Eu estava em meu quarto olhando para o teto, fazia uns quatro dias desde que eu atirei na mulher que eu amava, e eu pegaria o turno da noite então eu podia passar um tempo no quarto pensando, preferia quando estava trabalhando eu conseguia não ficar pensando nela.

Me arrumei, sabia que eu entraria em serviço apenas daqui a algumas horas, mas tinha algo que eu queria fazer, saí de meu quarto e fui para a enfermaria, vi a menina que salvou o Shalom, ela estava rindo rodeada pela elite dele, eu queria ver a Ella. Fiquei triste em ver q ela estava sozinha, a mãe e a irmã dela sabiam que não adiantaria ficar ali o tempo todo e costumavam vê-la algumas vezes por dia. O comandante tinha obrigações e ele também a via algumas vezes ao dia, mas até o momento ela estava ainda presa em um sono que não terminava. As outras meninas da elite não se preocupavam com ela, nem queriam saber dela. Eu ficava triste a Ella já havia sido uma pessoa legal, e para mim ela ainda continuava sendo, as pessoas apenas não a compreendiam.

Eu sentei ao seu lado e peguei sua mão.

- Espero que um dia possa me perdoar – eu disse a ela, dizem que as pessoas no coma podem escutar.

- E saiba que eu esperarei você acordar, nem que eu tenha que esperar anos por isso. Você sempre será a dona do meu coração e mesmo quando não tiver mais ninguém, eu estarei lá para você...

Eu me declarei como várias vezes já havia feito.

- Você é patético sabia? – escutei uma voz feminina dizer e ela estava parada na porta de braços cruzados me olhando, seus cabelos negros longos e lisos, franja sobre sua testa, ela era muito bonita, mas não chegava aos pés da Ella.

- Como pode me julgar sem me conhecer? – eu disse voltando a olhar para a Ella.

- Você é o John certo? Conheço você – ela disse.

- Então deveria saber que o que eu sinto por ela é sincero.

- Sim, mas o que ela sentia por você nunca foi – ela disse e suas palavras reabriram as feridas e me lembraram das palavras da Ella no dia que ela levou o tiro.

- Como pode dizer? Não foi você quem vivenciou, eu não posso acreditar que tudo que passamos juntos era uma mentira – eu cuspi nela minhas palavras.

- Porque eu vi vocês dois, uma noite na biblioteca. Ela estava sendo falsa e mentirosa – ela respondeu.

- Você não a conhecia...

- Não? Acho que ela nunca foi tão verdadeiramente desagradável com ninguém como ela foi conosco durante toda a seleção. Ela nos dizia coisas horríveis e quer saber? Você nunca sequer foi mencionado, porque você não era o objeto de seu desejo – ela disse com rancor e eu fiquei sem palavras, ela não falava de mim?

- Nosso romance era proibido – eu rebati.

- Romance? A faça-me o favor, acho que se realmente ela amou alguém foi ela mesmo – ela disse rindo sem humor.

- Eu insisto que você não a conhecia – eu disse nervoso, ela estava me tirando do sério.

- Conhecer? Porque eu iria querer conhecer ela melhor? Metida, desagradável convencida e outras coisas ruins – ela disse dando de ombros.

- Igual a você – eu respondi bravo, sim eu defenderia a Ella sempre, eu era seu cavaleiro de armadura brilhante.

- A não eu consigo ser uma pessoa e não um monstro – ela respondeu estreitando o olhar e eu nem percebi e estava pressionando seu corpo contra a parede bravo.

- Retire o que disse! – eu disse apertando sua garganta.

- NUNCA! – ela me desafiou.

Eu não iria matar alguém assim e a soltei.

- Saia daqui por favor – eu pedi colocando minhas mãos na cabeça.

- Sabe ela não merece alguém como você, você é bom demais para ela – ela disse sem se mover.

Eu achei melhor não responder, se não eu realmente iria me descontrolar e bater em uma dama da elite do meu amigo. E Isso não seria a coisa certa a se fazer.

- Ela devia é ter morrido mesmo – ela disse e eu nem vi, apenas senti ela segurar minha mão e me olhar em desafio.

Eu estava com a mão preparada para dar-lhe um tapa, e ela estava fazendo força, e estava segurando minha mão no ar. Claro que eu n estava usando toda minha força, mas ela me deixou sem fala, como assim ela falava essas coisas horríveis e ainda me segurava assim?

