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Capítulo 57

Aires reparava que para seus soldados sairem não tinha levado mais do que minutos para todos estarem prontos, mas para ele dias não estavam sendo o suficiente. Aparentemente, precisavam ainda terminar de preparar os melhores homens para sua proteção, comida de primeira e mais uma série intermináveis de coisas fúteis e cada vez, o qual reclamava, era obrigado a ouvir Darlan dizendo que ainda estava em tempo de alcançar seu exército.

- Eles devem está na metade do caminho essa altura.

- Que isso! Há muitas cidades pequenas... - o primo deu de ombros - Estou recebendo muitos relatórios de armadilhas, povo resistindo... estão com dificuldade de avançar apropriadamente.

- Por isso eu deveria está com eles! - o rapaz respondeu pegando uma espada.

O rei havia procurado Darlan aquele dia irritado e querendo extravasar toda aquele sentimento em algum lugar. Girou a arma nas mãos lembrando da sensação, ficou feliz quando o primo havia sugerido aquela alternativa.

- Acho que devo lembra-lo... - o rapaz respondeu pegando a sua arma - Não temos herdeiros... todo cuidado em relação a você e pouco.

- Temos você... - o príncipe deu de ombros - Não é um grande mistério quem está no próximo da fila.

Darlan deu o primeiro golpe girando a arma e Aires o impediu por pouco.

- Toda vez que a linhagem muda, temos problemas. - ele riu - Lembra, quando a sua assumiu depois de séculos com a segunda...

- A filha mais velha do falecido rei com suas irmãs contra seu tio. - o rapaz bufou e afastou o primo - Nobres diferentes apoiando coisas diferentes. A Guerra do Rei e Rainha.

- A única vez que Zaark tinha ficado contra os interesses da maior parte dos nobres de Catalan. - ele disse girando a espada mais uma vez - Mas foram perdoados, afinal, eles seguem a linhagem feminina, claro que apoiariam as moças.

- Foi uma guerra bem forte... - ele desviou - No final todas as moças foram mortas, tirando a mais velha que...

- Que foi acolhida por Zaark e enviada para ilha das maçãs. Sua família começou o reinado conhecida com...

- Os chifres com sangue... - ele suspirou - Sei bem. Não é a história que orgulhamos mais.

- Mas foi a que lhe deu a coroa.

- Bem... sim. - o príncipe suspirou - Não adianta pensar muito no passado de qualquer forma. Temos muito no presente para se preocupar. Será que Akanta está bem?

- Se Avalon tiver a mínima decência em seu coração, sim, mas me preocupo com a primeira parte dessa frase.

- Ainda não consigo acreditar que a mesma menina que ficou por perto quando éramos pequenos seria capaz de matar alguém... - ele disse atacando e recuando em seguida - Tudo bem que ela foi treinada para isso...

Darlan deu de ombros. Para ele não impossível que a imagem daquela bárbara raivosa que ele viu naquela cidade não fosse capaz de matar, estranhamente não era muito difícil pensar em atravessá-la com uma espada. Sentiu até um certo prazer nessa imagem.

Aires ainda refletia sobre a imagem de Avalon em sua cabeça, aquele eco de história, uma moça com uma coroa na cabeça e um machado nas mãos. Suspirou, será que ele iria reconhecer essa pessoa?

No meio da floresta, Asterin escutava o cavalo no seu trote devagar pela pradaria e os riachos e refletia nas palavras do cacique quando ambos tinham saído de sua oca: "nova para idade, sem conhecimento sobre a floresta."

- Não fique preocupada... - Aloïsia disse pela primeira vez em horas - Ele sempre fala sobre a falta de conhecimento da floresta. Normalmente, aos oitos anos... mas isso é a parte mais rápida do treinamento.

- Qual seria a mais demorada?

- Ensinar você a ser uma boa rainha. - Blair disse - Usar quem você é para moldar uma boa governante.

- Inclusive... - a tia da menina disse sorrindo - Ele te disse algo nesse sentido?

Camponesa... aquilo também a perturbava um pouco, apesar de não a surpreender, apenas envergonhar. Como diria a tia que tinha alma de camponesa? Não uma lutadora para aquela guerra, uma diplomata para a paz, nada aparentemente útil. Negou com a cabeça e olhou para baixo, ansiosa para mudar de assunto.

- O que eu preciso saber sobre a floresta que eu já não saiba? - ela suspirou vendo a fada voltar na sua direção e sentar em seu ombro.

- Só porque os seres mágicos te consideraram digna não significa que sabe de tudo... - a mulher sorriu - Ele disse mais alguma coisa?

Não lutar com o passado. O mesmo que estava vindo com armas para acabar com o seu povo!

- Não... - ela suspirou.

O barulho do rio aumentou consideravelmente e as moças entraram mais uma vez em uma área acidentada de raízes e cheias de árvores que cobriam ligeiramente o Sol. O cheiro úmido do solo chegou as narinas de Asterin e o barulho familiar a aquele que tinha na janela de seu quarto veio aos seus ouvidos.

