
Capítulo 10
Depois de conseguir despistar Victor no terceiro andar, desci novamente e segui ao jardim para mais uma escalada noturna. Só torcia para que ninguém nunca me visse fazendo isso. Seria complicado achar uma desculpa que justificasse essa minha loucura.
— Está ficando bom nisso. — Mabel comentou apontando com a cabeça em direção da varanda.
— Nós fazemos o que podemos. — Sorri e ela assentiu concordando.
— Quer falar comigo? — Perguntou me olhando.
— Sim. — Concordei.
— Se for sobre Naomi saiba que não vou tolerar o desres... — Começou a falar, mas não lhe dei tempo para que terminasse.
Caminhei até Mabel e a puxei pela cintura, já buscando sua boca. Não queria ouvir suas justificativas para não gostar de Naomi, na verdade, acho que podia até imaginar os motivos. Tinha convivido o mínimo possível com a garota para saber que ela podia ser bem inconveniente quando queria, e até quando não queria.
— Sabe que esse é um bom jeito de calar uma pessoa? — Comentou quando nos separamos em busca de ar.
— Na verdade, é uma boa desculpa para beijar você. — Confessei mordendo levemente o seu pescoço.
Vi sua pele se arrepiar e sorri com isso. Sabia que ali era seu ponto fraco e estava usando de propósito, assumo. Minha boca subiu até sua orelha e depois desceu ao ombro.
Caminhei junto com Mabel em direção à cama e a empurrei com cuidado para que se deitasse. Coloquei meu corpo sobre o seu enquanto minha boca percorria seu pescoço e ombro, aproveitando o máximo que podia e conseguia.
Sua respiração era irregular e levantei a cabeça a olhando. Nós nos encaramos por alguns minutos, perdidos um no outro, até Mabel colocar as mãos em meus cabelos e puxar para mais um beijo. Uma das minhas mãos que estava em sua cintura, sem que percebesse já começava a descer e encontrava a fenda da sua saia, que deixava exposta parte da coxa. Ouvi um gemido baixo escapar de Mabel e apertei levemente sua carne macia.
Nossas línguas já não se acariciavam mais e sim disputavam espaço uma na boca do outro. Nós buscávamos satisfazer nossos desejos. Subi minha mão que ainda estava em sua cintura, até chegar a lateral dos seus seios. As coisas estavam esquentando, sabia disso, mas não conseguia parar. Mabel era meu vício.
— Alexander. — Mabel chamou minha atenção.
— Hm... — Murmurei.
— Alexander. — Chamou novamente, mas desta vez com mais firmeza.
Levantei a cabeça e nossos olhos se encontraram. Nossas respirações estavam mais aceleradas. Então lentamente comecei a abaixar sua perna, que já estava engatada em minha cintura.
Sai de cima de Mabel e sentei ao seu lado na cama. Fechei os olhos e passei a mão pelos cabelos, ainda tentando fazer a respiração voltar ao normal. Respirei fundo e abri os olhos novamente.
— Desculpe. — Sussurrei a encarando — Acho que passei um pouco do limite. — Confessei.
— Não é como se eu não tivesse participado disso. — Revirou os olhos.
— Com certeza você participou. — Concordei dando risada.
— Idiota! — Retrucou desviando os olhos para a varanda.
— Ei estressadinha. — A puxei para mais perto.
Mabel revirou os olhos novamente, me fazendo dar risada enquanto roubava um beijo rápido.
— Então, você tinha vindo falar comigo... — Lembrou.
— Na verdade, era uma desculpa, só queria te ver. — Confessei sorrindo.
Mabel ainda estava com os lábios inchados pelo beijo e podia ver algumas manchas meio vermelhas em seu pescoço. Só rezava para que não ficassem marcas amanhã, pois seria complicado explica-las. Tinha que começar a me controlar mais.
Olhei seu rosto e notei a expressão pensativa. Com certeza alguma coisa passava em sua mente agora e bem que queria saber o que era.
— Um beijo. — Falei de repente.
— Como? — Franziu a testa.
— Um beijo pelos seus pensamentos. — Expliquei sorrindo.
— Desculpe, mas esses não estão à venda. — Deu de ombros.
— E minha curiosidade, como fica? — Fingi estar bravo.
— Fica aí, com você. — Sorriu docemente.
Essa garota sabia como provocar. Mabel sempre me instigava a querer saber mais sobre ela, descobrir mais. Parecia que nunca tinha o bastante. Não quando se tratava dela.
— Malvada. — Acusei a puxando e fazendo com que viesse parar sentada em meu colo, com uma perna de cada lado.
— Calunia! — Negou me olhando.
Segurei sua nuca e nossos rostos. Mordi seu lábio inferior e a beijei em seguida. Beijar Mabel era tão bom. Nosso encaixe era perfeito.
