Capítulo 9 - Parte VI
Sem chamar a atenção dos inimigos, Viktor habilmente alcança a adaga escondida em sua cintura, e a pega com mãos habilidosas. Com movimentos ágeis, ele empunha a arma por trás de sua cintura, sem que Benjamin e seus súditos sequer percebam. Com sua mão direita, a bolsa lidera sua frente, e com a mão esquerda, a adaga permanece escondida.
Enquanto o sol se aproxima perigosamente, Viktor se vê diante de uma decisão difícil sobre o uso da adaga. Ele pondera se deveria atacar Benjamin diretamente, arriscar jogá-la em um dos súditos ao lado de Olivia ou lançá-la no homem que a segura com firmeza. Viktor se pergunta como Olivia reagiria se ele escolhesse a terceira opção. Seria capaz de se defender dos dois homens ao seu lado? E Benjamin, redirecionaria sua fúria contra Viktor caso ele não o atacasse diretamente? Consciente da urgência do momento, Viktor sabe que o tempo é curto. A luz do sol banha cada vez mais a bolsa, se aproximando perigosamente de sua mão gélida. Pouco a pouco, sua mão direita toca a luz escaldante, causando queimaduras rápidas e dolorosas. É uma corrida contra o tempo. Ele grunhe de dor, tentando ser cauteloso quanto à sua exposição.
Com sua decisão tomada, Viktor reúne sua força e, aproveitando que a luz do sol não está diretamente sobre ele, arremessa com precisão a adaga em direção ao homem que segura Olivia. A adaga corta o ar e atinge-o em cheio. Um breve pensamento surge em sua cabeça, fazendo-o se sentir grato pelas duas semanas de treinamento que fez com Olivia.
No momento em que a adaga acerta seu alvo, ela se surpreende com a ação inesperada de Viktor. A confusão se instala entre os homens, e Olivia canaliza rapidamente sua força para impulsionar Benjamin à Viktor. Seu pai cai na sombra do imponente castelo, e consequentemente, nas mãos furiosas de Viktor. Ele o encara brevemente antes de afundar seu rosto no pescoço dele, mordendo-o ferozmente. Benjamin deixa escapar gritos agonizantes antes de cair ao chão, completamente paralisado pela dor e surpresa.
Quando Viktor olha para Olivia, uma sensação de urgência toma conta de seu coração ao perceber que ela não teve tempo para se defender dos dois homens que estavam ao seu lado anteriormente. No entanto, a situação se inverte quando ele a vê dominar um dos homens com seu uso de magia entorpecente, e o outro com a adaga que Viktor encravara no homem caído. As mãos de Olivia se banham de sangue, e sua expressão parece perdida e assustada consigo mesma. Viktor reconhece o olhar que ela lhe dá naquele momento, pois ele mesmo já havia vivido isso um dia, séculos atrás.
Olivia sente sua respiração acelerar e suas mãos tremerem, resultado da intensa adrenalina de ter tirado a vida de alguém pela primeira vez. A experiência abala suas emoções, mas ela sabe que não há tempo para se permitir fraqueza naquele momento. Firmemente decidida, ela se aproxima da carruagem e sobe a bordo, assumindo o controle das rédeas. Com habilidade, ela conduz a carruagem até Viktor, que espera pacientemente nas sombras.
Assim que a carruagem pára ao seu lado, ele rapidamente recolhe a mala e sobe no veículo. Juntos, eles partem em direção ao desconhecido, deixando para trás o tumulto e as consequências de suas ações, cientes de que têm um caminho desafiador pela frente.
— Você está bem? — Viktor pergunta à Olivia.
— Sim. Estou. E você? — ela pergunta ofegante e de forma ansiosa.
— Também. — ele diz, enquanto abre o grimório e tenta se concentrar em traduzi-lo, enquanto Olivia assume a responsabilidade de levá-los para longe.
— Para onde devemos ir? — ela pergunta, já percorrendo um caminho ao norte.
— Não sei. Por enquanto, vamos tentar traçar um caminho até Bucareste. Tenho certeza que é longe o suficiente para que não nos encontrem. Siga sudeste, meu amor. — ele lhe entrega a bússola. — Vamos encontrar alguma casa de repouso, ou hospedagem. Trouxe algumas moedas de troca. — ele mostra para Olivia os bolsos cheios de pequenas moedas douradas.
Olivia fica fascinada pelas pequeninas moedas de ouro, os florins húngaros, que estavam guardados no bolso da calça de Viktor. Era a primeira vez que ela via uma moeda tão brilhante e valiosa de perto, o que aumentava ainda mais a sua curiosidade sobre a região e a viagem que estavam prestes a fazer.
As horas vão passando, e Olivia adormece em um sono profundo na carruagem, deixando Viktor, com a responsabilidade de cuidar das rédeas, e ao mesmo tempo, aproveitando a tranquilidade do momento, tentando traduzir as passagens do grimório, relacionadas à maldição.
