Um conto de fadas diferente; único
Não esqueçam dos votos e comentários, xuxus
Boa leitura!
Jeongguk resmunga pela quinta vez naquela manhã quando percebe que deixou outra torrada passar do ponto, xinga baixinho tentando equilibrar o celular entre o ouvido e o ombro direito enquanto pega o pão mais queimado do que torrado e joga no seu prato onde jazia seus outros fracassos, ele comeria tudo, era a solução para que não houvesse desperdício.
— Jeongguk, está me ouvindo? — a voz suave de Jimin do outro lado da linha chama a atenção do rapaz atrapalhado que se pôs a colocar manteiga em mais dois pães como Jihyo gostava.
— Desculpe, hyung. Estou uma pilha de nervos, tenho tanta coisa para fazer e atrasei o café da manhã da Jihyo. — explicava Jeongguk enquanto colocava os pães na torradeira novamente, torcendo para que dessa vez desse certo. Respirou fundo encostando-se na bancada da cozinha enquanto pegava o celular para falar melhor. — Estou atrasado de novo. Será que você não alivia um pouco com Namjoon até eu chegar?
Ele ouve a risadinha do amigo.
— Já falei para você parar de fazer todas as vontades da Jihyo, isso que dá ficar até tarde brincando com a pirralha, vocês dois precisam acordar cedo e ao contrário de uma criança de 5 anos, você não tem tanta energia assim. — ralhou o outro no telefone como sempre fazia quando o mais novo agia tão infantilmente quanto sua filha.
— Você sabe como é, Jimin. Eu sinto que trabalho demais e não estou tão presente na vida dela quanto deveria. Tento recompensar como posso. — murmurou Jeongguk arregalando os olhos ao ver as torradas pularem sinalizando seu ponto certo, sorrindo em contentamento se pôs a arrumar a lancheira da pequena Jeon enquanto tentava conversar com o melhor amigo ao mesmo tempo.
— Sei disso, Ggukie. Estava só pegando no seu pé como um bom hyung. Você é um ótimo pai, sabe disso. Não se cobre tanto.
— Obrigada, hyung. — agradeceu sorrindo, pegou uma maça, encheu a garrafinha de Minions com suco de morango, o preferido da pequena, e colocou tudo arrumadinho na lancheira rosa junto as torradas dentro de um plástico a vácuo.
— Eu sei que você deve estar de cabelo em pé, então vou desligar. Prometo falar com Namjoon, tudo bem? — Jeongguk suspirou aliviado.
— Fico devendo outra, hyung.
— E a dívida só aumenta, meu bem. — cantarolou e desligou sem ao menos dar a chance de resposta ao moreno.
Revirando os olhos, o moreno colocou o celular no balcão e terminou de arrumar tudo para a filha, já estava pronto na medida do possível, exceto pela gravata completamente solta no colarinho da camisa azul, também não se deu ao trabalho de ver se o cabelo estava arrumado, estava terrivelmente atrasado e Jihyo parecia ainda mais ativa naquela manhã para o azar do jovem pai.
— Jihyo, vamos nos atrasar. Venha tomar seu café da manhã. — gritou Jeongguk ao ver o horário no relógio de pulso.
O suco da criança já estava colocado em um copo plástico ao lado de uma pequena tigela com salada de frutas com creme de leite na bancada da cozinha só a espera da pequena. Jeongguk tentava sempre fazê-la se acostumar com um cardápio saudável cheio de frutas e verduras, mas sabia que aquilo não adiantava de nada quando ela ia para a casa da mãe e ela a enchia de besteiras como ele bem sabia que acontecia.
Entre Jeongguk e Jiyeon, o rapaz sempre foi o mais responsável da relação. E agora ela tinha Seokjin como marido, um tão sem juízo quanto.
— Papai, eu não consigo amarrar. — a vozinha infantil e tão melodiosa quanto do pai soou chamando a atenção do moreno que olhou na mesma hora quando sua miniatura entrou na cozinha com os tênis desamarrados.
Trazia consigo sua mochila amarela, também com estampas do desenho animado que ela amava assim como a garrafinha em formato do bichinho amarelo. Estava adorável com seu vestido jeans rodado e a blusinha azul listrada por baixo, os cabelos negros soltos com apenas uma tiara no topo da cabeça segurando a franja. Era incrivelmente esperta e a muito tempo Jeongguk deixou de ajuda-la a escolher sua roupa, ela mesma se encarregava disso.
— Venha aqui, querida. — chamou a filha que foi correndo animada para o pai, ele a levantou e a colocou no banco diante da bancada. — Coma enquanto amarro, tudo bem?
A garotinha apenas assentiu já se pondo a devorar seu café da manhã enquanto o pai amarrava os cadarços do minúsculo tênis branco — Jeongguk possuía um igual em tamanho maior, a pequena gostou tanto que pediu para que o pai comprasse um igual para ela.
Como todas as manhãs comeram ao som dos comentários entusiasmados da garotinha, os olhos grandes como do pai brilhavam ao falar de algo que gostava e como sempre, Jeongguk lhe dava toda a atenção do mundo. Ele sabia bem de quem ela puxara aquela personalidade espoleta e cativante, e com certeza não era dele. Ao contrário de Jiyeon, Jeongguk sempre foi tímido e reservado, já ela sempre tinha um sorriso para distribuir a quem quisesse, era falante ao extremo e possuía amizade com a metade da escola onde estudavam juntos.
Foi graças a essa personalidade excêntrica que ambos se aproximaram, o que resultou naquela garotinha adorável que agora era o centro do mundo de ambos os adultos. Ao contrário de como os pais de Jeongguk desejariam, eles nunca se casaram, namoraram até o fim da faculdade e foi quando Jiyeon descobriu a gravidez, ficaram juntos até a menininha completar um ano então decidiram terminar o relacionamento visto que não daria certo daquela maneira e não seria a filha de ambos a segurar o namoro.
Felizmente foi algo conversado e o término amigável, Jeongguk e Jiyeon possuíam uma amizade peculiar entre ex namorados e pais, o que todos acham estranho, mas eles não se importam. Jihyo está feliz, está com saúde e com os dois pais presentes, não há nada mais satisfatório para ambos.
— Papai, posso levar um dos meus livros hoje? — perguntou Jihyo quando já tinha terminado seu café e agora estava sendo auxiliada ao ser colocada no chão. — Tio TaeTae pediu para que 'nós levasse a coisa que mais gostamos, eu gosto muito quando o papai lê 'pra mim.
Jeongguk riu anasalado com o jeito adorável de falar da filha, mal se importava com os erros que cometia em alguns momentos. Sentia-se feliz por ver que mais um dos métodos de educar a filha como os pais um dia o educaram estava dando certo, sempre lia um livro antes da garotinha dormir e sempre incentivava a leitura e a imaginação, talvez seja isso que tenha resultado na mente esperta da criança. Parecia bem mais madura do que as outras crianças da sua idade.
— Só um, e escolha um dos pequenos para que possa colocar dentro da mochila. — a garotinha saiu correndo em direção ao quarto de brincadeiras – um cômodo separado especialmente para os brinquedos da pequena e também o local onde uma estante de livros se localizava – mal ouvindo a repreensão do pai por estar correndo o risco de capotar ao ficar correndo daquela maneira.
Quando Jihyo voltou, abraçava com os bracinhos pequenos e gordinhos um livro de capa dura, Jeongguk conseguiu ver que era um de conto de fadas, os favoritos dela. Ela dizia amar os finais felizes e como as princesas sempre conseguiam ficar com os príncipes no final.
