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Era a segunda sala que eu olhava e não encontrava mais ninguém. Tudo ao meu redor estava bastante silencioso e meu coração batia tão rápido que fiquei com medo que alguém conseguisse escutar o barulho.
Estava quase entrando numa terceira sala quando escuto um suspiro alto saindo lá de dentro.
— Saco... — a voz da Lisa era clara e ela não devia estar muito longe de mim. — E eu pensando que seria fácil encontrar esse invasor e... — de repente ela para de falar e não escuto mais os seus passos ecoando.
Não sei de onde aquela mulher surgiu, mas com uma facilidade que me deixou verdadeiramente irritada, ela me desarma e joga a minha arma para longe. Pensei que ela fosse apontar a arma dela em minha direção, mas para a minha surpresa, ela puxa a trava de segurança e joga a sua pistola perto de onde ela jogou a minha.
Com passos silenciosos e leves, ele toma uma boa distância de mim. Ela parecia calma e satisfeita por me encontrar ali. Ou pelo menos era isso que o seu sorriso me disse.
— Prefiro uma luta mais justa — ela diz, explicando o motivo de ter se desarmado também. Ela abre um sorriso e eu fico furiosa.
— Como você sabia que eu estava aqui? — pergunto tentando manter a calma.
— Seu cheiro... Você tem um cheiro bem específico... Quer dizer, um cheiro específico quando se está prestando atenção.
— Entendo...
— Acho que não nos conhecemos. Me chamo Lisa. Nem precisa dizer o seu nome Vivian Darela, eu já sei muito bem quem é você... Finalmente nos encontramos cara a cara...
— Lisa — minhas mãos fecham e eu fico com uma vontade enorme de dar uns bons socos na cara dela.
— Pelo ódio que está emanando de você nesse momento, tenho que supor que o Leonardo abriu o bico e disse o que eu fiz.
— Sim — era difícil até controlar a minha voz. Tudo em mim estava se transformando em raiva.
— Olha, realmente queria dizer a você que não foi nada pessoal, mas fica um pouco difícil falar isso quando eu não soube separar os meus sentimentos para esse serviço. Foi um pouco pessoal sim. Mas fica tranquila, foi rápido, e praticamente indolor.
— Você acha que isso vai me fazer ficar melhor?
— Na verdade eu sei que não. Mas quis dizer mesmo assim...
— Minha irmã não tinha que pagar esse preço. Vocês poderiam ter feito o que quiser comigo, mas que deixassem ela em paz.
— Seu papel ainda não tinha terminado conosco Vivian, na verdade ele ainda não terminou, ainda temos contas a acertar... Você ainda tem que fazer algumas coisas para nós.
— Não tenho que fazer nada para você. O que mais vocês podem querer de mim? Vocês já tiraram o meu trabalho, parte da minha família! Não sei o que vocês ainda podem querer! — desabafo bem emocionada.
— Ainda há tanta coisa que podemos retirar de você Vivian, você ainda pode nos oferecer tanto... Você nem imagina.
— Chega!
Minha visão fica turva de raiva e eu dou o primeiro passo em direção a Lisa. Não sei se por ela estar surpresa por eu ter tomado a iniciativa, mas consigo acertar em cheio o seu rosto com um soco que fez os meus dedos doerem.
Lisa dá dois passos para trás, mas acredito que somente para pegar impulso para levar o seu punho de encontro com a minha costela. Minha respiração falha um pouco, mas ela não tem tanta força assim quanto imaginei.
Com o corpo meio curvado para o lado, Lisa não tem muita dificuldade de baixar o seu corpo, me dar uma rasteira e cair por cima de mim. Caio de costas no chão e algo duro acerta o meu ombro e engulo seca aquela dor.
Uso toda a minha concentração para aparar da melhor forma possível os socos e cotoveladas que a mulher em cima de mim tenta acertar. Seu cotovelo acerta de raspão em minha sobrancelha, mas aquilo já é o suficiente para abrir um corte, e o sangue começar a escorrer pelo meu rosto e para dentro do meu olho.
Fecho o meu olho direito e não querendo ficar ali naquela dificuldade de enxergar profundidade, o que tornava muito mais difícil esquivar com eficiência dos seus golpes, uso todo o gás que tenho e impulsiono o meu quadril para cima.
