{Boa leitura. ♡}

A Olivia quebrou o nosso abraço lentamente e olhou os meus olhos.

"Tu nem imaginas o quanto eu te quero beijar, neste momento." Ouvi a minha companheira de cela dizer.

"Porque não o fazes, então?" Perguntei, com o olhar fixado nos seus lábios carnudos.

Numa escala de 0 a 10, a minha vontade de a beijar é, definitivamente, um 11.

"Porque prometi a mim mesma que não te iria voltar a beijar, Niall." Murmurou, fazendo-me morrer ao ouvir a forma como ela pronuncia o meu nome.

"Se for eu a beijar-te, conta?" Questionei, da forma mais vulnerável possível.

Eu sinto-me vulnerável à beira dela. Quer dizer, o meu corpo transforma-se em gelatina apenas de olhar para os seus grandes olhos verdes. Ela tem este estranho poder em mim, que mais ninguém tem.

"Niall..." Ela sussurrou e eu percebi que aquilo era um sim.

"Desculpa, eu não devia ter dito aquilo." Desculpei-me.

As minhas desculpas são só e exclusivamente por o ter dito, não por me ter apaixonado por ela. Nunca me irei desculpar ou arrepender por me ter apaixonado por ela, porque ela é a mulher mais incrível que eu já conheci - e que alguma vez vou conhecer.

"Tudo bem." Olivia suspirou e eu ainda a consegui ver olhar uma última vez para os meus lábios, antes de desviar a sua atenção para a parede branca.

"Agora," Comecei, pegando na sua prenda e tentando empurrar a vontade de a beijar para bem longe de mim. "vais abrir a tua prenda."

"Niall, eu já disse que-"

"Ok, pronto. A prenda não é para ti, é para mim. Mas eu não sei abrir prendas, por isso tens de abri-la." Disse, fazendo-a soltar uma gargalhada adorável. "Ah, e eu sou alérgico ao que está aí dentro, por isso vai ter de ficar aqui."

Ela olhou para mim com um sorriso envergonhado e eu entreguei-lhe o embrulho, dando-lhe um sorriso encorajador.

Antes de rasgar o papel que embrulhava o seu novo livro, ela ainda abanou o pequeno presente, para tentar perceber o que era.

O grande sorriso que surgiu nos seus lábios, ao abrir a prenda, valeu por todos os sorrisos que ela alguma vez deu ao Harry.

"Oh meu Deus, Niall..." Ela murmurou, antes de se lançar para os meus braços. "Não podias ter escolhido uma prenda melhor!"

Para ela me dar um abraço, é porque ela ficou mesmo feliz com o livro. E eu fiquei ainda mais feliz ao saber que ela ficou feliz. Isto faz algum sentido?

"Agora já tens algo para fazer." Sussurrei contra o seu pescoço.

Ficámos alguns segundos a aproveitar o abraço e, depois, a Olivia acabou por separar-nos e abrir o livro na primeira página.

"Posso... Huh... Ler para ti?" Ela perguntou, envergonhadamente.

"Eu iria adorar que lesses para mim." Respondi-lhe, sinceramente.

Na verdade, não gosto nada deste tipo de livros, mas a ideia de ouvir a Olivia a ler para mim, só por si, é fantástica.

Ela sorriu-me e encostou-se à parede, esticando as pernas para a frente, mas acabando por dobrá-las nos joelhos, devido à curta largura da cama. Antes de ela poder dizer algo, deitei a minha cabeça no seu colo, apanhando-a de surpresa.

Mas ela acabou por me dar um último sorriso e pousar uma das suas mãos no meu cabelo, antes de começar a ler: "Acabo de visitar o meu senhorio: o meu vizinho solitário, o único que tenho neste ermo a que me abriguei. (...)"

As palavras fluíam facilmente para fora dos seus lábios, fazendo-me perceber que ela já leu este livro, no mínimo, umas dez vezes. Os movimentos que ela fazia com a sua mão nos meus cabelos eram suaves e contínuos. E eu acho que nunca gostei tanto de ouvir uma história, como estou a gostar agora.

Ao que parece, o livro começa com um tal de Mr. Lockwood, que vai visitar o seu senhorio, o Mr. Heathcliff (nome estranho, hun? É um nome próprio e um sobrenome ao mesmo tempo), e, depois de algumas desventuras que acontecem na casa deste último, o Lockwood volta para a sua casa e a sua criada, a Nelly Dean, conta-lhe a história sobre a vida de Heathcliff. A Nelly ainda agora começou a contar a história e a Olivia já está super entusiasmada.

