Enquanto a noite avança, Olivia permanece acordada, inquieta e preocupada com a partida de Viktor. Cada minuto parece uma eternidade, e ela não consegue encontrar descanso até que ele retorne são e salvo ao castelo. Seus pensamentos vagam pela escuridão, esperando ansiosamente pelo amanhecer que traria consigo o retorno de seu amado. A solidão da noite se prolonga, mas ela mantém a esperança de vê-lo retornar antes que os primeiros raios de sol iluminem o horizonte.

Olivia tenta seguir em frente, ocupando seu tempo com atividades que a ajudem a distrair-se e cuidar de si mesma. Ela toma um banho revigorante, deixando a água morna acalmar seus pensamentos e relaxar seu corpo. Depois, dedica-se ao cuidado de suas plantas, percorrendo a estufa do castelo com atenção e colhendo alguns frutos maduros.

Olivia vai até o estábulo e alimenta Ébano, seu fiel companheiro. Ela pondera sobre a ideia de procurar Viktor. A saudade e a preocupação crescem em seu coração, e ela sente-se desamparada desde que o viu vulnerável na noite passada.

O sol começa a raiar no horizonte, anunciando o amanhecer. Os primeiros raios de luz dourados iluminam o céu, pintando-o em tons suaves de rosa e laranja. Aos poucos, o mundo ao redor desperta, e Olivia sente uma urgência crescente em seu coração enquanto observa o sol brilhante no céu, indicando que já é hora de agir. Ela decide confiar em suas habilidades mágicas para buscar pistas sobre o paradeiro de Viktor. Com senso de urgência, dirige-se ao pequeno jardim do castelo, um local tranquilo e propício para suas práticas.

Diante das flores coloridas e das plantas exuberantes, Olivia concentra sua energia e se conecta com a natureza ao seu redor. Ela fecha os olhos e permite que sua magia se estenda além dos limites físicos, buscando informações além da visão comum. Sua mente se abre para a intuição e as visões começam a se formar. Com palavras mágicas ela procura por Viktor, e se ele estivesse pela natureza, então a magia daria certo.

Num instante, ela é envolvida por flashes de imagens, fragmentos de uma caverna escura e misteriosa. Ela vê rochas irregulares, gotejamentos de água e uma fraca luz que emana do interior. Embora não consiga identificar a localização exata da caverna, Olivia sente que é um sinal importante, um indício de onde Viktor pode estar.

Com as visões ainda frescas em sua mente, Olivia retorna à sua consciência e percebe que precisa agir. Ela sabe que a caverna é um ponto de partida para encontrá-lo e trazê-lo de volta em segurança. Com o coração pulsando ansioso, ela se prepara para sua jornada. Olivia volta ao estábulo e sussurra para Ébano: — Vamos dar uma volta, garotão.

Olivia segue seu instinto e parte em busca da caverna que viu em suas visões. Ela cavalga com Ébano pelos arredores, explorando a paisagem enquanto procura pelo local familiar. Olivia sabia que já tinha passado pela mesma caverna no dia em que fugiu de casa. Após algum tempo de busca, ela finalmente avista a entrada da caverna em uma área arborizada.

Com cautela, Olivia desmonta do cavalo e se aproxima da caverna, com Ébano ao seu lado. Ela faz um feitiço de luz com as mãos para iluminar o caminho e adentra o interior da caverna. O ar úmido e o eco dos seus passos criam uma atmosfera misteriosa e intrigante.

Enquanto avança mais profundamente, Olivia percebe algumas pistas que indicam a presença de Viktor. Pegadas frescas no chão de terra, fragmentos de tecido e até mesmo um leve odor familiar. Ela segue essas indicações, com seu coração batendo mais rápido de emoção e preocupação.

Após alguns minutos de exploração, Olivia finalmente encontra Viktor em uma parte mais interna da caverna. Ele está de pé, apoiado contra uma parede rochosa, com uma expressão cansada, mas aliviado ao vê-la. Seus olhos se encontram e um sorriso suave se forma nos lábios de ambos.

Olivia se aproxima de Viktor, abraçando-o com ternura e alívio. Ela percebe que ele está fraco, mas aliviado por ter encontrado alimento para saciar sua sede. Os dois se olham com alegria, por estarem juntos novamente. Em silêncio, se abraçam por mais alguns instantes, encontrando conforto e apoio um no outro. O reencontro traz um sentimento de renovação e fortalecimento dos laços que os unem.

