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O dia hoje no trabalho tinha sido tranquilo. Somente alguns B.O.'s e uma prisão de um assaltante. Nada demais. O dia passou rápido demais e quando dei por mim, os policiais já estavam trocando de turno.

Arrumei minhas coisas em cima da mesa e fui para casa. Vanessa tinha ido para uma consulta no medico hoje a tarde e passou a tarde toda fazendo exames. Não pensei que eu fosse ficar tão de acordo com a ideia da minha irmãzinha ter um filho, mas às vezes os sentimentos podem surpreender.

- Chegou isso pra senhora Tenente - um policial me entrega um grande envelope prateado com meu nome escrito com letras bonitas na frente.

- Quem foi eu entregou isso?

- Foi um motoboy normal. Ele estava em nome do prefeito.

Agora nem preciso mais abrir o envelope para saber de seu conteúdo. Mas depois de abrir e confirmar que era convite do baile anual da polícia, vejo um pequeno recado do prefeito.

" Olá Tenente. Como prometido o convite oficial para o baile, como você pode ver seu nome está entre os homenageados. Meus parabéns mais uma vez e obrigado pelos serviços prestados. Será uma honra te homenagear. E sua irmã também está convidada. Obrigado também por me poupar da viagem.

Att,

B. Alcântara."

O coloco com cuidado dentro de minha bolsa. Pego as chaves do carro e vou para casa. Vanessa já deve estar me esperando e eu estava morrendo de fome.

Antes de ir para casa eu passo num restaurante italiano e pego o nosso jantar. Vanessa deve estar morrendo de fome. E agora tem o meu sobrinho. Vou cantarolando o caminho de volta e depois de estacionar o meu bebê entro em casa.

Assim que abro a porta da garagem um cheiro de comida boa toma conta. Huuuuum, a Vanessa deve ter cozinhado. Senti falta de comida caseira. Era a coisa mais rara do mundo eu cozinhar alguma coisa. E era bom comer uma coisa mais caseira...

- Querida, cheguei! - gritei brincando com minha irmã.

- Está de bom humor não é mana? - Vanessa fala da cozinha.

- Um dia bom Van, sem mortes, sem problemas maiores... - falo passando por ela e colocando a comida na geladeira.

- Que bom Viv, e espero que você esteja com fome, porque eu errei na mão e sem querer eu fiz um monte de comida.

- Morrendo. Vou só tomar uma ducha rápida e já venho - saio da cozinha e passo pela sala.

Olho para o chão da sala e uma mala grande preta estava disposta no chão. Estranho, não me lembro dela. Pego uma de suas alças para levantar, e estava um pouco pesada.

- Como é? - me abaixo para abrir a bolsa e ver o que tinha dentro.

- Viv! Quase me esqueci... Um cara veio hoje de tarde e pediu pra te entregar essa mala. Disse que eram alguns equipamentos pra você e que você saberia o que fazer com eles. E me deixou também aquele envelope que está em cima da mesinha - ela aponta para o pequeno retângulo branco.

- Obrigada mana - sorrio. Então Nicolau tinha aprendido a tocar a campainha...

- Pra que você precisa de tanta câmera assim Viv? Desculpa, sei que não deveria ter olhado, mas vai que tinha uma bomba aí dentro... Não queria correr o risco...

- Ah, fez certo Van, e é coisa da delegacia, você não precisa se preocupar...

- Certo então. Pois vá tomar sua ducha que quando você terminar a mesa já vai estar pronta e posta para comermos. Também estou cheia de fome...

- Certo. Volto já.

Pego a mala e levo pro meu quarto. Se eu pretendo fazer isso ainda hoje é importante eu não fazer nenhum barulho e sair pelo meu quarto. Era só esperar a Vanessa dormir. Tomo meu banho e coloco um pijama todo folgado. Descalça volto para a cozinha para ter um jantar agradável com a minha irmã.

Vanessa cozinha muito bem. E gostei do clima de casa de família que ela trouxe pra cá. Tinha me acostumado a comer sempre em restaurantes. E a comida da Vanessa me lembrava a da nossa mãe. Me lembrava de uma época mais calma e sem tantas responsabilidades.

- Vanessa você deveria abrir um restaurante... Você finalmente aprendeu a cozinhar...

- Finalmente Viv, mas você só está falando por falar. Eu tive que aprender. Cansei de queimar as panelas e quase incendiar a cozinha quando queria esquentar um pouco de água para um chá...

- Nunca é tarde... Mas agora me diz, como é que foi o médico, como é que está meu sobrinho?

- Fiz uns exames de sangue e o médico disse que estava tudo bem. Passou algumas vitaminas para que eu tomasse e marcou as próximas consultas. Ele é bem atencioso, e muito bonito também...

- E casado Vanessa.

- Não estava querendo Viv! Jesus! Não posso nem mais dizer que um homem é bonito que você já acha que eu quero alguma coisa com ele? Sossega esse facho que quando os homens ouvem a palavra filho, eles correm mais do que o recordista dos 100 metros rasos.

- Nisso eu tenho que concordar...

- Como você sabe, nem filho você tem...

- Ao contrário da crença popular, eu tenho amigos tá? - ela me olha divertida e descrente. - Conhecidos, feliz? - ela concorda. - Então, eles passaram por isso já, e eu sei como acontece para eles...

- Certo...

- Agora você e o meu sobrinho tratem de descansar e pode deixar que hoje eu lavo a louça, já que você teve o trabalho de fazer o jantar, eu me viro aqui...

- Maravilha Viv, não é querendo me aproveitar de você, mas esse monte de exame que eu fiz hoje acabou me cansando um pouco... Acho que eu já vou ir dormir.

- Claro, já são oito e meia da madrugada! - falo rindo e retirando os pratos da mesa.

- Você é malvada, eu fiz um monte de exame e ainda quando cheguei aqui mesmo cansada eu ainda fui preparar o seu jantar...

- Okay rainha do Drama, eu estava só pirraçando com você. Eu sei como pode ser cansativo. Vai descansar mana, vou ficar bem.

- Vê se não fica acordada até muito tarde, senão amanhã você fica sonolenta e toma um tiro!

- Não precisa falar assim, eu também já vou descansar mãe!

- Boa noite Viv - ela vem ao meu lado para me dar um beijo estalado em minha bochecha. - Dorme bem mana.

- Você também. E cuida bem do pequeno...

- Pode deixar...

Vanessa vai dormir e eu me ocupo em organizar a cozinha. Depois de limpar tudo eu vou para o meu quarto para ver melhor todo o equipamento. O envelope ainda está lacrado, minha irmã não leu. Ainda bem não sei bem o que ele vai falar aqui.

"Tenente, obrigado por fazer isso por mim. Você está vendo? Até aprendi a usar a campainha como forma de agradecimento, mas sério, pense sobre um sistema de segurança, não é só mais você... Acredito que você deve ser familiarizada com esse equipamento, mas em todo caso as baterias e os fios estão todos aí, não precisa instalar todas se você não achar necessário. Também coloquei um pequeno GPS aí, para te ajudar a te orientar. Aqui está o meu número, para qualquer eventualidade. Cuidado com os bichos. N."

É, acho que ele tinha pensado em tudo.

Vasculho a bolsa e encontro o que eu poderia usar e separei os itens e coloquei baterias e arrumei tudo o que eu poderia já agora aqui na tranquilidade do meu quarto. O bom era que eu poderia fazer isso mais tranquila e a rua também ficaria com menos movimento, facilitando a minha jornada.

Depois de tudo pronto, coordenadas colocadas no GPS, mochila nos ombros, eu fui até o quarto da Vanessa para ter certeza que ela estava dormindo. Escutei seu ronco baixo e fiquei feliz por saber que ela já está dormindo. Ela morreria negando que roncava, mas eu sabia e fiquei feliz em saber que ela estava bem e dormindo. Tranco a porta de casa e deixo tudo fechado.

Com a minha chave em mãos e pronta, eu pulo o muro da minha própria casa e saio na madrugada. Eu demoraria um pouco mais de quinze minutos na caminhada até o local e eu fui aproveitando a paisagem e respirando o ar puro da noite quase madrugada. A rua estava silenciosa, e quando eu entrei na pequena área verde afastada, tudo o que fazia barulho eram os insetos.

Não demorei muito encontrar o armazém velho e dou a volta nele somente para ter a certeza que ele estava vazio. Depois de conferir todas as entradas eu resolvo colocar umas três câmeras escondidas no meio das folhas, testei as imagens e consegui ter um bom olhar ao redor do armazém.

Entro no armazém e tudo parece estar bem limpo. Diversas cadeiras de madeira estão espalhadas ao redor de quatro grandes ringues imaculadamente brancos. Um cheiro forte de alvejante queima meu nariz, e indica que alguém esteve aqui para limpar tudo e deixar tudo organizado.

Vejo um interruptor ao longe, mas não me atrevo a ligá-lo. Não quero atrair qualquer atenção indesejada. Além do mais, a luz da lua me dá uma boa iluminação, ela está tão cheia e brilhante como ontem. Pego um pequeno cavalete para me ajudar a subir em alguns lugares e esconder melhor as câmeras e começo o trabalho.

Procuro os melhores ângulos ali dentro, cantos mais escuros, lugares onde as pessoas não pensam em olhar e vou instalando as câmeras. Instalo um total de quatro câmeras dentro do armazém, e acho que agora vou ter uma boa visão de tudo ali.

Testo as câmeras e elas me dão uma boa imagem de lá.

Tudo foi bem tranquilo eu vejo se não deixei nada para trás e arrumo tudo o que restou na mochila e saí dali. Não dou dois passos para fora dali quando eu escuto passos e vozes ao longe.

Merda! Não tenho tempo para fugir, quando eu vejo uma árvore um pouco baixa,mas cheia de folhas, acho que na escuridão... Subo o mais rápido que posso até que as vozes entram no clarão do armazém.

- Rick volta aqui! - uma voz estridente fala. Rick, esse nome não me é estranho. Estou escondida em cima de uma árvore e não ouso nem respirar para não me denunciar ali...

- Já te disse pra não me chamar assim, que saco mulher!

- Mulher não! Fala direito comigo! E seu nome é esse, você quer que eu te chame como seu pirado?

- Tanto faz mulher! Nem sei porque você está aqui comigo...

- Porque eu sou sua namorada ora bolas! Rick, olha pra mim, caramba!

- Você nem deveria estar aqui! Esse lugar é proibido para mulheres...

- Mas eles nem vão saber...

- Você tem razão... - um pé meu escorrega um pouco fazendo o galho em que eu estava apoiada estralasse. Puta merda! O homem rapidamente se põe em alerta.

- Porque você ficou tão ca... - ele tapa a boca da mulher com a mão e começa a olhar para todos os lados.

Folhas farfalham logo abaixo de mim e eu fico tensa. Cassete, será que algum galho caiu? Merda, eles vão me ver, estou fodida. Mas as folhas continuam a se mexer e se eu não estivesse tão nervosa eu teria soltado um suspiro de alívio quando uma lebre sai da folhagem e o homem relaxa.

- Pensava que tinha alguém aqui, mas é só esse maldito coelho. Vamos logo terminar de arrumar isso e vamos pra casa...

O casal entra no armazém e eu fico esperando mais alguém aparecer, mas não aparece, então eu desço rápido da árvore e corro para bem longe dali. Quando eu estou a uma boa distância eu testo o alcance das câmeras e ligo o meu monitor de teste.

A imagem é clara e limpa dos dois no armazém, que agora tem as luzes ligadas. A mulher olha para todos os lados, não sei se é espantada ou admirada com o lugar. O homem continua a espalhar cadeiras pelo local e ajusta dois grandes freezers e os liga em tomadas, ou geradores, não sei dizer pelo ângulo. Nenhum dos dois parece perceber a localização das câmeras. Ainda bem.

O homem vira e eu consigo ter uma boa visão do rosto dele.

Puta que me pariu! Era o Erick!



Me desculpem pela demora em postar! Aconteceram alguns probleminhas e não consegui ter tempo nem cabeça para escrever capítulos, então me perdoem mesmo pela demora em postar.

Obrigada vocês que ainda me acompanham <3 Espero voltar para a minha rotina em breve, então sem mais demoras de um mês para postar ;D

Só pra mostrar que vocês ainda não me abandonaram, deixem seu voto e/ou comentário aqui, só pra saber o que vocês estão achando da história. Terminando o capítulo em tensão :X O que vocês acham que vai acontecer agora?

Beijos meus amores e até breve ;*


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