Já dentro do carro, Jihyo em sua cadeirinha no banco de trás do carro observava o pai vestir o paletó rapidamente então dar partida em direção a escolinha, sabendo que agora podia continuar tagarelando pelo resto do caminho.
— O príncipe TaeTae disse uma vez que iria fazer um clube do livro, cada aula o livro seria da escolha de um aluno... — dessa vez ela falava sobre a ideia do seu professor em aumentar o interesse das crianças na leitura, Jeongguk não tirava a atenção do trânsito, mas também não deixava de responder a filha sempre que ela dizia alguma coisa.
TaeTae, era um nome — ou apelido — bem conhecido por Jeongguk, Jihyo era completamente apaixonada da maneira mais pura e inocente como só uma criança poderia ser, por aquele professor e sempre falava dele para o pai, confessava internamente sentir um pouco de ciúmes da maneira idolatrada que a garotinha falava do rapaz, mas também sentia gratidão por ter alguém tão atencioso com sua criança. Era uma pena que nunca tivesse falado pessoalmente com aquele que roubara o coraçãozinho da filha, o que sabia do homem era apenas o apelido fofo e o que a menina falava.
— Príncipe TaeTae? — perguntou risonho, a garotinha soltou uma risada infantil e animada por ter que explicar aquilo.
— Sim papai, ele é bonito igual aos príncipes das histórias que lê 'pra mim. Ele é legal também como um, igual você. — Jihyo comentou sorridente arrancando uma risada apaixonada do pai, amava demais aquela mini Jeon. — Agora eu conheço dois príncipes, o TaeTae e o papai.
— Não esqueça da princesa Jihyo.
A garotinha arregalou os grandes olhos de Bambi, Jeongguk as vezes se assustava com a semelhança que ela tinha consigo, Jiyeon as vezes brincava dizendo ser uma pura sacanagem carregar aquela criança noves na barriga e quando sair ser a cara do pai e não ter nada semelhante a ela, exceto pelo narizinho pequeno e redondo.
— Oh, verdade. Eu também sou uma princesa. — falou sorrindo banguela completamente satisfeita com a constatação, sentia-se feliz por possuir aquele título excepcionalmente importante na cabeça infantil e cheia de imaginação da pequena Jeon.
— Você é sim. — Jeongguk falou olhando para a filha pelo retrovisor e sorriu encantado. — A princesa mais linda, querida.
Jihyo sorriu ainda mais com o comentário do pai, na mente fértil de criança completando que se ela era a princesa mais linda então com certeza ninguém se igualaria a beleza do seu príncipe Gguk.
(...)
— Crianças, vamos entrar. O intervalo acabou. — Nayeon gritava para o aglomerado de pirralinhos no pequeno playground da escola, os mais atentados que preferiam brincar mal se importavam com o chamado da professora, outros que escolhiam ficar sentados na grama verdinha e bem cuidada apenas fazendo seu lanche obedeciam sem questionar.
Jihyo era uma das crianças que brincavam no escorrega, mesmo sendo avisada por uma das supervisoras para não correr depois de comer, mas a garotinha estava energética demais e não deu ouvidos.
— O tio TaeTae está esperando vocês, crianças. Não vamos deixar o professor esperando. — e aquela curta frase foi o bastante para que todas as crianças corressem em direção a professora e se juntarem em uma fila indiana prontos para serem levados para a sala. Principalmente a pequena Jihyo que sorrindo animada se juntou aos coleguinhas.
Taehyung fazia mágica com aquelas crianças, apenas a menção do seu nome fazia com que todas elas abrissem os maiores dos sorrisos. Era o professor favorito dos pequenos e todos sabiam disso, sempre estava com um sorriso carinhoso no rosto e tem uma paciência de fazer inveja para lidar com aqueles pequenos diabinhos. Claro que Taehyung não cativava apenas as miniaturas de seres humanos, mas também os adultos que trabalham consigo, embora fosse compreensível já que ele era o único homem do corpo docente e sempre era rodeado de mulheres lhe olhando encantadas.
Bonito, jovem, e um sucesso com crianças. Era um partido perfeito, e seria até conveniente se ele se interessasse por mulheres, o que não era o caso.
A primeira coisa que Jihyo fez ao entrar na sala e ver o professor fofo vestido em seu suéter rosa e os óculos pretos quadrado no rosto simétrico, foi correr até sua mochilinha e pegar o livro, correu até o professor alegre e foi recebida com um sorriso enorme. Os cabelos castanhos caramelo completamente lisos caiam sobre as sobrancelhas grossas dando-lhe um ar mais jovem do que realmente era, o sorriso quadrado extremamente adorável dava a confiança para as crianças.
— Tio Tae, tio Tae. — Jihyo gritou acima do som dos gritos das crianças, era sempre assim depois de saírem do intervalo, demorava até que todos se aquietassem em seus devidos lugares.
— Oh, oi princesa. — Taehyung cumprimentou sorridente, se derretendo com o sorriso banguela que era direcionado para si.
— Olha o que o meu papai deixou eu trazer... — estendeu o livro para o professor animada, Taehyung pegou da mãozinha pequena e leu o título dando risada em seguida. — Ele leu essa historinha 'pra mim ontem e eu queria mostrar 'pro príncipe Tae.
— Você é muito adorável, sabia Jihyo? — Taehyung indagou e a garotinha tombou a cabeça para o lado encarando-o com os grandes olhos redondos que acabava com a estrutura do Kim imediatamente. — Eu sabia que você gostava dessas histórias, mas não sabia que era tanto. Tem um motivo especial para serem seus favoritos?
— Porque tem final feliz. — respondeu simplesmente como se fizesse todo o sentido do mundo, é claro que os adultos poderiam acabar com aquela fantasia e dizer que na realidade não era bem assim, mas obviamente não fariam aquilo. A pequena merecia pensar que o mundo era perfeito como nos livros. — E porque a princesa sempre acaba com o príncipe.
Taehyung deu risada.
— Príncipe Tae... — a pequena Jeon chamou baixinho.
— Pode falar, Jihyo. — respondeu atenciosamente, tomando cuidado para ficar de olho nas outras crianças na sala que pareciam em seus próprios mundos de brincadeiras enquanto a aula não começava realmente, ele sempre dava aquele tempinho para elas descansarem do intervalo, para brincarem mais um pouco ou simplesmente sentarem em suas mesinhas apenas esperando-o dizer o que faria naquele dia.
— Princesas podem ficar só com príncipes? — perguntou a esperta Jihyo sem rodeios, Taehyung sabia bem que a garotinha era bem curiosa e esperta para idade dela, mas nunca achou que receberia uma pergunta como aquela.
Tecnicamente no mundo real existiam regras para aquele tipo de coisa, normalmente princesas ficavam apenas com príncipes, ou no máximo nobres. Já nos contos infantis até uma plebeia tinha a chance de se tornar da realeza caso o príncipe se interessasse por ela. Ele realmente não sabia qual deles usar como explicação para a pequena.
— Hum... — com os olhos castanhos reprimidos pensava em um jeito melhor de abordar aquilo, e com o olhar curioso e atento da Jeon em si só piorou tudo, por que ela tinha que ter olhos tão grandes? Taehyung nunca conhecera alguém com olhos tão grandes assim, duvidava que pudesse existir, e era muito intimidante. — Bom, eu acho que sim. Se uma pessoa que não é princesa ou príncipe quiser casar com um, primeiro ele teria que se tornar um nobre também.
— Então princesas só ficam com príncipes. — concluiu a pequena, só para ter certeza que entendeu certo o que o mais velho dissera.