— Ah, Viktor... Eu fiquei tão preocupada. — Olivia diz, enquanto o abraça.

— Me desculpe, Olivia. — ele diz, abraçando-a forte. — Eu não sei nem por onde começar, eu não queria te machucar se eu ficasse...

— Tudo bem, tudo bem. — ela o interrompe e pausa o abraço para olhá-lo — Sem explicações agora, Viktor. Temos que voltar logo, é perigoso estarmos aqui.

Viktor assente. — Mas... A luz...

— Eu pensei numa saída. — Olivia diz, com olhos cintilantes. — Vamos ver se funciona. Use o meu manto. — ela o desprende do pescoço e o entrega. — Talvez eu possa te proteger dos raios solares, por enquanto. Vista-o, por favor.

Após Viktor colocá-lo, Olivia cita algumas palavras, com olhos fechados e concentrando-se. Não parecia ter sido um desafio para ela. Em questão de segundos, ela abre os olhos novamente.

— É um manto especial que criei com uma magia poderosa. Com ele, você estará seguro ao voltarmos ao castelo, mas a magia é temporária e não sei quanto tempo temos. O efeito vai passar, provavelmente em menos de uma hora. — ela explica.

— Olivia, você sempre encontra uma maneira de me surpreender e me proteger. Eu não sei como agradecer por tudo que tem feito por mim. — ele coloca a mão no rosto dela, carinhosamente.

— Não há necessidade de agradecer. Estou retribuindo o favor, além de estar agradecendo por tudo o que você também fez por mim. O amor que me dá, é mais do que o suficiente. — ela sorri genuinamente.

Ele sorri, dando um beijo de gratidão em sua amada. — Eu gosto de agradecer. Vai ter que se acostumar com isso. — ele a adverte, risonho.

— Quem diria que você poderia ser tão cavalheiro... — ela brinca, descontraindo a tensão no ar. Ele ri, e então ela continua. — Agora, vamos voltar ao castelo.

— Sim, minha querida. Estou ansioso para retornar ao conforto do nosso lar.

Com as mãos dadas, Viktor coloca os pés para fora da caverna. O sol brilha no céu, mas os raios solares são bloqueados pela magia da capa.

— Está funcionando. Obrigado. — ele fala aliviado, e ela o conduz até Ébano.

Juntos, cavalgam de volta ao castelo, protegidos pelo manto da bruxa. Com resistência, eles seguem em frente, sabendo que têm um ao outro para apoiar e amar.

Ao chegar no castelo, deixam Ébano seguro no estábulo e seguem em direção ao quarto de Olivia. Ela fecha as cortinas para que a luz não entre, e Viktor a devolve o manto, que é guardado no armário.

— Viktor, fico aliviada em saber que você conseguiu se alimentar melhor. O que fez durante a noite?

— Eu matei um urso e um veado. Levei alguns cortes, mas me curei rapidamente, como sempre.

— Uau. — ela diz, surpresa. — E isso te fez bem?

— Sim, foi um desafio, mas era necessário. Preciso me manter forte e saudável para proteger nós dois, se algum dia for necessário. Agradeço por entender e apoiar minhas necessidades. Me desculpe por ter sido áspero com as minhas palavras ontem. — ele diz, cabisbaixo.

— Não se preocupe, meu amor. Não foi exatamente sua culpa. Eu lhe vi por dias tentar comer uma alimentação humana, sem pensar que isso poderia te afetar. Eu deveria ter feito algo, também. — ela fala, triste consigo mesma.

— Não, não se culpe por nada, meu bem. Eu deveria ter lhe dito algo. Eu só queria poder me sentir como um humano novamente. — ele admite, aproximando-se dela.

— Você nunca gostou de ser vampiro? — ela pergunta, envolvendo seu rosto com suas mãos delicadas.

— Não, nunca. É claro que há suas vantagens. Eu nunca fico doente, me curo rápido, sou forte e rápido. Mas isso não vale nada, se não tenho um propósito ou alguém que me faça querer viver. — ele acaricia a bochecha dela. — Agora, eu tenho.

Olivia sorri, suas bochechas coram e seu olhar brilha. Eles se aproximam lentamente selando os lábios, enquanto envolvem os braços um no outro, demonstrando o carinho e amor que sentem um pelo o outro. A eletricidade percorre seus corpos, mas antes que sintam a plenitude do prazer de continuar, Viktor interrompe gentilmente, e a olha profundamente nos olhos.