- Uma cachoeira?

- As Guerreiras costumam levar as princesas para dormirem pela primeira vez na floresta próximo à ela... - Blair sorriu - Para acalmar... não é uma queda de água impressionante como tem próximo ao castelo, mas...

- Senhoritas... - um voz masculina veio de algum lugar - Não vejo belas mulheres faz algum tempo.

Asterin virou a cabeça antes mesmo que Aloïsia fosse capaz de impedir e viu o homem mais bonito que seu cérebro era capaz de processar. A pele dourada combinava perfeitamente com o cabelo castanho escuro encaracolado em cachos compridos e algumas tranças, os olhos mel ajudavam a destacar as covinhas das bochechas e seus dentes brancos como neve. Usava roupas simples, mas o tecido era claramente fino e caro, além de uma pulseira de ouro com uma gema grande.

- Merda... - Aloïsia disse.

- Minhas caras Guerreiras... - ele falou suavemente como o rio - Aloïsia.

- Gavriel. - a mulher olhava na direção dele, mas não para ele - Como vai? Achei que tínhamos resolvido esses encontros indesejáveis.

- Essa área da floresta não estava inclusa na última negociação. - ele riu e encarou a princesa que corou fortemente - Estava tão triste e sozinho... achei que não teria ninguém para ficar... pertinho de mim. Quem é a de cabelos escuros como a noite?

- A futura rainha... - Blair revirou os olhos.

- Rainha? - ele se aproximou do cavalo da moça e pegou a mão dela sem relutância, depositando um longo beijo ali - Nunca tive o prazer de conhecer uma... prometo não desperdiçar a oportunidade.

- Chega disso... - a tia bufou - Não vou poder deixar que ela seja levada para o mundo das fadas até que não a queira mais.

- Sério? Bem...

- Por que eu iria com ele? - Asterin disse assustada saindo do transe.

Gavriel assustou com a atitude brusca da princesa, sendo obrigado a dar um passo para trás. De orgulho ferido, mas impressionado, ele olhou para Blair que ria.

- Achou outra imune aos meus poderes? - ele disse a Aloïsia - Assim perderei séculos por tristeza.

- Poderes? - Asterin controlou o cavalo e decidiu descer.

Gavriel riu e passou suavemente uma de suas mechas atrás de uma de suas orelhas pontudas. Uma expressão de compreensão passou pelo rosto da moça, que sorriu.

- Gavriel da luz, corte da água. - ele fez uma pequena reverência - Filho nascido em Zaark.

- Avalon Breindal II. - a moça riu dando uma pequena reverência divertida.

- Não se curve para ele, sobrinha. Gavriel é um criatura menor na corte dele. Gosta de levar meninas para o Reino das Fadas e... namorar com elas.

- O que eu posso dizer? - ele riu - Tenho um fraco por humanas bonitas e aventureiras.

- E usa da sua mágica para convencê-las. - Blair bufou.

- Não uso da mágica... - ele riu - Isso seria ridículo! Uso da minha aparência, mas nenhuma menina iria se não desejasse do fundo do seu coração. Eu apenas as instigo.

- Imagino quantas Guerreiras não estão vagando pela realidade mágica agora. - a princesa levantou uma sobrancelha - Não sei como minha tia não voa em seu pescoço.

- Ela tentou. - o homem riu - Bem... já que você é resistente aos meus encantos... irei oferecer meus serviços. Favores por favores.

- Regra número um! - Aloïsia disse alto - Nunca peça favores a uma criatura mágica, principalmente uma fada! Elas irão cobrar sua parte no acordo e os preços serão absurdos!

- Você fala como seu eu fosse pedir um bebê em troca... - ele disse, mas parou a ver a expressão fechada de Blair - Um dos nossos fez isso uma única vez. Mas pretendiam trocar a criança no berço de qualquer maneira.

- Vamos seguindo... - Aloïsia disse fazendo o cavalo andar.

- Foi um prazer conhecê-lo, Gavriel... - Asterin estendeu a mão - Um conselho, não seja tão namorador.

- O prazer foi meu Alteza. - ele riu beijando a mão dela e em seguida a puxando - Um conselho também, evite nossa espécie, sua tia está certa, não costumamos jogar limpo com vocês! Lembre-se, quando mais humanos parecer, mais humano é.

Asterin se afastou e assentiu. Apesar de fascinante, ela não tinha vontade de conhecer o lugar de onde Gavriel veio.

O caminho continuou e som da queda de água aumentou consideravelmente, até que viram onde a margem crescia, uma pequena montanha de pedras subia, água caia e uma vegetação crescia vagamente.

- Acho que não irá fazer mal parar um pouco.

Não dando tempo para que a princesa reagisse, as duas mulheres desceram de seus cavalos e começaram a tirar suas capas e vestidos, ficando apenas com as roupas de baixo e sem sapatos correndo para a água do rio. Asterin desceu de sua montaria, franziu as sobrancelhas a medida que observava as mulheres pulando e espirrando água gelada para todos os lados.