Taehyung deu risada, sabia que não adiantaria dar uma explicação complexa para uma criança de 5 anos, embora ela fosse muito inteligente não entenderia facilmente.
— Sim, Jihyo. Princesas ficam apenas com príncipes.
Com a mente mais clara a pequena Jeon passou todo o período de aula pensando no que o professor dissera. Sua mamãe era uma princesa também, mas Jihyo nunca viu ela com o seu pai, então parecia estranho o fato de uma princesa não ficar com o príncipe dessa vez.
Quando a aula terminou e os pais das crianças começaram a chegar para buscar seus filhos, Jihyo se manteve na sua mesinha encarando o livro em mãos, ela ainda não sabia ler, embora o pai diariamente lesse e incentivasse ela a acompanhar palavra por palavra para já ir se habituando. Entretanto, ela adorava os desenhos que acompanhava a história infantil, e era isso que estava prendendo sua atenção enquanto a mãe não chegava.
Jeongguk e Jiyeon possuíam um acordo feito por eles mesmos sem precisar de tribunal algum, Jihyo morava com o pai e a mãe sempre buscava ela na escola para passarem o dia juntas enquanto Jeongguk trabalha, então pela tarde ele buscava a filha. Os fins de semanas, onde Jeongguk não trabalhava as vezes se juntavam com Jiyeon e seu marido e passavam momentos juntos, quase como uma família normal.
Muitas pessoas perguntam a Jeongguk do porque não deixar a garotinha aos cuidados da mãe e do padrasto, ele é jovem, bonito e cuidar de uma criança sozinho e sendo solteiro deveria ser complicado. E era, mas ele não ligava, Jihyo foi o maior presente que a vida já lhe dera e não ser presente na vida da pequena estava fora de hipótese. Jiyeon nunca foi contra, amava a filha e ver ela com o pai era uma alegria imensa, sem falar que não é como se ela não fosse presente também na vida garotinha, ela sempre estava lá sendo a mãe que deve.
Enquanto a garotinha lia, Taehyung respondia a mensagem do colega de apartamento perguntando se ele iria almoçar em casa, Yoongi sempre pegava no seu pé com a desculpa de que o mais novo não se cuidava direito e ele tem que ficar em seu encalço o tempo todo. Um verdadeiro hyung que não perdia tempo em ir até a escolinha de vez em quando apenas para deixar um lanchinho, ou só para checar se o dongsaeng estava bem. Sentia-se como um bebê.
Sorrindo ergueu o olhar que até então estava preso no celular e checou a sala de aula colorida de papéis com desenhos feitos pelos alunos naquela aula, estava quase vazia, exceto por Jihyo na sua mesinha concentrada em algo. Os pais sempre vinham até a sala pegar sua criança, e por esse motivo Taehyung nunca saia antes da última criança ir embora, sabia que a mãe da garotinha logo viria, já a conhecia de vista por sempre aparecer para busca-la, mas ela nunca se atrasou como naquele dia.
Respirando fundo levantou-se da sua mesa e se aproximou da baixinha que ao menos notou sua presença ao seu lado.
— O livro está legal? — perguntou e a garotinha moreninha piscou atordoada, olhou em volta constatando que não tinha mais ninguém na sala exceto por ela e o professor.
— Eu nunca me canso. — falou sorridente para o mais velho, esse que sorriu de volta ao ver os olhinhos de jabuticaba se fecharem com o ato. Tão adorável, estranhamente não conseguia ver a semelhança com a mãe quando essa vinha busca-la. Talvez seja parecida mais com o pai, pensou. — Tio Tae.
— Sim? — se agachou no chão se apoiando em seus calcanhares para ficar na altura da pequena que ainda estava sentada.
— Você tem uma 'pincesa... princesa? — Taehyung sorriu com a gafe fofa da menininha, mas logo tossiu brevemente para se recompor.
— Princesa? Eu? Não, eu não tenho uma princesa. — meu tipo é mais um príncipe bonito, pensou em dizer, mas preferiu ficar calado.
— Por que? — perguntou confusa, deixando a cabeça tombar para o lado em um gesto extremamente fofo.
— Por que, o que? — Jihyo bufou com a lerdeza do professor, ele era fofo, mas ela era tão sem paciência quanto a mãe.
— Por que não tem uma princesa? — Taehyung abriu a boca surpreso com a pergunta.
— Eu não sei, só não estou procurando uma princesa. — Jihyo cerrou os lábios e olhou para baixo como se pensasse sobre aquilo.
— Você é um príncipe, Tio Tae. Tem que ter uma princesa. — Taehyung soltou uma risada anasalada com a inocência da criança. — Papai sempre diz que eu sou uma princesa também, se quiser eu posso casar com você.
— O que? — perguntou rindo, a garotinha parecia tão decidida a se tornar a princesa daquele príncipe que não via mal algum naquele plano perfeito. — Você é uma princesa sim, Jihyo. Mas você tem que achar um príncipe da sua idade, eu sou muito velho, e muito alto. Você não vai me querer como seu príncipe.
Taehyung estava se divertindo muito com aquela conversa, Jihyo parecia muito com sua sobrinha de 10 anos Eunjin, sem papas na língua e extremamente curiosa sobre tudo.
Com aquelas palavras, a pequena Jeon parou para refletir e no fim acabou fazendo uma careta ao concluir o pensamento.
— Verdade, você é velho como o papai. Não podemos nos casar, Príncipe Tae. Sinto muito. — Taehyung gargalhou em resposta.
— Tudo bem, Jihyo. Eu entendo.
A conversa super madura foi interrompida pelos burburinhos no lado de fora da sala, confuso Taehyung se levantou e se encaminhou até a porta e olhou no corredor as professoras todas reunidas em um canto cochichando entre elas sobre algo que parecia acontecendo na entrada na escola. Tudo começou a fazer sentido quando um homem virou o corredor ignorando os olhares das mães e professoras em volta que parecia querer devora-lo ali mesmo.
Taehyung estava se sentindo em um filme clichê onde um homem bonito começa a andar em câmera lenta e parece que ventiladores brotam do submundo para jogar os cabelos sedosos do dito cujo para trás. Neste caso, não tinha ventiladores, tinha apenas um homem absurdamente lindo vindo em sua direção com as mãos dentro dos bolsos da calça social, a camisa azul tinha os dois primeiros botões abertos e as mangas estavam dobradas até o cotovelo. O Kim poderia ver perfeitamente os músculos sobressaindo no pano e de repente sentiu-se ventilar com aquela visão dos deuses.
O rosto. Ah, o rosto. Mandíbula marcada, olhos grandes e absurdamente negros, cabelos tão escuros quanto a própria noite. Parecia um modelo em sua própria passarela.
Nunca acreditou em amor à primeira vista, mas começava a desconfiar daquilo que começava a sentir.
Entretanto, seu momento foi interrompido quando uma miniatura de gente passou por si na porta correndo e gritou para o homem.
— Papai! — Jihyo parecia mais feliz que o normal ao ver o pai ali.
Raramente Jeongguk vinha busca-la então era compreensível a alegria da criança. Jeongguk sorriu para a filha enquanto a pegava no colo e enchia de beijos sobre os olhares em volta.
— Mamãe não pôde vir busca-la então eu vim, vou te deixar na casa dela e voltar para o trabalho. — a garotinha mexeu a cabeça freneticamente em concordância. O Jeon mais velho colocou Jihyo no chão. — Pegue suas coisas.
