Capítulo Vinte e Cinco
Elizabeth se levantou antes mesmo que o primeiro raio de sol entrasse pelas brechas da janela metálica do quarto. A reunião só aconteceria às oito horas, mas ela sabia que Lorenzo tinha o hábito de acordar cedo, então optou por deixar o cômodo antes que aquele brilhante cérebro despertasse e desvendasse suas intenções ocultas.
Assim que fechou a porta atrás de si, Liza sentiu algo peludo nas pernas, sabendo no mesmo minuto que era Amon-Rá. O gato aproveitava qualquer oportunidade para se enfiar no cômodo e se esfregar nos móveis, soltando diversos pelos no processo. Elizabeth se curvou para acariciar a causa dos espirros e xingamentos de Kyle nas horas vagas, sorrindo com o canto dos lábios.
Notando que a dona estava de saída, Amon-Rá a acompanhou enquanto ela refazia o caminho da madrugada anterior, percorrendo o labirinto escuro de corredores que levava ao quarto de Lucas. O som de uma trava cedendo preencheu o local quando o sistema de segurança reconheceu o cartão inserido em seu sensor, e logo após um bipe foi ouvido. A jovem empurrou a porta pesada, e a luz automática se acendeu.
O único barulho audível no local era o ronronar relaxado de Amon-Rá. O ambiente era simples, não muito diferente do quarto de Kyle, exceto pelo mural de fotos que ocupava parte da parede direita. Liza desviou o olhar das fotografias, suspirando ao se afastar da porta e abrir um dos armários. O cheiro familiar e levemente cítrico de seu irmão logo se fez presente.
Sob uma das prateleiras do móvel estavam equipamentos de fotografia, tais como câmeras e lentes. Abaixo desta, computadores e outros aparelhos eletrônicos tomavam a maioria do espaço. Elizabeth sorriu sem perceber com o contraste das duas atividades; dificilmente alguém que possuía a essência leve e aperfeiçoada para fotografar teria uma mente astuta o suficiente para programar, mas seu irmão era bom em ambas as coisas.
Lucas sempre conseguia o que queria.
Abaixando o olhar, Liza abriu a primeira das três grandes gavetas do guarda-roupa. Diversos produtos de beleza estavam agrupados ali, principalmente máscaras faciais. Nada surpresa, Elizabeth apenas balançou a cabeça e abriu a o segundo repartimento da mobília, apenas encontrando coisas banais. Na última, porém, ela encontrou uma caixa preta embalada em um pano da mesma cor.
Liza franziu o cenho levemente, se sentando no chão e trazendo o objeto gelado para o seu colo. Ao abrir a tampa e ver um conjunto que abrigava três facas, ela ergueu as sobrancelhas sutilmente, principalmente quando notou que um dos exemplares estava faltando. Elizabeth então pegou uma para examinar, retirando a proteção de plástico que a envolvia. A arma tinha um cabo negro personalizado com padrões cinzentos, a lâmina tão negra que a jovem provavelmente seria capaz de enxergar seu próprio reflexo se não fosse fosca.
Pensando que o objeto era um mero enfeite, Liza pegou uma das facas e pressionou um dedo na lâmina, se certificando de que estava enganada no momento em que viu seu sangue escorrer, xingando internamente. De repente, a jovem sentiu que estava sendo observada: Amon-Rá estava sentado ao seu lado, a encarando com uma expressão de minhas expectativas já eram baixas, mas você conseguiu me surpreender.
Com o dedo machucado na boca, Elizabeth ignorou o julgamento de seu gato e encarou os itens pontiagudos, perdida em seus pensamentos. Não fazia ideia que seu irmão sabia manusear facas, mas ela sabia que Lucas, assim como ela, tinha uma certa aversão a armas devido ao traumatizante episódio do massacre.
Desviando o olhar para observar o resto do quarto, Liza suspirou. Ela se levantou e foi se deitar na confortável e gelada cama de casal, ganhando a companhia de seu amigo felino alguns segundos depois.
"Seria tão fácil se ele estivesse aqui," murmurou ela para o animal, "ele sempre foi bom nisso."
E era verdade. Liza tinha inúmeras memórias de Lucas manipulando a família para conseguir o que queria. O garoto possuía uma abordagem específica para cada membro: com Ethan era sempre algum tipo de chantagem emocional, já que o homem se comovia fácil. Quando se tratava de Ian, a aproximação sempre se baseava em honestidade (fingida ou não), pois o primogênito valorizava a verdade. Benjamin raramente era vítima das tentativas influentes do gêmeo, já que dificilmente ele apresentava qualquer obstáculo para os esquemas do mais novo.
