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Capítulo Vinte e Dois

[☡ GATILHO: menção de estupro, violência, assassinato ☡]

Conforme os dias foram passando, Ethan esperava que tudo acontecesse: que Endo descobrisse que ele fora o autor da invasão à ala restrita, ou até mesmo sobre o plano. Toda vez que o líder da Alpha aparecia em sua frente, ele se antecipava para o pior.

Mas nada aconteceu.

Nenhuma alteração nos relatórios da corporação, nada suspeito que indicasse o futuro atentado aos Hattoris. Era como se a Alpha soubesse que estava sendo vigiada, agindo cautelosamente. Quando o mês do noivado finalmente chegou, Ethan já não conseguia dormir mais de três horas por noite. Fora ele quem havia iniciado aquele plano, mas agora não tinha qualquer garantia de que conseguiria realizá-lo.

"Aqui, café."

Um garoto com sardas e olheiras levantou o rosto, possuía um semblante cansado. Estava rodeado por pilhas de papéis, alguns com anotações, outros com o conteúdo grifado. A biblioteca estava vazia na madrugada, exceto por Ethan e Louise.

"Café é ruim." Ethan disse ao voltar sua atenção para o estudo. A resposta tinha que estar ali, onde mais estaria?

"Por que somos amigos?" A coreana perguntou em um tom debochado, mas em seguida se sentou no chão para ajudar Ethan. "Você devia dormir, deixa que eu reviso isso aqui pela décima sexta vez."

Ethan sorriu levemente, mas seus olhos não deixaram os arquivos. "Não, pode deixar."

Louise o observou em silêncio, mas não insistiu. Ela se esticou e pegou uma pasta aleatória, segurando sua xícara de café puro com a mão livre. "Isso são prontuários médicos?"

"Soren conseguiu para nós," Ethan explicou. "Pensei que talvez levassem a algum lugar, mas não achei nada anormal."

"Eu achei." Louise estendeu a folha de autorização da retirada dos papéis, a qual continha o nome completo de Soren. "Como se pronuncia isso?"

"Não me pergunte." Ethan riu, o nome do suíço era praticamente impronunciável. "Não sei falar nem a primeira sílaba."

A garota sorriu e voltou a analisar os papéis. "Você sabe, se eu fosse uma líder mafiosa, eu não registraria meus atos ilícitos."

Ethan suspirou sem animação, não era a primeira vez que discutiam sobre aquilo. "Só Endo e Vincent têm acesso aos arquivos, todos os crimes foram arquivados, por que não esses?"

"Os outros crimes não foram iguais a esses," Louise insistiu. "Os Hattoris não são um clã qualquer, eles têm afinidade com praticamente metade dos clãs aliados com a Alpha. Matar eles seria como assinar o atestado de óbito para Endo, ele não vai fazer isso publicamente."

O rapaz sabia que a jovem tinha razão, mas não podia desistir. Além daquilo, o que mais ele tinha? Havia prometido aos amigos, prometido a Jasiel.

"É tudo o que eu tenho."

Louise inclinou a cabeça enquanto o fitava com determinação. "Não, não é. Há um ditado que diz, 'o pior inimigo do homem é o seu dom da fala'."

Ethan franziu o cenho. "Eu nunca ouvi."

"Eu acabei de inventar," Louise abanou uma das mãos e bebeu um gole da bebida gelada que havia trago para o amigo. "O ponto é que Endo é cuidadoso o bastante para não expor seu plano, mas não com seus cobaias, nós testemunhamos isso."

Ao relembrar o episódio da ala restrita, Ethan soube que Louise tinha mais do que razão, mas ele não conseguia pensar naquilo sem que o beijo lhe viesse a memória. Louise não comentara nada relacionado ao gesto, então o garoto também optou por ignorá-lo, mas não em sua mente. Não conseguiria, nem se quisesse.

"O que foi?"

A voz de Louise tirou Ethan de seu devaneio, e ele pigarreou. "Nada. O que você disse é verdade, mas como faríamos isso?"

Louise fez uma leve careta, "Aposto que esse vermelho do seu rosto vai sumir quando eu te contar."

⋅ ⋅ ⋅ ⋅ ⋅ ⋅ ⋅ ⋅ ⋅ ⋅ ⋅ ⋅ ⋅ ⋅ ⋅ ⋅ ⋅ ⋅ ⋅ ⋅ ⋅

As feições de Tobiah indicavam pura desconfiança. "Você quer treinar comigo?"

