Capitulo 47 - Shalom
Enquanto eu retornava para o lado de Zoey, eu ficava repassando as palavras de Bianca em minha mente, como ela poderia arruinar ainda mais a nossas vidas? Claro que eu não duvidava de suas habilidades, mas realmente eu não conseguia ver o trunfo de suas palavras.
- Está tudo bem? – perguntou Zoey me tirando de meus pesadelos, então percebi que eu já havia retornado ao seu lado.
- Sim, está tudo ótimo – eu menti para ela, não seria justo aborrece-la agora com esses problemas queria que ela se curasse logo.
Ela me olhou desconfiada e ficou me fitando.
- Que gritaria foi aquela? – perguntou o pai dela.
- Uma paciente descontrolada – eu disse.
- Era a Bianca descontrolada, eu reconheço aquela voz de gralha a distância, e pode crer que agora todos a conhecem – disse Zoey ainda me olhando desconfiada.
- A garota que fez isso a minha filha? – perguntou o pai dela.
- Sim... – eu respondi apreensivo.
- Ela está bem? – ele perguntou e me surpreendeu, porque eu pensei que ele iria querer estrangular a Bianca.
- Não exatamente, Bianca está pagando um preço muito alto por sua imprudência – eu respondi pesaroso, eu já havia desejado a morte de Bianca antes de saber de tudo, me irritei com ela agora pouco, mas depois de pensar melhor, eu sentia uma profunda pena dela, por tudo será que Bianca merecia tudo isso? Será que alguém merecia ser privado de seu direito de ir e vir, de necessitar de condições especiais para tudo e muitas vezes se sentir dependente?
- Shal... – chamou Zoey e eu percebi que estava calado – Como ela está?
Zoey perguntou de uma forma gentil e eu a olhei, sabia que não demoraria para todos saberem de suas condições então eu contei a ela e ao pai sobre as condições de Bianca.
- Minha nossa, em pensar que poderia ter sido minha Zoey – disse o pai de Zoey.
- Sim, mas a diferença é que Bianca provocou tudo isso, se fosse eu, eu pagaria pelo que ela provocou – disse Zoey.
- Não sei até que ponto isso é uma vantagem, para ser sincero eu não queria que ninguém se ferisse, eu não queria que Lexy tivesse tomado o tiro, eu não queria que você e estivesse machucada e eu apenas queria dispensar Bianca, não queria que ela tivesse esse destino, assim como nunca foi minha intensão, partir o coração de nenhuma das meninas da seleção – eu disse pesaroso.
- Existem coisas, que nem mesmo sendo rei ou príncipe, você poderá mudar, você não poderá nunca mudar o que uma pessoa é, e Bianca é o que é, a prova foi a gritaria na enfermaria – comentou Zoey.
- Acredito que ela esteja assustada, não é fácil você acordar e simplesmente não sentir nada do quadril para baixo – comentou o pai dela sabiamente.
Ficamos em silencio cada um preso em seus pensamentos, eu sabia o que tinha de fazer, mesmo depois de tudo, mesmo não sendo culpado de nada, eu iria ajudar Bianca como fosse possível, porque era o certo a se fazer. Mas isso era algo que eu faria a longo prazo, agora eu precisava falar com os meus pais, o ocorrido não era algo bom.
- Z meu amor, preciso falar com meus pais – eu disse pegando sua mão e afagando seu rosto com a mão livro, ela deu um sorriso tristonho e assentiu.
- Eu cuidarei dela – disse o pai dela sorridente e eu me despedi deles, saindo da enfermaria.
Caminhei diretamente para o gabinete de meus pais, e quando cheguei a porta comecei a escutar os gritos.
- É DA MINHA FILHA QUE ESTAMOS FALANDO!
Gritava uma voz feminina que eu logo deduzi ser a voz da mãe de Bianca, tal mãe tal filha. Eu suspirei e entrei na sala onde encontrei o pai de Bianca com um olhar perdido e a mãe dela estava de pé com o rosto vermelho e ela estava arfando. Possivelmente ela estava gritando a há algum tempo.
- Nós realmente lamentamos senhora Lee, mas infelizmente o pivô do acidente fora ela mesma – disse meu pai mantendo a calma.
