
Capítulo 11
— Então... Está entregue. — Comentei quando paramos em frente à porta do seu quarto.
Nosso jantar tinha sido agradável, para dizer o mínimo. Qualquer momento que passava acompanhado de Mabel era sempre muito bom. Trazia paz e certo conforto.
— Obrigada. Eu amei mesmo. — Agradeceu sorrindo.
Era impossível não sorrir também quando Mabel me olhava daquele jeito. Toquei sua bochecha e a acariciei suavemente.
— Agradeça aceitando meu próximo convite. — Sorri de forma galanteadora — Vou viajar amanhã pela manhã, mas não vou demorar muito, em dois dias estou de volta.
— Viajar para onde? — Perguntou interessada.
— Meu pai recebeu a carta de uma província aqui perto, mais ao sul. — Expliquei suspirando baixo — O rei pede que nós o ajudemos, ao que parece ele descobriu algo.
— Nossa! — Me olhou visivelmente surpresa — Então tome cuidado, por favor. — Pediu.
— Pode deixar. — Prometi segurando suas duas mãos — E quando voltar tenho planos para nós, uma vez que já aceitou meu convite... Acredito.
— Vou pensar no seu caso. — Fingiu pensar NA proposta.
— Sua impossível. — A puxei para um beijo rápido.
— Alexander! — Repreendeu olhando o corredor para checar se alguém tinha nos visto.
— O que? O perigo não lhe atrai? — Provoquei dando uma risada baixa.
— Boa noite príncipe. — Fugiu da pergunta enquanto entrava em seu quarto, não me dando a chance de responder.
Neguei com a cabeça e dei risada novamente.
Voltei pelo corredor e subi ao terceiro andar. Passei pelo quarto dos meus pais e vi a luz ainda acesa. Com certeza estavam acordados e quem sabe namorando.
Admirava a relação dos dois e imaginava algo parecido, ou igual. É obvio que sempre tive esse tipo de pensamento, mas agora era diferente porque toda vez que pensava no futuro, Mabel sempre estava presente. Não tinha a menor chance de ser outra pessoa. Ela era o que dava sentido a minha vida.
Entrei no quarto e comecei a desabotoar a camisa social, indo em direção ao banheiro. Estava precisando de um bom banho e de preferencia gelado, já que o momento recente com Mabel havia me deixado quente. Sai com a toalha enrolada na cintura e peguei o calção do pijama no closet. O vesti e voltei ao quarto. Desliguei a luz e deixei apenas a do abajur.
Deitei na cama com os braços atrás da cabeça e olhei para o teto. Sorri lembrando de nosso jantar no terraço e suspirei baixo. Era exatamente assim que imaginava o futuro, eu e Mabel juntos, para sempre.
***
Nós estávamos quase chegando ao palácio. Depois da breve visita a província vizinha estávamos finalmente voltando. Digo finalmente porque estava com saudades de casa, mais precisamente de alguém que me esperava lá. Sim, sei que foram apenas dois dias, mas sinceramente, para mim pareciam dois meses. Não sou exagerado, mas acho que era assim quando se está apaixonado. Você quer estar com a pessoa em todos os momentos.
— Então filho... Como andam as coisas com as garotas? — Meu pai perguntou fazendo com que desviasse os olhos da janela e o encarasse.
— Estão bem, na medida do possível. — Dei de ombros.
— Alguma já chamou sua atenção o suficiente? — Sorriu levemente.
Neguei com a cabeça e dei uma risada baixa. Sabia que ele estava, 'jogando verde para colher maduro', era mais do que claro para qualquer um que eu sentia algo por Mabel. Por mais que quisesse ser discreto, sabia que muitas vezes não conseguia. Em nossos cafés da manhã, almoços, jantares, me flagrava a olhando.
— Pode se dizer que sim. — Comentei dando de ombros.
— Sabe, foi assim comigo também. — Sorriu com a lembrança — Quando vi sua mãe pela primeira vez tive certeza sobre nós. Quando ela mesma ainda não sabia, eu já tinha certeza disso.
— Sei como é. — Confessei encarando minhas mãos.
Sabia que era Mabel. Meu coração dizia isso o tempo todo. Não a culpava por não ter sua certeza formada e imaginava o quão difícil devia ser para Mabel estar rodeada de outras garotas, ainda mais sendo testada. Não que eu achasse que precisasse disso, mas eram as regras, então tínhamos que segui-las. Porém era por pouco tempo, logo isso acabaria e finalmente ficaríamos juntos.