"Por que está surpreso? Você é claramente o melhor lutador durante as aulas."

"É verdade."

Ao ver o sorriso convencido de Tobiah, Ethan por pouco não se virou e deixou arena de treinamento. O garoto apertou o escuta em sua mão direita; Soren e Louise provavelmente estavam se divertindo do outro lado. A ideia era viável, mas tinha uma grande chance de falhar, além do risco. Apesar de Tobiah não ter contato direto com Endo, ele tinha com Vincent, e Ethan esperava de coração que aquilo bastasse.

"Então vamos logo, tenho um compromisso importante mais tarde."

Ethan revirou os olhos em segredo ao seguir Tobiah para o centro da arena. Sabia que os "compromissos importantes" envolveriam alguma garota, como sempre. Aquilo não era surpresa para ninguém; além do status, o Petrov tinha uma boa aparência. O cabelo negro era aparado, e a pele clara possuía um ar saudável. O tom azulado dos olhos do garoto tinha um toque cinzento, mas combinava com o mesmo. Quem vê até pensa que é gente, Soren havia dito uma vez.

Era fácil notar que a beleza vinha de família, pois mesmo com seus quarenta e tantos anos, Vincent também não ficava para trás. Tobiah era um verdadeiro clone do pai, então a probabilidade da aparência bem preservada ser herdada pelo jovem era grande. Ethan achava injusto alguém tão detestável ter aquele tipo de privilégio.

Tobiah estalou os dedos. "Quer treinar algo específico?"

"Preciso melhorar meus reflexos."

"Também acho."

Ethan piscou, forçando os lábios a se levantarem. Durante as aulas, seus reflexos eram alvos de diversos elogios pelos professores, e Tobiah sempre fechava a cara ao ouvi-los. Ele engoliu a insatisfação enquanto andava para se posicionar à frente do outro rapaz.

"Certo, vamos..."

No segundo seguinte a visão de Ethan escureceu, e quando ele retornou a si, estava no chão. Ele não precisava levar a mão às narinas para se dar conta de que seu nariz sangrava, mas o fez mesmo assim, e em seguida levantou o rosto e encarou Tobiah.

"O quê?" Tobiah perguntou com um sorriso sem dentes, massageando o próprio punho. "Não queria treinar seus reflexos?"

⋅ ⋅ ⋅ ⋅ ⋅ ⋅ ⋅ ⋅ ⋅ ⋅ ⋅ ⋅ ⋅ ⋅ ⋅ ⋅ ⋅ ⋅ ⋅ ⋅ ⋅

"Vai, diz que todos merecem diretos humanos agora."

Deitado em um dos sofás da biblioteca, Ethan optou por ignorar o deboche de Soren, mas não discordou totalmente do amigo. Após o soco, Tobiah continuou se aproveitando da situação, ao ponto em que Ethan teve que implorar para que a tortura tivesse um fim. Além da boa aparência, Tobiah Vincent Petrov também possuía um físico invejável e proporcional ao seu corpo, o qual fora usado sem dó para surrar Ethan.

"Pelo menos você conseguiu implantar o escuta." Oliver consolou o amigo ao mesmo tempo em que pressionava um pano com gelo em seu rosto.

Naomi encarava Ethan com uma leve careta enquanto segurava um balde de gelo. "Isso está indo longe demais, não acham?"

"Já está feito, de qualquer maneira." Louise disse em um suspiro, ajudando a tratar os hematomas do garoto com uma pomada que Soren havia conseguido.

Ethan resmungou. "Obrigado pela consideração de vocês."

"Que estúpido." Jasiel entrou na conversa após trinta minutos de silêncio. "Eu vejo Petrov todo santo dia, poderia muito bem ter feito isso."

"Só tem um porém," Soren interveio enquanto misturava algum líquido em um recipiente, depois obrigou Ethan a beber tudo. "Nós não confiamos em você."

O asiático bufou com irritação e voltou a encarar Ethan. Não sabia se queria bater nele por ter aceitado aquela terrível proposta ou em Tobiah por ter o arrebentado. "E agora?"

