Quase quatro anos tinham se passado desde o desaparecimento repentino de Kiyomi Uchiha, seus pais eram os únicos que ainda não haviam perdido a esperança, eles ainda esperavam pela filha, e esperariam até suas mortes. Konoha toda se movimentou para procurar a menina, e ninjas foram colocados em missão de busca, para pelo menos tentar encontrar o corpo dela, mas depois de 2 anos procurando pela menina a polícia decidiu fechar o caso e dar a menina como morta. Foi um choque para os pais, mas eles não desistiram dela nunca.

Kiyomi estava saindo do seu quarto, sua intenção era ir até o centro para tomar café antes do treino, agora desacompanhada de kabuto, afinal, já haviam se passado longos três anos e onze meses desde sua chegada, ela já conhecia aquele lugar como a palma de sua mão, mas por muito tempo ela andou só acompanhada de Kabuto para não se perder.

Ela caminhava calmamente pelos corredores, estava bem adiantada no horário então não tinha pressa. mais próximo da saída do complexo ela passou por uma sala, ouviu a voz de kabuto e orochimaru, pensou em convidar kabuto para ir com ela, então ela parou em frente a porta e ergueu o ponho para bater, mas ela ouviu orochimaru falando sobre algo, e antes que ela pudesse escolher não continuar ali ela ouviu algo que a obrigou a ficar escutando a conversa.

- O prazo desse corpo está próximo do fim.

- Verdade, já faz quase quatro anos que ela está aqui com a gente, o tempo passou voando. - Ele disse enquanto arrumava os óculos. - O senhor teve sorte, garantiu sua uchiha antes de tragédia. - Ele disse acompanhado de um riso frouxo, seu mestre só sorriu de volta, demonstrando satisfação.

A morena ouviu passos se aproximando e entrou na sala mais próxima ficando quieta até ouvi-los indo em direção ao salão principal do complexo, quando o barulho dos passos cessou ela saiu do seu esconderijo e entrou na sala onde eles estavam. Lá tinha um livro com fichas de várias pessoas diferentes, e um pergaminho que falava sobre um jutsu que ela nunca tinha visto, aparentemente era um jutsu proibido criado por Orochimaru, ele consistia em um ritual para passar sua essência e alma de um corpo para outro, assim prolongando sua vida, ele tinha a duração de quatro anos e depois ele teria que mudar de corpo novamente.

No livro que ela encontrou tinha fichas com nome, idade, data de nascimento, e uma pequena biografia sobre a vida da pessoa, isso incluía, família, histórico escolar, lugar de origem e mais algumas informações, também tinha junto de cada ficha uma foto da pessoa, lá tinha vários rostos familiares que ela lembrava de ter visto dentro do complexo. Entre todas aquelas fichas tinha uma dela, Kiyomi ficou em choque, tinha várias informações sobre ela é uma foto sua, ela lembrava de ter tirado aquela foto a pedido do seu mestre, ele havia dito que seria para um livro de recordações, onde ele guardava várias coisas, isso incluía fotos de seus pupilos, então ela aceitou tirar uma também.

Ela deixou aquelas coisas assim como tinha achado e saiu rapidamente daquela sala, completamente perdida em seu próprio mundo, ela já tinha entendido que estava planejado que ela seria o próximo receptáculo de Orochimaru, e sabia que morreria se isso chegasse a acontecer.

Sua mente estava a mil por segundo, ela lembrava das palavras de Kabuto, dizendo que ela estava alucinando e que aquilo provavelmente era estresse pós traumático. Ela estava morrendo de ódio. Ela confiou nele, neles, ela estava começando a ver aquela lugar como sua casa, ela gostava dos dois, afinal, é difícil não gostar quando você convive diariamente por mais de anos, e agora ela tinha descoberto que estava sendo enganada, e pior, seria morta por seu mestre em pouco tempo. Agora ela pensava que seus pais estavam esperando por ela, provavelmente procuravam por ela até hoje, e ela havia deixado eles preocupados por quatro anos.

Kiyomi chegou na lancheria de sempre e fez o seu pedido rotineiro, um sanduíche completo e um suco de laranja natural, ela estava muito quieta, costumava sempre conversar com os atendentes, mas nesse dia ela estava na dela, não parava de pensar no que estava acontecendo e no que fazer perante isso, ela sabia que tinha que ir embora, não podia ficar lá.

Ainda perdida em pensamentos Kiyomi decidiu que iria embora naquele mesmo dia quando todos estivessem dormindo, e então ela voltaria pra konoha, seu olhar sério e perdido pairou sobre o ambiente, e viu seu pedido sendo trazido pelo garçom, ela acompanhou com os olhos o prato sendo posto em sua frente, com isso ela agradeceu e seus olhos pairaram sobre sua mão direita que estava em cima da mesa, e novamente ela viu aquela pulseira que ganhou dele.

Ela queria mais que tudo conversar com o mascarado de novo, e lhe contar tudo que estava acontecendo. Quando ela conheceu ele o mesmo a consolou de uma forma sem igual, ele realmente fez ela tirar a morte da prima da cabeça, ele distraiu ela. A Uchiha sentiu que era isso que ela precisava, era dele pra distrair ela. Kiyomi se lembrou do que foi falado pouco tempo antes dela voltar para sua aldeia, inconscientemente se imaginou casando com um mascarado, não teve segurar um riso triste e frouxo.

Acabou de comer e saiu sem pagar, todos já a conheciam e sabiam que por se tratar dela a conta deveria ser colocada no nome do senhor Orochimaru, ele era o fundador daquela vila, e todos o temiam.

Voltando para o complexo, ela respirou profundamente tentando se manter o mais próxima possível de seu humor habitual. A morena sempre foi uma pessoa muito expressiva, não é difícil perceber quando tem algo de errado, tanto que até os atendentes da lancheria perceberam que ela não estava bem, imagine os homens com quem ela convive diariamente durante quase quatro anos.

Ela entrou no complexo e se dirigiu direto até a sala de treinamento onde Kabuto e Orochimaru já esperavam por ela, Kiyomi tentou lançar aos dois o bom dia mais animado possível assim como de costume, mas obviamente já saiu diferente, não era culpa dela, não é todo dia que se descobrisse que você está a um mês de ser morta pelas pessoas com quem você conviveu e confiou durante anos.

A Uchiha treinou com Orochimaru por horas, enquanto Kabuto assistia. Ao final do treino seu mestre avisou que seu treinamento estava próximo do fim e que logo ela voltaria para seus pais e sua aldeia.

- "Como pode ser tão cínico?" - Se perguntava a Uchiha enquanto evitava revirar os olhos de tanta repulsa por tamanha falsidade.

Ela pediu licença para se retirar, e foi para seu quarto, deixando Kabuto para trás pensativo, quando eles deixaram de ouvir os barulhos dos passos da menina, o de óculos lançou ou olhar enigmático ao seu mestre, e Orochimaru ergueu a sobrancelha esperando ele falar.

- Você notou, mestre Orochimaru? - Perguntou ele ajeitando os óculos.

- Se eu notei que ela está estranha?

- Isso.

- Notei, deve ter saído da cama com o pé esquerdo, ou ela está lembrando daquele cara da floresta que ela nunca esqueceu - Orochimaru e Kabuto sabiam porque ela é Kabuto tinham se tornados amigos, e ela acabou contando para ele sobre o mascarado que conheceu naquela noite. - Ele ficou pensativo e completou. - ela estava com a maior cara de bunda, e não tirou os olhos daquela pulseira durante o treino todo, então talvez sejam as duas coisas

- Tem razão, mestre.

Já no seu quarto ela decidiu dormir um pouco, pois estava cansada e ainda demoraria para chegar a noite. Acordou com os primeiros indícios do pôr do sol. Seu quarto era o único do esconderijo que tinha janela, pouco tempo depois de chegar ao complexo ela exigiu uma janela, alegando que não conseguiria ficar naquele lugar completamente fechado por muito tempo.

Depois de algum tempo acordada olhando os últimos raios solares do dia sumindo ela foi tomar um banho, esfregou seus longos cabelos enquanto massageava sua cabeça, ela não tinha parado de doer desde que Kiyomi leu sobre aquele jutsu do Orochimaru.

Após sair do banho, ela começou a juntar algumas roupas e pôr na mochila, depois de pegar tudo que era seu, incluindo suas armas ninja ela deixou a mochila embaixo da cama e saiu do seu quarto, passando por uma das salas ela percebeu que Orochimaru e Kabuto ainda estavam acordados, ela fez bem em não sair do quarto com a mochila, eles estavam dentro do laboratório, quando ela passou pelo corredor eles chamaram ela.

- Vai sair, Kiyomi? - Perguntou seu mestre.

- Sim, vou ir comer na lancheria. - Ela respondeu sorrindo. - Quer ir comigo, Kabuto? - Ela perguntou sabendo que ele diria que não, isso foi só para eles não estranharem, afinal, ela sempre convidava ele para ir junto.

- Não posso, Kiyomi, tenho que ajudar o mestre, mas obrigado pelo convite. - Ele respondeu sorrindo.
Ok, então eu já vou.

Ela seguiu seu caminho para fora do complexo, e foi até a lancheria, jantou enquanto vagava em pensamentos. Após o fim de sua refeição ela andou um pouco pelo centro para passar o tempo, estava nervosa por ter que voltar de novo para aquele lugar, mas aquela era a última vez, isso que importava.

Criou coragem e voltou, chegando lá não era tão tarde ainda, mas pelo visto Kabuto e Orochimaru já haviam se recolhido. Ela foi para o seu quarto, se deitou e novamente se permitiu perder sua mente em pensamentos.

Sua ficha ainda não havia caído cem porcento, era estranho pensar que passou quase quatro anos longe de seus pais porque foi sequestrada por um lunatico que queria matá-la.

Ao passar de algumas horas ela se levantou da cama pegando sua mochila, saiu do seu quarto com o sharingan ativo, observando todo e qualquer sinal de movimentação no lugar.
A morena se dirigiu até a saída o mais rápido possível.

Saiu do complexo e começou a andar, tinha um longo caminho pela frente até o seu destino final. Konoha não ficava tão longe, mas também não era tão perto, a aldeia do som ficava além das fronteiras do país do fogo, onde sua aldeia de origem se localizava, e ela demorou horas só para finalmente atravessar a fronteira.

Após dezesseis horas de viagem enfim foi possível ver os portões de konoha, ela estava exausta, não fez nenhuma pausa durante a viagem inteira, a Uchiha tinha medo que Orochimaru fosse atrás dela e a alcançasse, mas isso tinha passado, ela estava segura e em casa depois de tanto tempo.