Lisa se desequilibra de cima de mim, e rola para o lado. Aproveito que ela teve que usar suas mãos para evitar que a sua cabeça se chocasse contra o chão, num movimento de pernas, consegui acertar meu joelho na lateral de seu crânio.
Ela acabou se desequilibrando mais e aproveitei o momento para que eu pudesse assumir a posição montada nela e consegui desferir uns bons golpes em seu rosto e tronco. Sinto os ossos da minha mão reclamarem ao atingir o seu tórax e paro de desferir golpes por pouquíssimos segundos, mas isso foi tempo mais do que suficiente para que ela erguesse o seu tronco de uma vez e me acertasse uma cabeçada em cheio no meu nariz.
Meu tronco vai para trás por causa do contato e ela recolhe as suas pernas que estavam abaixo de mim, apoia os seus dois pés em meu peito e empurra, me jogando para trás e ela fazendo um rolamento de costas com uma elegância enervante.
Fico rapidamente de pé e ela também.
Limpo o sangue que estava escorrendo pela minha sobrancelha, e o corte não parece ter sido profundo, pois o sangramento para, precisando que eu fique segurando o corte por apenas poucos segundos.
— Posso perguntar uma coisa à você? — digo tentando recuperar um pouco o meu fôlego.
— Você uma pessoa tão importante querendo puxar assunto com uma pessoa tão inexistente como eu? Estou um pouco curiosa. O que quer saber? — ela diz limpando o canto de sua boca e cuspindo um pouco de sangue no chão.
— Você que foi a responsável pelos assassinatos que eu estava investigando?
— Não foram todos, mas fui responsável pela grande maioria. Mas isso não tira a responsabilidade do Erick. Ele que encontrava a maioria das pessoas para mim.
— Leonardo e Pedro?
— O doutor foi um verdadeiro achado para a minha parceria com o Erick. Precisamos de alguém competente, mas que não se preocupe em cruzar a linha da lei algumas vezes. Já o Pedro, foi ele que nos achou. Antes ele só gostava de olhar o que fazíamos... Em termos que fique mais fácil para você entender, ele gostava de testemunhar os nossos assassinatos. Ele nunca se envolveu mais do que isso.
— Mas então quando você matou o pai dele, ele quis vingança.
— Correto.
— Fico imaginando o que ele acharia de você se soubesse que foi você que assassinou o pai dele.
— Você não ousaria contar — o olhar dela ficou frio e verdadeiramente perigoso. Um arrepio subiu pela minha espinha.
Foi então que eu percebi. Ela gostava do Pedro.
— Você o ama — resolvi testar os sentimentos dela.
— Claro que sim. Ele é lindo demais! Um doce de homem... Tudo o que uma mulher poderia querer numa massa compacta e bronzeada de músculos.
— Você matou o pai dele porque o amava?
— Na verdade eu já estava pensando no nosso futuro — ela estrala seu pescoço e volta a me rodear, esperando uma oportunidade perfeita para atacar.
— Desculpe por falar assim, mas não consigo ver esse futuro que você imagina. Não quando você retirou a vida do seu possível futuro sogro.
— Pensa comigo. Pedro um dia ia querer me apresentar para a família, e o Coronel era uma pessoa esperta. Ele sabe o que fazemos, não demoraria nada para ligar os pontos, e não preciso de mais uma pessoa tentando acabar com o meu relacionamento com o Pedro.
— Outra pessoa?
— Não precisa fazer essa cara de desentendida. Sei que você percebeu os olhares que o Pedro te dá. Você sabe que ele tem alguns sentimentos por você.
— E agora a culpa é minha?
— Não, claro que não. Eu até prefiro que ele tenha uma queda por mulheres no poder, assim vai ficar bem mais fácil ele se aproximar e se apaixonar por mim. Se ele acha que você é uma mulher poderosa... Ele mal pode esperar para me amar.
— Boa sorte com isso...
— Quem precisa de sorte quando se tem atitude! — ela endireita seus ombros e se aproxima um passo. Por instinto, eu recuo o passo que ela deu.
— Posso perguntar outra coisa?
— Pergunte.
— Porque vocês pareciam tão empenhados em incriminar o Nicolau? Eu sei que ele e o Erick são irmãos, mas mesmo assim...