"Agora nós esperamos." Ethan respondeu, seu tom conscientizando todos os presentes de que aquela seria a última chance que eles teriam.

⋅ ⋅ ⋅ ⋅ ⋅ ⋅ ⋅ ⋅ ⋅ ⋅ ⋅ ⋅ ⋅ ⋅ ⋅ ⋅ ⋅ ⋅ ⋅ ⋅ ⋅

Para o alívio de Ethan, não demorou muito para Tobiah se entregar. Aparentemente, o garoto gostava de falar sozinho, o que o levou a revelar todo o esquema contra os Hattoris. O relógio estava próximo de apontar a primeira hora da madrugada, porém Ethan se encontrava ainda acordado, deitado em sua cama. Seu corpo implorava por descanso, mas sua mente se recusava a deixá-lo relaxar.

"Você já dormiu?"

Ao ouvir a voz familiar de Jasiel, Ethan se virou para a direção da cama do amigo, mas não enxergou nada além de um quarto totalmente escuro. "Não acho que vou conseguir."

"Imaginei." Jasi suspirou, ficando em silêncio por um tempo. "É estranho saber que tudo vai mudar em algumas horas. Minha vida inteira eu pensei que seria de um jeito, mas agora..."

Ethan se ajeitou na cama, ainda dolorido pelo episódio com Tobiah. "Você quer mesmo isso?"

"Como assim?" Jasiel soava tenso.

"Quero dizer, ir embora. Sua vida toda você cresceu aqui, não é como eu ou os outros. Não vai sentir falta?"

"Não." Jasiel sequer hesitou, sua tom um tanto suave. "Eu vou para onde você for."

Ethan sorriu na escuridão. "Certo."

O aperto que se instalava no coração de Jasi se dissipou, e o garoto se perguntou pela milésima vez como as meras palavras de Ethan conseguiam realizar aquilo. Ele fechou os olhos, subitamente querendo que o amanhã chegasse logo.

"Vai dar certo, Ethan."

"Vai sim." Ethan concordou, mas seu peito estava pesado, e aquilo nunca era um bom sinal.

⋅ ⋅ ⋅ ⋅ ⋅ ⋅ ⋅ ⋅ ⋅ ⋅ ⋅ ⋅ ⋅ ⋅ ⋅ ⋅ ⋅ ⋅ ⋅ ⋅ ⋅

A mansão já estava cheia antes mesmo do dia clarear. Diversos veículos da imprensa chegaram antecipadamente para posicionar as câmeras e afins, além dos clãs convidados para a cerimônia. Inúmeras luzes iluminavam o grande salão central da mansão Hyeon, refletindo o brilho no mármore negro.

O luz do sol começou a se esvair, mas Ethan mantinha o olhar fixo em um local específico, atrás do palco montado: ali se encontravam os aparelhos que controlariam o som durante a cerimônia. O corpo do garoto estremeceu, e ele apertou o dispositivo que continha a prova que eles precisavam para acabar com o império de Endo.

"Ei, tudo bem?"

A voz calma de Oliver atraiu o olhar de Ethan para o garoto, quem estava vestido com a familiar roupa branca que os empregados usavam. Oliver era, na verdade, o passe de saída da Base. Funcionários que atuavam na cozinha tinham a permissão de sair do grande complexo para buscar alimentos, pelo menos três vezes por semana.

"Tudo." Ethan respondeu, suando frio.

"Como se a gente fosse acreditar."

Ethan virou o rosto e encarou Soren. O suíço também estava vestido como Oliver, para que ninguém o reconhecesse durante fuga. Dos três, Ethan era o único que mantinha suas roupas cotidianas de subordinado, com o símbolo da Alpha estampado do lado esquerdo do peito.

"Cinco minutos." O organizador do evento alertou, e todos começaram a tomar seus lugares. O palco era significantemente grande, de modo que abrigaria o clã Hattori e o clã Jeong, além de Endo, Jasiel e as gêmeas. De onde estava, Ethan viu Naomi se sentando junto dos outros membros do clã. A garota pareceu sentir o olhar sob ela e retribuiu, assentindo quase que imperceptivelmente para os três rapazes.

"Está na hora," Ethan disse, relutante. "Vamos?"

"Dar um golpe na maior corporação mafiosa do país?" Soren perguntou em um tom inocente, mas o sorriso sem dentes em seu rosto não enganava ninguém. "Não tenho nada melhor pra fazer mesmo."