Quando finalmente chegamos a nossa província foi impossível conter um suspiro de alívio. Meu pai disfarçou, mas mesmo assim percebi sua risada baixa, com certeza minha impaciência era visível.
Assim que entramos no palácio ouvi a voz de Verônica dando comandos e meu coração deu uma pequena acelerada. Ouvi também os burburinhos baixos das garotas, mas minha mente tentava destacar uma única voz no meio delas.
Ignorei isso e subi a escada, indo até meu quarto. Tirei as roupas e entrei no banheiro, ligando o chuveiro. Deixei a água morna escorrer pelo meu corpo e fiquei alguns minutos parado, aproveitando aquela sensação de paz.
Quando estava pronto enrolei a toalha na cintura e segui ao closet. Escolhi um conjunto social cinza escuro e terminei de me vestir, calçando os sapatos. Penteei os cabelos tentando dar um jeito neles, mas como sempre desisti e deixei que fossem livres.
— Sai do quarto e segui pelo corredor. Bati levemente na porta do quarto dos meus pais e ouvi a voz calma da minha mãe autorizando que entrasse.
— Filho. — Sorriu assim que me viu.
— Como à senhora está? — Andei até ela e beijei carinhosamente sua testa.
— Melhor agora que meus amores estão em casa. — Confessou tocando minha bochecha.
A rainha com certeza era um exemplo de mulher. Sempre atenciosa e carinhosa com a família, além do povo de Thompson. Meu pai sempre deixou claro que acertou plenamente em sua escolha e eu também sabia que tinha acertado na minha.
— E o rei? — Perguntei no exato momento em que ele entrava no quarto.
— Vamos jantar? — Andou até nós e beijou rapidamente minha mãe, que corou levemente.
Dei uma risada baixa e assenti concordando. Saímos do quarto e seguimos juntos pelo corredor. Estávamos chegando ao segundo andar quando encontramos com Victor, ele havia voltado em outro carro junto com Jason.
Entramos no salão e nos acomodamos em nossos lugares. Alguns minutos depois ouvi o barulho dos saltos contra o piso e logo as garotas entravam. Assim que nossa presença foi notada elas fazem reverência e sentaram em seus lugares.
Quando todas estavam acomodadas imediatamente procurei por Mabel, que estava ao lado de sua amiga Alisson. Neste instante ela levantou seus olhos, que fatalmente encontram com os meus. Sorri discretamente e Mabel retribuiu, desviando-os logo em seguida. Sabia que estávamos dando bandeira, mas realmente sentia saudades dela.
O jantar foi finalmente servido e nós começamos a comer. Meu pai contava como havia sido na província vizinha e Jason fazia um comentário ou dois, que sempre resultava em risada nossa. Victor também participava as vezes. Ele era um cara legal, admitia isso, mas ainda não mudava o fato de que estava de olho nele e em suas intenções.
Quando nós terminamos a sobremesa foi servida. Vi o que era e no mesmo momento minha mente voou para o jantar com Mabel no jardim da minha mãe, um pequeno sorriso surgindo em meus lábios com a lembrança. Imediatamente meus olhos procuraram por ela, que me encarava. Sim, Mabel tinha se lembrado.
Comemos com calma e mais tarde quando havíamos terminado meu pai se levantou e olhou para todos na mesa. Quase instantaneamente o salão ficou em silêncio e nós o encaramos com atenção.
— Estive fora junto com o príncipe como todas puderam notar, mas nada que precise ser mencionado agora. — Sorriu discretamente — Apenas gostaria de lembra-las de que teremos mais uma eliminação em dois dias... Sei que as coisas estão indo um pouco rápido demais, mas sinto que não posso fazer nada a respeito. — Completou.
Todos nós o ouvíamos em silêncio e podia sentir um clima de tensão pairando no ar. Mas acho que era normal isso, afinal as coisas estavam mesmo andando rápido demais, porém era necessário. Com os ataques nós sabíamos que o povo ficaria receoso e ter a nova princesa escolhida faria com que esperança ressurgisse, ou algo do gênero.
— Nossa província precisa de uma nova princesa e futura rainha. Como todas percebem esse pobre rei está vendo a idade chegar, — Deu uma pequena risada — E sinto que temos uma grande rainha entre nós, tão boa quanto minha Elisabeth foi e ainda é. — Sorriu para minha mãe e segurou sua mão — Só queria dizer diretamente a todas que desejo boa sorte e espero que tenham um futuro brilhante.
