Capitulo 50 - Ella
Antes que fosse anunciado que eu havia despertado do coma eu já havia acordado há algumas noites. Eu aproveitava para esconder algumas coisas, nunca se sabe quando irá precisar de coisas, os remédios me faziam voltar a dormir e eu fiquei maquinando o próximo passo, eu iria fingir que perdera a memória, pois era o melhor que eu podia fazer por hora, já que eles iriam me executar por causa do que eu fizera, eu desejei ter morrido de uma vez, foi quando naquela manhã John pegou minha mão, ele sempre o fazia, mas hoje era especial devido a suas palavras.
- Ella, eu acho que no final das contas todos estão certos, acho que está na hora de desapegar e seguir em frente. Sei que o que vivemos juntos não passou de uma mera ilusão, uma mentira, mas para mim foi real...
“Sei que eu amei você, mas nunca fui correspondido, então esse é meu adeus, eu quero que você seja feliz quando acordar e terei seguido em frente, porque é assim que tem que ser”
Quando ele saiu eu senti lagrimas escorrendo, eu usei o único homem que me amou de verdade e por que? Por uma coroa que jamais seria minha, por um coração que jamais seria meu, eu cometi muitos erros e jamais poderia repará-los.
Mais tarde eu acordei quando minha mãe estava comigo e fingi não reconhecê-la eu ainda não sabia o que fazer, disse me lembrar do nome de John, quem sabe ainda daria tempo de tê-lo de volta, mas apenas fingi não me lembrar de todo o resto, mantive-me inexpressiva como se o mundo já não importasse nada mais importava, John tentou me ajudar, mas sempre que eu tentava tocá-lo ele se afastava, será que eu realmente o perdi? Eu havia perdido tudo nada mais existia em minha vida?
Naquela tarde eu tentei incitá-lo a algo, a algo que me fizesse crer que ainda existia algo entre nós.
- Por que todos parecem estar com medo de mim? – eu perguntei e ele pareceu incomodado
- Você cometeu muitos erros – ele disse amenizando as coisas e eu sorri internamente, esse era meu John sempre muito gentil.
- Mas eu não me lembro disso – eu fingi.
- Sei que não, mas não apaga o que você fez – ele disse e eu fiquei olhando para ele inexpressivamente, ele olhou em volta.
- O que exatamente eu fiz? – eu insisti, queria saber por ele, queria saber o quão grave havia sido, queria avaliar as coisas.
- Muitas coisas Ella, pergunte a sua mãe e irmã depois – ele disse apreensivo e eu resolvi mudar de tática.
- Como eu era?
- Você era uma pessoa bem vivaz, não aceitava não como resposta. Você sempre ia atrás das coisas que você queria – ele disse com um pequeno sorriso no canto da boca, eu sabia que ele sempre seria muito gentil, porque não dei valor a ele quando eu podia?
- Entendi, éramos namorados? – eu provoquei.
- Não, sempre fomos bons amigos – ele disse gentilmente, matando qualquer coisa que poderia existir entre nós.
- Eu tinha namorado? – perguntei me sentindo vazia, apenas queria saber o que ele diria.
- Não, você era uma pessoa que ainda não havia se apaixonado – ele mentiu para me deixa feliz, eu sempre fui apaixonada pelo Shal, e agora eu sabia como isso havia sido inútil.
- Engraçado eu não ter namorado você, você é sempre tão doce e gentil – eu disse e peguei sua mão.
- Mas não era para ser, crescemos juntos e sempre fomos melhores amigos – ele disse se soltando de mim e eu caí ainda mais em meu poço.
Bateram na porta, e ele olhou para a porta, tentei voltar sua atenção para mim de novo.
- Você é um ótimo amigo, obrigada por tudo que está fazendo por mim – eu disse abraçando-o tentando trazê-lo para mim de novo, mas uma garota loura que eu demorei para reconhecer estava na porta com um olhar de magoa, e então lembrei, Emma a palhacinha da seleção.
- Eu preciso resolver uma coisa – ele disse me soltando e saiu correndo a trás de Emma.
Parece que o tempo que eu fiquei realmente inconsciente John seguiu em frente, mas eu jamais poderia culpá-lo eu o tratei muito mal. Eu despedacei seu coração e parece que Emma curou-o, o que mais eu poderia fazer? Senti-me vazia, Ivy tagarelou sobre Emma e a paixonite de John, mas dei pouca importância, eu havia visto com meus próprios olhos.
Quando John voltou ao quarto não pude deixar de sorrir, ainda poderia haver esperanças, ainda poderia consertar as coisas, eu poderia fugir com ele e refazer minha vida longe da culpa, ninguém jamais nos encontraria.
- Você demorou – eu disse correndo até ele, já havia arquitetado tudo.