— 'Tá bom. — respondeu animada, para logo em seguida pegar na mão do pai e começar a puxa-lo consigo. — Vem papai, você tem que conhecer o Príncipe Tae.
Sorrindo, Jeongguk acompanhou a cria até parar na frente do rapaz parado na porta, ambos trocaram um olhar um tanto bobo de primeira, o moreno sentiu-se um idiota.
— Tio Tae, esse é o meu papai. — Jihyo apresentava os dois como se fosse uma pessoa muito adulta, ambos os adultos apenas trocavam olhares e sorrisos meio incertos. — Papai, esse é o Tio Tae.
Jeongguk foi o primeiro a desconectar o olhar, coçou a garganta brevemente antes de montar um sorriso gentil e estender a mão para o professor.
— Jeongguk. — se apresentou, Taehyung parecia perdido na galáxia que o moreno possuía nos olhos, era lindo demais. E ele logo se lembrou do olhar profundo da pequena Jihyo, agora ele sabia de quem puxara. Se atrapalhando todo apressou-se em apertar a mão alheia e sorrir quadrado. — Então você é o famoso TaeTae. Olha, se eu já não sei tudo sobre você, logo saberei porque essa criatura não para de falar de você um só minuto.
Apontou com a cabeça para a filha que observava tudo encantada, seus dois príncipes preferidos se encontrando era um sonho realizado. Taehyung gargalhou em resposta, Jeongguk achou a cena a mais adorável que existia, o professor era tão bonito, tão simplesmente lindo que automaticamente chamou a atenção do moreno.
Fazia tanto tempo desde seu último relacionamento, depois do término com Jiyeon e o nascimento de Jihyo até tentou se envolver com outras mulheres ou homens — já que é assumidamente bissexual e com orgulho — mas nada que ia para frente, sempre tinha um empecilho. Com o tempo desistiu de tentar, ninguém mais conseguia chama-lo a atenção. Até aquele momento.
— Jihyo é muito adorável. — murmurou olhando fofo para a criança que sorriu com o elogio, adorava se mostrar igual a mãe. — Aliás, meu nome é Taehyung.
Jeongguk sorriu deixando os dentinhos grandes da frente ficarem amostra e as ruguinhas embaixo dos olhos transparecerem, Taehyung estava encantado. Não achava ser possível existir alguém tão bonito assim, achava Jihyo a coisa mais fofa que existia até ver o pai dela e ver que empatavam nesse quesito de maneiras diferentes.
Dava vontade de morder as bochechas cheinhas e rosadas da mini Jeon quando ela inflava ao estar emburrada, já o Jeon mais velho, Taehyung desejaria morder ele todo.
— Prazer em enfim te conhecer, Taehyung. — murmurou o moreno sorrindo.
Novamente aqueles olhares, que nenhum dos dois conseguia entender do porque se conectarem daquela maneira tão intensa, Jeongguk engoliu em seco ao perceber o clima rolando entre ele e o professor da filha.
Já Jihyo estava um pouco pensativa enquanto encarava o que acontecia na sua frente, ela poderia não entender muitas coisas que os adultos fazem, mas em seus livros tudo começa com uma troca de olhares, exatamente como aquele.
(...)
— Papai, podemos tomar sorvete de morango antes de ir ver a mamãe? — a pequena Jeon perguntou quando o carro parou em um semáforo, brincava distraída com o cinto de segurança da cadeirinha. Já seu pai parecia aéreo a tudo a sua volta, o rosto angelical do professor ainda estava em sua mente lhe tirando completamente o foco. — Papai!
— Oh, o-o que? — o jovem pai piscou assustado, olhou rapidamente para sua prole, mas fora obrigado a voltar sua atenção para frente quando o carro de trás buzinou indicando o sinal verde. — Pode repetir, querida?
— Podemos tomar sorvete? — Jeongguk respirou fundo.
— Se tomar sorvete agora, você não vai almoçar que eu sei, mocinha. — pelo espelho viu a filha bufar baixinho e deixar um bico emburrado tomar conta do rosto gordinho. Era fofo, mas era uma chantagem, sabia que ninguém conseguia dizer não quando ela fazia aquilo. — Olha, vamos fazer um acordo. Se você almoçar certinho quando chegarmos a casa da sua mãe, eu permito que você tome um sorvetinho.
É bem obvio que mesmo que ela não cumprisse aquele acordo, receberia o sorvete de qualquer maneira, tinha adultos babões ao seu redor que não sabiam dizer não. E com adultos babões manipuláveis, ele estava pensando justamente em Seokjin e Jiyeon, dois corações moles que sempre dificultam a vida dele em educar a pequena. É difícil quando os dois são duas crianças tanto quanto Jihyo.
— Acordo fechado. — a garotinha falou determinada, sorrindo feliz por saber que ganhará seu sorvete preferido mais tarde.
Ficaram em silencio por um momento, Jeongguk ouvindo apenas a filha balbuciando no banco de trás qualquer coisa que ele não entendia, até ela voltar a falar consigo.
— Papai. — chamou e recebeu um "hum" como aviso que era todo ouvidos. — Tio Tae hoje me disse que uma princesa pode ficar só com um príncipe.
Jeongguk olhou rapidamente para a pequena Jeon um pouco eufórico por ver ela falando do professor como sempre fazia. Agora que tinha um rosto a dar para aquele até então desconhecido, sentia-se tão encantado pelo carinhoso professor quanto sua filha.
— É mesmo? — ela balançou a cabeça freneticamente.
— Sim. Um príncipe pode ficar com outro príncipe?
Se Jeongguk estivesse com água na boca naquele exato momento com certeza já teria cuspido longe, em compensação, a saliva parou na garganta resultando em uma sequência de tosses, teve que diminuir a velocidade do carro senão bateria o veículo. Olhou para trás brevemente encontrando o olhar sereno e curioso da garotinha em si esperando a resposta.
Nas histórias que conta para ela, não existe essa de príncipe com príncipe, princesa com princesa, sempre são casais hétero e ter ela lhe perguntando sobre algo tão incomum no mundo no qual ela está acostumada pegou o pai de surpresa. Não era do tipo que achava errado abordar o assunto com uma criança, desde sempre ensinou a ela respeitar as diferenças independente de qual seja. O certo era sim lhe ensinar desde cedo que existe muitas formas de amor, e todas são válidas. Se ele precisasse usar os contos de fadas para abordar o assunto mais facilmente, ele faria.
— Se um príncipe amar outro príncipe, não há mal algum nisso. — respondeu calmamente sentindo o choque inicial se dissipar gradativamente. — Então sim, um príncipe pode ficar com outro. Alguns dirão que é errado, mas amar nunca é errado. Não acha isso também, querida?
O sorriso banguela da pequena aqueceu o coração de Jeongguk.
— Acho. — respondeu firmemente completamente satisfeita com a resposta do pai.
Bom, pelo menos agora precisaria de um plano para o que estava pensando. Para uma criança de 5 anos, possuía uma mente bem travessa para o bem de Jeongguk.
(...)
— Meu celular pifou, vou aproveitar que amanhã é meu dia de folga e mandar arrumar. Então se precisar me ligar, ligue no de casa, tudo bem? — Jihyo ouviu o pai falando para sua mãe quando a mulher veio busca-la para passarem o domingo juntas.
A garotinha curiosa parou no corredor que daria acesso para a sala de estar onde estava acontecendo a conversa e continuou ouvindo.
— Outro celular estragado? O que você fez dessa vez? — Jiyeon indagou fingindo irritação e Seokjin ao seu lado deu risada da cara emburrada de Jeongguk.