- SUAS PALAVRAS NÃO A FARÃO ANDAR DE NOVO –gritou a senhora Lee.
- Assim como lamentar, gritar e culpar um ao outro também não o farão – eu disse sério e ela estreitou os olhos para mim e eu vi minha mãe segurar o riso.
- E você ainda tem coragem de falar, uma coisa dessas? Sabia que é sua culpa não é? – ela disse me olhando como uma leoa que protege uma ninhada.
- O que você queria? Sabe o porquê de tudo? Eu dispensei Bianca, avisei que ela poderia ficar para a festa de encerramento e ela subiu as escadas e começou toda a confusão – eu disse friamente e ela continuou me olhando com o mesmo olhar.
- Você poderia ter evitado tudo isso – ela disse com acidez, e esse tipo de comportamento que sempre me fez sentir repulsa por Bianca, elas eram realmente muito parecidas.
- O que você esperava? Que eu a escolhesse sem amá-la?
- Seria o certo a se fazer, sabe que ela vem de boa família e que era a melhor colocada da final – disse sua mãe e eu levei as mãos aos meus cabelos de frustração.
- Com todo respeito, senhora Lee, se a senhora acha que casar-se por conveniência é o certo, eu não acho, e agora posso entender porque é tão amargurada – eu disse com rebeldia e ela fez uma expressão de incrédula e eu vi seu marido dar um risinho – Com licença!
Eu disse e me retirei da sala, eu acabara de ofender a mulher e eu não queria minha cabeça a prêmio, fui dar uma volta no castelo para esfriar a cabeça, eu acabara de perder completamente o controle dentro da sala, e eu sabia que isso não seria nada bom, eu pagaria por minha língua afiada.
Encontrei com Holly no jardim e me senti realmente feliz, ela estava só e eu sentei-me ao seu lado, nem esperei ela dizer nada e eu despejei tudo, contei sobre Bianca, contei sobre seus pais e ela como sempre apenas escutava quando eu terminei ela suspirou.
- Não esperava grande coisa dos pais de Bianca, mas eu compreendo a dor de todos, não é fácil passar de uma vida normal a uma vida de privações – ela disse e eu me levantei e comecei a andar de um lado para o outro.
- Mas o que eu posso fazer? Ela me deu um soco na virilha, e isso doe a beça, como eu poderia ter parado Bianca?
- Shal, isso não foi sua culpa, Bianca começou com tudo, quando ela começou a insultar Zoey, ela queria arrumar confusão ela queria arrumar briga, mas eu apenas quero que você entenda que todos estão passando por um momento muito difícil, a família dela está assustada assim como ela – disse Holly.
- Mas Holly como eu posso ajudar a Bianca? – eu perguntei desesperado.
- Apenas converse com ela e tente ser gentil, ela irá precisar disso – disse Holly.
- Chega de falar de problemas, me fale sobre você sumir com o irmão mais novo de Zoey – eu disse sorrindo e ela corou.
- Foi tudo muito rápido, nós conversamos e bem, estamos nos conhecendo – ela disse corada.
- Você gosta dele? – eu perguntei e ela deu um sorriso tímido.
- Acho que seria muito precipitado dizer que sim, mas ele muito me atrai – ela disse baixinho.
- Olha que coisa, seremos parentes no final das coisas – eu brinquei e ela ficou mais ruborizada, mas não respondeu.
Os dias que se seguiram era comum eu ver Holly com Zayn conversando em algum lugar, Zoey estava se recuperando bem, Lucky passava a maior parte de seu dia com Zacky, elas corriam pela propriedade, brincavam de lutinhas e eu nunca havia visto meu irmão tão feliz, Grace por sua vez está a muito satisfeita com Emma, que a ensinara a costurar e agora elas confeccionavam roupas para as bonecas de Grace juntas, sempre que Emma ia visitar Zoey, Grace ficava com Kriss que estava ensinando-lhe o conteúdo escolar.
Meus pais andavam muito ocupadas, a queda das meninas da escada era algo que eles tentavam abafar, mas parece que a mãe de Bianca queria fazer drama, ela fazia questão de contar a quem quisesse ouvir que sua filha era a vítima de tudo. Claro que eu tomei bronca dos meus pais por minhas palavras para a senhora Lee, mas eles acharam que ela mereceu também. Amberly com seu jeito sereno tentava apaziguar as coisas com a mãe de Bianca mas era frustrante a mulher queria mesmo era confusão.