- Se você tentar encostar em mim para me machucar, eu te juro que você não poderá pensar em ter filhos durante alguns anos da sua vida, porque o chute eu vou te dar será tão forte, e você terá sorte de estar na ala hospitalar – ela me ameaçou.

- Você me tirou do sério, desculpe – eu disse olhando para a sua mão na minha, ela não ia soltar?

Estávamos nos olhando intensamente eu não sei o que deu na minha cabeça e nem como aconteceu, mas do nada estávamos nos beijando de uma forma muito intensa e quando nos soltamos estávamos arfando e assustados. O que diabos aconteceu aqui? Ella era meu verdadeiro amor e eu acabara de trair ela bem na sua frente?

- Eu tenho que ir – ela disse saindo apressada.

O que aconteceu aqui? Eu traí a mulher que eu amo e meu melhor amigo em uma tacada só? Ai meu deus o que eu faria? Eu saí da enfermaria desnorteado e me sentindo confuso. Encontrei a Emma quando estava saindo e ela sorriu para mim e então seu sorriso ficou preocupado, acho que eu estava fazendo algum tipo de careta.

- Está tudo bem? – ela perguntou.

- Tem porque não estar? – eu respondi com outra pergunta, será que alguém viu?

- Acho que não, eu não sei... – ela ficou confusa e eu respirei aliviado, então acho que ninguém viu.

- Me assustei com um... barulho! Eu estava no quarto onde Ella estava e escutei alguma coisa, me assustei – eu disse rápido tentando parecer inocente e ela riu.

- A Zoey saiu igual um cavalo da enfermaria, nem vi que ela não estava conosco, deve ter sido isso – ela disse.

Então aquela era a Zoey? Pior ainda eu havia beijado uma moça que nem sabia seu nome!

- Hoje anoite? – ela perguntou me tirando de meus pensamentos atormentados.

- O que? – eu perguntei sem entender.

- Aula de dança, dãããã – ela respondeu.

- Hoje anoite eu estarei a serviço – eu respondi o que seria verdade.

- Que horas acaba seu turno? – ela perguntou sorrindo.

- As cinco da manhã – eu respondi.

- Combinado então, as cinco no salão de dança – ela disse parecendo feliz.

- Se nos verem podemos ter problemas, você sabia? – eu perguntei, ela tinha noção de como era perigoso até falar com ela?

- Não tem problema, eu vou pedir pro Shalom – ela disse feliz e eu assenti.

Ela saiu feliz e eu tomei meu rumo. Estava me sentindo triplamente culpado, eu desobedeci as regras, trai a Ella, o Shal e isso me mataria, eu deveria contar para ele e tomar uns tapas dele? Sim eu preferia fazer isso, nunca existiu segredos entre nós, ele nunca ficou com a Ella sabendo que eu gostava dela. Me dirigi para o escritório do rei e quando entrei ele estava lá.

- Majestade! – eu disse cumprimentando o rei que sorriu para mim, e fiz sinal pro Shalom.

- Pai eu já volto – ele disse levantando-se e o rei assentiu sorrindo.

Fora da sala eu o conduzi para um canto.

- Preciso te contar uma coisa – eu disse e ele cruzou os braços.

- Diga – ele me encorajou.

- Eu estava na ala hospitalar, fui ver a Ella e...

- A cara de novo? – ele perguntou e eu fiquei confuso – Olha cansei disso John, cresce! A Ella não merece que você a visite, viu todas as coisas que ela disse para você? Para de lamber essa megera.

- Não fale dela assim – eu disse.

- Não fale você, poxa John você é um cara legal, pode arrumar uma garota legal, acorda deixa de ser trouxa – ele disse e eu fiquei com a boca aberta, estavam todos contra a Ella?

- Nunca deixarei de ama-la.

- Pois devia, ela realmente não merece seu amor – ele disse mal humorado.

- Eu não vim falar da Ella – eu mudei de assunto.

- Finalmente então? Porque sério se a Ella tivesse morrido não me faria falta – ele disse dando de ombros e eu tive vontade de socar a cara do meu melhor amigo.

- Quer saber? Você deveria ter tomado o tiro também – eu disse querendo machucar ele.

- Concordo, assim a Lexy não estaria internada – ele respondeu parecendo chateado.

