Ethan

Depois daquele pesadelo, não consegui mais dormir. Apenas fiquei virando de um lado para o outro em minha cama, e torcendo para que a luz do sol aparecesse logo e eu pudesse começar a colocar meus planos em prática.

Como se meus pedidos tivessem sido atendidos, a noite passou mais rápido do que imaginei, e logo pude ver pequenos feiches de luz passando pela minha cortina.

Me levantei um pouco sonolento e fui até a janela. Assim que cheguei lá, abri as cortinas e respirei fundo o ar puro da manhã.

O sol ainda estava nascendo, o que me proporcionou ver pela primeira vez a neblina se dissipando de meu jardim.
Que devo admitir, foi uma belíssima visão.

Antes que Seth ou alguma criada viesse me acordar para o café da manhã, eu já estava pronto.

Antes de sair do quarto, me olhei no espelho uma última vez para conferir se estava tudo certo.

Quando vi que estava tudo ok, peguei meu paletó e fui em direção a sala de jantar.

Antes que eu chegasse lá, no meio do corredor, encontrei Seth indo em direção ao meu quarto. Assim que me viu, ele fez uma reverência.

-Vossa Alteza, vejo que acordou cedo ho..

-O café da manhã já está pronto? -Perguntei o interrompendo e lhe entregando meu paletó.

Hoje eu não estava com humor para conversar e esperava sinceramente que Seth tivesse entendido isso.

-Sim Alteza. As criadas se adiantaram hoje por conta do evento que vossa alteza terá daqui á algumas horas.. -Ele disse tentando acompanhar meu passo.

-A carruagem já está pronta? -Perguntei arrumando minha gravata.

-Sim alteza. Apenas aguardando sua chegada.

-Ótimo. -Falei friamente.

Assim que cheguei na sala de jantar, notei que a mesa, como sempre, estava repleta de muitas variedades de pratos doces e salgados.

Um grande desperdício.. -Pensei olhando a mesa farta de alimentos.

Assim que me aproximei da mesa, uma criada começou a puxar uma cadeira para que me sentasse, mas neguei.
Passei pela criada e me servi com apenas um copo de café.

Em seguida, peguei alguns morangos que estavam sobre a mesa e fui comendo até chegar na carruagem.

Quando cheguei, não demorou muito e já estávamos na estrada.
Em poucas horas, chegamos no Palácio da Princesa Ophelia.

Seu Palácio ficava no coração de Arendell.
Um Reino paradisíaco, repleto de montes e florestas, que o tornavam um dos Reinos mais belos que existiam.

Porém, administrado por mãos erradas.

Quem governava este reino, era o Rei Klaus. Um velho decrépito e louco, que gostava de fazer joguinhos para confundir a mente das pessoas.

Apesar da sua loucura, o Rei Klaus tinha algo que eu admirava.

Sua inteligência.

Normalmente, os palácios são construídos nos fundos das cidades, ou em áreas afastadas ou isoladas do povo.

Porém, os antigos Reis que governavam Arendell, escolheram construir o Palácio no centro da cidade.

Á princípio, por uma causa nobre.

Antigamente os reinos eram construídos a base de desconfiança e traição entre os povos. E para mudar isso os ancestrais da família Lewis, decidiram levantar suas fortalezas no meio do reino de Arendell, ou seja, perto do povo.

Assim a ligação entre ambos sempre seria próxima e forte, permitindo assim vários anos de paz e prosperidade durante os anos que se seguiam.

Porém, graças ao Rei Klaus, os motivos nobres em que essa idéia foi criada, começaram a se desfazer em um objetivo mais sombrio e severo.

Como o Palácio está próximo do povo, o Rei Klaus está ciente de todo passo dado pela população e assim, manipula á todos facilmente.

Sua população, são na verdade, marionetes em suas mãos.

Mal sabem elas, que seu Rei, não sente nada além de nojo e desprezo pelo seu povo. Ele apenas usa as pessoas para alcançar seus propósitos fúteis. E quando consegue, descarta a todos como lixo.

Esse seu modo aproveitador, é algo que admiro nele. Pelo menos, ele sabe usar o pouco da inteligência que tem.
Ao contrário da sua filha Ophelia, que parecia um robô. Sem reação, sem atitude, sem sentimentos. Ela era vazia.
Só vivia para satisfazer as vontades do pai. Seu mundo girava em torno dele.

Pobre Ophelia.. no que o Rei Klaus á transformou..
Outra marionete nas mãos do pai.. -Pensei entrando em seu Palácio.

Assim que cheguei, fui recebido pelas criadas, que me entregaram uma taça com Champagne e se despediram educadamente.

Apesar de termos chegado cedo, o local já estava cheio. Com muitos príncipes e princesas, que pareciam conversar animadamente ao redor do enorme salão onde estávamos.

Eu estava prestes a me sentar em uma das mesas que estavam espalhadas pelo local, quando vi Ophelia se aproximar de mim com um grande sorriso no rosto.

-Príncipe Ethan Ashmore.. É um grande prazer recebê-lo em meu humilde Palácio. -Ela disse fazendo uma reverência.

Sorri.
-Eu que agradeço por me convidar. -Sussurrei beijando sua mão carinhosamente.

Enquanto eu conversava com Ophelia, notei que várias princesas não tiravam os olhos de nós dois.

Provavelmente, estariam com ciúmes da minha conversa com Ophelia.

Sorri.
Tão ingênuas..

-Então, como foi a viagem? Sei que as terras do Leste de Salém não são muito longe, mas de qualquer forma, deve demorar algumas horas..

Enquanto Ophelia falava, notei que além das outras princesas, uma em especial, me olhava fixamente. E pelo seu olhar, notei que ela não parecia nada feliz.

Lucilly me encarava com um olhar tão severo, que até mesmo alguns príncipes que estavam próximos dela ou iam cumprimentá-la, preferiram se afastar.

Ela parecia estar realmente muito irritada.

E eu me importava com isso?
Não. Nem um pouco. Pelo contrário, isso só me dava motivos para brincar com seus sentimentos mais uma vez.

Quando ela notou que eu estava olhando para ela, colocou seu copo de champagne sobre a mesa e começou a se aproximar de mim e da Ophelia.

Eu não queria ver Lucilly nunca mais. Já estava mais que enjoado dos seus dramas. Então para que ela sumisse de uma vez por todas da minha vida, tive que tomar uma atitude drástica e impensada.

A minha sorte foi que, quem estava na minha frente, era o brinquedinho preferido do Rei Klaus.
E ela estava no momento e na hora perfeita para que eu pudesse concretizar meus planos.

Ophelia ainda falava sobre meu Reino, porém não me importei.
Aproveitei que ela estava distraída, coloquei minhas duas mãos sobre seu rosto e a beijei.

Enquanto nos beijávamos, escutei um barulho abafado ao nosso redor, como se as pessoas estivessem surpresas pelo meu beijo com a Ophelia.

Porém, isso não me atrapalhou. Continuei a beijando até ouvir um barulho de uma taça caindo ao chão, o que fez Ophelia e eu nos afastarmos rapidamente.

Quando olhei, notei que havia sido Lucilly que tinha quebrado a taça e neste momento, havia saído do Palácio da Ophelia furiosa.

Objetivo concluído com sucesso!

Eu olhava toda aquela situação com um grande sorriso no rosto, quando de repente, senti um forte tapa no rosto, que me fez cambalear um pouco para trás.

-Você está louco? Como pôde me beijar assim na frente das pessoas? -Ophelia perguntou irritada.

-Porque? Queria ir pra um lugar mais reservado? -Perguntei com um sorriso sarcástico.

-Ora seu.. -Ophelia já estava se preparando para me dar outro tapa, quando Seth segurou sua mão á impedindo.

-Um momento vossa Alteza, a senhorita não pode encostar no príncipe Ethan desta forma. -Ele disse deixando Ophelia mais irritada ainda.

Em quanto Seth conversava com Ophelia, olhei ao redor, procurando por Lira ou Evan, mais não vi nenhum dos dois.

Suspirei desanimado.
Provavelmente, eles não vieram.

Pelo pouco que eu conhecia sobre Lira, já sabia que ela não gostava muito de reuniões sociais. Então eu não deveria me surpreender dela não ter vindo.

Eu não tinha mais nada para fazer aqui. Estava apenas perdendo meu tempo.

-Deixe ela Seth. Vamos embora. Não temos mais nada para fazer aqui. -Falei dando um último gole no meu champagne e começei a me retirar, ao som dos gritos e ameaças da Princesa Ophelia.