Mas a abordagem usada com Elizabeth era completamente diferente; Lucas se aproveitava da natureza impulsiva da irmã e a aborrecia até que ela perdesse a razão. Quando os pais chegavam para averiguar a situação, encontravam uma garotinha eufórica e chorosa de um lado e um menino completamente calmo do outro. Mal conseguindo falar, Liza era obrigada a assistir Lucas explicando sua versão da história com plenitude, sempre se elegendo como o bom moço em todas as situações.
Louise Hale era a única pessoa que Lucas não conseguia manipular. A mulher conhecia todos os truques do filho, todas as linguagens verbais ou não que eram requisitadas para uma boa persuasão, porque ela em si só era uma manipuladora profissional. A diferença entre eles nesse quesito era que Louise tirava proveito do que a rodeava para provar suas palavras. Se algo acontecia, ela conseguia ligar isso a qualquer teoria que a beneficiasse, mesmo que não houvesse qualquer ligação entre ambas as coisas.
Lucas? Ele também sabia fazer aquilo, mas não necessariamente precisava de situações aleatórias o auxiliar. O terceiro filho mais velho dos Hale era bom manipulando emoções, de modo que ele mesmo era a prova de seu argumento. Seu interesse no assunto se desenvolveu com o tempo, o que o levou a estudar os aspectos da linguagem corporal por pura diversão e a treinar a eficiência de seu aprendizado na família sempre que era lhe dada a chance.
Não era exagero dizer que Lucas Jeong Hale manipulava as pessoas desde o berço, mas Elizabeth não era como seu irmão. Ela não conhecia a linguagem corporal tão detalhadamente como ele, não possuía a mesma prática infalível adquirida com os anos e muito menos a confiança inabalável. Engolindo em seco, Liza se concentrou em suas lembranças, algo que a auxiliasse em sua missão impossível.
E então Elizabeth se lembrou da última vez que se deixara manipular pelo irmão, da maldita carta que havia deixado seu coração em pedaços naquela manhã após o massacre. Por que Lucas deixara uma carta ao invés de dizer todas aquelas coisas pessoalmente para ela? Liza se sentou no colchão de repente, um brilho apreensivo em seus olhos. Naqueles últimos dias que passara com o irmão, com exceção do plano suicida, notara que ele não havia tentado a manipular. Porque Lucas sabia que Elizabeth conhecia seus truques, desde pequena.
Ela deixou o quarto quando o céu já estava claro, guardando a caixa e trazendo Amon-Rá consigo antes de sair. No corredor escuro ao lado de fora, Liza encarou a lâmina fosca da faca em sua mão direita em silêncio, seu olhar se tornando tão frio quanto o ambiente em que estava. Prevail a denominara como uma inofensiva Hale, alguém que não apresentava ameaça alguma. Ao ver a dona imóvel, o gato miou lentamente para ela.
"Amon," Liza chamou baixo, tampando a faca com a proteção preta e lançando um olhar apático para o felino. "Vamos ensinar para eles o verdadeiro significado de lobo em pele de cordeiro."
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"Não sei por que estamos perdendo tempo nessa reunião, já sabemos o que deve ser feito."
A voz masculina e impaciente foi a primeira coisa que Elizabeth ouviu após o início da reunião. Giovora não mentira; havia mesmo uma entrada para a sala do conselho no escritório de Soren, por qualquer que fosse a razão para aquela passagem estar ali. A única fonte de luz presente no espaço vinha das pequenas brechas da porta corta-fogo que Liza estava escorada, ouvindo atentamente a conversa.
"Essa reunião foi convocada exatamente para decidirmos o que vamos fazer, Lenard."
A fala de Naomi não demonstrava qualquer afetividade, mas tampouco soava desrespeitosa. Ao ouvir aquele nome, Liza soube imediatamente quem sua tia respondera: era o líder do clã Lohmann. O grupo alemão fora um grande aliado da Alpha quando esta tomou o poder do país, controlando o governo como se ele nem mesmo importasse.
O poder e a influência da organização só cresciam a cada dia, então por que Lenard Lohmann escolhera se desvincular de Jasiel para se aliar a Prevail, sendo que aquilo não lhe traria benefício algum? Aquela era a pergunta que não saía da mente de Liza.
"O que respondeu para Shiyo?" O som da voz de Kyle fez Elizabeth engolir em seco. O tom grave possuía um charme que nem mesmo ela sabia explicar, mas ouvi-lo era extremamente agradável.
