Eu te protejo
O homem atrás de Rodrigo aponta o seu cajado e uma enorme rajada de fogo sai de sua ponta. O lobo acolhe as duas com as suas costas, o golpe de labaredas o faz ranger de dor enquanto as brasas voam para longe das garotas.
Aurora teme o pior para seu amigo.
Assim que a rajada se extingue, o lobo salta em direção ao mago. O cachorro sombrio, que avistou na floresta, o defende, fincando as suas presas nas costelas de Baal, e se jogando com ele para dentro da pousada.
Rodrigo vai em direção às garotas e novamente levanta a sua espada, visualizando Aurora caída no chão. A menina fecha os olhos com a movimentação rápida do gládio do soldado. Porém, um barulho a faz abri-los novamente. Vê a lâmina de Rubi segurando toda a voracidade do homem.
— Não deixarei que encoste nela — diz enquanto se ergue para lutar contra ele.
— Um Hast, é? O seu sangue é muito fresco, deve ser de um clã especial — diz o cachorro com os dentes ainda fincados, Baal tenta tirá-los, mas não consegue devido à força do animal.
— O que é você, criatura? — A voz do lobo sai fraca e babada pela saliva que se expõe em sua boca. O cachorro o joga para fora da pousada. O arremesso forte o faz bater em uma casa com estrutura de concreto, quebrando parte dela. O mago, ao ver a facilidade com que o cão moldado pelas sombras está derrotando seu inimigo, começa a caminhar para perto das garotas.
Os manejos de batalha astutos de Rubi não conseguem fazer com que ela ganhe de seu adversário. Mesmo com agilidade e passos rápidos, como se dançasse enquanto luta, não é capaz de ultrapassar as pancadas grosseiras que Rodrigo dava em sua espada.
O soldado corta Rubi, um golpe que passa superficialmente de maneira transversal em seu corpo, deixando Aurora super assustada. A espadachim então repara no olhar fixo do mago sobre a maga aprendiz.
Quando Rubi tenta falar para que ela fuja, um soco é desferido na sua cara, fazendo-a cair no chão. Desnorteada e zonza, aos poucos se ergue, com as pernas cambaleando, para se pôr na frente de Aurora mesmo sem base nenhuma.
— Fuja, Rubi! — diz Aurora com medo.
— Cala a boca! — responde a espadachim. — Eu disse que não sairia do seu lado nunca mais! — Ela se põe em posição de combate.
O soldado volta a batalhar contra Rubi. O trocar de espadas se torna mais violento a cada badalar. Faíscas saem enquanto o sangue da garota é cada vez mais exposto.
Seu olhar aos poucos fica turvo e os movimentos mais lentos, até perceber que só consegue se defender dos golpes brutos de Rodrigo, que ri a cada ataque.
— Vamos, menina! Entretenha-me! — A voz nojenta dele ecoa em sua mente. Quando ela olha para o lado, o cajado do mago está na frente da cabeça de Aurora, uma bola de fogo começou a surgir.
— NÃO! — É a única coisa que Rubi consegue gritar.
Até que o mago se sente à beira da morte. Ele percebe que a sua pele branca está sendo rasgada no pescoço, e uma mão estranha entra cada vez mais fundo. Olhando para cima, vê Baal com uma das mãos perfurando o seu corpo.
Baal está ali, com os pés apoiados no quadril do mago. Enquanto que, com suas mãos, enfia as garras pontiagudas no pescoço frágil do homem velho. No trapézio do lobo, o cão sombrio o morde com violência, e seu olhar amarelado transmite o desespero de tentar parar o Hast, contudo, sem muito sucesso. O lobo passa um terror imenso.
— Me entretenha... Humano. — Baal puxa com toda a força, arrancando a cabeça do homem de seu corpo. O sangue jorra em todos que estão presentes. O cachorro sombrio grita de raiva por não ter conseguido salvar o seu comparsa.
Baal se joga no chão, fazendo o cachorro bater de costas, e enfia as mãos por dentro das mandíbulas do ser misterioso, conseguindo, devagar, abrir e retirar seu corpo dos dentes afiados do cão. Quando consegue se soltar, segura o animal pelo pescoço e enforca-o com os braços.
— M... e... sol... ta! — tenta dizer o cão, enquanto a sua traqueia é apertada.
Em uma girada de corpo, ele quebra o pescoço do cão, que desaparece. Quando Rubi vai prestar atenção em Rodrigo, já não está mais no local. O soldado havia escapado durante o combate, talvez no momento que o mago foi morto.
A espadachim e o lobo caem de cansaço, desmaiando devido ao intenso combate.
Passado algum tempo, Baal retoma a consciência.
Abre os olhos no mesmo instante, devido a uma forte luz que irradia à sua frente. Quando a visão clareia, percebe que é Aurora que está cuidando dele, usando em sua palma uma magia verde que cicatriza suas feridas.
— Aurora... — diz Baal ainda cansado.
— Descanse, Baal! — Ela olha com sorriso e rosto tristes. — Deixem-me cuidar de vocês.
— Aprendeu a magia de cura com tanta velocidade... Parece a sua avó. — O lobo profere baixo as palavras. — Onde estamos?
— Na casa de uma senhora, ela acolheu a gente, aparentemente, não gosta do Império tanto quanto nós. — O sorriso esmorece. — Tive medo, Baal, de que vocês morressem por minha causa e eu não pudesse fazer nada.
— Você salvou-nos, Aurora, sem você ali não teria forças para lutar — diz Rubi, pondo a mão sobre a de sua amada. — Me desculpe por preocupar-te.
— Tudo bem. — Ela sorri novamente.
No palácio, em um salão com uma entrada majestosa, onde, por trás de colunas de concreto, existem pilhas e pilhas de peças de ouro que vão até o trono. O cão das sombras, com a cabeça arriada sobre o tapete vermelho, pede clemência ao seu rei.
— Perdoe-me por falhar, Rex — diz com medo e desespero.
Ao levantar seus olhos, o pouco que consegue devido à curiosidade, pôde ver o olhar demoníaco subjugando-o.
— Não se preocupe, Skraz! Com o tempo a pegaremos, você fez um ótimo trabalho.
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