- Estava resolvendo umas coisas – ele me disse olhando em volta e eu queria saber em que grau estava esse relacionamento com a Emma.
- Aquela moça é sua namorada? – eu perguntei e ele pareceu surpreso com a pergunta.
- Desculpe John, eu falei sobre a Emma para ela – disse Ivy parecendo triste, e eu fiquei imaginando se toda aquela baboseira era algum tipo de segredo.
- Não tem problemas Ivy, ela será Ella, ainda não é – ele me disse e eu o abracei, não queria me despedir dele, não queria perdê-lo também.
- Será que daria tempo de rever seus conceitos, quanto a mim? – eu disse tentando beijá-lo, mas ele virou o rosto bem na hora e eu beijei sua bochecha com sofreguidão.
- Ella, somos apenas amigos, você já teve sua chance comigo e a perdeu agora eu segui em frente espero que você faça o mesmo – ele disse friamente me soltando,
- Não quero ser julgada por erros do passado que eu nem me lembro – eu disse zangada, mas por sua rejeição do que qualquer outra coisa.
- Quanto a isso eu não posso fazer nada – ele disse friamente e se virou para ir até minha mãe e eu senti suas palavras frias como estalactites em meu coração. Eu parti seu coração, eu tentei consertar, mas era tarde, ele não me amava mais e eu nunca mereci seu amor.
Os dias que se seguiram eu me sentia vazia e não falava apenas olhava para fora esperando minha sentença, agora mais do que nunca eu queria não ter sobrevivido ao tiro de John.
Eu vi a briga de Bianca com Holly e Zoey, as vi cair escada abaixo, mas isso não importava suas vidas não me fariam diferença. Nada mais faria diferença, meu destino estava selado eu pagaria por meus pecados em alguma sela suja.
Então aquela noite enquanto eu fingia dormir ao lado de Ivy, escutei meus pais falarem sobre Bianca, que ela havia chantageado o príncipe que obrigaria ele a se casar com ela ou ela iria expor meu John, a mim e ao resto. Meu sangue ferveu, quando as coisas se aquietaram eu acordei Ivy.
- Gostaria de ver o Shalom – eu pedi a ela e ela acenou com a cabeça e fomos ao seu quarto.
Ivy bateu na porta e entramos no quarto dele, ele estava sentado ao lado de John ambos pareciam devastados, caminhei até eles e sentei ao lado de Shalom e encostei minha cabeça em seu ombro, eu já havia perdido os dois, nada mais me restava, apenas queria consolá-lo.
- Ela não o merece – eu disse suavemente, me referindo a Bianca.
- Você se lembrou de todo mal que me fez? – Shalom disse bruscamente se levantando e eu o fitei.
- Não tudo, alguma coisa, mas eu te garanto que não fiz o que ela está fazendo – eu disse vazia de emoções.
- Você tentou me matar – Shalom disse com veemência.
- Ivy me contou – eu disse com um olhar inexpressivo.
- Você pode ter perdido as lembranças, mas isso não expira seus crimes – Shalom me acusou, seus olhos estavam selvagens, mas sua grosseria não mais me afetava.
- Nada pode fazê-lo – eu disse simplesmente.
- Porque a trouxe Ivy? – ele perguntou a Ivy que se encolheu.
- Meu pai comentou o ocorrido com a garota da seleção, e Ella escutou queria ver você – disse Ivy choramingando.
- Posso ajudar em alguma coisa? – eu perguntando me sentindo vazia, mas eu queria ajudar.
- Não há nada que ninguém possa fazer, a menos que queiram matar a Bianca por mim – Shalom disse frustrado.
- A morte não é a punição e sim a libertação – eu comentei, mas acreditava que não existia outra saída.
- Sentimos muito Shal – disse Ivy indo até Shalom e o abraçando.
- Eu também sinto – disse Shalom retribuindo o abraço, Ivy então voltou-se para mim pegando minha mão e eu saí inexpressivamente, ninguém nunca jamais me perdoaria.
- Ivy eu gostaria de ver meu antigo quarto – eu disse e ela assentiu e foi comigo, eu havia tomado uma decisão e eu precisava executá-la, no caminho eu escutei várias histórias dizendo que Bianca era instável, que todos a odiavam, que ela gritava muito e que ninguém mais lhe dava atenção, isso eu poderia usar a meu favor, eu entrei em meu antigo quarto e vasculhei minhas coisas saudosas, era pequeno, mas sempre fora meu. Fui até meu armário e peguei uma arma que eu há muitos anos havia escondido em um assoalho falso, junto à arma existia um frasco com um liquido sem cor. Escondi nas vestes e fui até Ivy e a abracei.
- Será que voltará a ser como era algum dia? – ela perguntou esperançosa me olhando quando me voltei para ela.