"Nada ainda," Naomi disse em um suspiro. "Mas nos deu até o final do dia para responder."
"Vocês estão andando em círculos, não conseguem ver?" Lenard interveio antes que qualquer outra pessoa pudesse opinar. "É inútil insistir."
"Na última vez você também falou isso, mas no final conseguimos uma aliança com o clã Hattori." A fala intimidante de Soren preencheu o ambiente. Alguns murmúrios de concordância foram ouvidos em seguida.
"Da última vez tínhamos o negociador, mas pelo que vejo ele não parece estar disponível agora." Todos os membros do conselho ficaram em silêncio após aquilo, e Elizabeth se perguntou de quem Lenard estava falando.
"Você parece bem ansioso para se tornar nosso patrocinador oficial, sabia?" Liza reconheceu a voz de Giovora imediatamente, carregada de sarcasmo. "Você é tão generoso, Lenard."
Baseado no que a ômega havia dito, o líder do clã Lohmann seria a fonte de renda de Prevail caso Shiyo realmente desfizesse a aliança com eles. A influência de Lenard só aumentaria a partir dali, já que seria ele quem financiaria as missões do grupo revolucionário. Liza sabia que o futuro de Lucas estaria ameaçado caso aquilo realmente acontecesse.
"Apenas não vejo necessidade em insistir em algo que não existe mais."
"Não podemos ser impulsivos agora," Naomi interveio, seu tom era firme. "Vamos esperar a resposta de Shiyo, então nós..."
"Hoje faz uma semana que você repete a mesma coisa, Naomi." Lenard interrompeu, "Acha que ninguém percebeu que você só está enrolando pra salvar a pele do seu sobrinho insolente? Enquanto nós esperamos essa resposta que nunca vai chegar, o que exatamente impede Jasi de nos atacar?"
"Cuidado com o tom quando fala com sua superior, Lohmann." A voz de Soren, apesar de contida, soava ameaçadora em níveis que Liza nem mesmo conseguia descrever. "Se lembre de quem está no comando."
Uma risada nada feliz preencheu o ambiente. "Não me esqueci, digo isso porque me preocupo com o rumo que as coisas estão tomando. Lucas não seguiu o plano por livre e espontânea vontade, o que não me surpreendeu em nada. Ele não respeita as regras, faz o que bem quer sem se importar com as consequências, mas é protegido aqui dentro como se fosse algum tipo de divindade. Acreditar que isso não acontecesse porque ele é filho da irmã de quem comanda Prevail é bem difícil."
A clara acusação de Lenard causou um burburinho dentro da sala, mas também fez Elizabeth fechar as mãos em punhos ao lado de fora. Pela personalidade de Lucas, não era difícil deduzir que ele tinha se exposto para Jasiel para causar uma cena, mas naquele momento Liza se deu conta da verdade: ele havia feito aquilo porque estava ciente de que diversas armas estavam apontadas para ela, Kyle e as crianças. Mesmo que seu irmão apenas seguisse o plano e desligasse as luzes, os homens disparariam antes que todos conseguissem sair da mira, e por aquela razão ele revelara a verdadeira identidade para o líder mafioso; queria criar uma distração para que todos fugissem. E conseguiu.
"É como você é, egoísta", ela disse para Lucas no dia em que o reencontrou no trailer de Kyle. "É tudo um jogo pra você, não é mesmo? Às vezes me esqueço que egoísmo é seu segundo nome, só sabe pensar em você", Elizabeth havia falado naquele bar quando achou que ele estava envolvido com Jasi. Desde pequena, Liza sempre vira o irmão como alguém egoísta, alguém que não hesitaria em salvar a própria pele antes de qualquer outra coisa.
Lucas Hale podia ser várias coisas, mas não era egoísta. Não com quem amava.
"Está me acusando de nepotismo, Lenard?" A voz de Naomi soou mais feroz daquela vez. "Acha que eu não faria isso se qualquer outra pessoa além do meu sobrinho estivesse nas mãos de Jasiel agora?"
"A questão não é se você faria o mesmo por outra pessoa, mas que vocês sempre protegem o Lucas, independente do que ele faça. Certo, ele nos beneficia, mas não seguiu as instruções do plano e foi pego por isso, quem sabe se ele ainda está vivo. Ele não foi capturado por acidente, ele quis se arriscar, e no fim sofreu as consequências dos próprios atos. Não é como se ele não tivesse escolhido o rumo que tomou, mas vocês ignoram isso."
