu pai veio visitar-me no sábado e apenas disse que estava tudo a começar a correr melhor - o que são ótimas noticias.

A Melanie não tem brindado o Niall com mais dos seus sorrisos ou piscar de olhos. E ainda bem.

Já desisti da ideia de tentar sair da cela de Niall. O que eu não queria que acontecesse, aconteceu: eu já estou demasiado dependente dele. É incrível como tudo isto aconteceu em tão pouco tempo. Vinte dias - pelo que consigo contar nos riscos na parede feitos pelo Niall.

"Em que estás a pensar?" Niall indagou-me, fazendo-me abrir os olhos e fixá-los nele.

"Eu?" Questionei.

"Não. O meu gato Jeremias." Ele gozou e deslizou os seus dedos esguios pelos meus caracóis despenteados.

"Não gozes comigo." Reclamei, rindo, e dei-lhe um pequeno murro no peito.

"És a única pessoa aqui, querias que estivesse a falar para quem?" O meu companheiro de cela perguntou retoricamente e eu deitei-lhe a língua de fora. "Então, em que estás a pensar?" Ele voltou a questionar, com um sorriso.

Levantei a cabeça das suas pernas e encostei-me à parede, cruzando as pernas.

"Estava a pensar que aconteceu tudo tão depressa." Murmurei e rolei o meu olhar até ao seu. "Desde que chegaste aqui." Parei por uns segundos, apenas para admirar o azul dos seus olhos, enquanto sentia o meu coração começar a bater mais depressa. "As coisas entre nós... E depois apareceu o Harry. E aconteceu aquele incidente com ele." Esclareci, fazendo aspas com os dedos na palavra "incidente". "E apareceu o Zayn. Não sei. Parece que já estás cá há muito mais tempo do que realmente estás."

"Tens razão." Niall sussurrou e colocou um pouco do meu cabelo atrás da minha orelha.

"E tu? Em que estás a pensar?" Perguntei, pegando na sua mão e beijando suavemente a palma, sem nunca retirar os meus olhos dos seus.

"Em ti." Respondeu-me e eu senti as minhas bochechas aquecerem de imediato.

O meu companheiro de cela sorriu ao ver a minha reação e uniu os nossos lábios num pequeno beijo que - apesar de curto - retirou todo o meu fôlego.

"Não me sais da cabeça nem por um segundo." Confessou e eu concordei mentalmente, pois isso era exatamente o que me estava a acontecer em relação a ele. "Nem quando estou a dormir."

"Tens sonhado comigo e não me contas?" Reclamei imediatamente, fazendo-me de ofendida.

"Eu... Huh.. São sonhos estúpidos." Ele murmurou, com um sorriso na cara.

"Oh... Conta-me!" Pedi, abrindo um grande sorriso no rosto. "Conta-me o último que tiveste."

"Hoje... Huh... Eu sonhei..." Ele parou por uns segundos. "Promete que não vais achar que sou idiota ou gozar comigo."

"Prometo." Respondi, elevando o meu mindinho.

Ele elevou também o seu e entrelaçou-o com o meu; quando ia soltar a minha mão, ele aproxima os seus lábios da minha pele.

"Acho que temos de dar um beijo na mão, ou algo assim." Niall explicou, mostrando uma expressão confusa. Mas acabou por encolher os ombros e beijar as costas da minha mão. Um pequeno formigueiro ficou no local onde ele me beijou e eu sorri ao senti-lo.

"Eu acho que estás a misturar qualquer coisa." Afirmei, rindo, mas acabei por beijar a sua mão também.

"Eu sonhei..." Ele começou e recebeu um olhar ansioso da minha parte. "Que tu estavas vestida de sandes. E estavas a trabalhar na Pizza Hut, e quando trabalhavas tinhas de usar o fato... E.. Huh... Foi basicamente isso."

Não evitei soltar uma gargalhada e, segundos depois, Niall acabou por não resistir e juntar-se a mim.

"Eu trabalhava na Pizza Hut mas o meu fato era uma sandes?" Questionei, ainda a rir.

"Eu adormeci com vontade de comer pizza e tinha visto a Melanie a comer uma sandes nesse dia." Ele contou e eu comecei a rir ainda mais alto. "Prometeste que não gozavas comigo." Ele murmurou, fazendo beicinho.

"Desculpa, Niall." Desculpei-me, ainda com um sorriso, e beijei levemente os seus lábios. "Desculpa." Repeti e ele riu levemente.

"Não faz mal, tonta." Disse-me e voltou a juntar os nossos lábios, num beijo um pouco mais longo.

Os meus lábios não queriam ter de se separar dos de Niall nunca mais. Os beijos dele são bons demais e não deviam ter fim. Infelizmente, tudo o que é bom acaba depressa.

Soltei um suspiro, depois de os nossos lábios se separarem e deitei a cabeça no ombro do Niall.

"Fala-me sobre ti e o Zayn." O meu companheiro de cela pediu e eu levantei a cabeça, para poder olhar os seus olhos.

"O que queres que te conte?" Indaguei, deslizando para o seu colo; coloquei ambas as pernas para o mesmo lado e escondi a minha cabeça no seu pescoço, enquanto ele enterrava as suas mãos na minha cintura.

"Não sei. As coisas que te lembrares." Murmurou e senti um beijo no topo da minha cabeça. Imediatamente sei que o beijo me foi dado pelo Niall - não apenas pela razão de ele ser o único comigo nesta cela, mas também pelos arrepios que passaram no meu corpo.