Jaina se queixava muito Bianca agora gritava por qualquer coisa, no começo eles corriam para checar, mas agora eles haviam a isolado em um quarto bem ao fundo da enfermaria, para abafar seus escândalos. Quando não era Bianca era sua mãe, o pai de Bianca parecia um homem atormentado e perdido em um mundo ao qual ele não gostaria de pertencer.
Eu estava adiando a conversa com Bianca a algum tempo, mas chegara a hora, aquela tarde Bianca estava sozinha em seu quarto gritando insultos aos quatro ventos como sempre, eu suspirei e entrei em seu quarto, ela me olhou surpresa e calou-se.
- Como você está? – perguntei me sentando ao seu lado, ela virou a cabeça para mim estreitando os olhos.
- Aleijada – ela disse.
- Bianca, se você tiver força de vontade você poderá volta a andar – eu disse com carinho.
- Pode ser, mas isso será a longo prazo, agora eu quero apenas sair do inferno nesse lugar – ela disse olhando para a porta agora.
- Em breve poderá sair – eu disse.
- E quando eu sair, seu inferno irá começar – ela disse voltando-se bruscamente para mim.
- O que quer dizer com isso?
- Eu tenho provas Shalom, eu vu expor Emma e John para a mídia e vou acabar com a vida deles, depois eu vou acabar com a sua, porque depois de provar sobre Emma quem duvidará de Ella e Zoey? – ela disse com maldade em seus olhos.
- Bianca, por que quer fazer isso?
- Apenas porque eu não me afundarei sozinha nesse barco, você sabe que graças ao beijinho inocente de Zoey, quando isso for aos jornais ela terá de ser punida e no final das contas deixará de ser sua amada esposa certo? Outra seleção Shalom, você terá outra seleção – ela disse com maldade.
- O que você ganhará com isso?
- A sua infelicidade, e a infelicidade dos outros – ela disse com um sorriso diabólico.
- O que você quer para deixá-los em paz? – eu perguntei me sentindo amedrontado, eu não podia deixar que todos fossem punidos, não era apenas Zoey, seria Emma, John e até mesmo Ella, por um capricho de Bianca.
- Essa era exatamente a pergunta que eu queria escutar, eu quero ser a escolhida – ela disse com um olhar insano de felicidade.
- Mas eu não amo você – eu disse sem delongas.
- Mas eu sim, e isso basta para mim, se eu expor a todos eles, todos serão punidos, mas se eu for a escolhida posso ficar calada e todos poderão ser felizes.
- Você sabe que eu ainda posso escolher a Holly certo? – eu a desafiei.
- Você não a condenaria a infelicidade, sei que ela está enamorada de outro, que eles não fizeram nada porque ela está na seleção, mas que está apaixonada por ele.
- Com pode ter tanta certeza? – eu quis saber.
- Eu posso estar nessa cama, mas eu tenho olhos e ouvidos fora deste quarto – ela disse com o sorriso diabólico nos lábios.
- Bianca por favor... – eu implorei e ela deu de ombros.
- E mais uma coisa, isso não me impediria, case-se com Holly se quiser, ainda terei o gostinho de sua infelicidade, a dela, a de Zoey, de Emma, John e Ella – disse Bianca com um sorriso maldoso nos lábios e eu tive vontade de estrangular ela.
- Bianca, isso realmente lhe fará feliz? – perguntei me segurando para não pular em seu pescoço.
- Possivelmente sim, como eu disse levarei todos vocês com meu infortúnio. Faça a sua escolha, você tem dois dias para decidir ou eu ou o sofrimento dos outros. Agora saía está me aborrecendo – ela disse sem olhar para mim.
- As coisas teriam sido muito mais fáceis, se você não fosse tão vil – eu disse incrédulo.
- As coisas acontecem como tem que acontecer – ela disse.
- Em pensar que um dia eu gostei de você Bianca, mas agora eu sinto pena de você, você é apenas uma amargurada que morrerá exatamente assim, triste, sozinha e amargurada – eu disse e me retirei sem esperar por sua resposta, agora eu queria apenas ficar sozinho.
