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Trovão.
Eu tava aqui mas a mente tava em outro lugar, sabia que o Peixe não podia ir longe, do morro ele não ia sair. Mas a Maria tava chorando o tempo todo do meu lado, eu olhava a mulher fazendo os bagulhos na Yasmim e parecia que ia dar errado pra caralho.
Tito: Trovão.- Gritou la de fora, eu dei um pulo assustando o Caio e eu corri pra lá.- A Alicia caralho, Peixe tá com ela.
Assim que ele terminou de falar subi correndo pra casa dela, ela não tava sozinha, tava com o Luiz. Subi com uns moleques atrás de mim e parei na esquina, vendo ele segurando ela por trás, ele tava segurando uma faca que tava em cima da barriga dela, e a outra mão tava com uma pistola, que tava segurando ela pelo pescoço.
Trovão: Solta ela.- Falei indo pra cima dele e um moleque que tava com ele me empurrou.
Peixe: Isso é por roubar o meu filho de mim.- Falou passando a faca na barriga da Alicia.
Ela gritou e eu gritei junto atirando no moleque que tava me segurando, os meus manos foram pra cima dele atirando nele e ele caiu no chão, a Alicia caiu de frente e eu só vi a poça de sangue se formando.
Trovão: Pega a porra do carro.- Gritei.- Alicia porra...
Ela tava gemendo e chorando de dor ao mesmo tempo, coloquei ela no meu colo tentando colocar a mão por cima do corte pra estancar o sangue, mas ela gritou assim que eu toquei em cima. Encarei ela sentindo vontade de chorar naquilo, papo dez mesmo, ela tava tentando falar mas não conseguia, e eu só conseguia ver o sangue descendo dali e não parava, eu sabia que tinha perdido meu filho. Os moleques pegaram ela levando pro carro e eu fiquei sentando no chão sentindo mil neuroses na minha mente, o sangue que eu tinha nas mãos, era como se fosse o meu próprio filho, morto na minha mão.
Eu olhei de lado vendo o peixe engasgando no sangue e me levantei, chutei a cara dele com tanta força que dali eu vi que ele já tava morto. Continuei chutando, pisei nele, eu só via o sangue saindo, e queria cortar cada pedaço dele ali mermo.
Robson: Yasmim não resistiu.- Escutei a voz nervosa dele.
Chutei o Peixe com mais força sentindo o ódio, sentindo que tudo isso era culpa dele. Rb parou do meu lado me puxando e me abraçando, senti a vista ficar embaçada e baixei a cabeça batendo no ombro dele.
Trovão: Caralho.- Gritei com todo ódio que eu tava sentindo.
Empurrei ele me afastando e vi o Luiz saindo da casa da Alicia, passei a mão no cabelo sentindo sangue por todo lugar e neguei com a cabeça, saindo dali praticamente cego, não sabia nem o que fazer...
Maria Luiza.
Eu chorava de tremer, eu não conseguia respirar ou pensar, ou fazer qualquer coisa. No momento não conseguia nem confortar o Caio que chorava do meu lado, pois eu não havia conseguido forças nem pra mim.
Vg: Peixe cortou a barriga da Alicia, os menor tão no hospital e ela perdeu o bebê.- Falou baixo, com um vapor e eu acabei escutando.- Peixe tá morto, Trovão tá no ódio e saiu do morro.
Comecei a chorar mais e mais, eu não conseguia parar. Vagner percebeu que eu havia escutado e veio pro meu lado, me abraçando e beijando minha cabeça, ele me tirou dali junto com o Caio e eu mal conseguia andar.
Ele me levou pra casa do trovão e eu me sentei no sofá, o Caio deitou em meu colo chorando e eu tentei respirar fundo, eu não sabia o que fazer. Era como se tudo perdesse o sentindo, como se tudo tivesse sido fudido em minutos, isso não deveria ter acontecido assim.
As horas foram passando, eu não conseguia dar uma palavra, o Caio dormia em meu colo e eu estava olhando pro nada fazia horas e horas, o Vg estava com a gente a todo momento, mas nem ele sabia o que falar.
