Izuku caiu no chão junto de seu caderno, suas mãos tremiam, era difícil conter tantas individualidades com a raiva aflorando, ele queria socar aqueles filhos da puta até a morte, mas não podia, tinha um personagem a manter caso quisesse entrar na U.A.

- Aprenda de uma vez qual é o seu lugar, Deku! - Katsuki, quem havia o socado e o feito cair, falou antes de seguir para dentro da sala.

O esverdeado ergueu o olhar notando o professor que não dignou um segundo olhar para si antes de entrar na sala também, bufando irritado se levantou com esforço enquanto ia para dentro, nem mesmo a primeira aula tinha acontecido ainda e era apenas segunda feira.

Tinha ainda uma semana inteira de provas antes de terminar aquele ano infernal, quase sentia falta dos treinos com Shigaraki.

Abriu o caderno que Kaachan havia derrubado antes e folheou com carinho, fora All For One quem o presenteou com seu primeiro caderno, pedindo para que anotasse as peculiaridades que achasse interessantes.

A maioria de seus cadernos foi presente de sua mãe e seu primo, mas o primeiro tinha um significado especial para si, foi a primeira vez que não se sentiu inútil apesar de na época acreditar ser um apeculiar.

Izuku suspirou ao se lembrar das noites de conversa com o primo, por que mesmo deixou Tokyo?

- Oh, Bakugou, você quer ir para a U.A. certo? - O professor questionou e Izuku se atentou, não era o mesmo professor de antes, já tinha passado tanto tempo assim? Nem mesmo viu o tempo passar, logo seria o intervalo.

- Serei o primeiro dessa escola de quinta a ir para lá! - Bakugou sorriu orgulhoso.

- Midoriya também quer ir não é? - O professor alfinetou, ironia e deboche transbordando.

- EH?! - Bakugou levantou irritado, Izuku sequer levantou a cabeça escrevendo em seu caderno - Você realmente se acha de mais! Como se um apeculiar como você pudesse entrar para a U.A.!

- N-na verdade Kaachan, a-agora qualquer um pode fazer o exame de admissão.

- FODA-SE SEU NERD DE MERDA! - Katsuki explodiu a mesa e Izuku ergueu o olhar temeroso, por que sentia tanto medo?! Era só outro adolescente idiota, nada diferente de suas antigas escolas e ele geralmente os quebrava ao meio, então porque passou um ano se encolhendo de medo toda vez que via Kaachan?!

O sinal tocou e Izuku se levantou para sair apressado, o coração batendo a mil enquanto sentia o choro querer vir, por que sempre ficava frágil na frente do Bakugou? O que tinha de errado consigo?!

- Ei, Deku! - Bakugou o segurou a mão esquentando a ponto de sair fumaça - Acho melhor você se pôr no seu lugar, seu nerd, você jamais será alguém importante, quem sabe numa próxima vida? Por que não tenta?

- T-tem razão, K-Kaachan - Izuku deixou o caderno que foi queimado quando Bakugou explodiu sua mesa e saiu dali, precisava de ar, não podia chorar, não podia.

Seus pés o levaram para o terraço enquanto ouvia alguns colegas o zombando, ele nunca havia desmentindo sobre ser um apeculiar porque, em sua visão, isso não tinha relevância alguma, não devia nada a ninguém.

Mas doía muito tudo isso, ele queria tanto trazer essa escola abaixo! Parou ao sentir o metal frio da barra de proteção contra seu peito, se ajoelhou ali chorando, levando as mãos a boca para não chorar alto enquanto seu corpo tremia.

Era pequeno então estando ajoelhado bastava se inclinar e poderia cair dali, ele odiava toda essa sensação, esse sentimento ruim.

"Qual o problema? Só um centímetro e então todo esse sofrimento tem fim."

"Arranque essa barra e desça até lá para matar os desgraçados."

Como se já não bastasse os portadores, ele ainda tinha de aturar as vozes que o sabotavam, Izuku sabia que não tinha sanidade há muito mesmo que fingisse ser normal e Kaachan só piorava tudo.

Vozes chegaram até si e ele correu para se esconder enquanto chorava, o coração a mil, tapou a boca para que não o ouvissem vendo Katsuki e seus amigos subirem.

- Eu jurava que ele tinha subido... - Um dos garotos disse - Aquele idiota inútil.

- Tanto faz, vamos descer, estou com fome - Katsuki ditou e todos concordaram começando a descer.

O loiro ainda olhou em volta ao pensar ter ouvido algo e então desceu também.

Izuku sentia que iria desmaiar, odiava toda aquela situação!

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Saiu da sala depois de novamente ser ameaçado por Kaachan e seguiu cabisbaixo, sozinho como sempre, decidiu focar nos seus planos.

Nesse um ano ele conheceu bastante Dabi, o moreno ainda tendia a ser misterioso, mas Izuku já tinha coletado muita coisa sobre ele, o principal? Ele odiava heróis, isso o tornava útil, Dabi certamente seria um recurso valioso para o que ele e Shigaraki estavam criando

Izuku mal ouviu quando a tampa do bueiro abriu com tudo, virou-se alerta, mas não foi o suficiente para evitar se pego pelo vilão, fechou os olhos, era uma gosma que o envolvia, qual de suas peculiaridades poderia ajudar?

Antes de pensar na resposta ele ouviu aquela voz, uma que fez seu sangue ferver.

- Está tudo bem, sabe por quê? Porque eu estou aqui! - A pressão de ar que o homem fez lançou Izuku alguns metros e o esverdeado desmaiou

Acordou com tapinhas em seu rosto e então o viu ali.

