Capítulo 8 - O Pulsar do Seu Coração
Viktor observa o nascer do sol no topo da torre do castelo, admirando as cores vibrantes espalhadas pelo horizonte. Apesar do céu estar nublado, ainda há raios solares ultrapassando as densas nuvens. Por um breve momento, ele permite-se apreciar a beleza da paisagem antes de fechar rapidamente as cortinas. Sabe que cada segundo é precioso e não pode se dar ao luxo de perder tempo.
Determinado a fortalecer as barras de ferro das masmorras antes que a noite caísse, Viktor desce apressado pelas escadas do castelo. Ele sabe que sua transformação vai acontecer e não tem como impedi-la, mas podia retardar o processo para que Olivia tivesse mais chances de sobreviver. Aonde quer que ela estivesse, Viktor sabe que o monstro dentro dele irá atrás dela, reconhecendo seu cheiro melhor do que o das outras pessoas, e receia também pelo inimaginável desejo que sente por seu sangue. Além disso, teme o lado sombrio que cresce dentro de si desde o massacre em Sighisoara.
Chegando nas masmorras, as correntes enferrujadas e as barras frouxas chamam sua atenção. Ele sabe que é vital consertá-las para garantir sua contenção. Então, ele vasculha as mesas ao redor em busca de ferramentas adequadas e encontra equipamentos de forja nas proximidades.
Com habilidades adquiridas ao longo dos anos, Viktor empreende um trabalho minucioso para endireitar e consertar as correntes usando uma bigorna e um maço de ferreiro. Consciente da necessidade de calor para acender as brasas da forja, busca uma solução viável. Decide se dirigir à área do castelo onde há uma antiga fornalha, que é utilizada para o aquecimento do grande salão, mas está desativada há muito tempo. Ainda assim, Viktor tem esperanças de encontrar algumas brasas remanescentes.
Com cuidado e atenção, ele examina a antiga fornalha e encontra algumas brasas ainda vivas. Com essas brasas, Viktor acende sua forja no pátio coberto adjacente às masmorras, prevenindo qualquer risco de incêndio ou de fumaça tóxica. Esse espaço oferece também a proteção necessária contra a chuva e mantém Viktor abrigado da luz solar direta. A luz natural filtrada pelas aberturas no telhado oferece uma iluminação adequada, permitindo que ele enxergue claramente o trabalho que está realizando. Ao escolher esse local coberto, Viktor pode não só garantir a sua segurança, como também trabalhar de forma mais confortável e eficiente.
Com seu conjunto de ferramentas e a proteção provida pelo ambiente coberto, Viktor pode se concentrar totalmente no seu trabalho, manipulando o metal aquecido com habilidade e precisão. Dessa forma, passa incontáveis horas consertando as correntes com eficiência, ajudando a reestabelecer a integridade das masmorras e a prevenção de sua própria fuga na lua cheia.
Quando Viktor finalmente conclui a reforma nas masmorras, ele se depara com um céu obscuro e tempestuoso. O dia nublado e as primeiras gotas de chuva deduzem que a noite será tempestuosa, envolvendo o castelo em uma escuridão ainda mais profunda.
Ele teme pela segurança de Olivia e sua missão em busca da verbena. Com o coração apertado de preocupação, Viktor se dirige até o local onde havia guardado a rosa vermelha que ela lhe deu. Ao chegar lá, seu coração afunda ao perceber que a rosa está lentamente murchando, suas pétalas perdendo o viço e sua beleza definhando. Por mais que a regasse, ele sabe que isso não surtiria efeito. Logo, deduz que Olivia não tem muito tempo para viver.
Olivia começa a tarde imersa em sua busca pela preciosa verbena. Ao deixar o castelo, seus olhos se fixam em um pequeno presente achado em sua bolsa: uma bússola. Viktor, conhecendo a importância da orientação em sua jornada, havia colocado o instrumento lá, sabendo que seria uma ferramenta útil para guiá-la em sua busca pela verbena.
Há também um mapa de Brasov. Os olhos de Olivia brilham de expectativa ao perceber que, por meio de estudos na biblioteca, Viktor apontou possíveis localizações da verbena. Contudo, as áreas apontadas são grandes e ela deverá se manter alerta. Junto às coisas de sua bolsa, encontra mais papéis que examina.