— Ok! Acho melhor ir. — Avisei assim que as coisas começaram a se animar novamente entre nós.
Mabel assentiu concordando e então antes que desistisse, levantei da cama e a coloquei sentada no meio dela. Beijei sua testa e depois o nariz.
— Até amanhã. — Se despediu sorrindo.
— Até amanhã, Ma Belle. — Falei quando já estava na varanda.
A olhei mais uma vez e então fechei as portas. Desci rapidamente e pulei pelo último galho. Assim que estava em pé vi um dos guardas se aproximando e revirei os olhos. Ótimo! Tudo que precisava.
— Alteza. — Fez a reverência.
— Está tudo bem. — Assegurei olhando-o melhor.
Era óbvio que o reconheceria. Jerremy. O guarda que estava sempre, ocasionalmente, onde Mabel estava. Bom, pelo menos ele com certeza viu de onde vim, de qual varanda tinha decido e esperava que isso mostrasse que não, Mabel não estava disponível, nem para ele e nem ninguém.
— Que bom. — Comentou olhando para os pés.
— Pode voltar ao seu posto. — Avisei e ele assentiu concordando enquanto voltava ao seu posto.
Segui pelo jardim e entrei novamente no palácio. Subi a escada indo ao terceiro andar. Precisava tomar banho e uma boa noite de sono. Essas eliminações estavam sendo mais agitadas do que pensei, mas pelo menos a de hoje terminou de um jeito bom. Muito bom.
***
Já era quase hora do almoço. Tinha passado a manhã checando os livros de distribuição de renda do centro da província. Meu pai tinha a mania de ter sempre tudo organizado, na verdade, era bom e o admirava por isso.
Quando já havíamos terminado ele perguntou por minha mãe a uma das criadas. Ela avisou que a rainha estava no jardim vendo as novas flores e juntos nós fomos até lá. Minha mãe sempre gostou muito de flores, tanto que tinha um lindo jardim de inverno. Presente de meu pai.
— Querida. — O rei chamou sua atenção.
— Oi. — Minha mãe sorriu.
Ela nos mostrou animada as novas bromélias que estavam sendo plantadas e meu pai sorriu elogiando-as. Conversamos rapidamente com o jardineiro e nos despedimos, voltando ao palácio.
— E Victor? — Perguntou.
— Ele disse que iria ficar na biblioteca lendo essa manhã. — Expliquei e ela assentiu concordando.
— Bom, acho que ele mudou de planos. — Meu pai comentou e o olhei sem entender.
Antes que pudesse perguntar o que queria dizer com aquilo, ouvi algumas vozes se aproximando.
— Ah, aí estão vocês... — Minha mãe exclamou.
Olhei para frente e encontrei Mabel vindo em nossa direção junto com Victor. Os dois estavam molhados e franzi a testa olhando de um para o outro. O que tinha acontecido?
— Oi. — Victor quebrou o silêncio.
— Estávamos preocupados com você. — Minha mãe avisou.
— Fui caminhar um pouco e encontrei Mabel. — Explicou olhando para Mabel e sorrindo.
— Andar ou nadar? Estão molhados... — Minha mãe o questionou enquanto os analisava.
Mabel olhou para a rainha e depois para mim. Seus olhos estavam um pouco arregalados e ela parecia não saber o que dizer. Acho que ia precisar ter aquela conversa com Victor, só para prevenir.
— Mabel caiu no lago e pulei para ajudá-la. — Victor explicou — Sou um cavalheiro, vocês sabem. — Completou brincando.
— Nossa, se machucou querida? — Minha mãe questionou visivelmente preocupada.
— Não senhora, estou bem... Graças a Victor. — Negou olhando-o de canto.
— De nada. — Victor deu de ombros.
— Bom, já está quase na hora do almoço. Deveria subir e se trocar Mabel. — Minha mãe sugeriu sorrindo.
— Sim, vou fazer isso. — Mabel concordou — Obrigada Victor... Até. — Se despediu e seguiu de volta ao palácio.
— Você também querido, devia se trocar. — Minha mãe disse a Victor, que assentiu concordando.
— Vou fazer isso. — Concordou também indo em direção ao palácio.
Suspirei baixo assim que Victor tinha ido. Precisava realmente falar com ele. Não iria brigar nem nada, mas sim deixar as coisas esclarecidas. Nunca fui uma pessoa insegura, também não era isso, mas queria deixar claro toda essa situação.
...
Depois do almoço meu pai chamou novamente para o escritório. Precisávamos terminar o último livro e então ele os mandaria para o cartório, pois precisavam ser carimbados.
Nós acabamos demorando mais do que o previsto e quando havíamos finalmente terminado já era de tarde. Minha cabeça doía e não estava nem um pouco a fim de jantar junto com todos. Precisava relaxar e tinha uma ideia de como faria isso.