— Caiu na banheira quando fui arrumar o banho da Jihyo. A culpa não foi minha. — se defendeu arrancando risadas dos outros dois. — Culpe Namjoon por ficar me ligando a cada minuto porque não sabe achar as coisas sozinho e precisa de mim até para encontrar seus sapatos.
— Vocês dois são desastrados, não sei como aquela empresa não foi abaixo com vocês na gerência. — Seokjin falou rindo.
— Ninguém mais me respeita. — resmungou, Jiyeon e Seokjin se entreolharam e reviraram os olhos ao mesmo tempo deixando o mais novo ainda mais indignado. — Jihyo, não é para levar o guarda-roupa todo, sua mãe está com pressa.
Ouvindo o chamado, a garotinha deu um sobressalto e saiu de seu esconderijo segurando sua mochilinha com roupas e brinquedos reserva, vestia seu macacão jeans preferido por cima de uma camisa branca, e nos pés um tênis branco que Jiyeon precisou fechar os olhos ao se imaginar limpando a sujeira que a filha fará. Os cabelos negros estavam presos em um rabo de cavalo adorável e o sorriso travesso moldava o rosto infantil.
— Mas que garotinha linda é essa aqui. — Seokjin murmurou admirado, a pequena abriu um sorrisão correndo para o colo do padrasto que não hesitou em coloca-la sentada em sua perna enquanto era abraçado amavelmente.
— Eu fico um nojo quando olho para minha filha, tão linda e foi eu quem pari. — Jiyeon fala sorrindo convencida observando o marido e a filha brincando.
— Também tenho participação nisso aí, não esqueça disso. — Jeongguk fez questão de adicionar, recebendo um olhar de desdém.
— Detalhes a parte, querido.
— Não tem respeito nenhum com a minha pessoa mesmo. — resmungou o moreno, Jiyeon gargalhou.
Mais tarde, depois da curta conversa, Jihyo saiu com a mãe e o padrasto em direção ao parque onde fariam um piquenique enquanto Jeongguk aproveitava o pequeno momento de paz para tirar um tempo para si.
(...)
O plano era bem simples na cabeça da criança de 5 anos, ela fingiria uma dor na barriga, poderia dizer que foi algo que comeu, a direção ligaria para o pai e ele viria pega-la na escola, consequentemente iria se encontrar com Taehyung. Era apenas isso que ela queria.
Sabia que o pai não trabalharia naquela segunda-feira, e por estar com o celular estragado, atenderia apenas o telefone da casa. Era perfeito na cabecinha dela. Apenas queria ver o pai e o professor juntos de novo, talvez dar uma mãozinha para ambos interagirem por mais tempo. Com certeza se apaixonariam e assim ficariam juntos para sempre como nos contos de fadas.
Ela só não esperava que o pai estivesse no banho e não ouviria o telefone tocando, ela foi perfeita na atuação para o professor Tae, até fingiu chorar, faltou apenas se jogar no chão e implorar por ajuda. Taehyung atenciosamente a levou até a direção e lá ligaram para o pai da garotinha, o que não deu resultado nenhum, preocupando o professor e a diretora.
— Tem certeza que ele está em casa, Jihyo? — a mulher perguntou e a garotinha engoliu em seco.
— Papai não foi trabalhar hoje. — confirmou e a mulher respirou fundo olhando de Jihyo para Taehyung procurando uma solução.
— Ele não atende. — Taehyung olhava para a pequena com preocupação, adorava ela e vê-la com carinha de choro doía seu coração.
— E se levássemos ela para o hospital, de lá ligamos para o Sr. Jeon? — os olhinhos de jabuticabas se arregalaram em desespero.
Odiava hospital, nem doente de verdade estava. Quando a diretora abriu a boca para relevar a recomendação do professor, Jihyo não viu outra alternativa a não ser segurar a barriguinha e fingir um choro que assustou os dois mais velhos.
— Eu quero meu pai. — murmurou chorosa. Aquele talento em atuação tinha que ter sido herdado de Jiyeon, não havia outra explicação. A pequena diabinha ainda olhou para Taehyung e fez o biquinho que desmontava qualquer um. — Tio Tae, quero meu pai.
— Ai meu Deus. — sussurrou o acastanhado, a diretora era outra que não sabia o que fazer. Criança chorando sem parar era uma coisa que ninguém sabia lidar, mesmo profissionais no assunto. — Tudo bem, err... e se... e se eu levasse ela para casa?
No mesmo momento Jihyo cessou o chororô, olhava para o professor surpresa e feliz.
— Isso é antiético, Tae. Não posso deixar uma criança sair da escola sem ser com os pais ou responsável. — a diretora dizia calmamente, por mais triste que fosse ver uma criança chorando pelo pai daquela maneira, não poderia fazer algo que comprometa seu trabalho ou até mesmo a segurança da pequena.
— Eu sei, Sra. Choi. Eu entendo.
Jihyo poderia gritar para a diretora por destruir seu plano perfeito. Determinada, a garotinha parou ao lado do professor e puxou a barra do seu suéter com a mãozinha pequena chamando a atenção do mais velho.
— Tio Tae, me lava 'pro papai. Quero meu papai. — resmungou sôfrego. Taehyung olhou para a Sra. Choi como se pedisse permissão e a mulher teve que suspirar desistindo.
— Leve ela, explique toda a situação para o Sr. Jeon. Será a primeira vez e a última vez que permitirei uma coisa dessas. Estou deixando apenas porque confio muito em você, Taehyung.
— Obrigada Sra. Choi. — Taehyung se curvou em agradecimento e despedida e se virou para a garotinha chorosa, estendeu a mão para que ela pegasse. — Vou te levar, princesa. Vamos.
Jihyo reprimiu o sorriso quando pegou a mão dezenas maior que a sua, observou o professor pegando endereço com a professora, e foi levada para fora da escola. Já Taehyung, tentava reprimir a ansiedade por estar prestes a rever o homem bonito que roubara toda sua atenção no último encontro, e talvez tenha virado protagonista de vários dos seus pensamentos diários.
(...)
Taehyung trabalhava na escolinha a menos de 1 ano, mas era o bastante para saber da vida da metade das professoras e das mães que iam buscar seus filhos. Ele era rodeado por mulheres no trabalho, e mulheres que adoram muito falar da vida alheia. Não é surpresa para si saber tudo que envolvia Jeongguk, sua ex e mãe de Jihyo, já ouviu algumas professoras comentando sobre, não saberia explicar como elas sabiam com tantos detalhes sobre o relacionamento deles.
O fato era que ele sabia que Jeongguk não estava junto com a mãe de sua filha, até porque a mulher estava muito bem casada atualmente. O que lhe dava um certo passe livre para imaginar ter chances com aquele homem charmoso sem sentir culpa por estar pensando em um homem comprometido. Outro obstáculo, entretanto, era saber se Jeongguk era hétero ou não.
Outra coisa que vivia ouvindo pelos corredores, e que não saia das bocas femininas, era o quanto o pai da pequena Jihyo era bonito, um pai responsável e sonho de consumo de qualquer pessoa que queira formar uma família, mas ele tinha que admitir que não estava preparado para o que o esperava quando apertou a campainha da casa e quando a porta foi aberta um Jeongguk usando calça moletom e uma camisa branca apareceu roubando todo o ar do professor.