— Não sei te dizer ao certo o motivo. O Erick insistiu que fizéssemos isso. Parecia que ele queria chamar a atenção do irmão.
— Ele conseguiu.
— Foi um movimento estúpidos e desnecessário. Não precisaríamos chamar a atenção de ninguém se são quiséssemos. Chamamos a atenção também da polícia, coisa que não queríamos fazer... Mas Erick disse que gostava de um desafio... E me convenceu que aquele era um movimento inteligente. Fazer o quê se eu também amo um desafio?
— Você não acha que está falando muito? — digo, mas logo me arrependo. Que ela continuasse falando tudo o que podia.
— Posso até ter falado uma coisa ou outra a mais, mas isso não me preocupa muito, já que eu tenho a impressão que você tem o mesmo interesse em manter a conversa somente entre nós duas...
— Você tem razão, tudo o que tratarmos aqui vai permanecer aqui... Assim como você.
— Mas você não está confiante demais Vivian? Muitas pessoas dizem que confiança demais pode ser um problema... Principalmente na hora errada.
— Ou a devida confiança nos fazem permanecer vivos. Tudo depende de como usamos essa confiança Lisa.
— Você tem razão. As emoções certas, usadas nos momentos certos nos fazem romper limites e nos fazem ultrapassar limites que antes achávamos impossível... Você seria capaz de fazer tudo isso se não fosse para ir atrás das pessoas que mataram a sua irmã?
— Esqueceu que eu sou policial? Eu iria atrás de vocês mesmo que a Vanessa ainda estivesse aqui. Claro que não sou hipócrita ao ponto de dizer que trazer justiça ao nome da minha irmã não me deu um fôlego extra...
— Claro, todos temos os nossos motivos, as nossas histórias, nossos passados. Como cada um usa eles, vai depender da pessoa. Nem todos os sentimentos nobres são usados para o bem, assim como nem todo sentimento ruim gera algo mau. Há muitos amores assassinando pessoas por aí, assim como tem salvamentos movidos por raiva e egoísmo.
Odiava admitir em como ela estava certa. Em como as suas palavras faziam sentido para mim.
— Acho que essa sua cara de decepção tem haver com o fato que você concordou mais comigo do que quer admitir... — ela sorri de uma maneira quase amiga e eu quase me senti um pouco melhor por ela me entender.
Mas fiquei somente no quase.
Não tinha como esquecer que aquela mulher na minha frente era uma assassina e responsável por acabar com a vida da minha irmã. Ali a poucos passos de mim estava uma das responsáveis por um longo período de declínio na minha vida profissional e pessoal.
Nós esse tempo todo estávamos olhando os fatos de modo errado. Não era apenas um único assassino. Tinham outras mentes por trás de todos os acontecimentos. Nunca íamos encontrar um suspeito convincente, pois eram no mínimo quatro.
— Vamos continuar de onde paramos Vivian? — ela roda os braços com certa velocidade e seus ossos estalam.
Puxo o meu dedo com velocidade e ele volta ao lugar com um estralo seco e dolorido, movimento as minhas articulações para tentar me acostumar. Eu estava com o sangue quente e ela ainda estava me chamando para resolver logo isso.
Abro um sorriso lento e falo num tom calmo.
— Claro.
Hello leitores maravilhosos. Estamos na contagem mais do que regressiva. Temos mais dois capítulos e chegaremos ao nosso fim.
No próximo capítulo teremos o desfecho desse embate? Sim ou não? O que vocês acham que vai acontecer? Será que a Vivian fará justiça com as próprias mãos? (Se ela conseguir...)
Não sei se já agradeço a vocês os números que alcançamos com o livro. Se agradeci, agradeço novamente. Obrigada pelas vinte e cinco mil leituras e pela marca de 3k de votos! Vocês que fazem desse livro o que ele é e eu sou imensamente grata a cada um de vocês por fazerem possível alcançar esses números. Muito, mas muito obrigada ❤
E por hoje ficamos por aqui. Não se esqueçam que se gostarem do capítulo, deixem aqui seu voto e comentário. Quero saber o que estão achando dessa reta final. Um beijo enorme para vcs e até o próximo capítulo 😘😘
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