"Vocês são más influências."

Ethan e Soren encararam Oliver, um tanto surpresos. E então o primeiro riu. "Bom, é meio tarde pra se dar conta disso."

"Eu sei." Oliver suspirou e sorriu, mas logo um sorriso que contaminou os outros dois garotos apareceu em seu rosto. "Só queria que soubessem."

"Vamos acabar logo com isso, Hale."

Ao observar seus dois melhores amigos dispostos a arriscar tanto para ajudá-lo, Ethan não pôde deixar de se sentir confortado em seu coração. O medo, o receio, a preocupação, tudo aquilo se esvaiu por um segundo, e ele voltou a fixar o olhar no seu objetivo.

"É agora ou nunca."

⋅ ⋅ ⋅ ⋅ ⋅ ⋅ ⋅ ⋅ ⋅ ⋅ ⋅ ⋅ ⋅ ⋅ ⋅ ⋅ ⋅ ⋅ ⋅ ⋅ ⋅

Uma única frase de Ethan fora o suficiente para que os empregados se convencessem que tinham sido dispensados de suas respectivas tarefas. O lugar onde estavam era escondido por uma lona preta com uma pequena brecha para o palco, a qual Soren ficou espiando enquanto Ethan e Oliver ajustavam os equipamentos.

"Já estão no ar," Soren sussurrou, fazendo uma careta. "Olha o verme ali."

Ethan ignorou os comentários de Soren por alguns minutos, até o suíço quase engasgar e cair para trás.

"O que foi, Soren?!"

Ethan deixou tudo de lado para ir olhar o que tinha acontecido, e Oliver foi logo atrás. Soren apontou lentamente para o topo da escada do salão, e Ethan ficou sem ar. Porque, no topo da escadaria, estava Louise.

Em um vestido preto e brilhoso.

"Aparecer de preto em rede nacional mansão Hyeon," Soren balançou a cabeça, totalmente abismado. "Porra, não se brinca com um Jeong."

"Endo não parece muito bem." Oliver disse, atraindo a atenção dos rapazes para o líder da Alpha. "Nem a Naomi."

Os rapazes fitaram a outra gêmea, que estava sentada no palco. Naomi encarava a irmã com um olhar sinistro, suas mãos agarravam ao tecido branco do vestido sofisticado que ela usava. Ao ver aquilo, Ethan se sentiu mal por ter criado aquele plano e fazer a garota se preocupar com a irmã, mas suspeitava que, com ou sem qualquer interferência sua, Louise ainda faria de tudo para afrontar a Alpha.

E então Ethan voltou a encarar a jovem no alto. Louise vestia um vestido colado ao corpo que ia até o chão, e sua maquiagem escura combinava com suas vestes. Tinha uma pulseira de prata que brilhava e envolvia seu braço direito no formato de uma cobra, e o batom vermelho escuro que ela usava a deixava ainda mais hipnotizante.

"É, ele vai assassinar alguém assim que as câmeras desligarem." Soren concluiu, depois olhou para Ethan. "Se a raposinha te pega com esse olhar vai achar que você quer pedir ela em casamento."

Ethan corou ao desviar os olhos de Louise e recuou alguns passos, voltando a atenção para o plano. "Oliver, cadê o aparelho com a gravação?"

Oliver parou de assistir o espetáculo para responder, mas arregalou os olhos castanhos ao olhar para algo além de Ethan. Alguém.

"Vocês estão procurando isso?"

Ethan se virou como um raio para a direção da voz de Tobiah, e seus sentidos não o enganaram; o rapaz alto estava parado à sua frente com o dispositivo que ele procurava em mãos. Vincent estava logo atrás, visivelmente satisfeito com o que via.

"E não é que você estava certo, Tobiah?" O agrado na voz de Vincent era audível.

"Acharam que eu não ia encontrar o escuta na minha roupa?" Tobiah parecia muito orgulhoso pelo feito. "Pensaram mesmo que eu era burro o suficiente para revelar tudo aquilo de graça?"

"A gente jurava que sim." Soren rebateu com escárnio, mas Ethan percebeu a apreensão na voz do amigo.