Observei as garotas e era nítida a esperança no olhar delas, e de certa forma me senti mal. Queria poder ajuda-las de algum modo, mas não podia mais fazer nada a respeito. Meu coração já tinha decidido e seria impossível ir contra.
O rei agradeceu e desejou boa noite. As garotas fizeram outra reverência e saíram do salão. Me despedi rapidamente dos meus pais e caminhei em direção à saída do salão. Logo Victor estava ao meu lado subindo a escada.
— Mais duas eliminadas? — Me olhou de canto.
— Sim. — Confirmei suspirando baixo — As coisas estão se encaminhando para o final.
— A escolhida. — Pontuou como se fosse o anuncio de uma manchete.
— Tipo isso... — Comentei dando uma risada baixa.
Já estávamos quase no topo da escada quando ouvi algumas vozes femininas.
— Será que ele já sabe quem é a escolhida? — Perguntou uma delas.
— Claro que não, isso é uma decisão do príncipe. — Negou outra.
— Ou não... Quem sabe as coisas estejam mais manipuladas do que parecem. — Interveio outra e mesmo sem ver consegui sentir a malícia contida no comentário.
Terminei de subir a escada e encontrei com as garotas paradas mais ao meio do corredor. Olhei para Naomi e percebi que o comentário veio dela.
Já sabia de sua fama como desagradável, mas nunca quis julgá-la por isso. Até porque me sentia culpado o bastante por todas as garotas que estavam aqui e voltariam para casa, mas comentários como esse eram desnecessários.
— Acho que meu pai não gostaria de saber que vocês pensam assim. — Chamei a atenção.
Imediatamente elas se viraram em nossa direção. Eu e Victor estávamos parados entre o topo da primeira escada e da outra que levava ao terceiro andar.
Olhei para elas, me demorando um pouco mais quando encontrei com os olhos cor de mel de uma garota em particular. Mas logo me recuperei e voltei à dona do comentário, Naomi.
— Nós não... — Outra delas tentou justificar e quem sabe amenizar a situação — Desculpe. — Suspirou alto no final.
— Tudo bem Judite. –— A tranquilizei e a garota sorriu provavelmente feliz por lembrar seu nome — Só não acho esse tipo de pensamento saudável entre vocês. — Completei.
— Ok. — Concordou baixando os olhos.
— Que bom. — Olhei novamente para Naomi, que parecia envergonhada — Vocês podem voltar aos seus quartos. Boa noite.
Elas seguiram pelo corredor, porém desta vez em completo silêncio. Cada uma se dirigiu ao seu quarto e logo o corredor estava vazio novamente. Suspirei baixo e esfreguei meu rosto com as mãos.
— Ninguém disse que seria fácil. — Victor comentou batendo levemente em meu ombro em sinal de camaradagem.
— Não, ninguém disse. — Concordei e ouvi sua risada baixa — Você pode ir subindo, vou fazer algo antes. — Avisei notando seu sorriso sacana.
— Sei... — Comentou ainda sorrindo e se virou indo ao terceiro andar.
Desci ao salão principal e segui ao já bem conhecido destino. Olhei para cima e respirei fundo. O sacrifício valia a pena.
Como sempre apoiei meu pé na base da janela do primeiro andar e comecei a escalada. Suspirei aliviado assim que alcancei a grade da varanda do segundo andar. Passei uma perna com cuidado e depois a outra.
— Isso! — Comemorei baixo quando estava finalmente dentro.
Segui até as portas duplas de vidro e olhei por elas encontrando o quarto vazio. Abri com cuidado, sem fazer tanto barulho, e consegui ouvir o som do chuveiro ligado. Sorri e fechei novamente as portas, indo até a cama. Passei a mão pelo colchão até chegar ao travesseiro e em uma atitude boba, mas impulsiva, o cheirei. Lavanda.
Coloquei o travesseiro de volta no lugar e deitei na cama. Ajeitei os braços embaixo da cabeça e fiquei apenas olhando para o teto. O seu cheiro ainda em minha mente, o que só fazia minha vontade dela aumentar.