Ele parecia estar dormindo antes de atender a porta, os cabelos estavam desgrenhados, a cara amassada denunciando seu sono. Ele não parecia em nada o homem que as professoras descreviam, um empresário sério e que sempre tinha uma expressão séria no rosto — embora elas não saibam, mas ele faz questão de montar essa expressão exatamente para afastar os flertes descarados, o que não dá muito certo, na verdade atrai ainda mais, mas ele ainda não sabe disso. — Na verdade, Taehyung achou-o extremamente adorável com as bochechas vermelhas, os olhos inchados e o bico de quem teve o sono interrompido.
Porém, seu rosto mudou de confuso para surpreso quando olhou para Taehyung então para Jihyo no seu colo, com a cabeça deitada em seu ombro fingindo uma expressão de dor.
— O que aconteceu? ... querida. — a garotinha olhou para o pai e esticou os bracinhos para que ele a pegasse e foi o que ele fez imediatamente, tão preocupado com a filha que mal cumprimentou o professor.
— Ela estava reclamando de dores, queríamos leva-la no médico, mas ela começou a chorar pelo senhor, não sabíamos o que fazer já que não atendia o telefone. — Taehyung explicava rápido um pouco confuso com o que fazer enquanto Jeongguk levava a filha para dentro deixando a porta aberta, ele deduziu que era para entrar também e foi o que fez.
Jeongguk colocou a garotinha no sofá e se ajoelhou na sua frente enquanto a analisava dos pés à cabeça procurando alguma coisa que explicasse.
— Dores? Onde está doendo, querida? — perguntou atencioso, a menininha fingiu uma careta apertando a barriguinha.
— Minha barriga, papai. — Jeongguk respirou fundo já imaginando o que seria.
— Você comeu todos os doces que sua mãe te deu para levar, de uma vez só? — a garotinha parou para pensar um momento.
Na verdade, estava tão entretida em seu plano que mal se lembrara dos doces que sua mãe colocou em sua mochila para que ela comesse depois, ainda estava lá. Mas aquela desculpa serviria, em seu quarto mais tarde ela poderia comer tudo.
Assentiu lentamente, torcendo para que o pai não ficasse bravo consigo, como se ele fosse capaz de se enfurecer olhando para aqueles olhos enormes de bambi.
Taehyung estava parado na porta que dava acesso a cozinha, assistindo a cena mais adorável que já vira na vida, ele podia ver os olhos de Jeongguk brilhando para a filha, embora esteja morrendo de preocupação não parava de sorrir e passar os dedos grandes na bochechinha molhada da garotinha limpando os rastros de lágrimas.
— Eu acho que não é um caso de hospital. — ele falou desconfiado, Jihyo quase soltou um suspiro aliviado, ele olhou brevemente para Taehyung parado a uma distância considerável e explicou. — Ela sempre exagera nos doces e depois fica reclamando de dor de estomago. Um chazinho pode faze-la melhorar rápido.
— Seu chá é ruim, papai. — a garotinha murmurou descontente arrancando uma risada do professor e um olhar emburrado do pai.
— Mas te fará melhorar, isso ou vamos no médico. — Jihyo arregalou os olhinhos e se encolheu toda aceitando sua sentença depois de muito pensar, afinal um chá era melhor do que hospital. Jeongguk sorriu satisfeito. — Garota esperta.
Jeongguk se levantou do carpete que estava ajoelhado e respirou fundo enfim se dirigindo a Taehyung como devia, estava tão assustado com a filha aparecendo assim antes do horário e nos braços do professor, tinha certeza que algo havia acontecido e estava quase se desesperando.
— Desculpe-me não cumprimenta-lo devidamente. — falou estendendo a mão para Taehyung que não demorou a apertar sorrindo. — E obrigada por trazê-la, eu realmente não ouvi o telefone tocando.
— Tudo bem, Sr. Jeon. Jihyo está bem, acho que ela só precisava te ver mesmo. — murmurou rindo brevemente assim como o Jeon, ambos se encaravam de uma maneira que tiraria o folego de qualquer um, mas Taehyung cortou o momento ao dizer. — Bom, ela está entregue, acho que vou indo.
Jeongguk olhou brevemente para a filha, a garotinha que até então observava em expectativa os adultos desviou os olhos assim que percebeu ter sido pega no flagra. Bom, Jeongguk não via mal algum em querer conversar um pouco mais com o professor, além dele ser muito bonito e ter chamado sua atenção. Ele realmente queria uma chance de conhece-lo mais e talvez aquela seria sua única chance.
— Er... professor. — chamou quando o Kim já tinha virado as costas para andar até a porta, o mais velho se virou confuso para o moreno. — Aceita um pouco de chá? Como agradecimento por ter vindo trazer minha filha.
— Oh, mas não precisa agradecer, Sr. Jeon. — se apressou em dizer surpreso pelo convite inusitado.
— Eu insisto. — Jeongguk murmurou esperançoso.
Taehyung estudou os pós e os contras de aceitar o convite, ele não faria nada de errado em aceitar um chá de um pai agradecido, e ao olhar para a pequena no sofá lhe encarando tão esperançosa quanto o pai lhe deu vontade de rir, eles estavam literalmente fazendo a mesma expressão, e a semelhança de ambos deixava tudo ainda mais engraçado.
— Tudo bem, eu aceito. Mas me chame apenas de Taehyung, por favor. — pediu sorrindo, seu sorriso tinha um formato peculiar quadricular que encantava Jeongguk mais do que ele admitiria.
— Então me chame apenas de Jeongguk. — Taehyung riu baixinho.
— Justo.
Ambos sorriram um para o outro e por um momento o mundo parou apenas para aquele momento, Jihyo sentia que estava dentro de um de seus livros, vendo a cena onde os olhos do príncipe e da princesa se encontram e se apaixonam instantaneamente. Era mágico na concepção da criança.
— Vou fazer o chá da Jihyo. Por favor, Taehyung, fique à vontade.
O moreno correu para a cozinha para preparar o chá enquanto Taehyung ficou na sala com Jihyo, conversando sobre coisas que a mente infantil da criança projetava e ele respondia com toda a paciência do mundo, ela não parecia tão doente quanto parecia estar antes de chegarem ali, ele percebeu, estava muito falante, não reclamava de dor alguma e estava quase o arrastando para o seu quarto para lhe mostrar sua coleção de ursos de pelúcia. Jeongguk ouvia a animação da filha do outro cômodo, e sorria sempre que ouvia o professor respondendo como se estivesse entendendo tudo que ela falava.
Quando o moreno voltou para a sala já segurando o copinho da garotinha, encontrou Jihyo de pernas cruzadas em posição de índio, virada para o professor que dava risada de algo que ela mostrava em um livro, um de muitos que ficavam espalhados pela casa e sempre ficava à disposição da pequena.
— Parece que melhorou. — murmurou desconfiado, Jihyo arregalou os olhinhos por ter sido tão descuidada e esquecido completamente de continuar fingindo.
— Melhorei não, papai. — teimou a garotinha esperta que arrancava risos divertidos de Taehyung.
Aquela criança era uma figura, estava sempre aprontando e sentia que aquela dor foi apenas uma de suas travessuras, mas é claro que não ficaria bravo com a Jeon.
Observou calado Jeongguk entregar o copinho para a filha depois de checar senão estava muito quente, o olhar atento nunca deixava a pequena como se ela fosse derrubar o chá a qualquer momento e Taehyung achou aquilo adorável e engraçado. Jeongguk era tão cuidadoso e carinhoso que algo acabou se agitando em seu peito ao constatar que aquilo o deixava ainda mais encantado pelo moreno.
Ele amava crianças e conhecer alguém como Jeongguk, apaixonado pela filha lhe aquecia o coração.
