Eu não estava nem um pouco animada com a perspectiva de ver meus pais, eles iriam me julgar como eles sempre faziam, e no final das contas eu seria sempre a nerd bobona, que eles queriam que eu fosse.

Vesti uma roupa bem comportada, um vestido cor de rosa de gola alta, e fui recebe-los, ao vê-los vindo em minha direção com aquele olhar acusatório, meu estomago despencou, achei que com o tempo eles iriam me apoiar, mas no final das contas não apoiariam, como sempre. Eles apenas me apoiavam no que lhe convinha apoiar.

- Oi mamãe, papai – eu disse abraçando-os com um sorriso.

- Oi querida, pensamos quando saiu de casa que voltaria logo, que sua insanidade seria temporária, mas pelo que parece não foi – disse minha mãe sendo desagradável como sempre.

- Sabe o que eu acho? Acredito que Sarah se sinta oprimida e ela precisava disso para voltar a se centrar, estou escrevendo um livro novo querida, intitulado “Adolescente perdidos, como lidar com eles?”, acredito que poderei me inspirar um pouco em você também – disse meu pai me olhando como objeto de seu estudo.

- Eu disse que deixar ela brinca com aquela boneca, quando tinha quatro anos de idade iria fazer mal – ralhou minha mãe.

- Eu acredito que as crianças devam ser livres, Sarah diga para a sua mãe como você se sente! Precisamos expressar mais nossos sentimentos aqui – disse meu pai.

- Vocês poderiam parar de falar de mim, como se eu não estivesse aqui? Não podem uma vez na vida ficarem felizes por mim? – eu perguntei aborrecida.

- Ficamos felizes com você querida, mas você estava prestes a ganhar um prêmio Nobel e de repente joga tudo para o ar, para participar de um reality show patético, onde garotas tolas sonham com contos de fadas? – disse minha mãe.

- Mas pela primeira vez em minha vida, eu fiz algo que eu queria fazer – eu exclamei.

- Querida contos de fadas não existem, existe um príncipe apenas e ele irá escolher a que ele quiser sem se importar se partiu corações ou não, isso é doentio – disse minha mãe com veemência.

- Shalom não é assim – eu o defendi.

- Sofia querida, deixa Sarah se expressar, Sarah meu anjo conte para nós como se sente – incentivou meu pai e eu tive vontade de manda-los a merda.

- Não Jorge, isso está errado! Eu disse que a base das crianças começa na educação infantil, e agora ela está estragada e eu precisarei rever meus conceitos e descobrir onde erramos – disse minha mãe para meu pai me ignorando de novo.

- Sofia, os adolescentes acham que sabem o que querem, mas cabe a nós dar-lhes liberdade necessária e... – ia dizendo meu pai mas eu parara de escutar o que ele dizia, estava cansada de ser motivo de seus estudos e discussões infindáveis.

Olhei para o lado e vi Bianca e sua família, eles pareciam muito felizes em vê-la, ela olhou para mim e sorriu, eu sorri de volta.

Depois que Sabrine havia ido embora ela foi minha única amiga, ela ficou ao meu lado, em quanto Zoey e Emma nem me deram importância, Bianca ficou comigo, nos tronamos amigas e ela me era muito querida, Holly havia retirado licença da seleção e eu e Bianca achamos um absurdo, não era justo. Se ela tinha que sair que saísse de uma vez. Eu gostaria que meus pais fossem como os pais dela, escutamos uma gritaria e olhei para o lado a família de Zoey estava fazendo escândalo, meus pais olharam também.

- Curioso quantos anos será que aqueles garotos têm? – perguntou meu pai curioso.

- Não parecem tem idade para toda essa algazarra, acredito que já estão grandes demais para tais atitudes – ralhou minha mãe.

- Hum, mas seria interessante ver essa questão por outra perspectiva – disse meu pai pensativo.

- Querido, eu já disse que o erro está na educação ainda quando crianças. A educação infantil deveria ser a base de nossa sociedade... – ia dizendo minha mãe e eu voltei a me desligar deles, pois seria a eterna discussão.

Fiquei olhando para Zoey e sua família, definitivamente eles eram animados, não muito educados, mas sinceramente felizes com a escolha dela. Gostaria que meus pais fossem assim, que elas me apoiassem, entendessem que eu me sentia presa e triste. Que eu queria ser livre...