Ouvi o barulho da porta se abrindo e meus olhos foram imediatamente para o banheiro, de onde Mabel saia usando uma camisola azul clara. Com certeza era a visão do céu, ou melhor, do inferno, porque imediatamente o quarto pareceu ficar mais quente, ou quem sabe fosse só o sangue correndo rápido em minhas veias.
— Merda! — Mabel exclamou assim que me viu.
— Olha a boca. — Repreendi, mas confesso que estava me divertindo com a situação.
— O que está fazendo aqui? — Questionou ainda surpresa.
— Você sempre pergunta isso... E já sabe a resposta. — Sentei na cama.
Mabel desviou os olhos para o chão, mas mesmo assim consegui notar suas bochechas ficarem vermelhas, dando mais charme ainda a ela naquele momento.
— Vem cá! — Chamei baixo.
Mabel caminhou em minha direção e simplesmente não consegui desviar os olhos dela. Ela era linda, a mais linda que já havia visto.
Estendi a mão em um claro convite, que para minha sorte foi aceito imediatamente. A puxei levemente fazendo com que Mabel sentasse ao meu lado, bem próxima. Respirei fundo sentindo seu cheiro gostoso de pós-banho.
— Achei que ia demorar mais para voltar. — Sussurrou.
— Nós nos atrasamos, — Expliquei — Mas conseguimos chegar a tempo. Já estava louco de saudade. — A olhei intensamente.
— Você me deixa com vergonha falando assim. — Confessou mordendo o lábio.
— Você? Com vergonha? — Brinquei dando uma risada baixa e tocando seu rosto — Isso é adorável. — Completei sentindo a macies de sua pele.
— Hunf. — Bufou e revirou os olhos em desdém.
— Essa é a Mabel que conheço. — Confessei sorrindo.
Ela conseguia ser meiga e delicada ao ponto de me amolecer completamente, mas também conseguia ser geniosa e forte, me deixando orgulhoso e admirado, na verdade, Mabel me enfeitiçava e prendia completamente. Estava em suas mãos e qualquer pessoa notava isso.
Nos encaramos em silêncio por alguns minutos, não sei bem ao certo quanto tempo. Nossos olhos presos um no do outro e acho que ela podia ver minha alma. Desejei nesse momento que Mabel percebesse quanto era importante na minha vida. O quanto estava enraizada dentro de mim e que seria impossível conseguir tira-la.
— Já disse que você é linda? — Questionei me aproximando.
— Hoje ainda não. — Negou.
— Imperdoável. — Lamentei a beijando rapidamente.
— Alexander. — Sussurrou puxando levemente meus cabelos.
Ouvi seu suspiro baixo de contentamento quando aprofundamos o beijo. Minha saudade de Mabel era imensa, mas precisaria de semanas e meses para mata-la.
— Tudo bem? — Perguntei notando que agora ela me encarava.
— Tudo sim. — Afirmou sorrindo levemente — Só cansada...
— Verônica pegou pesado com vocês? — Sorri para tentar anima-la um pouco.
— Você nem imagina, — Deu uma risada baixa — Meus pés estão pedindo socorro. — Confessou.
Uma ideia imediatamente surgiu em minha mente e antes que Mabel conseguisse negar já havia puxado suas pernas, com cuidado é claro, fazendo com que seu corpo se deitasse na cama. Em seguida fiquei sobre Mabel e contendo minha vontade de devorar seus lábios imediatamente, apenas beijei sua testa carinhosamente. Desci ao seu nariz e finalmente os lábios, onde deixei um selinho demorado.
— Acho que posso fazer algo a respeito. — Comentei sentando no final cama.
Mabel me olhava com a testa franzida, com certeza não entendendo onde queria chegar com aquilo. Peguei então um de seus pés e coloquei em meu colo. Comecei a massageá-lo, fazendo com que um gemido baixo escapasse dos seus lábios.
Contive um sorriso presunçoso e apenas continuei a massageá-lo, olhando em seu rosto que demostrava a satisfação com aquele ato.
— Não precisa. — Negou tentando tirar o pé das minhas mãos, mas o segurei com mais firmeza mantendo-o ali.
Sabia que Mabel estava gostando, era nítido em seu rosto, mas com certeza estava com vergonha. Ela tinha dessas coisas. Em um momento estava toda solta e desinibida, então no seguinte estava tímida, parecendo uma gata manhosa.
— Deixe de ser chata. — Desdenhei como se fosse uma bronca — Me deixe cuidar de seus pés... Já que não posso cuidar de outros lugares. — Dei uma piscada divertida, tentando descontrai-la.
