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Capítulo 15 - Eu preciso de ti.

{Boa leitura. ♡}

" Olivia, eu não aguento estar assim contigo... Eu preciso de ti. " A voz angelical de Niall saiu num sussurro, perto da minha orelha. Um arrepio percorreu o meu corpo, não devido ao frio que se instalara na nossa cela, mas devido às suas palavras e à sua respiração quente contra o meu pescoço.

Virei-me para ele, fazendo com que os lençois da minha cama saissem do lugar onde deveriam estar. O meu olhar percorreu todo o seu corpo e reparei que ele se encontrava de joelhos, à beira da minha cama, com os braços pousados na mesma.

" Porque estamos a agir desta maneira tão estúpida? " Perguntou, abanando a cabeça em desaprovação.

As minhas mãos moveram-se para a ponta dos lençois brancos e levantei-os um pouco, fazendo um sinal ao meu companheiro de cela para se deitar à minha beira. Ele assim o fez. Uma das suas mãos colocou-se nas minhas costas, juntando-nos mais um pouco e diminuindo o frio.

" Eu realmente não sei. Estou tão farta de não falar contigo, mesmo tendo apenas passado umas horas. " Disse-lhe sinceramente.

Estavamos tão perto um do outro, mas ao mesmo tempo tão longe. Eu não consigo mais estar assim com ele.

" Então... Amigos de novo? " Questionou, com um sorriso parvo no rosto.

Neguei com a cabeça, assistindo à mudança de expressão de Niall. O seu sorriso desfez-se e os seus olhos perderam o brilho.

" Companheiros de cela. " Declarei, fazendo-o soltar uma das suas melodiosas gargalhadas.

" Com fome, companheira de cela? " Inquiriu, fazendo um sorriso aparecer no meu rosto.

" Com muita, na verdade, companheiro de cela. "

Ambos rimos.

" A Melanie já deve estar a chegar. " Afirmou, unindo a sua mão à minha bochecha levemente.

Um suspiro caiu nos meus lábios e um formigueiro percorreu o meu corpo ao sentir a sua pele contra a minha. Senti o meu rosto aquecer à medida que Niall movia a sua mão contra a minha bochecha lentamente.

" Sejam como forem as nossas almas, a minha e a tua são uma só. " Declarou, fazendo o meu sorriso aumentar um pouco mais.

" Não roubes frases à Emily Brontë! " Exclamei, deixando uma gargalhada escapar pelos meus lábios.

" Tu lês Emily Brontë? " Espanto era notado na sua voz. " E, tecnicamente, eu não lhe roubei a frase. "

" Oh, Wuthering Heights é um clássico. " Retorqui.

" Nunca imaginei que lesses romances. Muito menos desse género. " Confessou.

" É inútil lutar contra isto. " Comecei, falando com uma voz grossa. " Não consigo reprimir os meus sentimentos. Permita-me que lhe diga o quão ardentemente a amo e admiro. "

" Também leste esse? " Assenti com a cabeça. O seu queixo encontrava-se caído, o que me dava uma enorme vontade de rir. É assim tão espantoso eu ler romances? " Estava a acabar de relê-lo quando me- "

Pressionei o meu indicador contra os seus lábios, fazendo-o calar-se. Não quero vê-lo triste de novo.

Os nossos olhos rapidamente se encontraram. Os seus olhos são, provavelmente, os olhos mais bonitos do mundo. São de um azul tão límpido e puro. Niall aproximou o seu rosto lentamente e eu acabei por ceder, fazendo o mesmo. Os nossos narizes roçaram, fazendo os dois sorrir. O meu coração começou a bater mais rápido assim que senti a sua respiração quente contra os meus lábios.

'' Olivia? Olivia! " Chamou.

" O QUE É, NIALL? " Questionei, parcialmente zangada. Pensava que ele me ia beijar...

" Não tens fome? " Perguntou calmamente. O quê?

" O quê? Já te disse que sim, tenho. Mas a Melanie ainda não veio. "

Senti umas mãos abanarem-me levemente e rapidamente abro os meus olhos.

Isto foi um sonho? Oh, nós estávamos quase a beijarmo-nos... Não me podia ter acordado um pouco mais tarde? O QUÊ? O que estou para aqui a dizer?! É claro que não podia! Eu sonhei com o Niall?! Eu sonhei que eu e o Niall nos iamos beijar?! Eu não estou bem... Preciso de um médico, urgentemente.

*

Melanie acabou de levar os nossos pratos. Ainda estou a pensar no meu sonho... É claro que era um sonho. Como é que não percebi isso desde o início? É claro que Niall não precisa de mim para nada. Aposto que, se ele pudesse mudar de cela, não pensava duas vezes.

Um pequeno suspiro escapou pelos meus lábios e remexi-me no meio dos lençois amarrotados da minha cama. Acabei deitada de barriga para baixo e com a cabeça virada para o lado contrário a Niall. Hoje, estou realmente com sono.

" Boa noite, Niall. " Murmurei, contra a almofada. " Boa noite, Olivia. " Respondi-me a mim própria no mesmo tom, mas fazendo uma voz mais grossa.

Os meus olhos começaram a pesar ainda mais e acabei por fechá-los, deixando-me adormecer.

*

A chuva batia fortemente no telhado, o que fez com que eu acordasse. Movi-me lentamente na cama, tentando não fazer muito barulho. Missão falhada. O colchão fez um barulho estranho ao raspar na cama. Desviei o olhar para o meu companheiro de cela e este encontrava-se de olhos abertos, postos em mim.

" Eu... Desculpa. Não te queria acordar. " Desculpei-me, tentando desviar o olhar dos seus lindos olhos azuis. Mais uma missão falhada.

" Oh, não me acordaste. Eu já estava acordado. " Confessou, mostrando-me um sorriso forçado.

Uma pontada de culpa atingiu o meu coração. Niall não consegue dormir sozinho... Mas não posso, de todo, ''convidá-lo'' a dormir comigo. Não depois de o ter beijado, hoje. Ele pode pensar que eu quero... Que eu quero... Bem, que eu quero algo dele. Mas eu não quero. Não sou como o...

" Acordaste com a chuva? " Perguntou, interrompendo bruscamente os meus pensamentos.

" Sim. " Comecei. " Faz imenso barulho ao cair neste telhado de porcaria. "

Como eu gostava de ter aqui um dos meus livros para ler um pouco, antes de voltar a adormecer... Já tenho saudades da Susanna Tamaro e do Jostein Gaarder. Mas, sobretudo, tenho saudades da Austen e da Brontë. Oh, e, claro, do Fitzgerald. Pergunto-me se Niall também é fã deles, tal como era no sonho. Provavelmente não.

" Concordo. " Anuiu.

" Bem... Boa noite. " Disse-lhe, remexendo-me na cama.

" Boa noite, Olivia. " A forma como o meu nome soava ao sair pelos seus lábios era deliciosa.

Voltei a virar-me para a parece e forcei os meus olhos a fecharem-se. Uns olhos azuis, que me são bem conhecidos, apareceram na minha mente. Assim como o resto do rosto do seu dono. Passou a língua pelos seus lábios de uma maneira demasiado sensual e uma das suas mãos moveu-se até ao seu cabelo, na tentativa de o pentear, mas ele acabou mais despenteado ainda. Abanei a cabeça negativamente, tentando afastar os meus pensamentos e forcei a minha mente a pensar noutras coisas. Acabei por adormecer a pensar o quanto me apetecia comer um corneto de nata.

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