"Me pergunto o que Endo vai achar disso." Vincent disse ao mesmo tempo em que segurava o filho, que por pouco não avançou em Soren. "Uma pena que você e seus amigos vão morrer tão jovens, Ethan. Vamos, não podemos fazer isso aqui."

Naquele momento, três guardas invadiram o pequeno espaço e seguraram os garotos, os forçando a deixarem o local escondido. Ethan tentou se soltar, mas era inútil. O garoto arriscou um olhar para o palco enquanto era levado ao encontro de sua possível morte, e viu os olhares aterrorizados de Louise e Jasiel, fixos nele. Ele tinha falhado.

"Eu gostaria de dizer algumas palavras."

A atenção do público se voltou para Louise, assim como o foco das câmeras. Vincent e Tobiah hesitaram e trocaram um olhar, e o mais velho decidiu ficar para ouvir. Ethan suspirou silenciosamente, aliviado pela interrupção de seu assassinato. Se Endo tivesse o controle da situação, obviamente não permitiria que a Jeong abrisse a boca, mas ele estava sendo televisionado para o resto do país ali, não podia ser rude com a futura noiva de seu filho.

"Quando recebi o pedido de casamento, confesso que fiquei surpresa." Louise começou, sorrindo timidamente para as câmeras. "Veja bem, meu clã é, sem dúvidas, maravilhoso. Mas é dos Hyeon que estamos falando, eu nunca poderia imaginar."

Segurado pelo homem forte e musculoso, Ethan sentiu um aperto no peito. Ele sabia o que Louise estava fazendo, ela agora lutaria para conseguir toda a simpatia da Alpha para se proteger, e estava certa. O rapaz sorriu ao observar a jovem e esperta mulher, que, além de tudo, ainda era a pessoa mais bonita que ele tivera o prazer de conhecer. Ele não se sentia traído, muito menos triste.

Talvez isso seja a definição de amor, Ethan inconscientemente pensou, não se importar com o seu fim, sabendo que a outra pessoa vai poder continuar.

Mas foi nesse exato momento que a expressão de Louise mudou drasticamente. Lágrimas se formaram em questão de segundos, alertando o público. Ela começou a tremer, tendo dificuldade até mesmo para permanecer em pé. Ethan arregalou os olhos, tentando se soltar do segurança para ir até ela, desesperado.

Todos os presentes ficaram exaltados, e provavelmente todos os que assistiam também. Jasiel, quem estava ao lado de Louise, a segurou, mas a jovem continuava a tremer enquanto chorava sem cessar, com falta de ar. Ethan ainda tentava se soltar quando ouviu a voz baixa de Soren ao seu lado.

"Ethan, lembra o que eu te falei sobre Jeongs serem comparados com raposas?"

"Sim, mas..."

"Continua assistindo e você vai ver de onde essa fama vem." O suíço finalizou.

O líder do clã Jeong interveio, preocupado com a herdeira. "O que aconteceu, Louise?!"

"E-eu não sou mais digna..." Louise disse em meio às lágrimas, no exato momento em que suas pernas cederam, porém, antes de atingir o chão, a coreana apontou para Tobiah, e aquilo bastou.

Tobiah ficou sem ar, assim como todos os presentes. Olhares de indignação automaticamente de direcionaram ao garoto, vindo principalmente do clã Jeong. Endo apenas encarava Louise, uma expressão enigmática em seu rosto, como se estivesse analisando a situação, mas logo o homem fixou o olhar no jovem Petrov, e sua postura não indicava qualquer simpatia. Não era a primeira acusação de estupro que Tobiah recebia, e provavelmente não seria a última.

No meio de toda a agitação, Soren olhou de relance para Ethan, mas apenas viu o garoto com uma expressão atônita e ao mesmo tempo admirada. "Vai me dizer que ainda quer casar com ela agora?"

Ethan não hesitou. "Sim."

"Boa sorte, se essa menina consegue manipular o país inteiro em questão de segundos, não quero nem saber o que ela faz pela duração de uma vida."

"Tobiah," a expressão de Vincent indicava que ele estava prestes a deserdar o filho. "Isso é verdade?"

O rapaz alto ainda estava sem palavras, pálido. Aquela visão foi tudo o que o clã Jeong precisou para confirmar a suposta violação. Todos os membros se levantaram e avançaram contra Endo querendo justiça, e os seguranças da Alpha tiveram que intervir. No canto do palco, Shiyo e o clã Hattori assistiam tudo com expressões entusiasmadas.

