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Izuku ajeitou o sobretudo negro enquanto se encarava no espelho, atrás de si, Shigaraki estava sentado em um dos puffs de seu quarto parecendo entediado enquanto mexia no celular.
- Vai mesmo voltar? - O jovem adulto indagou completamente insatisfeito com tudo o que vinha acontecendo, Izuku se virou, um sorriso no rosto enquanto os olhos brilhavam alegremente.
- Vai ser divertido destruir um dos maiores símbolos da sociedade japonesa, não quer mesmo ir comigo?
- Não, o mestre acha que vai ser divertido a gente brincar de heróis e vilão - Shigaraki revirou os olhos e Izuku riu.
- Você realmente é mimado, em Tomura.
- Eu mimado? Sinceramente Izuku você ganhou um apartamento só pra estudar numa escola mesquinha de heróis e o mimado sou eu?
- Eu não ganhei nada, esse apartamento já existia! - Izuku bufou - Vem, você vai me deixar no aeroporto.
Os dois desceram e Shigaraki arrumou o capuz para não ser reconhecido antes de Izuku beijar a bochecha da mãe e eles irem pro carro.
- Acha... acha que Kaachan vai continuar do mesmo jeito? - Izuku questionou, não via o amigo de infância desde aquele feriado, Mitsuki optou por se manter longe já que o filho não aprendia, apesar disso as sequelas ficaram, Bakugou Katsuki era a única pessoa que apenas em ser citado conseguia dar medo em Izuku.
- Ele deve ser o mesmo pau no cu de sempre, assim como todo herói, sinceramente, Izuku pensei que tinha se desiludido com eles.
- E-e eu me desiludi! Desde aquela vez em que topei com Endeavor, eu realmente odeio essas máscaras dos heróis, quero desmascarar todos esses canalhas desgraçados!
- Bem, então porque se preocupa com ele?
- Porque estou indo cursar o último ano do fundamental em Musutafu, na mesma escola que ele! S-se Kaachan estiver lá, e-eu não sei se todo o treinamento que tivemos vai valer a pena, não com eles - O pequeno Midoriya apontou para a própria cabeça.
Ter herdado tantas peculiaridades deu a ele um efeito colateral: Izuku escutava os portadores mortos, conseguia até os ver quando dormia e eles tentavam o convencer a ser bom, o que o garoto achava incrivelmente irritante já que era completamente fiel a causa da vilania.
Midoriya Izuku era a única pessoa por quem Shigaraki Tomura conseguia sentir algo, nem mesmo sua tia despertava bons sentimentos em si, mas o sentimento de ter que proteger o pequeno príncipe das trevas tomou Tomura desde a primeira vez que o viu ainda bebê e por isso se preocupava tanto em ele ouvir vozes o tempo todo, mas não havia nada que poderia fazer.
Por isso também odiava o fato de o primo querer cursar seu ultimo ano do fundamental em Musutafu e que ele fosse tentar entrar para a U.A. para os planos do mestre, mas não havia nada que ele pudesse fazer.
Chegaram ao aeroporto e Izuku saiu animado com o primo do lado, Shigaraki o olhou com carinho e Izuku corou abaixando a cabeça.
Izuku tivera um crush em Shigaraki quando mais novo, mas não era realmente amor, o garotinho só adorava o primo e jurava estar apaixonado, nada que não pudesse lidar e jurava a si mesmo já ter superado, mesmo que corasse a toda demonstração de carinho que Shigaraki tinha consigo.
Tomura sabia dos sentimentos que seu primo um dia nutriu por si, mas nada dizia sobre, ele não sentia o mesmo, ajudara a trocar as fraldas de Izuku, não tinha como sentir o mesmo, mas nunca disse nada já que odiava dizer não ao primo e seria incapaz de o rejeitar, mesmo não o amando dessa forma.
- Ei, Izuku - Shigaraki chamou e o garoto o encarou - Se cuida.
- Você também - Izuku sorriu abraçando o primo antes de ir para o embarque.
Ao finalmente sentar no avião ele encarou a janela e então olhou para o lado, queria dizer que estava sozinho já que era um jatinho, mas é impossível estar sozinho com esses idiotas em sua mente
- Vocês são chatos ein? - Izuku falou diretamente com os portadores - Estou voltando pra Musutafu e daí? Não tem nada haver com All Might ter começado a aparecer por lá, aquele usurpador de merda!
Resolveu fechar os olhos, talvez dormir até chegar lá, isso com certeza impediria que os leitores soubessem mais sobre a viagem.
Bocejou enquanto se entregava ao sono apenas para praguejar ao notar ser um sonho consciente.
A sua frente sete adultos, todos uniformizados e o encarando de braços cruzados.
- Meu neto... - A mulher de cabelos escuros sorriu para ele - Fico feliz que esteja com planos de entrar na U.A., lá poderá pedir ajuda, tenho certeza que pode escapar de All For One.
- Escapar? - Izuku riu - E por que eu escaparia? Para viver uma vida miserável como a que deu a minha mãe?
- Eu cometi um erro no passado, Izuku, você tem o que é necessário para ser o próximo portador, aquele que, com certeza, derrotará All For One.
- Nisso nós concordamos, eu irei derrotar o mestre quando a hora chegar e assumir junto com Shigaraki o topo, nós seremos os maiores vilões e dominaremos o Japão por inteiro.
- Moleque... - Outro dos portadores falou e Izuku revirou os olhos a risada sádica presa em si
- Sinceramente? Vocês são um bando de pau no cu se acham que eu vou me deixar manipular, eu não confio em ninguém além da Oka-san, nem em meu primo, jamais serei um herói.