- Acredito que nunca será como antes – eu disse a ela e com um movimento rápido a paralisei, eu era muito boa nisso, deitei Ivy gentilmente em minha antiga cama – Você sempre será minha amada irmã, adeus – eu me despedi de Ivy que agora estava desacordada e parti, eu sabia o que me aguardava e jamais iriam me perdoar.
O dia estava clareando e logo às atividades no castelo iriam começar, corri para a enfermaria, entrei em meu antigo quarto me vesti com as vestes de enfermeira que eu havia estocado em um lugar secreto.
Saí do quarto e rumei para a porta da frente da enfermaria, eu a fechei e coloquei um banco em sua frente, então rumei pelos fundos procurando o quarto de Bianca.
Eu encontrei seu quarto entrei e fechei a porta ao entrar, ela estava dormindo, fiquei olhando-a com um ar de desprezo, e sem acreditar em como Shalom havia sido estúpido de trazê-la para a elite, peguei uma seringa e o frasco que tinha nas vestes, eu inclui o liquido em seu soro, ela abriu os olhos e se assustou comigo enquanto eu batizava seu soro, coloquei minha mão em sua boa impedindo-a de gritar.
- Quer dizer que queria me expor? Que queria acabar a com a vida de John? Acabar com a minha? Vou te contar uma coisa – eu aproximei meu rosto do dela e disse baixinho – eu não tenho mais nada.
Os olhos dela se arregalaram e eu ri insanamente com a verdade, nada mais existia em minha vida, mas eu a levaria comigo esta noite, porque ela assim como eu deveria ter morrido após o acidente.
Quando soltei sua boca ela começou a gritar, mas eu sabia que ninguém viria para ela, porque ela cavara o próprio tumulo, ela assim como eu, fizera de sua própria vida um inferno.
- Eu sabia que era mentira, que você havia perdido a memória – ela me acusou.
- Nada do que você diz fará qualquer diferença para mim – eu disse dando de ombros.
- O que vai ganhar com isso? – perguntou Bianca com olhar selvagem.
- O mesmo que você, nada! Mas estou aqui para saborear sua morte, porque isso você irá aprender ninguém nunca irá mexer comigo – eu disse e ri diabolicamente.
- Você é patética se tivesse sido mais esperta teria se casado com o Shalom, mas eu fui mais esperta e eu me casarei com ele. Aposto que está com inveja – ela cuspiu as palavras e eu olhei para o soro, já havia bastante em seu sistema, agora era questão de tempo.
- Verdade a invejo, pois eu invejo seu destino, mas minha hora também irá chegar – eu disse com um sorriso diabólico.
- Eu ainda serei princesa de Illéa – ela disse cheio de orgulho.
- Uma princesa aleijada, tudo que Illéa precisa – eu comentei com maldade.
- Melhor que muitas outras – ela disse.
- Você não chegará a ser princesa, em alguns minutos você irá morrer – eu disse sorrindo com doçura.
- O QUE? – ela gritou e eu ri.
- Você o irá enfartar, essa é uma droga proibida, e eu a consegui há muito tempo atrás e a guardei, todos acharão que morreu de causas naturais – eu disse com um olhar triunfante.
- Não é possível – ela disse e levou a mão ao peito, ela ia começar a gritar e eu coloquei minha mão em sua boca.
- Apenas morra! – eu disse e fiquei olhando seu olhar de pavor enquanto acontecia, essa droga era a uma arma biológica que eu havia roubado a muitos anos do laboratório de bioquímica durante uma excursão, era proibido justamente por sua potência.
Fiquei olhando sem um pingo de dó enquanto ela desfalecia diante de mim, quando o aparelho mostrou que não existiam mais batimentos cardíacos eu saí do quarto, pronto Shalom, eu matei seu problema, pena que você jamais será grato a mim.
Caminhei a diante e fiquei olhando para ele, feliz ao lado da língua solta Zoey, eu a odiava, sempre me respondia, olhei para trás e os enfermeiros que estiveram de plantão agora estavam no quarto de Bianca. Olhei de novo a cena, Shalom estava agora de costas para mim Grace estava abraçada a Zoey e Lucky pulava alegremente na frente de Shalom.
Eu peguei a arma de dentro das vestes, mirei e atirei, sim eu sempre fui muito boa em tiro, a felicidade de Shalom sempre iria me incomodar e eu não tinha mais nada a perder mesmo. Agora Zoey e os gêmeos estavam gritando Shalom estava caído aos pés de sua amava, Zoey gritava e me olhava assustada, uma pena que eu tinha apenas mais uma bala, se não o final deles teria sido Romeu e Julieta.
Peguei a arma e coloquei em minha cabeça.
- Eu não tenho mais nada a fazer aqui – eu disse e puxei o gatilho.
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro