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Capítulo 8

Akanta tinha sido obrigada a acordar cedo para vigiar a festa ser desmontada, conversou com os empregados da cozinha que a comida que sobrou era para ser dívida entre todos ali e, se ainda houvesse sobras, levasse o resto para comunidades mais pobres, depois discutiu com os homens que tiravam as flores do local para entregar as moças que decoravam o castelo para reaproveitá-las.

Caleb andava atrás dela como um morto-vivo, sem reagir a quase nada, apenas aos comandos da princesa. Ele estava tão aéreo que Akanta tentou mandá-lo dormir várias vezes, mas não dava ouvidos.

Após toda os trabalhos ela sentou na biblioteca, se escondendo de todas as damas da corte, as quais deveriam está a procurando para iniciar a discutir a próxima festa que aconteceria, se a princicesa não estivesse enganada seria o baile de máscaras, uma festa tradicional de Catalan e extremamente difícil de organizar. Depois daquilo viria o casamento de Gayla e toda aquela bagunça arranjada pelo seu pai.

Aquele casamento era a segunda coisa mais falada no castelo, logo depois da história de Gayla ser a princesa de Zaark. Akanta não poderia deixar de perguntar se aquela história toda era verdade ou não.

Suspirou enquanto via Caleb deitado sobre a mesa, respirando profundamente, a menina sorriu e começou a fazer carinho nos cabelos negros dele, enquanto sentia uma certa piedade, afinal, ambos os guardas não estavam em sua terra natal e obrigados a seguirem costumes estranhos. Em breve, até Caleb não estaria livre das negociações de casamentos. Ninguém estava.

- O que foi? - ele disse meio murmurando.

- Nada... - ela disse deitando sobre ele sentindo seu cheiro de canela - Pode dormir, em breve vamos ter que sair daqui e enfrentar a corte.

- Credo! - ele disse rindo e vendo os cabelos loiros da menina contra a sua pele morena - Vamos fingir que estávamos pesquisando a fundo alguma coisa aqui, acho que eu morro se tiver de ouvir alguma dama discutindo alguma futilidade.

- E o que seria futilidade? - ela disse se levantando 

- Você sabe... - ele falou se ajeitando na cadeira para vê-la melhor - Laços, vestidos e jóias.

- Ah! - ela disse irônica - Mas isso é um assunto extenso e muito profundo. Acho que é até mais do que política e lendas!

Caleb apenas revirou os olhos e estendeu a mão para pegar um dos livros sobre a mesa e o abriu em qualquer página passou seus olhos por cima e começou a folheá-los sem muita pretensão, até por fim falar de novo.

- Acha que Gayla é Avalon?

- Até você está pensando nisso? - Akanta riu - E se ela for que diferença faz?

- Bem, a herdeira do trono do reino que seu pai vai entrar em guerra, em breve, está vivendo aqui, prestes a se casar com um membro da corte, isso no mínimo deveria impedir que as coisas fiquem ruins.

- Não acho que uma princesa iria parar algo nessa proporção... - os olhos lilás de Akanta fixa na página que Caleb parou de folhear - Adoro essa história!

O rapaz olhou para o livro aberto e viu a gravura muito bem pintada de amarelo e vermelho um grande pássaro voando pelo céu cheio de estrelas. Era a história dos passararos amantes que nunca poderiam ficar juntos.

- Meio triste essa daí, não? - Caleb deu um sorriso para ela enquanto passava as páginas rapidamente - Na minha terra tínhamos histórias de gênios, acordos com criaturas mágicas e maneiras idiotas de acabar morrendo enquanto alimenta a ambição, bem melhor do que as suas lendas, mas...

Ele deixou o livro na mesa revelando a ilustração de um enorme dragão com uma moça de cabelos negros montada nele, abaixo deles frotas e frotas de navios navegavam. Akanta sempre achava a mulher na ilustração tão forte e poderosa, como deveria ser um guerreiro, que muitas vezes ficava incomodada. Não tinha certeza se era com ela mesma, com a ilustração ou como Catalan inteira a tratava.

- Celina e os dragões? - ela deu um sorriso torto - Por que não me surpreende?

- Sabe que se Gayla for Avalon, Celina é antepassada dela. - Caleb disse sorrindo - E se ela for, significa que ela tem sangue da nobreza da Ilha do Dragão.

- Não acredita mesmo na lenda que essa família é capaz de controlar dragões?

- Por que a ilha tem esse nome, então?

- Vulcões! - ela disse rindo - Somente isso! Os reis souberam criar uma boa ilusão.

- E como Celina libertou o seu povo?

- Olha... - Akanta disse pegando o livro e indo até a página, na qual fala da ilha e da família de lá - Se Avalon tem, o suposto, poder de controlar dragões, eu também tenho!

Na página havia uma ilustração de uma moça com os cabelos loiros quase brancos e olhos roxos com um círculo dourado na pupila. Ela tinha desenhos por todo o rosto com padrões bem parecidos com os que Gayla havia feito em Aires.

- Rohana, primeira do seu nome e espírito do dragão. - Caleb leu a legenda, depois para as anotações - Uma das características mais marcantes da família real da Ilha do Dragão são seus olhos roxos. Se mapear a origens das demais famílias que possuem esse olhar tão exótico vai acabar todas nela.

- E mesmo assim eu não acredito nessas baboseiras de lendas!

Caleb revirou os olhos e fechou o livro para ver o título: "Histórias e mitos do mundo. Parte:I", depois voltou a folhear.

- O que está fazendo agora? - Akanta disse se aproximando.

- Olhando sobre Avalon ou pelo menos sobre a família dela.

- Por que?

- Quem sabe assim não podemos descobrir mais sobre essa história toda, pelo menos desmentir essa situação toda.

- Não vejo como um livro velho possa ajudar. - ela riu.

- Bom temos milhares de livros velhos aqui! - ele deu de ombros - Vamos, isso será um bom passatempo entre as organizações de festas.

Akanta ia negar, mas lembrou da fofoca sobre a situação que Gayla se encontrava e como ela estava rendendo, se houvesse provas que confirmasse que aquilo era apenas história de camponês a corte a deixaria em paz. Sem contar que ficar horas na biblioteca sozinha com Caleb também não seria algo, o qual ela reclamaria.

Sorriu enquanto concordava com a cabeça, vendo o rosto e os olhos do seu guarda brilharem de empolgação, já pronto para ler o sumário daquele livro todo, enquanto isso a moça ia até os registros para ver onde estava guardado os livros de História e registros de gerações reais.

Apesar de inocente, essa foi uma brincadeira perigosa.

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