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Nem cheguei muito distante da pista quando Pedro me alcança.
- Onde era que você estava Vivian? Eu te procurei por todo lugar... Pensei até que você pudesse ter ido embora...
- Oh não... Eu estava por aí, nós devemos ter ficado em cantos opostos do salão, acredito.
- Deve ter sido isso mesmo - ele sorri. - Acho que a cerimônia não deve demorar muito para começar... O prefeito estava animado para começar...
Animado ele estava para ficar sozinho com a mulher dele... Não deixo de sorrir com o meu pensamento. O prefeito só vai dar as caras novamente no salão uns quinze minutos depois, e pela cara de satisfeito dele... Deve ter sido uma rapidinha bem proveitosa.
Ele me entrega um pequeno papel informativo com o cronograma da noite. Maravilha. A minha homenagem não seria tão tarde assim, então depois que terminasse eu poderia inventar uma desculpa qualquer e ir para casa.
Vou me sentar um pouco e para a minha sorte, Pedro me faz companhia e faz com que os cumprimentos de todos que vem ali sejam bem rápidos. Sempre que o meu olhar caía sobre o de Nicolau, ele estava me olhando. Tentei não pensar muito nisso.
- Mais uma vez boa noite a todos! - o prefeito nos saúda mais uma vez, nos chamando a atenção. - Gostaria de dar início a nossa noite de homenagens, vamos começar a celebrar esses rostos bondosos e que fazem da nossa cidade um lugar melhor!
Ele é aclamado por uma salva de palmas e recomeça a falar.
Bruno é um prefeito que sabe da história da cidade e não nega o fato. Ele passa alguns bons minutos falando de como saímos de um pequeno centro agrícola até o polo industrial que somos hoje.
Fala com lágrimas nos olhos da primeira força policial da cidade e mostra com orgulho o que temos hoje. Tudo o que ele está falando parece ensaiado demais, clichê demais, mas ele não deixa de receber muitas palmas quando conclui seus pensamentos de passado-futuro sobre a cidade.
- E é com muita alegria que eu vou chamar agora aqui no palco uma pessoa que está dando o seu melhor e transformando dia após dia a nossa cidade num local maravilhoso de se viver. Coronel Tadeu Barroso e Tenente Vivian Darela! - um holofote quase me cega por um momento, e eu fico de pé.
Palmas calorosas, vindas de todos os lados, assobios e até uns gritos encorajadores invadem os meus ouvidos. Eu fico por alguns segundos atordoada e envergonhada. Não gosto tanto desse tipo de atenção. Eu estou fazendo o meu trabalho. Ponto. Não mereço nada mais do que o meu salário certinho.
O Coronel aparece do meu lado e me oferece o braço para irmos juntos ao palco. Coloco o meu melhor sorriso e aceito. Tivemos que passar alguns minutos em pé no palco, sem dizer nada, somente esperando que as palmas e assobios cessarem.
- Primeiro as damas - Tadeu me indica o microfone para que eu fale primeiro.
Tomo a dianteira e começo a agradecer a todos. Tenho certeza que o meu discurso deve ter soado copiado, mas era o melhor que eu poderia fazer. O Coronel completou o meu discurso e então ganhamos cada um uma placa de homenagem. E claro, tivemos que posar para algumas fotos.
Não vou olhar para o jornal local por uns dois dias...
Finalmente descemos do palco e eu posso tomar algo bem forte sem ter que me preocupar se eu vou parecer bêbada em alguma das fotos. Miro num garçom que está segurando uma bandeja com uma garrafa de uísque. Aperto o passo para alcançá-lo.
- Uma dose dupla. E caprichada - falo.
- Faça duas então - Nicolau está ao meu lado.
O homem nos entrega as nossas bebidas e se afasta silenciosamente.
- Belo discurso que você deu ali - ele não conseguia esconder o humor em sua voz enquanto falava aquela frase.
- Pode guardar esse seu sarcasmo viu Nicolau?
- Mas eu estou falando sério... Acho que eu devo ter escutado um muito parecido num filme ou algo assim...
- Deve ter sido mesmo. Eu odeio falar em público. E não sei agradecer por uma coisa que eu não queria estar agradecendo para começo de história...