De repente, o líder do clã Jeong sacou uma arma e mirou contra Tobiah. Os gêmeos eram como divindades, se aquele garoto realmente havia violado Louise, ele não merecia nada além da morte. Ao ver seu único filho e herdeiro em perigo, Vincent não teve outra escolha senão atirar contra o senhor de idade, e então um verdadeiro caos foi instaurado.

Ao ouvirem o tiro, as pessoas se desesperaram e correram aos gritos. Os seguranças que seguravam os garotos correram para garantir a proteção da família Hyeon, os deixando livres. Os Petrovs, porém, não tiveram o mesmo privilégio; o ódio do clã Jeong se instaurou neles, de modo que logo foram cercados por um grupo totalmente enraivecido.

Ethan então correu em direção ao palco, acenando para os amigos. "Vamos, é nossa chance!"

"É o dia mais feliz da minha vida." Soren disse ao ver Tobiah no chão, sendo chutado sem dó pelos membros do clã Jeong.

"Vou ir pegar o carro!" Oliver avisou antes de sumir pela multidão.

Ao apenas avistar Naomi no palco, Ethan se desesperou. Ele correu até a plataforma, sentindo que estava tremendo. Por ter acusado Tobiah, Ethan temia que Vincent ou seus aliados tivessem se vingado de Louise. Pensando no pior, Ethan começou a chamar por ela enquanto corria, claramente desestabilizado.

Naquele momento, Ethan se deu conta que apenas a ideia de perder Louise o deixava sem chão. Ele estava prestes a entrar no meio da confusão de pessoas quando ouviu a voz familiar de Louise chamar seu nome, e quando ele a avistou atrás do palco, seu coração se preencheu de alívio.

Ethan correu até ela, seu coração batendo tão forte que doía. "O que foi aquilo?!"

Quando a alcançou, o primeiro impulso de Ethan foi envolver a garota com os braços, apenas para se certificar que ela estava bem. Seu coração estava acelerado, sua respiração ofegante, mas Louise estava bem. Segundos depois, ele sentiu os braços da garota retribuírem o aperto. Assim que os dois se afastaram, notaram que seus amigos o rodeavam.

A jovem apenas levantou uma sobrancelha em resposta. "Achou mesmo que eu ia embarcar nisso sem ter um plano reserva?"

"Obrigado por confiar na minha capacidade intelectual." Ethan rebateu, mas estava sorrindo. "Mas foi muito esperto, tenho que admitir."

E então ela sorriu de volta e o envolveu com os braços, selando os lábios nos dele. Toda a gritaria ao redor de Ethan se dissipou naquele momento, e ele segurou a garota em seus braços, retribuindo o beijo com todo o carinho que conseguia.

"Eu sou ateu, mas parem com isso pelo amor de Deus."

Ao notarem Soren com a maior expressão de nojo da Terra, os dois riram. Naomi, por sua vez, observava eles com uma expressão de surpresa, mas logo desviou o olhar para algo atrás deles. Antes que Ethan pudesse conferir, porém, Soren começou a apressar eles para saírem dali o mais rápido possível.

Ethan segurou a mão de Louise, e ela apertou levemente a dele em resposta. Quando eles começaram a sair, ele arregalou os olhos e se lembrou de Jasiel, mas quando virou a cabeça para procurar o amigo pela multidão, notou que o mesmo estava atrás dele, e que o encarava.

"Jasi!" Ethan se aproximou, aliviado. Jasiel recuou um passo, sua expressão era indecifrável. "Jasi, o que foi? Precisamos ir."

Ao fitar Jasiel, Ethan prendeu o ar. Os olhos do rapaz, sempre suaves quando ele o fitava, naquele momento estavam tão sombrios que pareciam ser capazes de ferir até mesmo sua alma, mas ao mesmo tempo tinham um brilho um tanto perdido. Era possível notar a tensão no corpo dele, e seus punhos estavam fechados com força. Apesar de nunca ter visto Jasi naquele estado, Ethan conhecia a linguagem corporal do outro, e tudo indicava que ele estava enfurecido.

Jasiel desviou a atenção para Louise, dessa vez com mais violência no olhar, mas logo em seguida voltou a encarar Ethan. Após um minuto inteiro de silêncio, Jasi deu as costas para eles, saindo pela direção contrária. Ethan se alarmou e correu atrás dele, sem entender por que ele estava agindo daquela maneira.

Quando Ethan tocou no braço de Jasiel, porém, este pareceu se irritar, se virando e empurrando o garoto com força. Ethan por pouco não se desequilibrou, e algo no olhar sinistro do rapaz o assustou. Pela primeira vez, Ethan viu uma semelhança entre Jasi e Endo.

"Vai embora, Ethan." Jasi disse, sua voz estava rouca. "Não me deixe te ver de novo."

Ethan arregalou os olhos, sem acreditar no que tinha acabado de ouvir. Jasiel continuou o encarando daquela maneira, sem qualquer brilho nos olhos, sem qualquer afeição. Ethan sabia que ele estava falando sério, e aquilo o deixou abismado.

"Vamos, Ethan."

Soren foi o primeiro a reagir, o puxando pelo braço. O caos estava começando a ser contido; Oliver provavelmente já estava esperando, e se eles não saíssem naquele momento, provavelmente seriam pegos. Louise logo se moveu para ajudar, mas em nenhum momento o olhar de Ethan se desviou dos olhos opacos de Jasi. E então sua antiga vida ficou para trás.

E Jasiel também.

⋅ ⋅ ⋅ ⋅ ⋅ ⋅ ⋅ ⋅ ⋅ ⋅ ⋅ ⋅ ⋅ ⋅ ⋅ ⋅ ⋅ ⋅ ⋅ ⋅ ⋅

Sentado em uma sala fria, Jasi não sabia dizer se o corpo já gelado de seu pai contava como companhia. Quem adivinharia que Endo Hyeon, o líder da maior corporação existente, o homem mais poderoso do país, se encontraria sem vida no final do noivado de seu primogênito, vítima de três balas no peito.

Jasiel com certeza não.

Mas ele não estava triste. Na realidade, o jovem não sabia dizer o que estava sentindo. Era como se ele tivesse ganho tudo, só para depois não ter mais nada. Como se tivesse visto o sol pela primeira vez, só para depois cair na mais eterna noite. Não, ele era assim. Ele vivia exatamente daquele jeito, sem expectativas, sem ambições, conformado com o destino.

Antes de Ethan aparecer.

"Senhor."

"Estou indo." Jasiel respondeu ao ouvir o chamado de Vincent, se levantando e saindo do quarto.

Ao fechar a porta, ele ordenou aos empregados que levassem o corpo do pai para o necrotério da mansão, e que este fosse cremado em seguida. Não ia perder tempo com cerimônias vazias, sabia que a razão de seu pai ter tantos contatos se resumia em dinheiro e corrupção.

"Jasi!"

Tobiah quis ir até o rapaz, mas este dispensou-o com um gesto. A visão do amigo nas muletas era cômica e piedosa ao mesmo tempo. Vincent estava ao lado do filho, com alguns curativos e o braço esquerdo engessado.

O rapaz visualizou o grande escritório que antes pertencia ao pai. "Já resolveu a questão do clã Jeong?"

"Todos mortos no terrível incidente."

Jasiel sorriu ao ouvir a mentira. Ele duvidava que alguém acreditaria, mas não se importava. Detestava o clã Jeong, e aquela havia sido a chance perfeita para eliminá-los. Que isso sirva de aviso para qualquer um que entrar em meu caminho, pensou ele ao assistir todos os membros do clã coreano serem executados, sem piscar.

"Nem todos."

O lembrete de Tobiah fez os olhos de Jasi brilharem com ódio. O jovem contornou a grande mesa, passando os dedos pela superfície da madeira cara e brilhosa. "Uma coisa de cada vez."

Ao ouvirem o tom do novo líder, Vincent e Tobiah trocaram um sorriso. Estavam preocupados com o futuro da Alpha antes, mas não mais. Não quando viram a súbita mudança de Jasiel, como se a morte do pai tivesse mudado completamente o garoto. Eles observaram o jovem circular a mesa e, por fim, se sentar na antiga cadeira de Endo.

"Uma coisa de cada vez."