O que eu faria agora? Caminhei para fora da enfermaria, eu não conseguiria olhar para Zoey ou a família dela agora, eu não queria ver Holly e nem ninguém, estava desolado, não conseguia pensar em mais nada além das palavras frias de Bianca. Como sair disso tudo?
Entrei no gabinete de meu pai e ele estava massageando as têmporas, minha mãe estava com as mãos em seus ombros, ambos me olharam com olhar assustado.
- Está tudo bem filho? – perguntou meu pai.
- Não – eu respondi quase sem voz.
- Querido você está tão pálido, está se sentindo bem? – disse minha mãe vindo até mim e colocando sua mão sobre minha testa.
- Fisicamente estou saudável mamãe, mas... – então contei a eles a conversa que eu havia tido com Bianca e suas ameaças.
- Você é o príncipe de Illéa, ela não pode fazer isso! – explodiu meu pai, batendo com força em sua mesa.
- O que o senhor sugere? – eu perguntei infeliz.
- Eu não sei, mas pensaremos em algo – ele disse vagamente.
- Podemos tentar reaver as tais provas – sugeriu minha mãe.
- Bianca não é burra, ela não dá ponto sem nó, se ela me disse isso é porque a essa altura as provas estão seguramente guardadas em algum lugar – eu disse sentindo o suor frio descer por minha espinha, sim eu estava com medo, muito medo eu estava vendo a felicidade voar para longe e eu não podia alcança-la.
- Não precisamos punir as pessoas podemos abafar tudo – disse meu pai com um sorriso.
- Papai, vamos pensar no meio estrategicamente político, você sabe que eu não sou ignorante, se fizermos isso, seremos um governo fraco, esse escândalo pode enfraquecer a nação as pessoas deixarão de acreditar na seleção e isso pode trazer de novo as revoltas, as guerras civis, um deslize meu pode acabar com tudo que vocês conquistaram até agora. Entendam que eu não farei o povo sofrer, se alguém deve ser punido esse alguém serei eu mesmo!
- Mas filho, você será infeliz, você não pode fazer isso, não pode se culpar pelo que não fez – disse minha mãe com os olhos marejados.
- Mamãe é tudo minha culpa, eu jamais deveria ter permitido John e Ella, deveria ter barrado ele logo de cara, depois eu não dei atenção a Zoey e por último eu fiz de tudo para Emma e John ficarem juntos, eu sabia das regras e eu as burlei, a culpa é minha. Sem contar que eu mantive Bianca na seleção. Se minhas irmãs são capazes de se casarem para que o povo não sofra eu farei o mesmo, Bianca não irá machucar o povo, Bianca não irá machucar meus amigos e a mulher que eu amo, ela apenas terá o que ela quer, uma coroa vazia, um casamento sem amor, e eu juro que eu nunca irei tocar nela – eu disse e vi que minha mãe estava chorando.
- Mas isso é um absurdo, você é o príncipe de Illéa, daremos um jeito – disse meu pai preocupado.
- Filho você já a dispensou não pode se casar com ela – lembrou minha mãe e eu a abracei.
- Com todos os acontecimentos eu nunca oficializei nada – eu a lembrei e ela desabou em lagrimas em meus ombros, me sentia resignado.
- Não faça nada ainda filho, iremos pensar sobre isso – disse meu pai, que levantou-se de sua mesa e veio até mim, ele colocou sua mão em meu braço.
- Tenho até sexta para dar-lhe a resposta, ou então ela disse que irá tornar tudo oficial, mostrará tudo a imprensa – eu disse e minha mãe me apertou.
Eu me sentia desfalecido, infeliz e ao mesmo tempo resignado. Eu jamais poderia sacrificar meus amigos, e colocar toda a estrutura que meu pai construiu em risco. Como eu diria a Zoey que não poderíamos ficar juntos, quando era exatamente isso que eu mais queria no mundo? Eu apenas queria ficar ao seu lado e nada mais, queria poder apenas me casar com a mulher que eu escolhi, mas e se isso fizesse com que meus amigos e até ela mesma sofresse. Como poderia negar meu sacrifício para uma vida feliz a ela e a eles e em defesa do sistema? Mas uma coisa eu tinha certeza, se eu tivesse que me casar com Bianca, eu faria a vida dela um inferno. Isso eu juro!
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