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O garoto de pouco mais de sete anos corria pela longa pista a sua frente, um salto preciso e a lâmina afiada passou centímetros abaixo de seus pés enquanto ele seguia em direção ao fim da pista, os cabelos verdes balançando a medida que corria, o macacão preto colado em si para tornar suas ações mais flexíveis.
Midoriya Izuku passou os últimos dois anos desenvolvendo seu corpo e percepção em batalha, era melhor nisso que Shigaraki, mas o primo tinha uma peculiaridade o que já dava certa vantagem então Izuku compensava de outras formas.
O garoto se preparou para saltar novamente quando sentiu algo novo percorrer seu corpo e então ele não pousou, olhou em volta confuso percebendo que flutuava.
- O-o que?!
A pista de obstáculos foi desligada e Inko entrou na sala, os saltos fazendo um ritmo lento enquanto ela ia até o filho, Takao ao seu lado, como sempre.
- Izuku, consegue descer? - A mulher tinha um leve sorriso nos lábios, os olhos brilhando em orgulho, mais tarde do que a média geral, mas Izuku havia despertado sua peculiaridade.
- Não consigo parar isso, Oka-san, o que está acontecendo?
Inko ergueu a mão e o pequeno foi até ela que o pegou no colo com carinho.
- Você despertou sua peculiaridade pequeno, a mesma da sua avó.
- E-então eu não sou um Deku? - Inko franziu o cenho com isso, ela achava que ele já tinha esquecido aquilo.
- Mas é claro que não! Você é o meu príncipe das trevas e em breve o Japão será seu, não tem como alguém tão importante ser inútil.
Izuku assentiu.
- Bem, vamos ver o mestre, ele com certeza vai querer te examinar.
Os dois seguiram pelo corredor, Izuku olhou sobre o ombro da mãe e sorriu para Takao antes de dar língua divertido, o homem reptiliano devolveu o gesto e Izuku ergueu a mão para mostrar o dedo quando tentáculos negros partiram dele invadindo o corredor.
- O-o que é isso?! - O menino arregalou os olhos assustado assim como Inko, duas peculiaridades?!
- Takao, chame o mestre imediatamente!
- Hai, Inko-sama - O guarda costas de Inko saiu rapidamente dali.
Izuku tentava conter os tentáculos desesperado, o choro acumulando, mas ele tentou o conter, ele tinha jurado nunca mais chorar de novo e não choraria mesmo que estivesse assustado.
- Está tudo bem querido, logo o mestre vai chegar e vamos saber o que você tem.
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Izuku estava em sua cama ressonando tranquilo, além do Float e do Chicote Negro, Izuku despertou outras peculiaridades, todas ao mesmo tempo, o que o fez entrar em colapso e desmaiar.
All For One parecia impressionado, o garoto tinha conseguido despertar as peculiaridades de todos os portadores do One For All, ele era poderoso de berço, se tivesse o One For All seria imparável, ele seria melhor para si do que Shigaraki.
Mas Inko era alguém que ele não se meteria no momento, a mulher não era só poderosa com sua peculiaridade que não precisava de nada além da mente para ativar, mas também era inteligente, ela havia caído nas graças de todos os seus subordinados nos últimos anos, com toda certeza Inko conseguiria virar todo o submundo contra ele e seria trabalhoso.
Se existia alguém que poderia o vencer esse alguém seria a jovem Midoriya, para azar dos heróis, Nana foi burra ao abandonar os filhos e os manter sempre longe, fazendo-os odiar os heróis e praticamente entregar alguém tão poderosa em suas mãos.
Agora sua outra preocupação seria Izuku, ele era mentalmente frágil desde novo, não importava quanto Inko tentasse trabalhar sua confiança era da personalidade de Izuku sua falta de confiança em si mesmo, mas isso não o tornava menos inteligente e letal e com o apoio da mãe não tinha como All For One o manipular.
- Existe alguma forma de limitar o acesso dele a todas as peculiaridades? - Inko questionou depois de um tempo em silencio apenas observando o filho dormir.
- Limitar? - All For One encarou a mais nova.
- Hai, ele é muito pequeno e tem muitas peculiaridades, será perigoso para ele já que não conseguirá controlar todas de uma vez então se pudemos as limitar e então a medida que ele for controlando formos liberando as outras...
- Será trabalhoso, mas dá para ser feito.
- Ótimo, será mais seguro assim.