— Idiota! — Me empurrou com o pé que massageava.
Dei uma risada e ergui seu pé, beijando e a pegando completamente de surpresa. Seus olhos se arregalaram levemente e então voltei a massagear com calma. Podia parecer bobo ou até molenga da minha parte, mas só o fato de poder tocar seus pés já fazia com que um pouco da minha saudade se fosse. Acho que qualquer mínima parte sua que tinha, já era muito.
— Está bom assim? — Perguntei e Mabel abriu os olhos encontrando os meus.
— Muito bom. — Afirmou sorrindo preguiçosamente — Eu poderia dormir agora. — Confessou dando uma risada baixa.
— Então durma. — Incentivei enquanto começava a massagear o outro pé.
— Não diga isso duas vezes. — Brincou fechando os olhos novamente — Como foram as coisas?
— Bem. Meu pai esta com novas estratégias para proteger nossa província... Fica tranquila! — Expliquei a tranquilizando.
Sabia que Mabel se preocupava com esses ataques, nosso povo, o palácio e principalmente comigo. Conseguia notar isso no seu olhar todas ás vezes que tocávamos nesse assunto, mas não queria que ficasse assustada.
Estávamos fazendo o possível e quem sabe o impossível para que logo tivéssemos algum resultado concreto. Pegaríamos as pessoas que estavam por trás de tudo isso e enfim poderíamos viver em paz como antes.
— Se você estiver bem, estou tranquila. — Confessou abrindo os olhos.
Sorri controlando a vontade de enchê-la de beijos. Eu gostava muito de Mabel, isso era fato. Às vezes até me assustava com a intensidade das coisas, mas não conseguia refrear tudo que sentia. Era algo natural, como se as coisas tivessem que ser assim e acho que tinham mesmo, esse era o jeito certo. Mabel era o certo.
— Sabe de uma coisa? — Larguei seu pé e me deitei novamente sobre Mabel — Juro que tento me controlar e não parecer obsessivo, mas não estou conseguindo. — Confessei.
Encarei seus olhos cor de mel que sempre me prendiam. Era como se conseguisse enxergar o mundo através deles e quem sabe fosse isso mesmo, mas porque Mabel era o meu mundo agora. Me inclinei devagar e beijei seus lábios macios algumas vezes, em selinhos curtos.
Deitei ao seu lado na cama e a puxei para perto, fazendo com que meu braço servisse de travesseiro. Acariciei seu braço, subindo e descendo com a ponta dos meus dedos sem pressa. Senti Mabel se acomodar melhor e logo ouvi sua respiração baixa e ritmada.
Fiquei algum tempo ainda ali com ela nos meus braços. Confesso que sempre que estávamos assim tinha um enorme trabalho em deixa-la. Simplesmente porque minha mente teimava em dizer que ali era meu lugar, junto a Mabel.
Suspirei baixo e virei um pouco o rosto de um jeito que pudesse ver melhor o seu. Mabel dormia com um pequeno sorriso nos lábios e parecia calma e em paz. Era assim que sempre queria vê-la. Mabel me fazia um bem enorme e queria retribuir isso de todas as maneiras possíveis. A faria muito feliz e isso era uma promessa.
Alguns minutos depois levantei com cuidado. Deixei sua cabeça sobre o travesseiro e puxei o lençol, cobrindo seu corpo. Me inclinei colocando uma mexa do seu cabelo atrás da orelha e beijei sua testa com cuidado para não acorda-la.
— Boa noite, Ma Belle. — Sussurrei.
Então indo contra todas as minhas vontades e instintos caminhei até a porta. A abri com cuidado e olhei pelo corredor, encontrando-o vazio. Olhei mais uma vez para Mabel deitada em sua cama e sorri como um bobo apaixonado, o que era mesmo e não adiantava negar. Então suspirei baixo saindo do quarto. Fechei a porta e caminhei rapidamente pelo corredor, o mais silenciosamente que conseguia.
Subi ao terceiro andar e segui até meu quarto. Olhei para minha cama, extremamente grande no momento só para mim, lembrando de Bel dormindo. Com certeza a sua estava bem mais convidativa, mas seria por pouco tempo. Logo nós estaríamos juntos.