" - Antes de eu vir para cá - principiou ela, sem esperar novo convite para contar a sua história - frequentava muito o Monte dos Vendavais, pois a minha mãe fora ama do (...) " A minha companheira de cela leu, com entusiasmo.

Alguns minutos e umas cinquenta páginas depois, uma voz, que já nos era familiar, interrompeu a leitura da Olivia, fazendo-me protestar mentalmente.

"Como vai o livro?" Melanie perguntou, sorrindo e aproximando-se das grades.

Levantei-me e caminhei até à porta, pegando nos tabuleiros com o nosso jantar.

"Vai otimamente bem." Olivia respondeu, com um enorme sorriso. Deus, ela adora mesmo ler. E, Deus, aquele sorriso.

"Ainda bem." A nossa supervisora respondeu, parecendo genuinamente feliz, e continuou o seu caminho para as outras celas.

Olivia's POV.

Já tinha saudades de me perder no mundo da Catherine e do Heathcliff. O Niall não podia ter escolhido algo melhor!

Quer dizer, esta é sem dúvida, uma das histórias mais bonitas de todos os tempos! A Catherine casa com um homem que pensa amar, o Linton, mas nunca deixa de pensar no Heathcliff, nem na sua ausência. E o Heathcliff... Oh, o Heathcliff. O Heathcliff ama a Catherine com tudo o que tem, apesar de não o demonstrar e apesar de ter casado com a Isabella.

Aposto que se arrependeram por não terem escolhido ficar juntos e por terem casado com outras pessoas.

Esperem... Onde é que eu já ouvi uma história parecida? Bem, não exatamente... Mas, se formos a pensar bem...

O Harry é o Linton e a Melanie é a Isabella. O Niall é o Heathcliff e eu... sou a Catherine?

Isso significa que eu vou acabar por me arrepender por não me deixar levar, de uma vez por todas, pelo Niall?

Niall's POV.

Sentei-me ao lado da minha companheira de cela e ela pousou o livro ao seu lado; pousei o seu tabuleiro no seu colo e o meu no meu.

"Obrigada." Ainda a consegui ouvir dizer, antes de ela cobrir os meus lábios com os seus.

Como é óbvio, não protestei. Apenas pousei a minha mão no seu pescoço, continuando o nosso beijo e triplicando as borboletas que voavam pela minha barriga.

"Pensava que tinhas prometido que não nos iríamos beijar de novo." Murmurei, mordendo o lábio para tentar esconder um sorriso.

"Acho que ambos já percebemos que isso nunca seria possível." Ela respondeu, fazendo-me não tentar esconder mais o meu sorriso. "O amor da Catherine e do Heathcliff inspirou-me." Ela riu. "Vamos apenas... Deixar-nos levar quando for preciso e... Ver o que acontece?" Ela sugeriu e eu explodi de alegria, por dentro.

Anuí, rapidamente, e colei os nossos lábios. "Desculpa. Precisava de deixar-me levar." Murmurei, contra os seus lábios, antes de os juntar com os meus num novo beijo cheio de paixão e... Amor?

*

Podia tentar descrever a sensação que tenho neste momento por palavras. Podia. Mas eu apenas não consigo. Porque isto é melhor do que palavras. Isto é muito melhor do que qualquer palavra.

O Ed Sheeran está a cantar um mash-up estranho de todas as suas músicas alegres dentro de mim.

Eu e a Olivia já acabámos de jantar e estamos apenas a conversar sobre coisas sem sentido. Mas, a meio da minha conversa, uma pergunta surgiu, vinda de mim:

"Porque é que eras tão fria para mim, quando cheguei aqui? Quer dizer, agora já te conheço suficientemente para saber que essa não é a tua personalidade."

"Aconteceram umas coisas antes de eu vir para aqui." Esclareceu. "Com o meu ex-namorado."

"Oh... Ahm... De há quanto tempo é esse ex-namorado, exatamente?" Não me consegui parar e acabei por perguntar.

"Niall..." Ela murmurou, rindo. "Nós namorámos cerca de um ano, antes de eu vir para aqui. Foi um pouco por causa dele que eu acabei por vir aqui parar."

"Quem é o paspalho?" Perguntei, já visivelmente irritado.

"Sou eu." Uma voz masculina soou, vinda do corredor.