- Desculpe, eu...

- Não você está certo John, mas eu também estou, esquece a Ella, tenta ser feliz... O que me vem à cabeça, você gosta da Emma? – ele perguntou parecendo incomodado.

- Emma? Não! Porque? – eu achei estranho a pergunta dele.

- Não sei, vi vocês dois juntos aquele dia...

- Ela quer ser minha amiga, acho que é o jeito dela – eu disse dando de ombros.

- Mas se você gostar dela... Olha cara eu tenho sete meninas eu posso te dar uma – ele disse rindo.

- O que acha eu ficar com a Lexy? – eu perguntei de brincadeira.

- Não força – ele respondeu rindo.

- Então a Emma não é uma de suas queridas? – eu quis saber.

- Eu gosto da Emma, eu devo admitir que senti ciúmes de vocês, mas ando questionando o que eu realmente sinto por ela – ele me confessou – O que me leva a sua pergunta, você não gosta de Emma mas gosta de outra?

-Não, eu gosto da Ella você sabe, mas eu precisava dizer...

- A ta! Ufa você me deu um susto nem pense em, como foi que meu irmão disse? Passar o rodo geral, acho que é isso, em fim não vá querer avacalhar – ele disse rindo

- Bom se eu me interessar por ela ou qualquer outra eu prometo que você será o primeiro a saber – eu disse e ele sorriu – Afinal sem segredos certo? O que me leva ao meu assunto inicial...

- Filho? – era o rei que havia saído do seu gabinete.

- Eu tenho que ir, depois nos falamos John – ele disse votando para o gabinete do rei.

Porcaria! Não consegui contar, droga eu só espero que ele não descubra da pior forma possível. Porque aquilo eu não sei porque aconteceu, eu fiquei fora de mim e de verdade não sinto nada pela sem nome, que agora sei que é a Zoey.

Fui para um posto nas portas do jardim e gostei que quem pegou o posto comigo foi o Harley Carter, um grande amigo.

- Eu John – ele disse chamando minha atenção.

- Fala Harley – eu disse ainda me mantendo em minha posição inicial.

- Corre um boato que a festa de Halloween poderemos participar, ficou sabendo? – ele perguntou animado.

- Sério? – perguntei sem interesse eu não iria participar, esse ano n poderia dançar com a Ella.

- Sim, são sete na Elite e o príncipe é um, então o rei Maxon disse que para as meninas terem com quem dançar vamos poder participar – ele disse feliz.

- Vou me inscrever para trabalhar – eu disse sério.

- Deixa de ser besta, tem umas mocinhas bonitas na elite – ele disse piscando.

- Você bem sabe que a moça que me interessa não estará lá – eu respondi.

- A filha do comandante? Você ainda está nessa? Meu filho a fila anda rapaz – ele disse rindo.

- Eu a amo! – eu disse com veemência.

- Bobagem, você tem um amor platônico por ela – ele disse e eu tive vontade de bater em mais um hoje.

- Porque vocês não me deixam em paz? E outra sabe q é proibido ter um caso com as selecionadas – eu disse azedo.

- E a filha do comandante? – ele perguntou piscando.

- Não está mais na seleção – eu respondi seco.

- Então o príncipe é um elas são sete, seis vão sair solteiras, quem sabe não sobre uma para nós? – ele me cutucou com o cotovelo piscando.

- Harley vai a merda! Eu quero apenas a Ella – eu disse e ele gargalhou alto.

O restante da noite ele ficou me enchendo o saco falando sobre as meninas da elite, ele disse que a Emma era muito bonita, a Zoey mal humorada, e eu particularmente concordei, a cega era bonita, a negra era um pedaço de mal caminho, a de cabelos curtos ele gostava de ver ela correr de malha apertada, a que estava na enfermaria era gostosinha, e a loirinha tinha cara de boba, mas ele pegava fácil.

Nos divertimos tentando adivinhar com qual o Shal ficava, quando deu nossa hora ele foi dormir e eu disse q tinha algo a fazer antes. Ele piscou para mim e eu me dirigi ao salão de dança.

Onde eu encontraria com a Emma para a nossa primeira aula de dança, o que eu podia esperar dessa aula de dança? Possivelmente ela seria péssima como a Kath, com a diferença que ela não era princesa de Illéa.