Subi ao quarto de minha mãe sabendo que a encontraria lá, provavelmente lendo. Assim que me viu ela o largou, me chamando para sentar ao seu lado. Contei meus planos e ela sorriu concordando. Dei um beijo em sua bochecha e sai do quarto, parando uma das criadas que estava passando por ali. Pedi que prepare algo para mim e segui até o quarto.
Tomei um banho rápido e vesti outra roupa. Penteei os cabelos e desci ao salão principal. Sabia que as garotas estavam lá, ou melhor, Mabel estaria lá.
— Com licença. — Chamei a atenção.
Todas as garotas se viraram imediatamente e olharam para a porta onde eu estava parado. Percorri o lugar com os olhos até encontrar quem procurava. Dei um pequeno sorriso e virei em direção a Verônica.
— Desculpe interrompe-las. Só queria saber se Mabel aceitaria minha companhia neste final de tarde. — Expliquei voltando a olha-la.
Mabel me encarava surpresa e segurei uma risada com a sua reação.
— Mabel? — Verônica a chamou.
— Claro. — Concordou parecendo voltar a si.
Devagar ela levantou e caminhou em minha direção. Estendi a mão e Mabel prontamente a aceitou. Dei um beijo rápido no dorso e sorri a olhando. Me despedi então das outras garotas e juntos nós saímos do salão, seguindo em direção a escada e subindo ao terceiro andar.
— Onde estamos indo? — Perguntou curiosa.
— Quero te mostrar uma coisa. — Encarei seus olhos.
Esperava que a criada já tivesse conseguido fazer tudo que pedi.
Segui pelo corredor e finalmente chegamos ao meu quarto. Abri a porta e dei espaço para Mabel entrar.
— É lindo. — Elogiou olhando tudo com atenção.
Andei até a escrivaninha e peguei a chave que precisava, voltando até Mabel.
— Obrigado. — Agradeci sorrindo — Mas não é isso que quero lhe mostrar.
— Não? — Sussurrou surpresa.
— Vem! — Chamei pegando sua mão, puxando de volta ao corredor.
Seguimos até o final e peguei a chave, abrindo a porta existente. Então ainda com as mãos unidas nós começamos a subir a escada que havia ali, chegando a outro corredor. Estávamos agora em frente a mais uma porta, que abri e revelei outra escada, porém está era mais íngreme.
— Onde estamos? — Mabel me olhava desconfiada.
— Vem! — Chamei novamente e indiquei a escada.
— Vamos subir? — Perguntou meio indecisa.
— Sim. — Concordei sorrindo — A dama primeiro... — Gesticulei para a escada.
— Estou de vestido. — Avisou arqueando uma sobrancelha.
— Não vou olhar. — Prometi.
Até parece que a desrespeitaria desse jeito. Mabel era uma dama e como tal a trataria, sempre.
— Acredito! Vai... Você primeiro. — Me empurrou levemente.
Bufei baixo, mas não a contrariando comecei a subi-la. Quando já estava no topo abri a porta de madeira que tinha ali e passei por ela. Me virei estendendo a mão a Mabel, que acabava de chegar também ao topo.
— Nossa! — Exclamou assim que viu onde nós estávamos.
Era o jardim de inverno da minha mãe. Meu pai havia dado a ela quando completaram dez anos de casados. Minha mãe adorava flores e tudo relacionado a terra e natureza. Isso me fez pensar imediatamente em Mabel. Sabia que gostava disso também e que a lembrava de seu avô, ao qual era bem apegada.
— É da minha mãe. Ela adora esse lugar. — Expliquei sorrindo.
— É maravilhoso. — Confessou retribuindo o sorriso.
— Que bom que gostou. — Dei de ombros.
Confesso que por dentro estava comemorando e dando pulos. Queria surpreende-la e acho que consegui, pelo menos parecia que sim.
— Sua mãe não ficará brava de me trazer aqui? — Perguntou preocupada.
— Não, eu pedi permissão... Contei que você gostava de plantas e do jardim, então ela disse que podia trazê-la aqui. — Expliquei a olhando.
— Sua mãe é uma mulher muito boa. — Sorriu.
— É, ela é sim. — Concordei encarando as flores brancas perto de nós — Tenho muito orgulho dela. — Confessei.
— Eu vejo. — Mabel afirmou.
— Ela gosta muito de você. — Encarei seus olhos.
— Mesmo? — Questionou visivelmente surpresa — Ela disse algo?
— Nós conversamos sobre toda essa convocação, — Comentei dando de ombros — Ela tem afeto por você... E já me disse que é a mais linda. — Completei sorrindo.
Vi suas bochechas ficarem rosadas a deixando ainda mais bela.