- Inko-sama, telefone - Takao entrou no quarto e Inko se levantou encarando All For One antes de sair, esperava que o mais velho não fizesse nada com seu filho enquanto estivesse fora.
"Pensei que fossem vir para Musutafu hoje" A voz de Mitsuki era inconfundível, eles de vez em quando iam até os Bakugou, afinal Izuku não podia viver isolado do mundo.
- Micchan, eu realmente ia, mas Izuku acabou se machucando na escola...
"Você sempre diz isso, faz um ano que não nos vemos, Inko! Puta merda mulher, que caralhos acontece nessa escola pra ele estar sempre machucado?!"
- O mesmo que em todas as outras - E Inko não mentia, não importava quantas vezes o transferia, Izuku sempre sofria bullying
"Eu sinto tanto Inko..." Mitsuki suspirou "Eu também transferi Katsuki de escola, descobri que os professores estavam o incentivando a fazer o mesmo com alguns colegas de peculiaridades mais fracas... estou preocupada com o que ele vai se tornar no futuro."
Inko sentiu vontade de matar alguém, essa era a sociedade de heróis, completamente suja por baixo dos panos!
- Não se preocupe, Micchan, sei que dá o seu melhor para que ele seja bom. Eu prometo que semana que vem nós vamos...
"Estarei esperando e se você não aparecer então eu vou para Tokyo!"
- Não se preocupe tanto com isso.
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Na semana seguinte Mitsuki e Katsuki foram para Tokyo.
Inko os recebeu em uma bela casa de andar com estilo clássico oriental, os jardins floresciam belamente e Izuku estava muito bem vestido na porta de casa se curvando ao ver os visitantes.
- Inko!
- Micchan! - Inko abraçou a amiga - Seja bem vinda ao meu lar, Kamado vai levar as malas de vocês, Izuku, cumprimente os dois.
- Sejam muito bem vindos - Izuku sorriu ao se curvar antes de encarar Katsuki, o viu apenas duas vezes desde que deixou Musutafu e nas duas não havia sido bem recebido pelo loiro, então tê-lo em sua casa o deixava apreensivo.
Izuku nunca admitiria em voz alta, mas tinha muito medo de Kaachan.
- Não precisa ser tão formal, querido - Mitsuki bagunçou os cabelos de Izuku notando um curativo perto de sua raiz capilar - O que foi isso?
- E-eu caio com frequência.
- Perdedor - Katsuki sussurrou, Izuku só conseguiu ouvir por estarem perto e sentiu suas mãos tremerem, respirou fundo para controlar, a peculiaridade pelo qual estava começando, era complicada de controlar, ele tinha medo de perder o controle do nomeado 'Chicote Negro'.
- Vamos entrar? Tenho certeza de que vão adorar nossa casa - Inko os guiou pelo corredor de entrada onde tiraram os sapatos e foram em direção a sala onde no lugar de sofá haviam almofadas e uma mesa baixa.
- Você realmente gostou do estilo clássico - Mitsuki comentou.
- Oka-san, o primo vai vir? - Izuku questionou, não via Tomura desde que perdeu o controle de sua peculiaridade no treino, o primo havia se machucado.
- Tenko deve passar aqui pela manhã, hoje está passando por alguns exames - A mulher sorriu, sabia que Izuku entenderia, quase nunca o chamavam de Tomura quando estavam com pessoas de fora - Por que não mostra seu quarto para, Katsuki?
- H-hai - Izuku levantou sendo seguido por Kaachan, eles subiram as escadas e Izuku o guiou até um dos quarto de porta que imitava bambu, digitando uma senha antes de abrir a mesma - E-está um pouco bagunçado...
- Além de inútil não sabe nem arrumar o próprio quarto, seu extra? - Katsuki bufou entrando, se surpreendendo ao ver o futon muito bem arrumado e vários cadernos espalhados pelo chão assim como algumas espadas e armas de fogo.
- N-não são de verdade - Izuku pegou as pistolas as guardando no baú antes de trancar - O mestre quem me deu, são todas falsas - Sorriu nervoso antes de arrumar as espadas nas estantes.
Katsuki nada disse enquanto se sentava no futon vendo o esverdeado organizar suas coisas.
Deku era só um nerd idiota que gostava de estragar sua vida, não tinha utilidade alguma, sabia disso, ouviu isso inúmeras vezes quando ainda eram vizinhos, por isso não falava dele em sua terapia semanal, não valia a pena falar de uma pedrinha insignificante que nem mesmo vivia consigo.