⋅ ⋅ ⋅ ⋅ ⋅ ⋅ ⋅ ⋅ ⋅ ⋅ ⋅ ⋅ ⋅ ⋅ ⋅ ⋅ ⋅ ⋅ ⋅ ⋅ ⋅

Parado em frente à mansão Hale, Ethan suspirou. Quatro meses tinham se passado desde o ocorrido, e a antiga construção estava voltando a tomar forma. A ideia fora de Louise, assim como todos os gastos. Antes do golpe, a garota, de algum modo, conseguiu forjar a assinatura do líder, desfazendo a aliança com a Alpha e herdando toda a fortuna do clã Jeong. Todo o dinheiro da família Hale, por outro lado, tinha ficado para a corporação, mas Ethan não se importava. Não mais.

"Deixou de ser burguês por um dia e no outro passou a ser bancado. Vai ganhar até uma mansão." Soren debochou quando descobriu.

"Você não vai morar na mansão também?" Ethan perguntou ao amigo.

"Claro, quem recusa um convite desses?" O suíço sorriu com satisfação.

A verdade era que Ethan estava feliz que seus amigos, não, sua família iria morar com ele. A mansão Hale nunca lhe trouxera boas memórias, mas ele estava disposto a reconstruir um novo legado, e aquele parecia o lugar certo para começar. Mas algo parecia estar faltando, alguém, e ele sabia quem era.

Jasiel.

"No que está pensando?"

Ethan saiu de seu devaneio e fitou Louise. A única diferença notável na jovem era seu cabelo, que agora estava curto e na altura dos ombros. E ela continuava deslumbrante. Às vezes Ethan nem acreditava que os dois estavam juntos.

O rapaz suspirou. "No passado."

Louise o encarou com aquelas íris negras que pareciam sempre desvendar seus pensamentos. "Alguma notícia dele?"

"Nada além do que já sabemos." Ethan respondeu, depois voltou a encarar as pessoas trabalhando na reconstrução da mansão. "Shiyo disse que ele está bem ocupado reerguendo a Alpha."

Louise cruzou os braços. "Aquele ingrato ficou lá mesmo depois de tudo o que a gente fez por ele."

"Bom, já era de se esperar. Eles são amigos, e agora que Jasi está no comando, ele com certeza negociou com o irmão do Shiyo para manter a aliança."

A garota apenas balançou a cabeça, mas seu olhar severo se dissipou quando encontrou Naomi, Soren e Oliver mais à frente, os três animados com a futura casa. Aquilo acalmou Ethan.

"Pensei em um nome."

"O quê?!" Louise perguntou, assustada.

"Para o nosso grupo." Ethan explicou, a olhando com uma expressão confusa.

"Ah, sim." Louise alisou as camiseta preta com indiferença. "Qual? Não me venha com Renegados de novo, por favor."

Ethan sorriu. "Prevail."

Louise o encarou, pensativa. "Soa bonito. O que é?"

"É do latim praevalere, significa resistir, se provar maior do que a oposição."

"Eu gostei." Louise disse ao segurar a mão de Ethan com um sorriso sincero. "Prevail."

O rapaz engoliu em seco a encarando, totalmente encantado. Durante todos aqueles meses, a jovem mulher ao seu lado permanecera com ele, forte como aço. Até mesmo depois da notícia da morte de seu clã inteiro, ela sequer demonstrou fraqueza. Louise Jeong era, sem dúvidas, a pessoa mais forte que Ethan já havia conhecido, e ele esperava que, com o passar dos anos, ele também conseguisse enfrentar tudo o que o viesse com ela ao seu lado.

Ethan Hale não gostava de confusão, mas a personificação daquela palavra estava parada bem na frente dele, e ele gostava dela, gostava muito.

"Me diz," Louise inclinou a cabeça levemente para o lado, encarando as obras na mansão. "Você acha que isso tudo fica pronto em até nove meses?"

⋅ ⋅ ⋅ ⋅ ⋅ ⋅ ⋅ ⋅ ⋅ ⋅ ⋅ ⋅ ⋅ ⋅ ⋅ ⋅ ⋅ ⋅ ⋅ ⋅ ⋅

só deus sabe quantas vezes eu apaguei e refiz esse capítulo, mas já tava na hora de dar tchau pro passado. esse flashback GIGANTE é muito importante pra história, e eu particularmente adoro os personagens, mas já tava sentindo falta do presente também, agora no próximo tudo volta ao normal 💘

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