— Sabe de uma coisa? — Perguntei de repente — Concordo plenamente com ela... Você é linda. — Completei quase em um sussurro.
Coloquei uma mecha do seu cabelo para trás dos ombros e circulei sua cintura com um dos braços. Mabel segurou em meus ombros e aproximei nossos rostos, encostando minha boca na sua.
Mabel suspirou baixo e a puxei para mais perto, aprofundando nosso beijo. Minha língua tocava a sua com calma. Nós nos beijamos por alguns minutos, um aproveitando o outro.
Quando terminamos fiquei lhe dando pequenos selinhos nos seus lábios.
— Queria conversar uma coisa com você... — Mabel comentou meio receosa.
— O que? — Acariciei sua bochecha com a ponta dos dedos.
Sua pele era tão macia e convidativa, tinha que me controlar muito quando estava perto dela.
— É sobre os ataques. — Avisou e imediatamente meu corpo ficou tenso — Estou preocupada com você. — Explicou rapidamente.
— Comigo? Por quê? — Franzi a testa em confusão.
— Já sei que querem acabar com as províncias e principalmente Thompson. — Confessou me surpreendendo.
— Como sabe disso? — A olhei desconfiado.
Alguém havia contado isso a Mabel. Afinal como ela saberia disso quando eu e papai ainda não tínhamos certeza realmente. Era apenas uma hipótese e por enquanto a mais perto de ser possível.
— Isso não importa, estou falando da sua segurança. — Tentou desviar o assunto.
Então como se tivessem apertado um botão, um nome surgiu em minha cabeça, piscando em neon.
— Foi Victor, não foi? — Soltei Mabel e fechei minhas mãos em punho ao lado do corpo — Vou pegar aquele... — Comecei.
— Alexander, me escuta. — Deu um passo em minha direção.
— Ele não tinha o direito de fazer isso, te expor desse jeito. — Afirmei indignado.
Victor estava passando dos limites, agora era oficial. Precisava mesmo conversar com ele. Por alguns pingos nos is.
— Ele não fez por mal, ok? — O defendeu — Só estou preocupada com você.
A olhei por alguns minutos. Mabel não tinha culpa, estava apenas tentando ajudar. Não que tivesse muito a se fazer, mas conhecendo-a já sabia que seria impossível não se meter nisso. Suspirei baixo e voltei a abraça-la.
— Não quero que corra mais risco do que está correndo. — Confessei quase em um sussurro — Me preocupo com você, já disse isso.
— Eu sei e me preocupo com você também. — Pegou meu rosto entre as mãos.
— Gosto tanto de você Mabel. — Sussurrei contornando seus lábios com a ponta do indicador.
— Eu também Alexander. — Confessou.
— Queria que as coisas fossem mais fáceis. — Lamentei suspirando baixo.
— Eu também. — Concordou me puxando para mais um beijo.
Nós ficamos ali alguns minutos apenas nos beijando. Vez ou outra descia a boca pelo seu pescoço, distribuindo alguns beijos e em alguns segundos ousados chupando-o levemente. Nada que deixasse marcas, é claro.
— Já deve estar na hora do jantar. — Comentou depois de mais um de nossos beijos quentes.
— Eu sei, mas nós não iremos jantar. — A olhei sério.
— Não? — Questionou surpresa.
— Não com todos os outros. — Expliquei dando de ombros.
— Onde então? — Franziu a testa confusa.
— Aqui. — Peguei novamente sua mão.
A levei em direção ao centro do terraço. Ali havia uma espécie de ilha circulada por um lago artificial. Era emoldurada por vários pilares brancos, que protegiam a mesa que pedi para ser preparada.
Sorri ao ver que tinha dado certo e a criada conseguiu fazer tudo. A mesa estava posta para duas pessoas, então puxei a cadeira para que Mabel sentasse e ocupei o lugar a sua frente.
— Espero que goste. Sinceramente não sabia o que você gostava. — Confessei meio constrangido.
— Qualquer coisa que você fizer eu vou amar. — Afirmou sorrindo.
Destampei a bandeja que estava no centro da mesa e confesso que o cheiro da comida estava realmente bom.
— Quer que lhe sirva? — Sorri levemente.
Mabel assentiu concordando e rapidamente peguei o prato para servi-la. Mabel colocou um pouco de comida na boca e mastigou com calma. Depois de alguns minutos em silêncio me olhou e deu uma risada baixa.
— O que? — Perguntou.
— Está bom? — A olhei em expectativa.
— Alexander, relaxe. — Tocou minha mão sobre a mesa — Está tudo perfeito.
Respirei fundo e assenti concordando Era bobeira minha mesmo, mas queria agrada-la. Queria que Mabel tivesse a mesma certeza sobre nós que eu já tinha. Precisava disso!
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