Viktor, mergulhado na tarefa, anota com a pena e o papel, todo o alfabeto grego e reformula as palavras, reescrevendo-as, para desvendá-las com o dicionário. Finalmente, ele consegue a primeira frase:
Um colar de onyx preto, um portal a romper,
De pecados envolto, um destino palpitante.
Viktor, imerso em pensamentos profundos, mantém-se em silêncio enquanto contempla o que acaba de revelar. O sol, que já está se pondo no horizonte, pinta o céu com tons dourados e alaranjados que refletem sua própria inquietude interior. Ele decide não acordar sua amada por enquanto, até que tenha certeza de que entendeu a mensagem da passagem.
Alguns minutos se passam, que mais pareciam horas, e então, ele sente que descobriu.
"Para romper a maldição, precisamos do colar de onyx preto, carregado de pecados envoltos, há um destino palpitante que ele carrega"
— Precisamos do colar. — ele diz a si mesmo.
Com a descoberta, um sentimento de desolação invade Viktor. Ele está ciente de que o colar está em posse do Reverendo Norris, que tentou tirar a vida de Olivia e com sucesso, tirou a vida de Ana. Um nó se forma em sua garganta enquanto ele engole em seco, ponderando sobre as consequências que virão. Ele se aproxima de Olivia, e delicadamente a acorda do seu sono profundo.
— Olivia, por favor, acorde. Eu desvendei uma informação importante do grimório.
Aos poucos, a bruxa abre os olhos e os coça, a fim de prestar mais atenção em Viktor. Quando finalmente está consciente, ela responde: — Viktor, o que você descobriu?
— Aqui, nesta passagem, eu a traduzi. Ela mostra que precisaremos do colar de ônix preto para quebrar a maldição, a mesma que carrega os pecados da minha primeira transformação. Só pode ser isso... — ele diz, apontando para as instruções.
Olivia olha atentamente para o grimório, e assente. — Sim, Viktor, mas se for isso mesmo, o colar não está aqui.
— Sim, meu amor, eu sei. Eu pensei que você poderia dar um jeito de encontrar o Reverendo Norris, por meio de sua magia. — ele a olha com uma chama de esperança em seus olhos.
— Certo, meu amor. Pare a carruagem.
Assim feito, Olivia sai da carruagem e se senta em um local próximo, numa grama verde lisa. Ela fecha os olhos, concentrando-se em seus poderes mágicos, deixando que a conexão com a natureza ao seu redor se intensifique. O vento começa a soprar suavemente, levando consigo pétalas de flores, e a grama se curva em direção à Olivia, como se estivesse respondendo ao seu chamado.
Viktor observa maravilhado de dentro da carruagem, consciente do poder intrínseco que Olivia possui. Ele vê as delicadas folhas das árvores se movendo em uma dança suave, como se estivessem seguindo as instruções invisíveis de Olivia. Conforme Olivia se concentra em seus poderes mágicos e na sua conexão com a natureza, o vento serve como um aliado, soprando suavemente em sua direção para guiá-la. Ele empurra delicadamente Olivia na direção que eles devem seguir, como se a própria natureza estivesse apoiando sua busca por respostas. Ao mesmo tempo, a bússola, antes apenas um instrumento indicador de direção, se transforma em uma ferramenta mágica. Sua agulha não aponta mais especificamente para o norte, mas para uma direção específica onde o Reverendo se encontra. Ao reparar na bússola, Viktor fica surpreendido pelos poderes de Olivia. Pareciam estar aumentando, de certa forma.
Quando Olivia termina seu encanto, seu olhar curioso se volta para o céu noturno. Ela decide investigar quantos dias faltam até a próxima lua cheia, aproveitando que já está em conexão com a natureza ao redor.
Ao analisar a posição dos astros, ela percebe algo inusitado. Com o coração apertado, ela se concentra melhor para acreditar no que vê.
Daqui há exatamente sete noites, haverá um estranho encontro entre o sol e a lua, um fenômeno incomum que irá uni-los parcialmente, permanecendo assim por um tempo indeterminado. Ao investigar essa previsão celeste, Olivia se pergunta se Viktor já presenciou algo semelhante em suas experiências passadas. O coração da bruxa começa a bater mais rápido em seu peito e sua respiração se torna irregular. Uma sensação de inquietação toma conta dela, pois ela se pergunta qual seria o impacto dessas condições astrais na transformação de Viktor. Ela se preocupa profundamente com a segurança e o bem-estar de seu amor, temendo que essa transformação ocorra de forma mais intensa ou inesperada. Poderia Viktor sofrer consequências com essa transformação, sabendo que o sol é seu próprio inimigo?
Espero que tenham gostado, clica na estrelinha pra me ajudar a crescer 🌟
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