Por isso odiou ter que viajar quando tinha marcado de passar o fim de semana na floresta para mostrar como era corajoso, culpa de Deku de ser tão idiota a ponto de se machucar e sua mãe viajar preocupada.
Mesmo morando longe esse nerd maldito dava um jeito de estragar seus planos, odiava ele!
- Crianças desçam, tem torta de morango! - Inko gritou e Izuku se levantou empolgado.
- V-vamos, Kaachan?
- Não preciso que me mostre o caminho, perdedor - O loiro empurrou Izuku que caiu batendo a cabeça contra a estante, revirando os olhos Katsuki seguiu pelos corredores se odiando por quase se perder e Deku realmente ter que o guiar para a cozinha.
Inko e Mitsuki conversavam animadas falando da adolescência enquanto os meninos se sentavam para comer, Izuku soltou um suspiro seria um longo feriado.
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- Izuku-sama, que bom vê-lo melhor - O homem cumprimentou enquanto abria a porta do carro, a noite havia chegado e Izuku tinha sido expulso do quarto enquanto Katsuki se trocava, então ele aproveitou para ir ao jardim e foi quando viu o carro preto chegar.
Correu até o portão apenas para ver Shigaraki descer, ele tinha faixas por todo o corpo e parecia perdido sem as mãos por seu corpo.
- Zuku - Shigaraki sorriu levando as mãos enluvadas até os cabelos do primo - Vim passar o fim de semana aqui.
Izuku corou com o carinho e sorriu de volta.
- Tenko! Você não vai acreditar em quem tá em casa! Vem! Vem! - Izuku o puxou
Da janela do quarto Katsuki assistia o jovem de cabelos brancos e tantos machucados quanto Deku ser puxado pelo menor, os dois parecendo muito felizes em estarem juntos, revirou os olhos, outro perdedor.
Talvez devesse dar as boas vindas.
Sorrindo travesso ele desceu as escadas para o jardim.
- Kaachan! - Izuku gritou - Esse é meu primo, Tenko.
- Outro perdedor? - Katsuki sorriu debochado - Vocês combinam bem, dois perdedores idiotas que acham que conseguem algo, sinceramente... eu vou deixar avisado: aqui quem manda sou eu.
- Quem acha que é para falar assim com o príncipe?! - Shigaraki bufou irritado, queria tirar as luvas e tocar esse idiota.
- Príncipe? Príncipe da inutilidade! Quem você pensa que é para falar assim comigo?! - Katsuki ergueu as mãos, pequenas explosões começando a se formar enquanto o loiro acumulava suor na palma.
Shigaraki puxou Izuku para trás de si enquanto tirava as luvas.
- Tenko, não! - Izuku o abraçou por trás desesperado, o coração batendo forte.
"Seja um herói garoto, não deixe que o loiro se machuque"
"Você está destinado a ser um grande herói não deixe as pessoas se ferirem"
"Herói? Eu? Mas eu sou um Deku..."
- Zuku? - Shigaraki o chamou, estava sem as luvas, não tocaria no primo então precisava que ele o soltasse.
- N-não machuca Kaachan, por favor - A voz embargada de Izuku fez o maior tencionar, seu primo não chorava desde que chegou à Tokyo dois anos atrás.
- Tudo bem - Decidiu colocando as luvas novamente.
- Como se dois extras como vocês pudessem me machucar!
- Katsuki! - A voz de Mitsuki fez o loiro fechar os olhos irritado, estava encrencado e a culpa era de Deku, ele pagaria caro!
- Vamos entrar, Zuku - Shigaraki puxou o primo para o abraçar de lado e encarou Bakugou com ódio antes de o levar para dentro.
- Eu não acredito que estava intimando as pessoas! O que eu já te falei sobre isso, Bakugou Katsuki?! Talvez se eu te impedir de tentar entrar na U.A. quando tiver idade então você aprenda que suas ações têm consequências!
Tomura revirou os olhos, U.A.? Sério? Mais um herói de merda fingindo ser bom, agora entendia o porque de Izuku chorar, heróis sempre traziam o que tinham de mais fraco, odiava todos eles e odiava ainda mais esse loiro irritante por machucar a única pessoa com quem se importava, o primo que amava como a um irmão.
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