Capítulo 39
Valentina assim que entrou na cidade dos rebeldes teve seu momento de fama, as pessoas correram em sua direção, assustadas e animadas. Perguntavam muitas coisas, mas ela não tinha muita paciência ou tempo para respondê-los, depois os Saeb apareceram, empurraram todos de sua frente e pegaram a menina para jogá-la para cima várias vezes, cantando músicas sobre a força do clã.
- Grades de Catalan não são fortes para nós prender! - um deles gritou dando um tapa forte nas costas da moça tonta e, enfim no chão.
Em seguida uma cabeça ruiva apareceu correndo também, Val não pode ver seu rosto, mas sabia quem era pelo o abraço forte, ele respirava com dificuldade e apertava a seu corpo até o seu ar faltar, mas estava aliviada com Liam por perto mais uma vez.
- Você está fedendo! - Liam disse se afastando.
- Ótimo, vamos implicar com o cheiro da pessoa que correu essa floresta quase sem parar. - ela disse rindo.
Percebeu uma garotinha que nunca tinha visto antes, um pouco atrás de Liam, olhando com muita fascinação em sua direção em seguida apareceu um rapaz gigantesco com uma coruja no ombro e um bastão na mão, teve certeza que aquelas dois eram novidade ali. Teria reparada naqueles ombros largos e braços grossos antes, queria entender melhor o que estava acontecendo e mais, se o cara estava solteiro.
Então, ela apareceu, a garota usava um vestido verde escuro com os ombros a mostra e as mangas compridas como asas, usava uma capa esvoaçante com um tecido quase transparente, estava com um cinto dourado, na borda de todo aquele tecido havia flores de lis bordadas e o colar com o símbolo da família real pousado em seu peito. Valentina não hesitou, apenas ajoelhou sorrindo.
- Minha rainha. - ela colocou a mão no peito e deixou os cabelos ruivos caírem no seu rosto.
Asterin olhou ao redor extremamente incomodada, quase que pedindo ajuda, meio desesperada ela se abaixou e puxou o braço dela avisando que aquilo não era necessário. Com um sorriso sem graça, a princesa tirou um fio teimoso solto no rosto e olhou para Kay, em busca de apresentações.
- Essa é Valentina. - ele disse meio seco, ainda estava magoado com a briga de agora pouco.
- Ah! - o rosto dela se iluminou - Você conseguiu fugir! Céus, ainda bem!
- Bom... - a garota suspirou - Não quero ser injusta com o seu amigo. O príncipe Aires me soltou.
O rosto tranquilo da moça vacilou, foi uma expressão muito pequena e dolorida de saudades, mas mudou para um de confusão, ela trocou essa expressão com o primo.
- Aires... - ele apertou os lábios - Alguém te seguiu?
- Não. - a moça deu de ombros - Ele apenas me soltou.
- Imagino que ele tenha ficado sozinho... - a menina disse olhando para baixo - Deve ter conversado com você.
- Sim...
- Ele não tem muitos amigos na corte e os poucos que tinham... não estão mais lá. - ela sorriu - Não me surpreende. Ele tem um bom coração.
- Sim. - Valentina sorriu - Será uma pena acabar com o reino dele, mas não é nada pessoal. Uma briga antiga assim não acabará com uma pequena gentileza!
Os guerreiros gritaram em alegria e bravura, isso assustou um pouco Asterin, mas foi capaz de disfarça. Valentina sorriu para a garota, muito animada.
- Imagino que queira descansar... - Asterin disse achando Marlon um pouco atrás dela - Essa é uma viagem cansativa.
- Sim, minha princesa. - a ruiva agradeceu com a cabeça - Quando chegou aqui?
- Duas semanas e meia. - ela disse agradecendo uma fruta que Em carregava e a entregou.
- Demorou para chegar.
- Tive meus percausos. - a princesa disse pegando na mão do homem/montanha.
Valentina sentiu -se um pouco decepcionada, a única vez que alguém minimamente interessante aparecia, estava amarrado na princesa. Não a julgou, teria demorado também se encontrasse um homem daquele em seu caminho, olhou preocupada para Malakay, que tinha dor no olhar, mas não muita. Enfim, ele nunca esteve apaixonado pela garota na sua frente, apenas pelo o que ele acreditava que ela seria.
- Você é? - ela disse se virando para o rapaz e percebendo seus olhos pela primeira vez.
- Marlon.
- Em! - a menina disse rindo e segurando a mão de Liam, após analisar a forma como Asterin estava com seu tio.
- Bom... - Valentina disse dando outra reverência - Eu vou tomar um banho, comer um boi inteiro e dormir. Espero vê-la de novo, Avalon.
- Não pretendo ir embora... - a garota sorriu constrangida.
Assim que ela saiu e foi para casa do lorde Knightley, a multidão diminuiu, pouco tempo depois Liam corria para o rio pegar um pouco de água para a recém chegada, com Em logo atrás, rindo e conversando animadamente, diferente das outras vezes, o garoto sorria de volta.
Os dedos de Asterin ainda estavam ao redor dos de Marlon e ela suspirou, puxando ele para um lugar mais discreto, apenas quando os dois estavam caminhando pelos corredores do castelo ele disse sem se abalar.
- Estive te procurando e Oto também. - A coruja piou baixo com seus olhos grandes sobre ela - Está mais calma.
- Não exatamente. - ela suspirou - Você é muito calmo...
De certa forma queria que naquela momento de descontrole o rapaz tivesse perdido a linha, gritasse com ela, mas não... isso também dava raiva. Marlon foi simplesmente racional e calmo.
- Um dos meus defeitos... - ele riu - Meu irmão queria sempre me bater por causa disso.
- Não é defeito. - ela disse caminhando, indo para nenhum lugar específico.
- O que está fazendo? - ele disse ligeiramente confuso.
- Não sei... - ela suspirou - Pedir desculpas pelo meu comportamento. Foi uma briga boba por um motivo idiota.
- Você está estressada.
- Não é desculpa.
- Não é mesmo. - ele disse rindo - E não acho que sou eu a pessoa, a qual você deva desculpas. Kay ficou realmente magoado com o que aconteceu.
- Conversou com ele?
- Encontrei ele no meio da minha busca, ele estava bravo e frustrado. Sabe... ele te ama muito, quer seu bem e confia em você.
- Não deveria. Conversei com a Ravena e... não tô pronta.
Marlon ficou em silêncio durante um tempo, o barulho do rio conseguia ultrapassar as janelas fechadas, a menina tinha passado por ali correndo na sua crise de raiva.
- Como pretende melhorar isso? - ele falou por fim.
Asterin parou se virou para o rapaz e franziu a testa.
- Quantos anos você tem?
- Vinte seis e contando.
- Está mentindo. - ela riu - Talvez eu tenha que estudar?
- Pedir ajuda? - Marlon disse a puxando em um abraço.
A moça ficou quieta. Pedir ajuda, mas como e no que? Não estava na posição de pedir ajuda e sim ajudar.
- E Aires? - os braços do rapaz a apertaram um pouco mais - Você vai conseguir lutar contra ele?
Silêncio, não sabia se conseguiria enfrentar Vincent que tinha a sequestrado e matado sua família. Sorriu com tristeza, como queria desligar completamente Gayla de seus sentimentos, seria tão mais fácil ter ódio e raiva.
- Vou fazer o que Valentina falou. - ela suspirou - Não é nada pessoal.
- Não sente nenhuma raiva do rei de Catalan pelo o que fez?
- Eu me lembro dele matando meus pais. - ela fez uma pausa - Mas não consigo associar essas duas pessoas. O homem que acabou com a minha vida e aquele que me criou. Aires e Akanta me acolheram bem e... tenho boas lembranças com eles.
Um silêncio passou pelos dois.
- Não conte a ninguém.
- Não vou. - ele sorriu - Apesar de fazer parte do time que quer acabar com Catalan.
Ela ficou na ponta dos pés para tocar o rosto do rapaz de leve. Tinha arrastado ele para uma bagunça, não merecia levá-lo em seus dilemas emocionais.
- O que vocês dois estão fazendo? - Aloïsia disse saindo do caminho, o qual vieram.
- Apenas explorando. - Marlon respondeu sem hesitar.
Asterin, por outro lado, travou e ficou branca. O que a líder das Guerreiras tinha ouvido ela falar, travou o corpo todo e temeu que, se ela tivesse ouvido, acabasse completamente com a sua chance de ser Avalon oficialmente. Fechou o olhos e tentou engolir a frustação, tinha falado sobre seu amor ao seu raptor e a nação inimiga.
- Sério? Não acho que esse lugar foi aleatório. Garota, sabe que lugar é esse? - ela apontou para a porta que estava atrás dos dois.
A moça franziu a testa e se aproximou da madeira da porta, colocou seus dedos sobre a maçaneta de ouro e olhou ao redor, os quadros, tapetes e lustres, em busca de algo familiar antes de abrir o local. Ainda em dúvida seguiu em frente.
Deu de frente a uma enorme entrada com tapete importado e mesas pequenas de vidro e carvalho, em seguida viu uma bela cama de madeira clara e colchas grossas verdes claras, milhares de travesseiros com um dragão e fênix de bichos de pelúcia, ao lado havia um baú todo cheios de detalhes de ouro, uma janela que, além de mostrar a altura que se encontravam, também deixava as águas cristalinas do rio fazerem um barulho calmante no ambiente e, o que chamava mais atenção de Asterin, um enorme castelo para bonecas, a réplica perfeita do lugar que estavam.
- Meu quarto... - a voz dela falhou enquanto entrava.
Havia uma lareira ainda suja de fuligem, uma penteadeira com uma escova de prata que ela odiava, um armário com seus vestidos infantis, as suas primeiras armas, os livros, os quais aprendeu a ler com as lendas passadas em geração para geração, até um pequeno piano de mogno estava ali. Sentou na cama e pegou os animais, eles tinham nome Félix e Drago, riu de sua falta de criatividade, foi até o castelo e o abriu com facilidade, encontrando os bonecos posicionados de modo que ela pudesse planejar com as outras crianças suas pegadinhas.
- Quando Kay disse que aqui tinha ficado intocado... - ela riu - Não achei que era literalmente.
- Não podemos mexer nas coisas dos mortos assim. - Aloïsia disse cruzando os braços e pegando um pequeno grampo da caixa de jóias.
- O quarto dos meus pais?- ela disse com os olhos grandes.
- Esse já foi mexido... - ela disse girando a jóia em seus dedos - Precisaram de roupas para enterrar seus pais. Muita coisa ainda está lá, mas... isso é para depois da guerra.
Asterin sorriu concordando, pegou Marlon pela mão e mostrou algumas coisas pelo tato, animada em compartilhar uma parte da sua vida, assim como ele tinha feito ao levá-la a sua cidade. Aloïsia olhou o grampo, um pequeno vagalume, provavelmente a jóia deveria ser acompanhada de outras para compor o penteado de sua sobrinha. Lembrou que durante a sua própria infância, tinha muitos acessórios com cavalos.
- Sabe, eu escutei a conversa de vocês dois. - ela disse colocando a peça contra luz e vendo a jóia acender como um vagalume de verdade - Literalmente tudo.
A moça gelou, olhou para a tia e com os olhos parecia implorar que ela estivesse mentindo. A mulher continuou olhando para ela por mais um tempo. Percebeu que ainda sentia o que sentia quando a viu descer pela carruagem, frágil e sensível. A sua rainha perfeita, teria que cuidar dela para que não fosse manipulada e Marlon teria que ajudar em trabalhar a autoestima e a confiança nos outros para pedir ajuda, mas nada impossível. No peito dela não havia vingança e nem ódio, muito menos tinha crescido em meio ao um povo que cria que seus benefícios tinham ser maiores do que o resto de Aron por uma questão sanguínea.
Ela se aproximou com o grampo, puxando uma das mechas rebeldes de sua sobrinha, segurou o queixo dela com delicadeza e sorriu. Saindo do quarto ela disse suavemente.
- Vou avisar o Conselho que de agora em diante você é para mim: Avalon Breindal II. Minha sobrinha e princesa de Zaark."
- Agora que o treco vai ficar bom! - o rapaz ruivo disse rindo - Odeio a primeira parte dessa história! Cheia de romance e...
- Fique quieto, sim? - nossa contadora de história disse rindo e colocando um pedaço de carne na boca dele - As coisas aconteceram como deveria. Marlon e Avalon precisavam ficar juntos e ponto.
- Você gosta dessa parte. - ele disse ainda de boca cheia - Adimita você gosta de um romance.
Ela revirou os olhos e tomou um pouco da cerveja, suas bochechas estavam coradas e seus olhos brilhantes. Ela era tão bonita.
- Ouve gritos de alegria quando Aloïsia disse com calma para todos que sua sobrinha estava em casa, finalmente. Asterin demorou para voltar para a cidade dos rebeldes, decidiu apresentar algumas coisas passadas a Marlon, além de ver seus antigos desenhos, bonecas e armas.
A coitada nem conseguiu pisar no local sem ser pega pelos Saeb, joga por aí e abraçada, para em seguida o resto dos soldados e nobres enviados reverenciá-la, os conselheiros derem alguns sorrisos e até tapinhas nas costas, de longe Aloïsia via o desconforto da menina com um sorriso no rosto. A Guerreira torcia ter tomado a decisão certa, já havia ferrado Aron e Zaark demais quando decidiu passar seu trono ao irmão.
- Vamos beber! - um Saeb disse - Melhor, comemorar! Um grande viva a nossa princesa Avalon!
O povo gritou em seguida e rapidamente saíram para pegar os barris de cerveja guardados na adega, a princesa ouviu um dos nobres de Lillac comentar que teriam que pedir mais cerveja aos parentes. De mãos dadas com Marlon a moça viu mais distante Kay, Val e Liam vendo toda aquela situação.
Ela precisava se desculpar com o primo por mais cedo, porém gostaria de fazer isso quando os dois estivessem sozinhos e com sorte, isso aconteceria em breve. Por hora, ela estava cansada e precisava dormir um pouco, o peso que estava tirando o seu sono havia sido tirado.
- Avalon... - o lorde Knightley a chamou, tocando de leve em seu ombro - Antes da comemoração por sua volta oficial, poderíamos discutir umas coisas?
- Claro... - ela disse curiosa pelo o que o homem iria falar.
- Bem... - o homem olhou para Marlon incomodado, mas suspirou - Gostaria de saber o que vamos fazer em relação aos soldados nas terras dos Breindal?
- Vamos nos livrar deles no aniversário de Kay. - ela disse incomodada, isso havia sido discutido várias vezes antes.
- Sim, mas estávamos planejando isso esperando a maior idade de meu filho, com você aqui poderíamos adiantar, tal ato.
A garota foi para seus pensamentos, havia dentro de si uma vontade enorme de libertar todos os camponeses de Catalan de um vez por todas, mas sabia que não poderia tomar uma decisão desse tamanho assim. Olhou para trás e viu que Kay ainda estava lá, conversando com Val, timidamente ela fez um sinal para que ambos se aproximassem.
- Seu pai está sugerindo que nos livremos dos soldados de Catalan de uma vez. - ela disse sem muita cerimônia - O que acham?
- Pai? - Kay disse surpreso - Quer que Catalan antecipe o ataque a nós?
- Quero evitar que eles tenham alguma base aqui quando a guerra começar. - o homem disse trocando o peso das pernas.
- Isso necessitaria de um plano de ataque. - Val disse, já refletindo no que poderia ser feito - Mas talvez seja uma boa opção.
- Não concordo! - o rapaz cruzou os braços - Isso nos deixaria expostos sem necessidade!
- Esse tipo de coisa não é o Conselho que decide? - Marlon se intrometeu levemente.
- Bem... sim. - o lorde concordou - Mas, apenas se nossa governante decidir que é necessário.
Asterin se sentiu pequena. Ela decidir? Assim? Engoliu seco, sabia que esse tipo de coisa poderia acontecer, mas já?
- Por que não? - ela disse tentando expressar calma.