A muito contragosto Jihyo tomou o chá que o pai preparara, a bebida quente pareceu deixa-la meio sonolenta e enquanto os adultos conversavam, ela acabou dormindo. Jeongguk pediu licença ao professor e pegou a filha no colo com cuidado para leva-la para sua cama, sobre os olhos atentos e deslumbrados do mais velho.
Quando ele voltou, Taehyung estava folheando um de seus livros de ficção que ficava na estante ao lado do corredor, sorriu distraidamente.
— Você ainda vai querer o chá ou quer outra coisa? — Taehyung se sobressaltou e sorriu sem graça por ter sido pego bisbilhotando. O professor deu de ombros.
— Pela cara que Jihyo fez ao beber o chá, não tenho certeza se quero arriscar. — brincou arrancando uma risada gostosa do moreno.
— Ela é uma exagerada igual a mãe dela, meu chá é ótimo. — se defendeu, Taehyung arqueou as sobrancelhas desconfiado e Jeongguk bufou desistindo. — Tudo bem, acho que um café cairá melhor.
Rindo, Jeongguk foi para a cozinha e Taehyung o seguiu não querendo ficar sozinho na sala esperando-o. Sentou em um dos bancos enquanto observava Jeongguk colocar a água para ferver novamente, dessa vez para fazer café.
Taehyung queria puxar assunto, queria conhecer o homem no qual se encantara tão rápido, e a única coisa ou alguém em comum que encontrou para conseguir começar um assunto era Jihyo.
— Jihyo é uma garotinha muito inteligente, você deve ser um pai orgulhoso. — era obvio que não dizia aquilo apenas para ter a atenção do homem para si, realmente gostava de Jihyo e seu jeitinho adorável de conseguir o que quisesse com qualquer um apenas piscando aqueles cílios negros enormes.
Jeongguk se surpreendeu com o elogio do professor, não deixou de corar ao olhar para trás e encontra-lo lhe fitando com um sorriso gentil nos lábios. Absurdamente lindo.
— E eu sou, Jihyo é a minha preciosidade. — falou orgulhoso, os olhos brilhavam ao falar da filha, como um bom pai bobão.
— E você é um ótimo pai. — falou sem pensar, quando recebeu o olhar surpreso do moreno em si tratou de completar. — Do jeito que Jihyo fala de você, ela te idolatra, te reconhece como sendo o príncipe dos contos de fadas que ela gosta, totalmente perfeito e um herói pronto para salva-la de tudo. Te garanto, Jeongguk. Você é um pai maravilhoso.
Jeongguk parecia envergonhado, abaixou o olhar para os próprios pés que estavam cobertos pelas pantufas fofas, realmente estava dormindo quando os dois chegaram, ele estava aproveitando a folga para descansar e nem teve tempo de se arrumar adequadamente para atender a porta. Não se importou, entretanto, com o que Taehyung acharia quando abriu a porta, estava preocupado com a filha, mas agora sentia a bochecha queimar ao constatar que todo esse tempo esteve na frente de um homem tão bonito quanto o professor Taehyung, de pijama.
— Bom, ela também diz que você é um príncipe. — brincou apenas para desviar a atenção do rapaz da sua repentina timidez. Pareceu funcionar, pois Taehyung deu risada descontraído.
— Ela só diz isso porque me acha bonitinho como os personagens dos livros. — respondeu divertido, o moreno balançou a cabeça acompanhando o homem enquanto terminava de passar o café e já procurava as xicaras para servir.
— Errada, ela não está. — falou e no instante seguinte se arrependeu, fechou os olhos com força e agradeceu por estar de costas e Taehyung não conseguir ver suas bochechas coradas. Jeongguk as vezes não conseguia segurar a própria língua, era muito sincero e isso com certeza ele passou para Jihyo, ambos não tinham freio ligando a língua e o cérebro.
Ele não viu, mas Taehyung abriu um sorriso de lado com a confissão escondida, sem querer deixou-se revelar que achava-o bonito. Não podia estar mais satisfeito.
— Eu admiro você, mesmo que não o conheça há muito tempo. — confessou, talvez fosse sua tentativa de deixar o moreno mais à vontade, ele notou os ombros tensos do homem de onde ele estava sentado, podia ver a vermelhidão em sua nuca e tinha certeza que aquela cor se estendia por todo o rosto bonito de Jeongguk, não queria constrange-lo.
— Hã? — Jeongguk virou-se de supetão totalmente confuso, timidamente deixou a xicara de café do professor na sua frente e ofereceu açúcar em um gesto que foi rapidamente negado, se sentou no banco ao lado esperando a explicação para tal fala.
— Ser um pai solteiro, cuidar de uma criança pequena com tanta atenção como você cuida, trabalhar, ainda arruma tempo para a filha mesmo com tantos afazeres. Qualquer um no seu lugar surtaria, pensaria que não pode dar conta. — o acastanhado falou rápido como se fosse perder a coragem a qualquer momento, Jeongguk por outro lado lhe encarava de um jeito estranho como se perguntasse como ele sabia tudo aquilo de si. Taehyung arregalou os olhos ao pensar que o moreno poderia imaginar que é um tipo de stalker. — Eu trabalho em uma escola onde eu sou o único homem, mulheres falam. Na verdade, falam muito, e com mais frequência do que eu gostaria ouvi falarem de você. O pai bonitão e solteiro que daria um partidão.
Jeongguk por fim acabou gargalhando com a frase final do professor. Já Taehyung sorria por vê-lo rir, pois era a cena mais bonita e adorável que já vira, Jeongguk parecia muito mais jovem do que deixava transparecer.
— Obrigada... posso te chamar de hyung? Eu acho que talvez você seja mais velho? — perguntou timidamente, os olhos de jabuticabas pareciam maiores quando estava curioso sobre algo e Taehyung precisou ajustar os óculos de armação preta no rosto em nervosismo, Jeongguk era tão bonito que o estabilizava facilmente.
— Eu tenho certeza disso... — brincou rindo. — Pode me chamar de hyung, Jeongguk.
— Oh, então... obrigada por tudo que disse, hyung. Mas eu posso ser sim um bom pai, porem eu não conseguiria sozinho, tenho muita sorte por ter amigos tão fieis ao ponto de me emprestarem dinheiro quando vinham que eu não tinha condição para comprar um leite, sem pedir nada em troca. E também tenho Jiyeon, ela é meio errada, mas é uma mãe maravilhosa e sempre dá tudo que ela precisa, inclusive amor. Então, eu acho que sempre tive o pé no chão porque sempre tive pessoas ao meu redor como suporte.
— Isso é... admirável. — Taehyung sussurrou deslumbrado, Jeongguk deu um sorriso contido, não tinha problema nenhum em falar aquilo para as pessoas, não tinha vergonha alguma de admitir que seus amigos, familiares e a mãe de Jihyo eram pontos cruciais na sua vida. — Fico me perguntando...
Jeongguk o olhou curioso. Taehyung engoliu em seco antes de terminar de perguntar sentindo o peito encher-se de coragem.
— Fico me perguntando como um cara como você ainda está solteiro. — soltou e sorriu contido quando viu os olhinhos se arregalarem, a boquinha carnuda e rosada entreabrir surpresa e as bochechas ganharem uma coloração rosada. Tomou do café escondendo o sorriso a cada gole.