— Olivia, minha amada, eu não consigo mais conter o que sinto por você. Cada momento ao seu lado só aumenta o amor que habita em meu coração. Eu a amo, mais do que posso expressar em palavras. Minha vida como vampiro nunca teve mais vida do que tem agora. Isso tudo graças ao seu amor.

— Eu também te amo, meu amor. Eu o amo profundamente. Sua presença em minha vida trouxe luz e felicidade que eu jamais imaginei conhecer. Se não fosse por você, eu provavelmente estaria morta.

— Não diga isso, meu amor. Você é forte, você é a minha luz, a razão pela qual meu coração bate com tanta intensidade. — ele leva a mão de Olivia até seu peito, e ali, suas mãos permanecem entrelaçadas.

— Viktor, você não precisa... — ela pede, mas ele a interrompe, sutilmente.

— Preciso, Olivia. Preciso. Eu já fiz muitas coisas ruins. Sinto que ainda tenho uma chance de redenção, de provar o meu valor, e poder me redimir com a vida daqueles que amei e que se foram por minha causa. Você me ensinou a amar novamente, e por isso, eu sou muito grato. Você me fez enxergar a mim mesmo novamente, como um ser humano. Prometo cuidar de você e protegê-la com todo o meu ser.

A respiração de Olivia se torna ofegante, e uma lágrima solitária rola de seu rosto. — Viktor, você sabe que poderá contar comigo sempre que precisar. Eu também agradeço por ter encontrado em você não apenas um amor verdadeiro, mas também um companheiro leal. — ela diz, com a voz trêmula.

O vampiro dá um riso nasal ao ver a fofura de Olivia, e responde, por fim: — Que esse amor nos guie e nos fortaleça sempre.

Eles se entregam a um abraço cheio de amor e promessas. Eles sabem que o amor que conferem é precioso e único, capaz de superar qualquer obstáculo que a vida lhes apresentar. Juntos, eles deitam-se na cama do quarto de Olivia, e então, descansam o que não puderam descansar na noite passada.

Com resmungos delicados, Olivia acorda nos braços de Viktor. Ela o olha um pouco confusa e pergunta, sua voz falha e é completamente baixa.

— Quer saber que horas são? — Viktor pergunta, tentando desvendar o que Olivia acabou de dizer.

Ela balança a cabeça positivamente com olhos ainda bem fechados.

— Não sei. Desculpe, minha querida. Sei que já está à noite, e esperava você acordar.

Olivia o vê segurando alguns papéis na mão enquanto ele está deitado, e ela estranha ao vê-lo usar óculos. Viktor percebe, e então dá um riso envergonhado. — Ah, sim, eu estou usando óculos. Esses relatórios estão muito difíceis de ler.

Olivia coça os olhos e boceja. — Viktor...

— Desculpe. — ele interrompe. — Quer que eu guarde tudo?

— Não. Por favor, não pare por minha causa. O que é tudo isso? — ela pergunta, curiosa, tentando acordar.

— Estive pesquisando por registros de ataques nas vilas próximas, outros tipos de relatórios de viajantes, moradores locais, panfletos de desaparecimentos, tudo que consegui encontrar. São coisas que poderiam te interessar, mas, pode voltar a descansar, meu amor. Quando você acordar realmente, podemos ver isso juntos.

Olivia coça os olhos rapidamente. — Não, Viktor. Está tudo bem, eu já ia acordar e isso, parece realmente muito interessante. — ela diz, ajeitando-se na cama.

— Você tem certeza de que quer ver isso agora? — Viktor pergunta.

— Claro! Estávamos para ver isso, quando tudo acabou acontecendo... — ela diz, mas não queria que ele se sentisse culpado.

— Minha querida, sinto muito por ter atrasado seus planos de ir para a vila. Eu sei o quanto é importante para você se infiltrar nas vilas e obter informações. Minhas ações recentes foram impulsivas e egoístas, e por isso, peço perdão.

— Viktor, eu entendo suas razões e não posso culpá-lo por seguir seus instintos naturais. Você precisa se alimentar e cuidar de suas necessidades. No entanto, compreendo a importância de nossa missão e a necessidade de planejarmos cada detalhe com cautela.

— Você está certa. Não podemos nos dar ao luxo de agir precipitadamente. Devemos planejar tudo agora? Você está pronta para isso? — pergunta Viktor, com uma mão apoiada nas pernas de Olivia.

— Sim. — ela responde, prontamente. — Vamos levar tudo isso até a biblioteca, e começar a estudar cada detalhe.

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