- Venha, Alteza... - Blair disse rindo - Ande! Terá poucas oportunidades de fazer isso depois que uma coroa estiver na sua cabeça!

Respirou fundo e prendeu seus cabelos em um coque alto, puxou o vestido sobre a cabeça e tirou os sapatos, sentindo a grama úmida nos dedos e o vento suave no corpo, arrepiado. Blair estava certa, quando poderia mais uma vez pular em um rio? Qual foi a última vez que fez isso?

Seus pés começaram a se mover, sentiu todas as sensações que tinha naquela grama suave, sentiu a umidade, o impacto dos seus pés, sua perna se movendo, o ar entrando em seus pulmões. Pulou, voou e sentiu o seu corpo sendo molhado, sua cabeça ser coberta, seus cabelos flutuando e sentir nada ao seu redor, até seu corpo pedir oxigênio. Saiu e riu.

- As vezes temos que viver... - Aloïsia disse - Vai perceber que isso é difícil de acontecer.

Asterin riu e começou a nadar na direção das moças, espirrou água na direção de Blair, a qual reclamou e repetiu o processo. Durante minutos as três se esqueceram de suas idades e decidiram ser adolescentes.

- Vamos subir a cachoeira! - Aloïsia disse nadando.

- Fazer o que? - Asterin disse preocupada.

- Ande! - Blair disse rindo - Nunca fez isso?

- Não tinha cachoeiras em Catalan e... não entro em um rio desde minha primeira menstruação.

- Não é difícil... - a tia da princesa disse já nadando em direção da queda d'água.

Asterin seguiu suas amigas e sentiu a água ficar cada vez mais e mais fria, foi para perto de onde a água caia e sentiu o gelo molhado e a pedra escorregadia de plantas. Se perguntou como iriam subir por um lugar tão simples de cair, quando viu as outras duas indo pelas pedras ao lado.

O frio e a fluidez da água foi trocado pela rigidez das pedras, tomou cuidado em que locais ia colocar as mãos e os pés e antes mesmo que ela achasse possível estava no topo.

- Poucas coisas são melhores do que a sensação de está viva. - Blair falou por fim."

- Uau! - o rapaz ruivo a interrompeu - Para que você contou isso?

- Foi aí que Avalon começou a de conectar com a nossa natureza. Todas as rainhas de Zaark preservam nossa matas por causa do tempo que passam com as Guerreiras e nativos. Nos dois sabemos o quanto o tempo na floresta conta para criar uma relação com ela.

- E com seus habitantes. - ele bufou - Acho que eu poderia não conhecer tanto assim.

- Concordo que nossas viagens pela floresta poderiam ser mais tranquilas, mas... não seriam tão divertidas. Enfim...

" - Eu acho que você seria um príncipe consorte bom... - Adam disse cruzando os braços - Não parece ter interesses pessoais na coroa e é bastante sensato.

- Mas não tenho noção nenhuma de governar. - Marlon bufou enquanto girava seu bastão - Nem Avalon, então...

- Isso se aprende. - o homem deu de ombros - Passei minha infância e adolescência lendo livro e o atual rei do meu país não... ele foi pegando o jeito na marra.

- Mas ele teve a sua ajuda.

- E quem disse que os livros foram o suficientes? - ele bufou - Nada de te prepara para determinadas coisas. Nenhum dos livros que eu li está me ajudando na missão de ser pai.

Marlon parou um golpe no meio e fez uma cara de desânimo.

- Não acho que Avalon deva ficar com um rapaz deficiente. - ele confessou.

- Celina...

- Sim eu sei! Mas... mas se nosso filho vier cego? Ou das pessoas sempre subestimarem ela ou Zaark por minha causa? Ou...

- Acho que o problema da cegueira é muita mais seu do que dos outros. - um barulho veio da direção de Adam e Marlon desviou do ataque sem supresa ou dificuldade - Nunca vi um homem capaz de fazer o que você faz, na luta e na música. Já disse que é sensato e isso é algo difícil de alguém ser. Não deixe ser apenas um cego.

- Mas as pessoas sempre vão me ver assim.

- E isso te impediu de chegar aqui? Vim atrás da mulher que ama ou temer a responsabilidade que é amá-la?

- Não.

- Então foda-se as pessoas. Você já tem coração de rei, basta apenas acreditar nisso. - o homem com as cicatrizes sorriu - Sempre haverá algo que vai fazer se sentir desqualificado, mas isso não significa que é.

Marlon apertou os lábios uns nos outros, girou o bastão algumas vezes e concordou com a cabeça, pensativo. Adam olhou para o castelo no horizonte, onde sua mulher e filha o esperavam, mas também outras coisas aconteciam...

Lorde Knightley andava muito agitado. Tinha em mãos um saco branco e passava para um homem, o qual sorriu maliciosamente.

- As vezes, temos que tomar atitude nos mesmos...

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