- Você é importante Vivian. Aceite logo. O prefeito adora distribuir essas placas... Elas não são grande coisa assim, afinal, até mesmo eu tenho uma...
- Você?
- Ora, não pareça tão surpresa assim Vivian... Eu posso ter sido o suspeito de crimes horrendos, mas antes eu era um modelo dessa cidade, um pilar...
- Nem imagino como você deve estar se sentindo triste por não ter mais o amor incondicional de todos na alta sociedade... - tiro sarro dele.
- Muito engraçadinha você também não é Vivian? Não que eu queria ter sido preso e passado por aquele monte de perguntas e acusações, mas se aquilo foi o necessário para tirar a cidade do meu pé, tenho que ficar bem satisfeito.
- Pelo visto, nós dois estamos no mesmo barco não é?
- Com toda a certeza minha doce Vivian... Agora eu preciso de um pouco de ar longe deles - ele aponta para algumas pessoas ao nosso redor.
- Posso te fazer companhia ou você quer fugir de mim também?
- De você eu só vou precisar fugir se você quiser me prender novamente... Mas prometo não dar motivos à você.
- Então vamos - sorrindo, saímos do salão e vamos caminhar sem saber ao certo onde vamos parar.
Passamos novamente pelo corredor onde mais cedo tivemos aquele nosso, digamos... Momento. E momentos não era o que nos faltava nas últimas semanas. Passei a conhecer um lado do Nicolau eu não imaginava que existia. Não só um, mas vários.
Já conhecia o seu lado calado. O seu lado lutador. O seu lado irmão. Mas tenho que dizer que eu fiquei surpresa em conhecer o Nicolau brincalhão, seu lado atencioso, seu lado prestativo, seu lado responsável, seu lado perigoso, seu lado trabalhador, seu lado preguiçoso. Só tive algumas provas do seu lado sedutor e aquele, sem sombra de dúvida, é o lado dele que mais me afeta.
Eram lados diferentes, e alguns deles eu achava completamente opostos, mas ele os dosava e os usava sempre na hora certa. Meus momentos de silêncio junto dele eram sempre bons. Não me sentia incomodada ou com vontade de falar alguma coisa somente para quebrar o silêncio... Era agradável.
E caminhando ao lado dele nesse momento era mais uma vez a prova disso.
- Você é muito amiga do filho do Coronel Vivian? - Nicolau pergunta e eu sinto a pontada de ciúmes nele.
- Eu o conheci assim que eu fui aceita na delegacia. O Coronel foi me mostrar tudo e eu acabei o conhecendo assim. Ele foi uma das primeiras pessoas que eu conheci na cidade...
- Entendo... E você sabe que ele tem interesse em você, não sabe?
- Não seja bobo Nicolau... Ele é só meu amigo...
- Não, Vivian, eu reconheço o jeito que ele te olha, e sei que o que ele deseja vai além da amizade...
- Você está imaginando coisas Nicolau...
- Tenho certeza que não... - seus passos param. - Reconheço o brilho no olhar dele quando te olha, é o mesmo brilho do meu olhar. E eu definitivamente estou bastante interessado em você...
Não sei o que possivelmente eu possa responder a ele, mas meu corpo esquentou. Não deveria, mas mesmo assim falei. Parei de andar também, sustento o seu olhar no meu.
- Então somos dois Nicolau.
Ele não me deixa falar mais nada. Seu olhar me cala e fala tudo por mim. Nesse momento eu não me importo se alguém vai nos ver, se vão falar de mim, de nós. Tudo o que eu quero que aconteça nesse exato momento é que Nicolau me beije e que o resto fique para depois.
O passo e meio que nos separam, Nicolau dá, decidido. Então tudo o que está ao meu redor é ele. Suas mãos tocam o meu rosto. Sua boca se aproxima da minha e fecho os olhos para tentar controlar a minha respiração.
Seus lábios são de fogo quando encostam no meu pescoço. Nunca pensei que eu pudesse ficar tão arrepiada somente com um beijo no pescoço. Ele vai deixando um rastro de fogo e arrepios e devo ter esquecido como se respira normalmente.