Shalom apareceu em nosso grupinho fazendo com que meus pais se calassem, finalmente.

- Senhor e senhora Luvask, é um prazer conhece-los – ele cumprimentou sorrindo e minha mãe o olhou incrédula, meu pai pareceu curioso.

- Alteza... – cumprimentou minha mãe seca.

-É uma honra sempre – cumprimentou meu pai olhando para ele com curiosidade.

- As mulheres foram convidadas a ficarem no salão principal e os homens para um coquetel – disse Shalom sorrindo.

- Eu gostaria de descansar em meus aposentos até a hora da festa, se não se importa– disse minha mãe séria.

- Como desejar, Sarah mostre a sua mãe o caminho por favor, senhor Luvask, se for nos acompanhar no coquetel, peço que nos aguarde aqui mesmo – ele disse para meu pai antes de se afastar, ele foi cumprimentar a família de Bianca.

- Bom eu vou ao coquetel, até mais tarde meninas – disse meu pai animado saindo de perto de nós e esperando por Shalom ao lado do pai de Bianca.

- Dava para ser mais desagradável? – eu me queixei com ela.

- Com quem pensa que está falando mocinha?

- Não poderia ser pelo menos gentil?

- Não compactuo de suas fantasias tolas de adolescente boba – disse minha mãe seca.

- Não são fantasias, estou vivendo isso!

- Não seja ridícula, o príncipe não sente absolutamente nada por você, você está aqui apenas se distanciando do que realmente importa – disse minha mãe.

- Pensei que você poderia pelo menos uma vez na sua vida me apoiar em algo – eu disse sentindo meus olhos cheios de lagrimas.

- Apoiarei, quando resolver voltar a razão – disse minha mãe.

- Quer saber? Ache seu quarto sozinha – eu disse dando-lhe as costas e me afastando.

- Volte aqui Sarah, não terminamos – ela gritou e eu continuei andando.

Eu não iria para o salão principal, estava me sentindo péssima minha mãe como sempre conseguia atrapalhar meu dia.

Voltei ao meu quarto e chorei, chorei até não haver mais lagrimas, o grande problema comigo é que agora na seleção conhecia pessoas que tinham vidas comuns. Que tinham famílias comuns, onde as pessoas não eram cobradas por prêmios, onde existia amor, eu até hoje não sabia responder se algum dia minha mãe soube o real significado de amor.

Bateram na porta e eu não respondi, a pessoa entrou mesmo assim.

- Por que não foi ao salão principal hoje à tarde? – ela perguntou da porta.

- Não estava no clima...

- Você está bem? – perguntou Bianca vindo até mim.

- Não Bia, eu queria que minha família não tivesse vindo – eu disse.

- Não fique assim, está quase na hora da festa, se arrume – ela disse gentilmente.

- Perdi a vontade de ir – eu disse.

- Mas não pode, é meu aniversário! – exclamou Bianca.

- Eu realmente não estou mais no clima, minha mãe estragou tudo – eu disse me sentindo péssima, Bianca era sempre tão doce...

- Sabe o que eu acho? Acho que você está presa, acho que já passa da hora de você mostrar quem você realmente é – disse Bianca otimista.

- E quem eu realmente sou?

- A garota sedutora, que estava feliz e que não tinha medo de expor seu corpo – disse Bianca sorrindo.

- A garota que quase foi expulsa?

- Não a garota que não se importava com isso, a garota que apenas o que importava era sua felicidade – disse Bianca sabiamente.

- Eu não poderia...

- Claro que poderia! Erga sua cabeça e faça o que você quer fazer Sarah, seja livre! – exclamou Bianca.

- Eu não sei... – as palavras de Bianca eram verdade, eu realmente me sentia viva quando vestia aquelas roupas sedutoras e tinha atenção dos rapazes.

- Sei que é o que você quer – disse Bianca sorrindo.

- Verdade! Eu farei, eu irei a festa e eu irei me divertir e esfregar na cara dos meus pais que eu quero isso, quero me divertir, quero ser uma garota da minha idade! – eu disse me sentindo viva de novo, como eu me senti durante aquele tempo que Sabrine me ajudou.

- Isso, vá e arrase – disse Bianca feliz.

- Mas não quero ofuscar você – eu disse voltando a mim.

- Não se preocupe eu ainda serei a aniversariante – ela disse sorrindo antes de sair do meu quarto.