Esse pensamento me animou um pouco e sorri caminhando até o banheiro para tomar um bom banho. Amanhã teria um dia cheio e precisava acordar cedo. Vesti minha cueca e assim mesmo deitei na cama. Puxei o lenço até minha cintura e suspirei baixo relaxando.
Fechei os olhos e imediatamente a imagem de uma certa morena adormecida veio a minha mente. Com essa bela imagem finalmente peguei no sono.
***
Hoje era dia de eliminação e como sempre ele ficava mais corrido do que o normal. Pela manhã tomei o café no quarto, já que não seria servido no salão, pois as garotas estariam em função de se prepararem para a cerimônia e foram liberadas para passarem seu dia nisso. Depois passei o resto da manhã no escritório com meu pai, analisando a planta da nova escola que estávamos planejando construir no centro da província.
No almoço apenas eu, meus pais, Jason e Victor nos sentamos à mesa do salão. Vez ou outra meus olhos caiam sobre uma das cadeiras vazias, mais precisamente a que ela costumava sentar. Como será que Mabel estaria? O que estaria fazendo agora? Com certeza assim como as outras, ela estava se preparando.
Bel sempre conseguia ficar deslumbrante. Nunca me cansaria de dizer o quanto era linda, mas nestas noites quando a via descendo os degraus e entrando no palco, meu peito se enchia de orgulho. Mabel era visivelmente uma princesa.
— E o coração como está? — Jason perguntou.
Nós seguíamos para a sala de reuniões, onde dois assessores reais já nos esperavam para discutirmos alguns assuntos de política entre províncias.
— Está bem! — Afirmei olhando-o de canto — Não gosto de acabar com os sonhos de alguma garota, mas não tenho muita escolha.
— Você não tem nenhuma escolha meu camarada. — Negou com a cabeça, dando uma risada baixa.
— Nossa... Estou muito melhor agora. — Ironizei revirando os olhos.
— Precisando disque 8080-4004. — Brincou rindo da piada idiota.
Neguei com a cabeça e dei uma risada rápida. Jason adorava pegar no meu pé, sempre foi assim.
...
Quando era quase noite nós terminamos a reunião e pude enfim subir ao quarto. Ainda precisava tomar banho e me arruma para a eliminação de logo mais.
Enquanto estava sob a ducha fria tentei colocar os pensamentos em ordem. Já sabia quais eram as opções e esperava que conseguisse fazer isso da melhor maneira possível.
Sai do banheiro e fui ao closet vestir meu conjunto social preto. Em seguida coloquei a gravata, fazendo um nó, arrumando-a da melhor maneira que conseguia. Depois calcei os sapatos e tentei dar um jeito no cabelo.
Sai do quarto indo até minha varanda, olhando para o céu. Todas as vezes que vinha aqui me lembrava de Mabel. Seria loucura invadir o quarto dela agora? Balancei a cabeça e dei uma risada baixa.
É obvio que seria loucura Alexander, que ideia idiota. Pensei.
Mas quando se tratava de Mabel nunca conseguia pensar direito. Ela meio que bloqueava qualquer pensamento racional que pudesse passar pela minha cabeça.
Voltei ao quarto e peguei meu paletó, o colocando. Respirei fundo e enfim sai do quarto. Adiar estes momentos não ajudaria em nada e nem poderia fazer isso.
Desci ao primeiro andar e assim que cheguei ao salão principal encontrei com meu pai conversando com Victor. Caminhei até eles e sentei em uma das poltronas vazias.
— E mamãe? — Notei sua ausência.
— Ela já vem. — Meu pai avisou e assenti concordando.
— Preparado? — Victor perguntou.
—Mais ou menos. — Dei uma risada baixa e meio nervosa.
— Vai dar tudo certo filho. — Meu pai assegurou dando um sorriso calmo.
— O senhor também ficava assim nas suas eliminações? — Perguntei curioso.
— Parecia que teria um ataque cardíaco a qualquer momento. — Confessou fazendo com que nós déssemos uma risada alta — Mas aí quando sua mãe entrava... Percebia que tudo fazia sentido. — Completou sorrindo genuinamente.
— Entendo. — Lembrei de todas às vezes em que via Mabel e simplesmente todas as minhas preocupações e incertezas sumiam — Entendo perfeitamente! — Afirmei com convicção.
Olhei para meu pai e recebi seu olhar cúmplice. Saber que ele tinha passado pela mesma situação já me tranquilizava mais. Não que tivesse dúvidas. Mabel era a mulher da minha vida.
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