Com a excitação crescente, Olivia folheia os papéis e deduz que Viktor arrancou de seus próprios livros. As mesmas continham valiosas informações sobre a planta, suas características, habitats e propriedades. Impressionada com o cuidado e a dedicação de Viktor em compartilhar seu conhecimento, Olivia guarda as páginas com cuidado, prometendo a si mesma estudá-las com calma mais tarde.
Com o mapa e a bússola em suas mãos, Olivia inicia sua caminhada em direção ao norte, conforme as indicações deixadas por Viktor e os conhecimentos adquiridos nas páginas arrancadas de seus livros. Sua determinação é notória, e a esperança de encontrar a verbena impulsiona seus passos.
De todas as plantas e frutos que já plantou, a verbena era de fato uma planta interessante. Ao ler as páginas, a bruxa descobre que a verbena é comumente usada na cura de vários males e doenças. Suas propriedades medicinais são amplamente conhecidas e respeitadas. A verbena pode ser usada na forma de chá, em infusões e tinturas, para tratar problemas digestivos, aliviar dores de cabeça e enxaquecas, acalmar a mente e combater a insônia. Além disso, a verbena possui propriedades antissépticas e anti-inflamatórias, sendo eficaz no tratamento de feridas, cortes e queimaduras. Olivia fica maravilhada com a versatilidade e os benefícios dessa planta.
Com base nas páginas que Viktor arrancou de seus livros, Olivia descobre que a verbena possui uma aparência encantadora com suas flores de um vibrante tom de roxo. Elas se agrupam em inflorescências delicadas, formando belos cachos que se destacam em meio ao verde escuro das folhas. As pétalas da verbena são suaves ao toque, com uma textura aveludada, e emanam um discreto perfume floral. Isso lhe soou familiar, então finalmente se lembra: — São as mesmas que impediam o monstro de cruzar as barreiras da vila. — ela diz para si mesma.
Com uma esperança renovada, Olivia se apressa em chegar na primeira localização ao norte indicada por Viktor. Ela começa a examinar cuidadosamente os arredores, caminhando entre as árvores, observando cada canto em busca de qualquer indício da preciosa verbena. No entanto, após rondar o local minuciosamente, Olivia percebe com uma ponta de decepção que ali não há sinal da planta.
Ela suspira, consultando o mapa e identificando que a próxima localização é mais ao norte, próxima a algumas montanhas na região de Brasov. No entanto, ao olhar para o horizonte, Olivia sente uma sensação de urgência. O céu começa a ficar cada vez mais escuro e a chuva começa a cair ao longe, região onde ela terá que explorar.
A tarde já está se desvanecendo, e o sol escorre por entre as nuvens, tornando-se quase imperceptível. A esperança de testemunhar a lua cheia se torna obscurecida pela escuridão das nuvens pesadas. Olivia vasculha sua bolsa, em busca de uma lamparina para auxiliá-la na escuridão da noite que se aproxima. No entanto, ao fazê-lo, percebe com desapontamento que Viktor esqueceu desse detalhe crucial. Ele poderia ter pensado que ela conseguiria fazer um feitiço, apesar da forte dor de cabeça e náuseas que enfrenta.
Enquanto Olivia continua sua busca pela verbena sob a chuva e a escuridão crescente, ela sente uma súbita tosse seca atravessar sua garganta. Ela imediatamente leva a mão à boca, tentando abafar o som e disfarçar qualquer preocupação. No entanto, ao retirar a mão, Olivia nota uma mancha vermelha em seus dedos. O susto a domina quando percebe ser seu próprio sangue.
Preocupada, ela sente uma onda de tontura tomar conta de seu corpo. A sensação de fraqueza e desconforto ameaça derrubá-la. Desesperada, Olivia abaixa seu corpo para Ébano, seu fiel companheiro equino, e sussurra com a voz trêmula:
— Ébano, meu amigo e fiel companheiro, se algo acontecer comigo... Siga em frente. Mesmo que eu não esteja ao seu lado, quero que você sobreviva e quero que esteja seguro.