— Bom... — Jeongguk soltou uma risada nervosa pela fala do mais velho, tomou do seu café para ganhar tempo então decidiu falar depois de um suspiro. — Depois que eu e Jiyeon terminamos e conseguimos estabilizar nossas vidas com o nascimento de Jihyo, eu tentei outros relacionamentos, no plural mesmo. Conheci algumas mulheres, mas era bem obvio que em mim elas estavam bem interessadas, mas na minha filha não, era como se quisessem que ela não existisse e isso eu não aceito, para ficar comigo, tem que também aceitar minha filha até porque ela é uma parte de mim também. Nenhum deles deu certo.
Outro suspiro, Taehyung ouvia atentamente.
— Quanto aos homens... — interessante, era o que Taehyung pensava, aquilo lhe interessava muito, saber que Jeongguk também possuía interesse em homens aumentava suas chances de 0% para 60%, o fato dele também lhe achar bonito aumentava mais 30%, totalizando 90% de chance. — Tentei alguns relacionamentos, mas sempre que eles descobriam que eu possuía uma filha caiam fora. Apenas um ficou mesmo depois disso, Hoseok hyung foi maravilhoso comigo e com Jihyo, mas acabamos seguindo rumos diferentes depois de um ano, somos bons amigos agora.
— Isso é um pouco decepcionante, perderam a chance de conviverem com um ser humaninho adorável. — comentou arrancando uma risada do moreno. — E claro, com o pai dela que é tão adorável quanto.
Sorriu de canto orgulhoso quando conseguiu a reação que queria, pele corada, lábios entreabertos e um sorriso contido enquanto abaixava o olhar para fugir dos olhos alheios. Sentia que o que estava fazendo era muito errado, Jeongguk era pai de uma de suas alunas, isso era meio antiético, mas não conseguia se segurar. Jeon Jeongguk era de tirar o folego.
Taehyung não fazia mais questão de esconder que estava sim interessado em Jeongguk e conforme os minutos, então horas se passavam ele começava a se soltar e rir dos flertes descarados do mais velho. Era engraçado, pois Taehyung parecia terrivelmente fofo com aquele suéter azul claro por cima de uma camisa social branca, os óculos pretos quadrados no rosto, os cabelos lisos e castanhos caindo na testa, entrava em contraste com seu jeito de agir perto de Jeongguk, sempre querendo lhe seduzir, lhe fazendo elogios a cada meio segundo e deixando bem claro o que queria.
A conversa se estendeu até as cinco horas quando Taehyung olhou assustado para a tela do celular e lá constava dez ligações perdidas de Yoongi lhe procurando, era provável que já estivesse na delegacia uma hora dessas. A muito contragosto precisou dizer a Jeongguk que precisava ir embora, e com um pouco de decepção o moreno o acompanhou até a porta. Aquela tarde divertida regada a conversas sobre a vida e talvez sobre alguns livros que ambos já tinham lido teria parado por ali se Taehyung não tivesse soltado a pergunta antes de entrar em seu carro:
— Seria muito precipitado e estranho se eu te convidasse para sair? — perguntou ansioso, os olhos cintilavam ansiedade e tudo piorou quando o que apenas recebeu foi um olhar esbugalhado e nada de resposta, deduziu que levaria um fora ali mesmo. — E-eu, olha... esquece, Jeongguk. N-não quis ser tão impulsivo assim... e-eu só... err...
Se auto interrompeu quando ouviu a risada gostosa de Jeongguk cortando o silencio, ficou um momento confuso até o moreno dar um passo à frente, tocar sua bochecha superficialmente e deixar um selo casto na pele macia.
— Eu aceito, Tae... — se afastou ainda sorrindo, agora era Taehyung que corava violentamente. — Você já tem o meu número, imagino?
— Sim, está no registro e talvez eu tenha decorado. — confessou envergonhado, Jeongguk riu.
— Então basta mandar uma mensagem para marcamos, hyung. — respondeu sorrindo, estava pronto para fechar a porta, mas não deixou faltar o: — Tchau, Taehyung.
— Tchau, Jeongguk.
Quando a porta se fechou ambos suspiraram em uníssono mesmo que não soubessem, ambos possuíam um sorriso contente nos lábios e uma chama pequena aquecendo seus corações de maneira lenta, porem avassaladora, era algum começo, mas que já estava fazendo bem para os dois rapazes. No caminho para o carro, Taehyung imaginou que talvez suas chances tenham aumentado de 90% para 100%.
Jeongguk estava entorpecido enquanto andava de volta para a cozinha, mas parou no meio do caminho quando percebeu uma coisinha pequena parada escondida em um cantinho no corredor, Jihyo usava seu pijama de coelhinho e estava abraçando o próprio corpo enquanto esperava o pai a notar.
— Querida? Já acordou? Está melhor da barriguinha? — perguntou carinhoso enquanto caminhava em direção a pequena, sorrindo quando ela ergueu os bracinhos num pedido mudo para ser pega no colo.
— 'Tá melhor, papai. — sua voz infantil saiu rouca por conta do sono, a carinha inchada e o cabelo desgrenhado denunciava seu sono bom, era tão fofa com suas mãozinhas minúsculas fechadas em punhos coçando os olhos enquanto bocejava ainda sonolenta.
Jeongguk sentou-se no sofá com a filha no colo, ela parecia tão confortável deitada em seu peito largo.
— O papai gosta do tio TaeTae? — a garotinha perguntou baixinho ainda meio grogue de sono, Jeongguk se surpreendeu com a pergunta repentina, mas não deixou de sorrir.
— Eu gosto dele, TaeTae é um cara legal, igual você me disse. — a garotinha sorriu banguela se levantando apenas para se sentar melhor de frente no colo do pai e assim encara-lo cara a cara, ou quase, pois nem tamanho ela tinha.
— Então é agora que o príncipe Gguk vai ficar com o príncipe Tae? — perguntou inocentemente, Jeongguk apenas riu nervosamente, imaginando que talvez a filha tenha ouvido alguma parte da conversa dos dois, mal sabia ele que a pequena estava com o plano super arquitetado na sua cabecinha.
— O que?
— O papai disse que príncipes podem ficar com príncipes. Então o papai pode ficar com o tio Tae. — ela tinha um ponto, Jeongguk pensou meio chocado por ver uma criança de cinco anos pensando assim.
Talvez minha filha seja um gênio? Tinha certeza que sim. — pensou Jeongguk.
— Caso acontecesse... do príncipe Tae e eu ficarmos juntos... — murmurou baixinho. — Você gostaria que isso acontecesse?
A garotinha pulou animada no colo do pai, o sono se dissipando do corpo pequeno gradativamente conforme sorria e batia palmas alegre. Jeongguk prezava muito a opinião da filha, ele sabia que se ela não gostasse de uma pessoa, com certeza não era boa pessoa e ele confiava no sexto sentido dela. Se ela gosta tanto de Taehyung, então é porque o rapaz fez por merecer toda sua confiança.
— Os meus livros estão chatos, papai. — resmungou depois de cansar de pular, Jeongguk riu da aleatoriedade da filha em mudar de assunto tão rápido. Mas quando ela completou seu pensamento e ele entendeu o que ela quis dizer sentiu o próprio peito se aquecer e aquele amor que sentia pela filha apenas aumentar, se é que era possível disso acontecer. — Não quero que o príncipe fique com a princesa dessa vez, eu quero que ele fique com outro príncipe e tenham um final feliz.
Jeon Jihyo era muito preciosa para esse mundo, Jeongguk tinha certeza disso. Enquanto apertava a pequena em seus braços e a enchia de beijos, Jeongguk sorriu lembrando que adoraria reencontrar o príncipe Tae novamente e talvez possam fazer juntos um conto de fadas diferente.
(...)
Espero que tenham gostado!
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Até breve!!
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