"Ele foi o segundo rapaz que beijei.. Hm..." Comecei, tentando lembrar-me de coisas sobre a relação que eu tinha com o Zayn.

"Oh." Ouvi Niall sussurrar e levantei a minha cabeça para tentar decifrar o que passava pela sua cabeça.

"O que se passa?" Perguntei, passando uma das minhas mãos pela sua bochecha.

"Então... Eu fui o terceiro?" Ele questionou e eu assenti. "Oh. Três é um número tão grande."

Não pude evitar sorrir com as suas palavras. "Estás com ciúmes?"

"O quê? Não. É claro que não. Eu não tenho motivos para ter ciúmes." Ele falou rapidamente, fazendo-me rir. "Quer dizer, nós somos apenas amigos, certo?"

As suas palavras criaram um pequeno vazio dentro de mim, mas tive de concordar. Ele tem razão, nós somos apenas amigos. Amigos com uma amizade muito estranha, mas apenas amigos.

"Huh.. Certo." Anuí, forçando um sorriso.

"Quem foi o primeiro?" Ele perguntou e eu voltei a esconder a minha cara no seu pescoço.

"O meu pai." Respondi e, logo de seguida, ouvi o seu riso. "Tens problemas com isso? O meu pai era um ótimo namorado." Brinquei e beijei levemente uma parte do seu ombro que não se encontrava tapada pelo fato laranja.

"Tu não existes." Ele riu e pegou no meu queixo, aproximando os nossos lábios.

Virei a cara, no segundo em que ele ia juntar as nossas bocas, fazendo-o beijar a minha bochecha. Ri ao sentir e senti-o sorrir contra o meu rosto. Ele deu alguns pequenos beijos na minha face e, por fim, deixou um longo beijo no mesmo lugar. As suas mãos apertaram mais fortemente a minha cintura, puxando-me para mais perto e ele baixou os seus lábios até ao meu pescoço. Senti todo o meu corpo arrepiar-se, mesmo antes de ele tocar na minha pele. Até a sua respiração quente contra a minha pele fria consegue fazer o meu coração parar. Tudo nele me faz sentir coisas que eu nunca tinha sentido antes e, tenho a certeza que nunca mais irei sentir em relação a alguém.

Ao sentir os seus lábios contra o meu pescoço, agarrei o seu fato e contorci-me um pouco. O pescoço é, definitivamente, o meu ponto fraco. Niall quase de certeza que se apercebeu porque, logo a seguir, voltou a dar-me outro beijo no mesmo lugar - desta vez, um pouco mais molhado. Agarrei-me ao seu fato com um pouco mais de força e senti-o sorrir contra o meu pescoço.

"Gostas quando te beijo o pescoço, huh?" O meu companheiro de cela questionou, fazendo as minhas bochechas aquecerem imediatamente. Não lhe respondi, sabendo que iria corar ainda mais se o fizesse. Depois de alguns segundos de silêncio, ele voltou a falar: "Quem cala consente."

"Eu apenas... Huh.. Desconcentra-me." Admiti e movi os meus olhos até aos seus. O meu coração logo reagiu e começou a bater mais depressa.

"Bem... Tu não estás a fazer nada que precise de concentração, por isso..." Ele beijou o meu pescoço de novo e eu contorci-me um pouco. "Posso desconcentrar-te à vontade."

"Niall..." Murmurei, ao senti-lo beijar o meu pescoço de novo.

Ele fê-lo de novo. E de novo. E novamente. E eu contorci-me de todas as vezes, agarrando o seu fato e soltando pequenas gargalhadas.

Senti os seus dentes rasparem levemente no meu pescoço e, de seguida, a morderem-no levemente. Mexi-me e remexi-me no seu colo, sempre agarrando o seu fato com força.

"Talvez seja melhor parar.. Ou eu não vou aguentar." Ele falou lentamente, contra o meu pescoço, e, ao sentir algo contra a minha perna, imediatamente me apercebi ao que ele se estava a referir.

"Niall!" Ralhei, rindo.

"Eu não tenho culpa!" Ele defendeu-se, sem conter uma gargalhada. "Sou homem, reajo a estas coisas!" Voltou a rir e eu ri com ele.

"Vamos mudar de assunto..." Murmurei, ainda a rir, e deslizei para fora do colo dele, sentando-me ao seu lado.

"Sim, tens razão." Niall concordou e pegou na minha mão; entrelaçou os nossos dedos.

Fiquei uns segundos a admirar as nossas mãos unidas num só, mas rapidamente me vieram memórias do Zayn à cabeça e larguei a sua mão.

"Eu.. Huh... Desculpa. Eu pensei que não te impor-" Ele apressou-se a pedir desculpas, mas eu cortei-o:

"Eu apenas não estou habituada a isto... Desculpa." Acabei por dizer e agarrei de novo a sua mão.

"Não quero que faças algo com que estás desconfortável." O meu companheiro de cela falou e eu rolei os meus olhos até aos seus, apercebendo-me de que ele já estava a olhar para mim.

"Eu nunca estou desconfortável contigo, Niall." Confessei, sendo completamente sincera com ele.

Nem o assunto mais desconfortável do mundo seria desconfortável, quando se trata do Niall.

Ele surpreendeu-me, ao juntar os nossos lábios no que parece ser o nosso milésimo beijo. Mas eu não me importei e deixei-me levar. Porque eu sei que nunca me irei fartar dos seus beijos.