Olivia sabe que Ébano não pode compreender suas palavras, mas sente-se compelida a expressar seu desejo de que a segurança de Ébano não seja comprometida por sua própria fraqueza. Apesar de seus receios e do sangue que mancha suas mãos, Olivia luta contra a tontura e a dor, recobrando sua coragem. Ela está ciente de que a urgência em encontrar a verbena só aumenta com o passar do tempo.
Apertando o passo, ela segue em frente, buscando cada vez mais sua força interior para enfrentar os desafios que ainda estão por vir. Respirando fundo, ela confia em seus instintos e segue em frente, enfrentando o desafio na escuridão.
A cada passo, Olivia se lembra da promessa de Viktor, do mapa em suas mãos e das descrições das páginas arrancadas dos livros. Esses pensamentos a encorajam a seguir adiante, mesmo no escuro e sob a chuva. Com força de vontade e resiliência, ela continua sua jornada, confiando em sua própria força e na orientação que Viktor deixou em suas anotações.
Viktor sente a transformação prestes a tomar conta de seu corpo, emanando uma energia poderosa que o envolve por completo. Com cada batida de seu coração, ele pode sentir a besta dentro de si emergindo, implorando por liberdade. Consciente de que não tem muito tempo antes que a mudança seja concluída, Viktor age com rapidez.
Deixando a rosa em seu quarto, ele corre em direção às masmorras do castelo, buscando voltar até as correntes para passar pela transformação.
Ao chegar no local, Viktor avista as algemas que forjou, prevendo esse momento. Com agilidade e precisão, ele prende a si mesmo nas algemas renovadas, atrás das barras de ferro firmes, segurando-as com força.
A tensão em seu corpo é palpável, pois ele pode sentir as garras se formando em suas mãos e seus olhos ardentes se transformando de vermelho para um frio amarelo intenso. Em meio a um torpor dormente, a transformação finalmente toma conta dele.
Seu corpo se expande, quintuplicando de tamanho à medida que sua pele humana cede lugar ao denso pelo escuro que envolve sua nova forma. Ondas de dor e poder percorrem suas veias enquanto suas unhas se alongam em garras letais. De suas costas emergem grandes asas, desdobrando-se majestosamente. O cenário à sua volta treme com a força da transformação. As algemas, tortas sob o poder bestial que emana de Viktor, começam a ceder, caindo aos pedaços enquanto a besta se debate com violência, implorando para ser liberada. A força do desespero faz com que as barras de ferro finalmente se rompam, permitindo que o monstro se liberte dos equipamentos em sua volta.
A criatura, liberada de suas algemas e cheia de poder, sai das masmorras com uma fúria descontrolada, destruindo tudo em seu caminho. Suas garras cravam-se nas paredes, permitindo-lhe escalar com destreza até atravessar o teto, emergindo para a superfície das masmorras. No momento em que a besta alcança o ar livre, suas cordas vocais produzem um rugido assombroso, ecoando por toda a paisagem. O som reverbera, chamando morcegos que, instintivamente, se agrupam ao seu redor. As criaturas noturnas se alinham em voo, formando uma nuvem sinistra e escura ao redor da besta, enquanto ela aproveita seu impulso e se lança aos céus.
Enquanto voa cada vez mais alto, a besta fareja o ar com avidez, captando um aroma doce que flutua pela brisa. A atração pelo cheiro intensifica-se, fazendo babas escorrerem da boca da criatura sedenta. A criatura sabia que algo saboroso e tentador estava à espera. Sem hesitar, a besta voa em direção ao desconhecido, usando sua força e agilidade para explorar o vasto horizonte. Com cada batida de suas asas negras, o vento uiva em seus ouvidos, alimentando ainda mais a sensação de liberdade e poder.
Durante a aventura pelos céus, seu destino permanece incerto. Mas com sua força e seus instintos afiados, tudo o que a fera sabe é que está prestes a saciar sua sede e alimentar sua fome. E assim, voa adiante, desaparecendo no horizonte, rumo ao incerto e ao desconhecido.
Espero que tenham gostado, clica na estrelinha pra me ajudar a crescer 🌟
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro