Eles estavam as sós!
Como assim? A sós? Justo eles que jamais poderiam ter novamente esse tipo de aproximação! O coração dela estava aos pulos, o estômago gelado, pedia a todo instante para que a sua boca não desandasse a falar... Em seu pensamento ela dizia para si:
- Por favor não faça besteira...
Quantas vezes ela havia sonhado com esse momento, quantas vezes em sua solidão ela teria desejado que ele a procurasse para que podessem conversar... Ela só queria esclarecer aquilo que tinha ficado completamente confuso para si. Como é que o amor da vida de alguém lhe dá as costas com tanto desprezo? Seu coração parecia inchar com tantas lembranças... O choro engolido, a vergonha, a dor, a tristeza de não tê-lo ao seu lado. Os pedaços do seu coração espalhados pelo asfalto, e o encarar da realidade nua e crua... O choque ao perceber tudo. Talvez ele nunca se importaria sobre  o quanto a sua ausência lhe machucou.
O que ela faria agora que ele estava alí? Que podia lhe responder todas as perguntas...Será que merecia  o mínimo de sua atenção?
As perguntas orbitavam, seus pensamentos viajavam, as lembranças de um coração rejeitado, humilhado, sonhos pisoteados.
Ele a encarou com seus grandes olhos, os olhos que lhe quebravam toda a segurança. Aquele amor que lhe deixava com as pernas bambas... Aquele amor que mostrou-se uma farsa.
Suspirou ao lembrar de quem mereceu o seu amor, de quem lhe deu diariamente comprimidos de felicidade, até a sua alma curar-se. Esboçou um sorriso leve.
Ao seu lado estava ele, o amor da sua vida e razão da sua dor. O que faria?
Ela ergueu-se devagar, firmou os olhos no futuro, deixou para trás, um grande amor frustrado, um coração partido e a alma dilacerada.
Seus passos firmes, seguindo em frente, deixando para trás grandes olhos surpresos.