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Maria Luiza.
Eu fiquei sem entender absolutamente nada quando Vg falou que tinha acontecido alguma coisa com a mãe do Trovão, os dois levantaram correndo e saíram dali voando, eu ainda nem havia conseguido raciocinar.
Yasmim: Será que...- Falou me olhando e nem precisou completar, eu já entendi que ela quis dizer.
Malu: Se alguém matou ela, o Trovão vai ficar doido. Vai ter guerra fácil aqui.- Falei preocupada.- Ela pode ter só passado mal, passou o dia todo bebendo.
Yasmim: Melhor a gente ir pra casa, a gente não sabe o que rolou e ficar dando bobeira aqui é vacilo.- Eu concordei.
O efeito do álcool e da alegria já tinha sido cortado na hora, eu me levantei junto com ela e fui pagar, mas tava na conta dos meninos e o moço não deixou eu pagar. Então a gente foi descendo dali e quando a gente tava indo pra casa, começou a subir vários carros, algumas motos também, sabia que era invasão e eu puxei a Yasmim pro beco.
Yasmim: Se for o Peixe, a gente tá muito fudida.- Sussurrou.
Malu: O Caio...- Abri maior olhão negando.
Na mesma hora bateu o desespero, olhei pra rua e comecei a correr como se a minha vida dependesse daquilo, e até que dependia. Yasmim veio atrás e quando eu tava na minha rua, escutei os tiros, e o mais improvável era que vinham direto da minha casa.
Fui direto abrindo o portão que estava meio aberto e entrei, tomei um susto com a arma apontada pra mim e dois caras no chão. Os moleques da esquina, os que o Caio vivia conversando e eu reclamando com ele, eu encarei eles com a mão no peito e respirei fundo, sentindo a Yasmim atrás de mim.
- Peixe tá atrás do Caio, Perigo mandou descer pra Rocinha, tem mais segurança lá.- Eu passei por ele, vendo que o Caio tava no sofá com o outro menino.
Malu: O peixe não sabia onde era minha casa, como ele achou? - Falei respirando fundo com a mão no peito.
Não obtive respostas, vi o menino que tava na porta cair no chão seguido pelo barulho de tiro, Caio gritou e Yasmim me puxou e puxou ele pra cozinha. Um menino ficou trocando tiro e o outro puxou a gente pra parte de trás, ajudando a gente a pular o muro que era pequeno pelo menos. O menino foi guiando a gente pra algum lugar que nem eu sabia, mas por alguns becos vi que a gente tava descendo o morro por uns becos que eu nunca havia visto, e era maior escadaria. Ele falava o tempo todo no raidinho com alguém e eu já tava morta de cansada, só queria parar pra desencasar.
- Volta, volta.- Gritou empurrando a Yasmim que tava mais perto dele e ela gritou assustada.
Escutei o barulho de tiro e minha primeira reação foi jogar o Caio no chão, Yasmim gritou e caindo no chão e o moleque atirou, escutei os passos vindo em direção ao beco, mas ao mesmo tempo escutei barulho de moto e as pessoas que tavam vindo pro beco recuaram, e provavelmente começaram uma trocação ali.
Caio: Tia.- Falou indo pra cima dela.
— Calma cara, sem desespero.- Falou tirando a blusa, olhei pra Yasmim que tava com o ombro esquerdo sangrando e tive vontade de chorar, vendo ela gemendo de dor.- Toma garota, pressiona isso.
Malu: Yasmim...- Falei colocando a blusa dele em cima e ela gritou de dor novamente, ele levantou com a arma na mão e quando ia sair, o Trovão entrou correndo no beco com o Robson, Vagner e outros meninos.
Trovão: Peixe tá ferido pelo morro, quero geral procurando por ele.- Falou no raidinho e se agachou do meu lado.
— Tem a enfermeira aqui, na rua da frente.- Falou olhando pro Trovão.
Vagner pegou ela no colo com a ajuda do Robson e eu me levantei sentindo o Caio me abraçar, minhas mãos estavam sujas de sangue e eu estava tremendo ao ver os meninos saindo do beco com ela.
Trovão: Calma...- Falou segurando meu rosto e beijou minha cabeça.
Malu: Sua mãe tá bem? - Falei olhando ele passar a mão na cabeça do Caio, Trovão apenas negou e eu encarei ele.
Caio: Eu tô com medo, quero ir pra casa.- Falou deitando a cabeça na minha barriga.
Trovão: Vem, carinha.- Falou segurando a mão dele.
Eu fiquei parada mas ele segurou minha mão também e saiu puxando a gente, Caio agarrou ele deitando a cabeça na cintura do Trovão e os moleques tavam estavam por nossa volta com armas apontadas pra todo lado. Ele levou a gente pra casa da mulher e a Yasmim tava deitada no sofá, desacordada, enquanto a mulher tava preparando várias coisas ali.
Trovão me fez sentar no sofá e eu fechei os olhos colocando a mão no rosto, caiu sentou do meu lado deitando a cabeça no meu peito, e eu respirei fundo segurando a vontade de chorar. Fiquei de olhos fechados escutando apenas os passos, a mulher pedindo as coisas, os meninos brigando estressados. Até sentir um beijo molhado na minha testa, abri os olhos vendo o Trovão sentar do meu lado e estender a mão pra mim.
Malu: O que aconteceu com sua mãe? - Falei entrelaçando nossas mãos.
Trovão: Ela desmaiou, tá passando mal. Bagulho que ela fica enchendo a cara nem aí pra nada pô, tá foda mermo.- Falou baixo, fazendo carinho na minha mão.- Ela ficou na casa de uma amiga na penha, fui com ela no posto.
Malu: O Peixe mandou gente direto lá em casa pra pegar o Caio.- Falei olhando pra ele.- Eu não quero nem imaginar o que poderia ter acontecido...
Trovão: Bagulho estranho, Malu. Peixe subiu aqui algumas vezes e nunca foi lá, boto fé que nem sabia onde era. Foi só o teu amigo pisar aqui, e na tua casa, que o Peixe foi certo no bagulho.- Falou e eu olhei pra ele.
Malu: Também pensei nisso, até porque ele foi a única pessoa diferente que pisou lá.- Trovão soltou uma fraca risada debochada.- Agora você tem uma boa razão, que não seja ciúmes, pra ter raiva dele.
Trovão: Ciúmes? - Falou me olhando.- Te mandadona ein.- Falou sorrindo de lado.- Como vou ter ciúmes no bagulho se eu sei que te tenho?
Malu: Tem? - Revirei os olhos.
Trovão: Eu tô contigo, tu tá comigo... esses papos de malandro.- Falou baixo, beijando minha bochecha.
Agradeci por ele estar me distraindo, o Caio estava cochilando no meu colo e eu não conseguia se quer olhar pra Yasmim cheia de sangue que queria vomitar, então eu fechei os olhos e fiquei sentindo os dedos do Trovão passando pelo meu cabelo, colocando em mente que iria ficar tudo bem.
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