O dia já havia amanhecido, eu tomei um susto quando a porta abriu e o Trovão entrou. A cara não conseguia negar que ele havia passado horas chorando, a roupa suja de sangue, o cabelo molhado por algum motivo, e o olhar de perdido dele foram o suficiente para deduzir isso.
Ele passou sem falar nada e subiu as escadas, continuei observando o nada, até ele voltar uns quinze minutos depois, ele sentou do meu lado passando o braço pelo meu ombro e me acolher em seu colo. Eu não conseguia falar nada, ele parecia não querer escutar nada.
Sua mão estava no meu rosto me fazendo carinho, enquanto a outra estava sentindo a minha mão apertar ela, como uma forma de desespero. O Vg tava encarando o nada perdido, e parecia que todo mundo estava assim, totalmente perdidos.
Horas se passaram, eu continuava ali. Apenas o Caio estava se mexendo enquanto dormia, tudo continuava na mesma, não era um pesadelo, ou uma imaginação, tudo isso realmente havia acontecido.
Vg: Perigo tá subindo o morro.- Falou chamando minha atenção.
Me soltei do Trovão colocando a mão no rosto e Vg se levantou, ele avisou que iria resolver os bagulhos e buscar o Luiz, soltei o ar sentindo meu coração apertar e o Trovão levantou.
Trovão: Vou colocar ele lá na cama.- Falou baixo, pegando o Caio no colo.
O garoto tinha 10 anos, então Trovão fez maior esforço pra conseguir, observei ele subir com o Caio e escutei a moto lá fora, continuei olhando pros meus pés até o Perigo entrar, ele me encarou vindo em minha direção e eu me levantei, abraçando ele.
Perigo: Tu tá bem? - Falou com a voz diferente, não era aquela coisa mandona de sempre.
Apenas confirmei com a cabeça e ele continuou me abraçando e beijou minha cabeça, escutei os passos da escada e ele me soltou, encarei ele e quando eu ia pedir pra ele não jogar a culpa em cima do Trovão, não foi preciso. Trovão se aproximou e Perigo puxou ele pra um abraço, respirei fundo voltando a me sentar e observei os dois.
As horas se passaram, eu continuava sem reação. Perigo tava organizando pra enterrar ela na Rocinha e tinha ido embora, o Caio já havia acordado e tava no quarto com o Luiz, mas os dois estavam bem tristes, e eu entendia bem.
Trovão: Vem comer.- Falou estendendo a mão pra mim e eu neguei, Trovão me encarou baixando a mão e passou por mim.
Ele foi até a cozinha, escutei ele esquentando algo e depois de um tempo voltou com um prato sentando do meu lado, encarei ele negando e ele colocou o prato em cima da almofada, depois colocou no meu colo.
Malu: Come você, eu tô sem fome.- Falei olhando pra comida.
Trovão: Vai fazer eu te dar comida na boca? - Falou tentando fazer graça, mas não saiu nada.
Soltei o ar pegando o garfo da mão dele e comi um pouco, ele se ajeitou no sofá e eu coloquei a comida na boca dele, já que ele não havia comido nada também.
Malu: Você já sabe alguma notícia da Alicia? - Falei vendo ele comendo.
Trovão: Ela fez uns bagulhos que eu não entendi muito bem, tá em observação... O foda é que ela tinha aceitado o bebê, tá ligado?! Se fosse antes, que ela não tava nem aí eu não ia me preocupar com ela. Mas ela tava fazendo os bagulhos da hora cara.
Malu: Eu sinto muito por ele ter sido tirado de vocês assim. Nada disso deveria ter acontecido, nada.- Falei brincando com a comida no prato.- Ele não tinha esse direito.
Trovão pareceu querer falar mais nada, então ele beijou minha cabeça de lado e pegou o garfo da minha mão me fazendo comer, engoli aquela comida a força so pra ele ficar tranquilo pelo menos com isso, mas eu só queria sair dali e de alguma forma ver a Yasmim, ver que estava tudo bem com ela, mas eu sabia que não.
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