- Midoriya-sama - A voz melosa o despertou e Izuku encarou uma das mulheres que trabalhava para seu avô - O avião pousou.
- Oh... - Ele bocejou antes de levantar buscando suas coisas antes de seguir para fora dali em busca de um táxi.
Ao chegar na rua que morou na infância sentiu um mal pressentimento.
- Olha só o que temos aqui - A voz fez um arrepio ruim o percorrer e Izuku se virou, se já era ruim te que estudar na mesma escola que ele - Quanto tempo, Deku.
- K-Kaachan o-oi - Tentou sorrir, era ainda pior morar perto dele e o encontrar logo ao chegar.
- O que faz de volta?
- E-eu vim estudar aqui, a-a U.A. é em Musutafu e-e seria mais fácil pra mim.
Os colegas de Katsuki começaram a rir, Izuku os analisou rapidamente, um tinha asas nas costas, o reconhecia, era da gague infantil de Kaachan, o outro alongou os dedos para o segurar, ele também era dessa gangue.
Em um movimento rápido Izuku usou sua mala para desviar dos dedos ainda encarando Katsuki com medo.
- Estudar na U.A.? Um verme como você? - Katsuki riu - Você nunca será nada na vida!
- O que estão fazendo?! - A voz fez Katsuki dar um passo pra trás.
- Vamos andando, já é quase hora do jantar e, Deku - Katsuki o encarou enquanto se virava - Vai se arrepender de ter voltado.
Izuku sentiu suas pernas cederem de medo e foi acolhido por braços cobertos por uma blusa escura, ergueu o rosto vendo ali um jovem mais ou menos da idade de Shigaraki de cabelos negros e cicatrizes roxas.
- Eles te machucaram, garoto? Teve sorte de eu estar passando por perto.
- E-estou bem, Kaachan só ameaça - Izuku sorriu o analisando com mais cuidado - Sou Izuku, Midoriya Izuku e você?
- Dabi.
O esverdeado refletiu, sem sobrenomes, isso era interessante, queria conhecer mais, sentia que tinha algo ali e geralmente sua intuição não mentia.
- M-me deixe agradecer a ajuda, meu apartamento é aqui perto.
Dabi se deixou levar, não tinha nada para fazer mesmo, já Izuku teve que conter o riso ao ouvir como aqueles idiotas estavam insatisfeitos, em sua mente, poderia até ser psicologicamente fraco com Kaachan por perto, mas usaria isso a seu favor, faria um personagem do qual ninguém jamais desconfiaria.
Parecer frágil e indefeso é a melhor forma para desarmar o inimigo e o manipular sem que ele percebesse, Izuku era mestre nisso, até sua mãe, que ensinou isso a ele, era pega de vez em quando.
Não, não havia nada de frágil em Izuku, fora o medo por Kaachan tudo nele era falso, pura manipulação e Dabi acabou de se tornar sua primeira vítima em Musutafu.
Não o mataria, ainda, iria o investigar e o usar para quando precisasse, alguém cheio de cicatrizes e com olhos cheios de dor e mágoa com toda certeza seria facilmente manipulável e era tudo o que Izuku precisava.
- U-um segundo - O esverdeado buscou em suas coisas a chave e Dabi estranhou ao ver ele abrir a porta e acender as luzes.
- Vive sozinho?
- O-oh, eu acabei de voltar, mudei quando pequeno para estudar em Tokyo e resolvi voltar, quero estudar em uma escola por aqui e essa é a melhor forma...
- Entendo - Dabi olhou em volta.
- Droga, eu não tenho nem um chá para oferecer, se esperar aqui eu vou no mercado rapidinho!
- Se quiser eu te acompanho.
Dabi encarou o menino, ele tinha quantos anos? 14? A mesma idade de seu otouto, vivendo sozinho e sendo tão inocente...
Um sorriso sádico dominou seu rosto quando Izuku concordou e seguiu na frente para mostrar o caminho, seria muito bom brincar com aquele garotinho.
- E que escola você quer ir? - Dabi colocou as mãos no bolso.
- U.A., conhece? Eu estive estudando o currículo da U.A., sei que não passo para o curso de heróis, mas com certeza entro em Estudos Gerais, vai ser divertido...
- U.A.? Conheço alguém que estudou lá...
- Mesmo? Então conhece heróis? Eles parecem tão legais sempre! Seria incrível ter um herói na família...
- Eu não diria isso - Dabi bufou enquanto entravam no mercado.
"Nota mental: Ele odeia heróis."
"Ei moleque, esse garoto precisa de ajuda, o que pensa em fazer?" Esse era número cinco, Izuku nunca perguntou os nomes dos portadores.
"Vou o cozinhar vivo quando chegar em casa, o que acha?"
Riu, oh, não sabia o que era melhor, realmente estar cogitando essa ideia ou assustar os portadores com o que pensava em fazer.
- Então, Dabi, por que estava andando naquela rua? Mora ali perto?
- Não, eu estava apenas de passagem.
- Então tem compromisso? E-eu estou te segurando?
- Relaxe garoto, estava apenas atrás de um bom restaurante para jantar.
Izuku o analisou, ele apertou levemente o punho, estava mentindo, não estava atrás de restaurante algum, também não deveria morar ali perto, era um bairro um pouco importante e alguém que usava roupas surradas e cheio de cicatrizes não moraria num bairro daqueles.
O que ele realmente fazia ali?
- Estava indo ver esse tal herói que estudou na U.A.?
Os ombros dele tencionaram, Izuku ou acertou ou estava próximo.
- Pode-se dizer que sim...
- Entendo.
Eles voltaram as compras em silencio, Izuku viu ali um possível aliado, Dabi não gostava de heróis, oh Musutafu era mais divertida do que se lembrava.
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