O lorde Knightley abaixou a cabeça, satisfeito com a resposta, disse que amanhã mesmo uma reunião seria feita e que ela deveria começar a ler as leis de Zaark e sua história. Saiu, quase que cantarolando por aí, treze anos de espera para a sua vingança finalmente chegando ao fim.
- Não gosto disso... - Kay falou olhando para ela - Sério, meu pai quer apenas declarar guerra mais cedo.
- Ele ainda está certo sobre o fato de termos pessoas dentro de nossas fronteiras e que não queríamos que ela estivessem ali. - Val disse sorrindo.
- Voltou de Catalan apenas para me contrariar? - Kay disse rindo para a moça.
A ruiva se limitou a dar de ombros, enquanto com o olhar procurava seu irmão, o qual foi encontrado de mãos dadas com a irmã de Marlon, tentando acompanhá -la em uma dança. Aqueles dois tinham se aproximado muito rápido, mesmo que seu irmão não fosse de fazer amizades, enfim, ele estava feliz.
- Vai haver mais bebedeira hoje... - Kay bufou - Val, controle sua família.
- Não é só a minha que está enchendo a cara. - ela riu - Eles apenas dão a ideia, mas a sua parece bem disposta a seguir.
- Isso de fato está saindo do controle... - Asterin disse um pouco receosa - É normal essa quantidade de festas?
- Acho que eles ficaram muito tempo sem motivo para sorrir. - Val disse dando de ombros - Além disso, nosso povo é conhecido por arrumar desculpas para festejar.
- São hábitos caros... - Marlon torceu a boca.
- Poderiam, mas tudo o que consumimos nessas festas são mercadorias extras... - Kay deu de ombros - Seriam jogadas foras ou barateariam nossos produtos. Vamos? Queremos ouvi -los tocar essa noite.
- Eu... - Asterin suspirou - Preciso dormir.
- Eu vou acompanhá -la. - Marlon sorriu -Se importaria de correr o olho em Gwen por mim?
- Claro que não... - Kay disse decepcionado.
Quando os dois estavam longe Valentina se virou para o amigo com um olhar de preocupação.
- Está tudo bem sua prima está com outro homem?
- O que?
- Não preciso falar dos patéticos anos que você ficou esperando a menina. - ela disse bufando - Você está bem com isso?
- Não... - Kay deu um sorriso triste - Mas eu sei que essa situação não está em meu controle, então... além disso, ele parece entender minha prima, é um bom lutador e dará uma boa base de apoio.
- Só isso?
- O que mais eu poderia querer para ela?
Val deu de ombros e abriu a boca de sono, a sua soneca durante a tarde não foi o suficiente para satisfazer suas várias noites acordada pela floresta ou os momentos meio acordada e dormindo que passou. Por mais que deixasse seus parentes tristes por ela não participar de suas competições de bebedeira, a garota queria sua cama confortável por mais algumas horas.
- Sobre o que você disse sobre o príncipe Aires, é verdade? - Kay disse a tirando de sua fantasia de dormir mais horas.
- Ele foi uma pessoa gentil comigo. Não acho que a garota tenha traumas não resolvidos sobre seu tempo lá.
- Mas e o casamento?
- Costume de lá? - ela deu de ombros - Não sei, Kay. Mas eu pedi outra comida e me ofereceram sem pestanejar, pedi livros e me entregaram. Me deixaram amarrada por motivos de que eu queria fugir, mas... imagino que ela teve do bom e do melhor por lá.
- Então, o que será que eu não entendo?
- Ainda é sobre a briga que tiveram? - ela disse rindo e bagunçando o cabelo do amigo, mesmo que fosse menor que ele - Kay, ela não foi criada para ser rainha, a coitada deve está pirando por dentro, além disso, mulheres às vezes ficam irritadas por motivos de ciclo.
- Ciclo?
Valentina olhou para ele e viu os olhos confusos, bufou e saiu andando até a casa, precisava dormir, comer algo doce e com sorte seu ciclo se fecharia dentre alguns dias e deixaria de se sentir tão inchada.
- Kay, as vezes eu acho que você deveria conversar mais com seu pai.