- A-All Might.

- Shounen, está se sentindo bem?

- C-céus, é o All Might! E-eu preciso - Izuku buscou suas coisas.

- Relaxe, eu já dei meu autógrafo - Ele riu, Midoriya quis socar o loiro, mané autógrafo! Ele precisava avisar a mãe sobre quem encontrou - Bem, agora eu vou indo...

- E-espera, All Might!

Izuku ergueu a mão para segurar o maior, mas ele já tinha se impulsionado pra cima, infelizmente de alguma forma o uniforme de Izuku prendeu na roupa que All Might usava e ele foi levado junto.

Merda! Puta que pariu! Caralho, tinha como esse dia ficar pior?!

Quando All Might o notou ele os levou até o alto de um prédio parando ali de olhos arregalados.

- O que estava fazendo Shounen?!

- Não foi minha intenção eu... - Izuku não completou ele parou quando fumaça cobriu All Might por inteiro, quando ela se dissipou ali estava uma versão mais magra e doente do herói - Que porra?

Sabia que o mestre havia enfraquecido All Might, mas isso?!

A mente de Izuku foi a mil, mal ouvindo o discurso de All Might enquanto pensava em tantas formas que poderia aproveitar essa fraqueza para derrotar o herói, ele era burro de mostrar tão claramente a lesão? Oh, se ele chegasse perto, um único soco seu e então...

"Por que não tenta conversar com ele?" A voz de sua avó soou doce, Izuku quis a socar, conversar?! Com esse usurpador de merda?! "Tenho certeza que Toshinori vai te surpreender, pergunte a ele... sobre apeculiares"

- A-All Might - Por que estava perguntando?! Não é como se desse ouvido a esses portadores enxeridos! - A-acha que a-alguém a-apeculiar pode ser um herói?

O herói suspirou.

- Desista dessa ideia, Shounen, esse mundo é muito perigoso para alguém como você se arriscar, se realmente quer ser um herói então talvez devesse tentar ser policial, ou médico... eu preciso ir levar esse vilão para a delegacia, até mais.

O herói sumiu e Izuku ficou ali encarando o céu, herói de merda, como todos os outros, e burro, falar isso a um adolescente que acabou de passar por um trauma e estava preso em cima de um prédio?!

- Que belo sucessor de bosta, combina com a heroína de bosta que você foi - Izuku murmurou para si mesmo enquanto descia pelo elevador.

Ganhou a rua e buscou seu celular digitando o que tinha descoberto para a mãe, All Might só podia ser herói durante três horas ao dia, eles conseguiriam criar algo poderoso para o vencer com toda certeza e... um grito o interrompeu.

Seguiu para onde uma multidão se acumulava e viu o vilão que tentou o atacar mais cedo a solta, lembrava de ter jogado a garrafa pra fora quando estava sendo levado por All Might, sua esperança era matar o desgraçado, mas foda-se ele estava causando problemas e era engraçado.

Decidiu ficar e assistir, parecia que tinha um refém, oh isso seria ótimo, os heróis não podiam fazer nada? Eles nunca podiam quando realmente era necessário.

Enfim conseguiu ver os olhos vermelhos de Katsuki e teve que segurar a risada para que os outros não o achassem louco, parecia que alguém iria ao inferno mais cedo.

"Não fique parado aí! Você pode ajudá-lo!" Esse era segundo ou sexto? Não sabia, mas a voz era irritante.

"Vamos, dê um passo!" Ótimo, agora todos os portadores estavam falando ao mesmo tempo, que dor de cabeça!

"Dê um passo."

- Alguém faça alguma coisa!

Izuku se amaldiçoou quando seu corpo se moveu contra sua vontade, correndo em direção ao vilão, jogou sua mochila enquanto resolvia usar o Chicote Negro.

- O que pensa que está fazendo, seu nerd?! - Katsuki rosnou.

- Acredite, nem eu sei que merda faço aqui - Izuku rugiu de volta, antes que dissessem mais alguma coisa uma pressão de ar se fez presente e então o vilão voou longe, a mistura da pressão atmosférica nova com o fogo das explosões de Bakugou causando uma leve chuva.

- Vocês estão bem Shounens? - All Might indagou, todos começando a comemorar pela aparição do herói enquanto diziam como Izuku era suicida.

O esverdeado revirou os olhos sem responder e pegou suas coisas saindo dali, merda de portadores! Odiava quando seu corpo agia contra sua vontade, ele era um vilão! Odiava os heróis e seus atos sem sentido, ele faria todos queimar e que os portadores filhos da puta voltassem para o inferno de onde vieram!

- Shounen - A voz de All Might chegou até si quando virou em sua rua, encarou-o irritado, aquele dia de merda não teria fim nunca?

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Katsuki assistia sem conseguir ouvir enquanto um homem loiro e Deku conversavam, o homem parecia oferecer algo e Deku assentiu em concordância parecendo muito feliz, que merda estaria acontecendo ali? E de que o importava?

Entrou em casa irritado para ser recebido com um abraço apertado de sua mãe.

- Fiquei tão preocupada!

- Não se preocupe velha, eu não seria pego tão facilmente! - O loiro garantiu, o medo ainda fazendo suas mãos tremerem levemente, ele realmente achou que morreria ali - Eu vou subir para um banho.

E ele foi, alheio ao fato de Izuku estar agora no telefone com All For One relatando o fato de que All Might o havia escolhido e as coisas se tornariam cada vez mais fáceis.

Alheio ao fato de que dali a um ano ele iria para a U.A. com aquele nerd que tanto odiava e que as coisas nunca mais seriam as mesmas.