Corri para meu armário escolher o vestido que usaria, chamei minhas assistentes, eu queria mostrar aos meus pais e ao mundo, minha escolha!

Escolhi um vestido preto super decotado com alças finas, ele era bem justo marcando minhas curvas e tinha uma abertura lateral que deixaria minha perna exposta.

Elas arrumaram meu cabelo, solto cheio de cachos nas pontas, coloquei um colar longo de contas pretas também um bracelete de prata, elas fizeram uma maquiagem fantástica, não muito pesada, mas sexy. Ao final me olhei no espelho e fiquei feliz com o que eu estava vendo.

Sim! Eu estava linda, sexy e exatamente como eu queria, e sinceramente pela primeira vez não era por Shalom era por mim.

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Se eu queria chamar atenção eu consegui, pelo que pareceu eu fui a última a chegar, e eu adore os olhares chocados dos meus pais. Os dois estavam chocados, Shalom olhou para mim de boca aberta, Emma deixou cair o que estava comendo, Zoey ficou inexpressiva ela olhou para mim e depois para Bianca e fechou o cenho, Bianca sorriu para mim, o rei e a rainha pareciam chocados, a princesa e seu marido estavam de boca aberta.

Exatamente isso, mundo vejam essa é quem eu quero ser, eu quero ter escolhas, eu quero viver, eu quero namorar, eu quero ter minha idade, quero ser jovem!

Desci as escadas e fui cercada por vários convidados, que eram alguns guardas e os irmãos de Zoey.

Eu me sentia tão viva! Eu sempre fora a garota inteligente que os homens nem olhavam, eu me vestia para não olharem, eu devo dizer que Sabrine me viciou em ser assim, eu gostei, assim que me sinto viva e querida.

Dancei como nunca com cada um deles sem dar a mínima importância para o restante da festa. Dancei com um dos irmãos de Zoey, Zed. Ele era meio obtuso, mas ele era tão lindo e gostoso, eu não me importaria de colocar uma fita adesiva em sua boca e dormir com ele. Minha nossa realmente pensei isso? Sim, eu queria experimentar isso também.

Dado momento da festa Zoey me puxou para um canto.

- O que está fazendo? – ela perguntou séria.

- Nas festas as pessoas se divertem, estou fazendo isso – eu respondi com sarcasmo.

- Não! Você está acabando com sua estadia aqui – ela disse olhando-me sériamente.

- Não me importo, não mais! Eu achei que amava o Shalom, mas percebi que eu me amo muito mais – eu disse rindo.

- Não faça isso seguindo conselhos de Bianca – ela disse parecendo sinceramente triste.

- Como assim?

- Bianca e Sabrine brigaram por você, o tempo todo Bianca não aceitava esse seu novo eu.

- Bianca não faria isso...

- Ela quer que você saia para ser uma a menos Sarah...

- Bom não importa mais, não importa se foi uma jogada e eu cai como uma idiota, porque é isso que eu quero, não quero mais ficar aqui – eu disse sorrindo.

- Sarah... – ela chamou e eu dei-lhe as costas, estava voltando para o Zed quando Shalom me parou.

- De novo Sarah?

- Sim, mas sabe qual a diferença? Amanhã estou indo embora porque EU quero ir, eu não vou para a casa dos meus pais, eu vou ser livre – eu disse a ele.

- Mas Sarah...

- Shal, eu amei você, mas o amor que eu sinto por mim é maior, e eu estou partindo porque você não pode mais partir meu coração. Quando acabar tudo isso, seremos amigos, e apenas isso – eu disse passando a mão por seu rosto delicadamente e beijando seus lábios – Isso é um até breve!

Eu disse sorrindo e me retirei.

- Querida o que significa isso? Está vestida como uma prostituta, e dançando como uma também – ralhou minha mãe.

- Sofia acredito que isso seja algum tipo de surto, talvez...

- Quero que os dois se danem! Eu ditarei minhas regras, eu irei fazer o que tenho vontade de fazer.

- Não de baixo do meu teto – disse minha mãe furiosa.

- Eu tenho meu dinheiro e eu não quero mais o seu teto – eu disse dando-lhes as costas e voltando para Zed.

Eu tinha meu dinheiro, eu iria morar onde o vento me levasse, eu faria o que eu quisesse fazer! Porque estava livre, eu queria ser livre!