Enquanto isso na cidade, um grupo de mulheres andavam despreocupadamente pelas ruas. Todas estavam animadas com o boato de Avalon e felizes com a aproximação do solstício de verão. Era sempre uma comemoração alegre e regada de muita bebida, as pessoas se reuniam na praça, cantavam e dançavam, no fim iam ver as estrelas e soltavam fogos de artifício comprados das terras além mar.
Mais três meses todos eles iam começar a brindar o outono, época que eles costumavam beber, comer e ver as cores verdes e alegres se transformarem em amarelos e vermelhos, veriam o fruto de seu trabalho e começariam a se preparar para descansar. Quem sabe essa seria a primeira mudança de estação comemorada sem guerra em todos esses anos?
Foi então que as garotas perceberam que estavam cercadas, soldados de Catalan cobriam as duas ruas, impedido a sua passagem. A mais velha delas tentou manter todas elas calmas e disse com muita clareza.
- O que querem?
- Estão fora do horário de recolher.
- E vocês dos seu país, mas ninguém fica os atrapalhando a andar. - ela ergueu o queixo - Zaark já tem uma rainha novamente. Vão embora!
- Viram uma garota parecida com Aloïsia e presuporam que era Avalon. Patético! - uma voz conhecida por nós disse - Avalon está morta! Morta! E não haverá ninguém para ajudá -las."
- As garotas do verão... - Stefan disse se lembrando do caso.
- Sim... - eu disse olhando para baixo - As moças foram mantidas presas durante horas, sendo torturadas psicologicamente com animais em suas celas escuras, os soldados bateram nelas e chegaram a cortar seus cabelos. Na manhã seguinte foram levadas em praça pública de calças para serem espancadas e chicotadas por desobediência e incitação de revolta. Alec queria com elas alertar sobre fantasiar muito sobre a princesa e sua volta dos mortos.
- Foi horrível. - o rapaz ruivo disse dando um gole de cerveja.
- Sim... - os olhos dela ficaram vazios rapidamente, mas ela piscou e olhou para nós sorrindo - Enfim, isso é algo para um pouco mais tarde. Em Catalan a notícia da morte do rei foi oficializada, juntamente com a coroação de Aires.
"Akanta trabalhou como nunca nesse evento, até suas damas ficaram impressionadas com o seu empenho e vontade. Não hesitava, não reclamava e estava mais implacável do que sempre fora nessas ocasiões.
Os cravos que ela pediu seriam tratados para que ficassem maiores, mandou fazer roupas novas ao irmão, mandou a joalheria fazer novas medalhas, importou um tapete novo para a sala do trono, encomendou safras e safras de vinho de Uhall e o cardápio já estava preparado com todos os cuidados necessário. Aquela seria a melhor e mais rápida festa feita por ela.
Não conversava com Darlan, na verdade o evitava deliberadamente ou agia com uma frieza desconcertante. Decidiu manter as roupas e o estilo novo adotado, sentindo que aquilo lhe trazia mais agilidade e tempo, tinha perdido o título de mulher mais bela, mas isso só gerou risadas nela. Quem diria que não usar cosméticos, roupas caras e manter o cabelo mais simples, ia ser o suficiente para ela ficar menos bonita aos olhos dos outros?
Caleb por outro lado achava que a moça estava ficando apenas mais atraente. Determinada e confiante, como nunca tinha conseguido ser antes, muito provavelmente em suas várias tentativas para agradar o pai. Olhava para ela com as bochechas coradas, sonhando com seus, mais raros, momentos sozinhos.
Além disso, ela estava treinado, ainda estava desengonçada quando girava a faca e sua postura cheia de falhas, mas estava apresentando uma melhora rápida em seus golpes. Alguns outros nobres estavam interessados em vê-la, por isso um grupo de homens curiosos sempre era formado na sala de treinamento.
Antes de dormir, Akanta abria um mapa em sua mesa e fazia anotações, tentava de todas as formas fazer um caminho pela floresta com ajuda da sua bússola. Sabia dos riscos em ir diretamente para os braços dos seus inimigos, mas se ela conseguisse matar Avalon, vingar seu pai... o risco valeria apena. Mas tinha uma questão maior, o que faria com o risco dos ladrões pelo percurso.
Será que Caleb toparia essa aventura ou a impediria?
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