Capítulo XXIII
Quando viu Aléxandros caminhando pela praia, na sua direção, sentiu uma imensa satisfação.
Ficou parada, com a impressão de que suas pernas se dobrariam a qualquer momento.
Será que ele estava com raiva?
Afinal, ela deixara Summer terminando de fazer o café sozinha e não o levara ao estúdio, como havia prometido. Mas quando Andros se aproximou, Rania notou apenas uma expressão indefinível em seu olhar, uma expressão que não conseguiu entender.
— Por que você sempre foge, Rania? Por que não pode enfrentar os problemas de frente? — Também não havia raiva em sua voz, apenas um leve tom de reprovação.
— Estava preocupada com um assunto, só isso.
— E preferiu vir para cá sozinha, em vez de me procurar e discuti-lo comigo? Você deveria dividir comigo as suas preocupações e dúvidas. — Aléxandros não deu tempo a ela para confirmar ou negar, e continuou o que viera dizer, como se quisesse acabar logo com aquilo. — Se você realmente quer ficar aqui, Rania, pode ficar. Eu jamais a forçaria a fazer algo que não deseja, tentei isso algumas vezes eu confesso. Mas admito que estava completamente errado.
Rania, em silêncio, fitou-o por um momento e disse com o coração apertado dentro do seu peito.
— Mas se...
— Tia Summer vai e Luke também, você já sabe disso. Tia Summer tem seus amigos e sua família, ela está ficando cada ano que passa mais velha e vai precisar do auxílio de nossa família. Além disso, ela esteve afastada durante os últimos doze anos para cuidar de você e de Luke. Foi um sacrifício que ela escolheu fazer por amar Daddario e vocês dois. Você não pode esperar que ela ponha de lado esta oportunidade de voltar para casa e para os seus entes queridos, nem que Luke renuncie aos estudos. Isso seria puro egoísmo!...
— E você? — Perguntou, com as mãos crispadas.
— Eu tenho que cuidar dos negócios de nossa família, Rania, e das responsabilidades da família. Muitos dependem de mim, famílias inteiras dependem das minhas decisões para serem felizes. E eu jurei cuidar de todos!
— E você me culpa por ter sido obrigado a negligenciá-los e odeia isto aqui! — Em seguida, arrependendo-se, murmurou. — Desculpe-me, Aléxandros!
— Eu a trouxe de volta para cá porque era o que você queria!... — Respondeu ele com calma e aparentemente sem qualquer emoção.
— E você sempre faz o que eu quero! — Sua voz tremeu; estava prestes a chorar.
— Sim, maldição! Eu sempre faço, eu sempre fiz! Eu quem sofre sempre sou eu também!... — Praguejou Aléxandros, controlando-se logo em seguida. — Agora eu tenho que voltar à realidade e pensar em outras coisas. Ao contrário de você, eu não posso continuar escondido para sempre num casulo cor-de-rosa, pois tenho outras pessoas em quem pensar! Entenda isso... Eu não posso mais me esconder do mundo como você deseja. Tenho de voltar, Rania.
A angústia de Rania revelou-se em seus olhos, arregalados como os de uma criança. Seus lábios tremiam e sua expressão era de súplica. Mas era uma súplica à qual Aléxandros parecia estar preparado para resistir, pois lhe deu as costas e ficou observando o sol se pôr no mar.
— Vai me deixar aqui?
— Se for isso o que você quiser.
— É isso que eu desejo!
Rania afastou-se para que ele não visse as lágrimas que lhe corriam pelo rosto. A ideia de enfrentar um futuro sem Aléxandros, mesmo que isso significasse continuar em Serafos, pareceu-lhe insuportável. Chorava por ter de fazer uma escolha. Quando Pétros a avisou de que isso ia acontecer, ela não havia imaginado quanto à batalha seria dolorosa.
— Quando vocês vão partir? — Perguntou, com voz baixa e trêmula.
— Daqui a dois dias.
Aquela resposta pareceu tão definitiva que Rania apertou os lábios. Seus olhos brilhavam e uma vontade louca de que ele a envolvesse nos braços e a beijasse tomou conta de si. Quando pensou em todos os dias, meses e anos que tinha à sua frente, subitamente a paz que Serafos lhe oferecia não lhe pareceu suficiente.