Minhas mãos enterram dentro de seu paletó quando seus dentes roçam de leve o lóbulo da minha orelha. Só preciso que ele fique bem perto de mim, tão perto quanto for possível.
- Não deveria ter ciúmes seus Vivian, mas me deixa maluco te ver íntima de outro cara - e mais uma vez me vejo entre uma parede e o Nicolau.
Minhas mãos vão até a sua nuca e não conseguindo mais esperar nada eu puxo a sua boca em direção a minha. Nem precisamos de alguns segundos para adaptarmos o beijo. O desejo que sentíamos um pelo outro era tão forte que parecia que fazíamos aquilo desde sempre.
Nossos lábios, línguas e corpos já se moviam como um.
Meus dedos tremem e se torcem dentro da sua cabeleira vasta negra e pareciam que ansiavam por esse contato. Então tomo conhecimento das mãos dele. Uma segura com firmeza a minha cintura e a outra passeia livremente pela minha coxa.
Era sensual. Era intenso. Era muito mais do eu imaginava.
Minha cabeça estava flutuando nas nuvens e bem alto. Tinha a certeza que aquele beijo vai povoar um bom tempo os meus sonhos. Não preciso saber se vai acontecer novamente, se vamos ter alguma coisa, eu só queria beijá-lo.
E por não sei quanto tempo foi exatamente isso que fizemos.
De repente ele se afasta meio passo de mim, o que não é praticamente nada, mas já me deixa com uma sensação de imenso vazio.
Fico maluca de tesão ao olhar para a sua boca e perceber que o meu batom está espalhado pelo seu belo rosto. Mesmo com ele ainda perto tenho a certeza que o seu cheiro penetrou na minha pele. Seus olhos brilhavam e me avaliavam com algo latente. Ele exalava luxúria e sua estatura sobre a minha era imponente.
- Eu pensei que pudesse terminar a noite sem fazer isso, mas pelo visto não posso... - sua voz tremia e me fez tremer.
Antes que eu possa responder alguma coisa, escuto gritos vindos do salão principal. Isso não era boa coisa. Algumas pessoas passam correndo por nós e tudo o que eu consigo reconhecer nos rostos da grande maioria é um profundo terror.
Levo alguns segundos para driblar a atmosfera de desejo que me envolve e entrar no modo profissional. Reconheço alguns rostos da delegacia e quando um deles passa suficientemente perto de mim, eu o paro e pergunto o que está acontecendo. Uma mulher para ao seu lado.
- É o prefeito... Ele está... - o policial começa a falar e a mulher ao seu lado começa a ter ânsia de vômito.
- Tudo bem. Leve ela para fora, mas até que eu saiba o que está acontecendo aqui, ninguém sai do recinto, está claro?
- Sim senhora! - ele corre para o lado de fora e eu e Nicolau lutamos contra a maré de gente saindo para conseguirmos entrar no salão.
Mesmo sem eu precisar pedir para ele, Nicolau me ajuda a controlar a situação e tendo uns centímetros a mais do que eu, me indica o começo dela.
Tem um homem no chão. Uma mulher descontroladaao lado. Foi então que eu percebi que era o prefeito e a mulher dele ali. Foiisso que aquele policial tinha a me dizer. O prefeito está morto.
Boa noiteee leitores ^^ Como estão? Desculpem a falta do capítulo na sexta, mas adoeci um pouco e não tive muita força de escrever um capítulo do jeito que vocês merecem... Mas já estou melhor, e espero que tenham gostado desse capítulo ^^
Bom, não sei se vocês notaram, mas temos novidades! O livro mudou de capa!! E então o que vocês acharam? Adorei a nova imagem :D Mas deixem aqui a opinião de vocês...
Impressão minha ou o livro esquentou? Uiii, kkkkk. Esse capítulo foi um passo importante no "relacionamento" da Vivian e do Nick, mas o mais importante, será que demos um passo a mais para encontrar o nosso suspeito? E o prefeito?
Muito obrigada pelos votos, comentários e incentivos de vocês... Vocês são demais <3 E se gostaram do capítulo, não se esqueçam de deixar o seu voto e/ou comentário aqui ^^ Quero saber o que estão achando.
Beijos e até a próxima ;**
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