Capitulo 26
- Eu não vou nada! – Eu disse me irritando.
- Ah você vai, e vai dizer a sua mãe que foi sua escolha! – Ele disse friamente.
- Me obrigue! – Eu disse.
- Quer mesmo? – Sua voz sugeria uma ameaça e eu me calei – Sua mãe já não sofreu o bastante? Para poupa-la eu posso apenas despachar você sem que você a veja, a escolha é sua, se quer ver sua mãe antes de partir irá dizer a ela que a decisão foi sua.
Meu pai estava me chantageando?
- Já fez sua escolha? – Ele perguntou com uma calma calculista.
- Você não me deu escolha. Ou eu vou ou então eu vou sem me despedir, isso não é escolha.
- Você perdeu o direito de escolher se quer ou não ir para o colégio. – Ele disse juntando as mãos e me olhando.
- Você não pode fazer isso!
- Devo lembrá-la que sou o rei?
- Não importa, eu não vou!
- Já disse que não perguntei se você iria, eu afirmei que você vai.
- Farei um escândalo!
Ele me olhou com um olhar que fez com que eu me encolhesse na cadeira.
- Melhor você nem cogitar isso, porque as consequências para você serão muito piores.
Ele estava me assustando, jamais havia visto meu pai assim.
- Pai, isso não é justo. Beijei alguns príncipes qual o problema com isso?
- Uma princesa não sai beijando por aí.
- Mas as plebeias podem porque não posso?
- Por isso que você não é uma plebeia, somos a família real e cabe a nós um comportamento exemplar e não é o que você tem feito! – Ele disse sério.
- Pai, prometo me comportar tenho uma tutora eu...
- Não Katherine! – Ele disse sério me cortando – Todos esses anos você tem feito o que bem entende e como quer, você tem quatorze anos e quanto menos educação você tiver pior será no futuro.
- Mas papai eu... – Ele me cortou de novo.
- Sem mais Katherine, eu já decidi. Apenas escolha quer despedir-se da sua família ou quer ir simplesmente?
Eu realmente não tinha escolha, resolvi que seria melhor ver minha mãe e meus irmãos.
- Farei o que você quer, mas apenas porque quero me despedir de todos.
- Excelente, mas que fique claro que se você tentar alguma coisa Katherine seu castigo será 3 vezes pior, mesmo porque o quadro da sua mãe ainda é delicado ela está muito fraca.
- Não vou.
- Pode se retirar, entregarei a lista do que necessita para Marlee e ela, Paige e Mary irão providenciar para você.
Ele disse e eu saio de sua sala.
Eu já não tinha mais lagrimas para derramar.
Caminhei desolada para o meu quarto, era impressão minha ou o mundo tornara-se cinza? Quando o vulto vermelho me atacou.
- O que você fez dessa vez? – Era Shalom me abraçando.
- Muita coisa pivete – Eu disse sem humor.
- É verdade? Que você vai para uma escola distante? – Ele perguntou com os olhos cheios de lagrimas.
- Sim... – Eu disse quase sem voz.
- Mas... Por quê? – Ele perguntou e eu tive vontade de falar a verdade, mas se meu pai soubesse... Eu tinha medo do que ele faria.
- Será melhor assim, e eu quero conhecer gente nova esse palácio está muito careta! – Eu disse fingindo que estava tudo ótimo.
- Espero que você fique bem.
- Vou ficar pivete!
- Você já viu nossos irmãos?
- Ainda não, estava de castigo...
- Eu os vi duas vezes, são tão pequenos... – Ele torceu o nariz.
- Mamãe já escolheu os nomes?
- Sim, Grace e Lucky porque segundo ela são dadivas e são sortudos por estarem vivos.
- Grace? São meninas?
- Não sua tonta! Uma menina e um menino – Ele riu.
- Ruivos?
- Não dá para saber eles não têm cabelo ainda...
- Verdade! E a mamãe?
- Está fraca, ela perdeu muito sangue e pelo pouco que escutei não foi fácil o parto...
- Kath querida, partiremos amanhã. – Disse meu pai passando por nós – Melhor se apressar.
- O senhor vai também? – Perguntou Shalom.
- Sim – ele suspirou - Preciso acompanha-la, mas eu retorno em seguida, até lá Antony e Amberly estarão no comando, já está na hora desse moleque fazer algo. – Ele resmungou o final.
- Posso ir ver a mamãe? – Perguntei.
- Claro estou indo agora para lá vamos? – Ele disse com gentileza, mas seus olhos não me enganavam ele estava uma fera.
- Vou também! – Disse Shalom.
Chegamos até o quarto que minha mãe estava, claro que a rainha tinha privilégios no hospital do palácio. Ela estava dormindo e estava cheia de tubos, fiquei assustada com isso. Shalom me puxou para outro lado me levando até onde nossos irmãozinhos estavam em uma incubadora, eles eram tão lindos e pequenos. Fiquei olhando para eles e uma mão me puxou para um abraço.
- Apesar de tudo sentirei sua falta. – Amberly disse me abraçando.
Era estranho minha irmã me abraçar assim, eu abracei de volta segurando as lagrimas, eu jamais iria chorar na frente deles, uma coisa eu levaria comigo, meu orgulho!
Antony estava esperando na porta, sempre que eu a via, ele estava junto. Ultimamente, parece que ele passam bastante tempo juntos, ele estava fazendo a pose de bad boy que sempre achei sexy, quando ela me soltou ele me abraçou também, realmente ele estava mais forte, dava para sentir os músculos dele... Merda porque ele tinha que ser tão gostoso?
- Se cuida encrenca! – Ele disse e me soltou, voltando a pegar a mão de Ambe.
- Kath! – Meu pai estava me chamando e eu entrei de novo no quarto da minha mãe.
Agora ela estava acordada e eu peguei sua mão.
- Como você está? – Perguntei a ela.
- Bem, eu gostaria de voltar pro quarto... – Ela disse teimosa.
- Só quando o médico liberar – Disse meu pai a ela com amor e ela rolou os olhos.
- Seu pai disse que tem algo para me contar – Ela disse.
Eu respirei fundo e exibi um sorriso amarelo.
- Fui aceita em uma escola na Suíça! – Tentei fingir entusiasmo.
- Mas querida... Maxon! – Ela disse olhando para ele brava.
- Não mamãe é minha escolha, acho que será bom. Eu preciso de ares novos, e esses ataques me assustam tanto que acho que ficarei segura na escola. – Disse com determinação.
- Tem certeza?
- Sim! – Eu afirmei corajosamente.
- Pensando pelo lado dos ataques você está certa... Sentirei saudades...
- Eu também, mas nas férias estarei aqui não se preocupe – Eu disse sorrindo e eu nem sabia se teria isso.
Fiquei mais algum tempo no quarto com ela, que não demorou para virar uma festa, meus irmãos entraram também e ficamos até o médico nos expulsar.
Voltei ao meu quarto, Marlee, Mary e Paige estavam lá.
- Na sua lista eles dizem que pode levar uma mala de objetos pessoais.
Separei meu material de pintura, e olhei em volta com tristeza. Será que meu quarto passaria a ser o de Grace? Resolvi levar apenas o material de pintura e enquanto elas arrumavam minhas coisas eu deitei em minha cama e abracei a mim mesma, nem parecia verdade... Eu queria acordar desse pesadelo horrível.
Marlee me contou que todas as funcionárias estavam trabalhando freneticamente nas coisas que eu precisaria levar, pelo que soube eram capas pesadas de frio e meias bem grossas pijamas quentes essas coisas, o clima de Illéa sempre fora agradável, fazia frio mas nunca nevara, aparentemente o uniforme eu receberia quando chegasse.
Já era bem tarde quando elas saíram do meu quarto, Mary me abraçou forte e beijou minha testa. Paige começou a chorar e também me abraçou. As assistentes da minha mãe eram como minhas tias, elas sempre estavam aqui e eu sentia um carinho enorme por elas, Marlee ficou quando as duas partiram e pegou minhas mãos.
- Quero que saiba que se precisar de qualquer coisa pode me escrever. – Ela disse e me abraçou.
- Obrigada. –Eu murmurei e ela partiu também.
Deitei em minha cama sabendo que seria minha última noite em meu santuário, meu refúgio.
Claro que muitos sabiam a verdade sobre a minha partida, mas ninguém falaria para a minha mãe, todos a amavam muito e não queriam que ela piorasse, sem contar que boa parte estava era achando ótimo porque diziam que eu merecia um corretivo.
Lembro que quando passei por uma moça que limpava o chão escutei ela cochichar “Eu acho é pouco!”. Era fácil para as pessoas me julgarem era fácil dizerem que fiz besteira quando não eram eles em minha pele, quando não eram eles que iriam ficar longe de tudo e todos. Tudo porque eu dei uns beijinhos em uns garotos? Porque a plebeias podem e eu não? Porque tem que ser tão injusto e eu tenho que ser a santa sendo que apenas faço o que as pessoas tem medo de admitir que querem fazer?
Seria tão errado apenas viver?
Levantei cedo com Paige me acordando, ela havia separado um jeans e uma camiseta, mas tinha uma bolsa com roupas mais quentes que eu deveria me trocar quando estivesse chegando à Suíça. Era inverno lá.
Vesti-me sem vontade e antes de sair dei uma última olhada no meu santuário.
- Adeus... – Eu disse saindo e fechando a porta ao passar.
Depois de sair do meu quarto fui até a enfermaria me despedir da minha mãe, quando cheguei em seu quarto, meu pai já estava no quarto, ele não deixaria eu falar a sós com ela, possivelmente porque estava com medo que eu falasse algo, para ela.
- Mamãe! – Eu a abracei, ela parecia tão frágil na cama...
- Sentirei tanto sua falta meu amor... – Ela disse me abraçando, percebi como ela estava fraca seu abraço estava tão fraco.
- Também sentirei sua falta, mês escreva sempre. – Eu pedi – E não esqueça de contar tudo sobre os pequenos...
- Claro! – Ela prometeu e eu percebi que estávamos chorando. Eu precisava ser forte por ela.
Beijei-lhe a face e meu pai disse.
- Temos que ir querida. – Sua voz era tão calma que ninguém diria que ele estava me forçando a isso.
- Até breve mamãe. – Eu disse beijando-lhe a bochecha de novo e saindo.
Antes de partir olhei meus pequenos irmãs. “Espero que você nunca tenham que ir para longe” desejei a eles e saí.
Quando cheguei ao Hall de entrada estavam minha família me aguardava, esperando para despedir-se. Meus irmãos, Marlee e Carter, Mary e Paige e os três Illéa. O comandante Leger estava também, acredito que não por mim, mas sim por ser o comandante.
- Vamos sentir sua falta – Disse Shalom me abraçando com os olhos cheios de lagrimas.
- Você está chorando pivete? – Eu perguntei fazendo piada e ele rapidamente limpou o rosto.
- Claro que não! Se cuida ok? Vou escrever todos os dias para você...- Ele deu um beijo no meu rosto e foi a vez de Marlee e Carter me abraçarem.
- Se cuida cenourinha – Disse Carter carinhosamente, ele me chama assim porque quando eu era criança isso me irritava.
- Pode deixar! – Eu sorri.
- Não se esqueça qualquer coisa que precisar! – Disse Marlee.
- Não vou!
Paige e Mary me abraçaram e Mary começou a chorar.
- Comporte-se para voltar logo! – Ela disse.
- Estaremos aqui com o coração apertado. – Disse Paige.
- Logo eu volto – Eu dei um sorriso confiante.
Amberly era a próxima, ela me abraçou forte e passou a mão delicadamente em meus cabelos, mas não disse nada ela começou a chorar.
- Ei calma eu não morri não! – Eu disse tentando fazer piada.
- Comporte-se e volte logo. – Ela disse em prantos.
- A vamos lá você me conhece, sabe que comportar é uma coisa que tentarei! – Eu disse sorrindo, mas por dentro não havia humor, ela deu um sorrisinho frágil e me soltou.
Foi à vez o senhor de tirar o folego me abraçar, serio o que ele estava fazendo para ficar tão bom assim?
- Vê se não arruma mais encrenca viu encrenca? – Ele disse bagunçando meu cabelo, eu tinha que olhar para cima para ver seu rosto, ele era bem mais alto que eu.
- Não prometo nada! – Eu disse brincalhona.
Quando estava quase de saída à senhora Ambers veio até mim e me abraçou.
- Espero que possa me perdoar um dia... – Ela disse em meu ouvido.
- Por quê? – Eu não estava entendendo.
- Eu não pude te ajudar, mas eu tentei eu juro.
- A relaxa eu sempre me ferro sozinha! – Eu disse dando de ombros.
- Melhore seu linguajar mocinha. – Ela disse sorrindo.
- Não prometo nada já disse.
Ela riu e deu-me um beijo na testa.
E eu parti com meu pai para o aeroporto, para longe da minha família e do meu país, incrível como apenas uns amassos podem te ferrar.
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