— Eu vou partir sábado, Rania!... — Disse ele calmamente. — Se for preciso, irei sem você, mas...
— Não, Andros, não! — De repente Rania abraçou-o e afundou o rosto no peito dele. — Não me deixe aqui, por favor, não me deixe aqui!
— Se você não quiser, terei que deixá-la aqui sim. — Murmurou Aléxandros, afagando-lhe os cabelos. — Devo lembrá-la de que tenho outros familiares além de uma prima bonita e que roubou o meu coração. — Ele beijou-lhe os cabelos. — Eu não quero deixá-la aqui, minha pequena deusa grega, mas, se não houver outra escolha, terei que fazer isso.
Rania sentiu aquele desejo irresistível novamente e esfregou o rosto no peito dele, através do tecido leve da camisa, enquanto estendia os braços e entrelaçava as mãos atrás de seu pescoço, acariciando-o.
— Andros! — Fitou-o com os lábios entreabertos, ansiando pelos dele, e Aléxandros gemeu, parecendo atormentado quando abaixou a cabeça para beijá-la.
E o fez com o apetite de um homem que tivera por muito tempo os seus desejos negados, exigindo uma resposta que ela deu prontamente, cedendo a uma paixão insaciável. Quando Aléxandros levantou a cabeça afinal, prometeu.
— Vou levá-la comigo, nem que tenha que arrastá-la pelos cabelos, entendeu? Não aceitarei mais as suas loucuras. Eu te amo demais pequena deusa.
Sorrindo, ele deu um puxão nos cabelos dela ao enrolados em sua mão e Rania passou os braços em volta de seu pescoço.
— Eu quero ir com você! Eu irei para qualquer lugar do mundo com você! — Murmurou ela, com os lábios entreabertos num sorriso, convidando-o para outro beijo. — Eu não quero ficar aqui sem você, Andros. Minha felicidade está aonde você estiver!...
— Eu nunca acreditei que você quisesse permanecer escondida aqui como uma pérola dentro de uma concha. Sua beleza é para todos admirar, você é muito inteligente e precisa desabrochar. Assim como eu fiz um dia.
— E se eu decidisse não ir?
— Usaria meus direitos como tutor e seguiria os desejos de meu primo.
— Papa? — Perguntou ela, apoiando-se nele. — Papa queria que eu me casasse com...
— Comigo! Ele sempre desejou isso. — Confessou Aléxandros, e riu ao perceber a surpresa dela. — Você não deve acreditar em tudo o que ouve, meu amor. Tia Summer não entendeu bem a insinuação que eu lhe fiz e passou uma ideia errada para você. — Ele beijou-a novamente, depois pousou o rosto sobre os seus cabelos. — Pétros me fez passar por maus momentos. Pensei que você pudesse se apaixonar por ele. e estava decidiu a abrir mão dos meus sentimentos se isso fosse lhe fazer feliz!...
— Por Pétros? — Rania pensou por alguns momentos e, surpresa, percebeu que essa possibilidade nunca lhe ocorrera. — Nunca pensei em me apaixonar por seu irmão. Não sei por quê, ele é bonito, charmoso, mas...
— Mas você vai se casar é comigo! — Interrompeu-a Aléxandros.
— Por que Papa queria? — Perguntou ela, prendendo a respiração quando Aléxandros aproximou os lábios dos seus.
— Porque eu quero! Por que você é o meu destino!... — Insistiu Aléxandros, abraçando-a com mais força. — E se você tentar fazer os seus joguinhos de provocação novamente...
— Eu amo você! — Murmurou Rania. — Eu amo você, Andros! — Roçou os lábios nos dele e sorriu. — Você foi o único homem que eu já provoquei, querido.
— E se eu não a amasse tanto... — Ele não completou a frase e beijou-a de novo, apaixonadamente.
Pela primeira vez em sua vida, Rania não se preocupou com o fato de ficar em Serafos ou em qualquer outro lugar.
Agora tinha Aléxandros a seu lado...
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