Se suas unhas fossem grandes, Liza provavelmente já teria ferido suas próprias palmas com a força que estava fechando os punhos. Ouvir diversos murmúrios de concordância após a fala de Lenard apenas serviu para aumentar a raiva que ela sentia naquele momento. Depois de tudo o que a fizeram passar, como tinham a coragem de cogitar deixar Lucas nas mãos de Jasiel? Como ousavam sequer propor que ela ficasse sem seu irmão?
"Nós não deixamos ômegas para trás sem mais nem menos, Lenard." Giovora se pronunciou no meio do burburinho. "Não importa como Lucas foi pego, o importante agora é resgatar ele."
Liza decidiu que gostava de Giovora.
"Eu concordo," disse Soren.
"É exatamente disso que estou falando." O tom de Lenard era convencido e desdenhoso. "Não importa a merda que o Lucas faça, vocês sempre vão acobertar, e é por isso que ele não tem limites. Mesmo que Shiyo mantenha a aliança, vocês acham mesmo que ele vai se arriscar de novo só pra salvar alguém que ele supostamente nem conhece?"
Após alguns segundos, a voz de Kyle preencheu o ambiente silencioso, "Ele não vai, não depois do plano ter falhado."
"Exatamente. Kyle vê as coisas pelo lado da razão, assim como eu." Lenard parecia bastante satisfeito com o apoio indireto. "Vocês acham que vale a pena arriscar uma comunidade inteira que lutou tanto para chegar até aqui por uma única pessoa que escolheu se afundar?"
"Eu acho."
Elizabeth nem mesmo hesitou para responder, abrindo a porta com toda a convicção que possuía. A sala do conselho era ampla e possuía uma longa e única mesa amadeirada e retangular no centro, rodeada de diversas cadeiras acolchoadas. As paredes revestidas em tinta cinzenta davam um ar recluso ao local, e a iluminação vinda de lâmpadas amareladas apenas reforçava a identidade densa do ambiente.
A aparição de Liza causou um misto de reações no local: Naomi, sentada em uma das extremidades da mesa, parecia surpresa. Soren, ao lado dela, estava com o cenho franzido enquanto fitava a jovem. Giovora ergueu as sobrancelhas, mas dava para notar que os cantos dos lábios da ômega estavam subtilmente erguidos. A expressão no rosto de Kyle, por outro lado, era difícil de desvendar, mas felicidade era uma palavra muito distante para descrevê-la.
Ignorando toda a atenção, Elizabeth procurou Lenard com o olhar, apenas para quase cair dura no chão quando avistou seu oponente. Já havia criado uma imagem nada agradável do homem em sua mente, por isso se surpreendeu encarando a realidade. Rosto simétrico, olhos cor de avelã, cabelo loiro e levemente ondulado. Ele era lindo.
"Quem é essa?"
Saindo de seu transe, Liza fitou o líder do clã Lohmann, seu olhar endurecendo. Certo, aquele não era o momento para ficar admirando a beleza da pessoa que estava tentando acabar com a vida de seu irmão. Ela se afastou da porta e andou até a mesa em passos determinados. "Você perguntou se vale a pena arriscar um grupo inteiro para salvar alguém que escolheu se afundar, eu acho que sim."
Os membros do conselho ainda se encontravam confusos; não com a identidade de Elizabeth, mas sim com a situação. Não era essa a filha pacífica de Ethan Hale? Por que ela parecia defender Lucas, que supostamente havia a abandonado? E por que ela estava parada ali, vestida em roupas pretas coladas ao corpo e de braços cruzados como se estivesse prestes a criar uma grande confusão?
Soren desvendou o mistério, "Jeong."
Mesmo tremendo por dentro sendo vítima do olhar afiado do suíço, Liza manteve a pose. Ao ouvirem aquele sobrenome, boa parte do grupo duvidou da visão que eles tinham da jovem. Nela, Lucas era um Jeong, e Elizabeth era uma Hale. O coreano honrava seu legado, mas os Hales, eles eram o oposto dos Jeongs. Sempre calmos e compreensivos, eram bons amantes da paz.
Lenard logicamente também sabia quem Liza era, mas não a levava a sério. "Ah, é mesmo? E por que você acha isso?"
O tom debochado do homem apenas incitou a raiva de Elizabeth, mas ela sabia como ninguém que demonstrar emoções durante uma discussão não era bom, Lucas a ensinara aquilo. "Por vários motivos, começando pelo fato de que esse alguém foi usado desde os catorze anos pela comunidade que lutou tanto para chegar até aqui, sem nunca ter recebido nada em troca."
Aquelas palavras fizeram o sorriso despreocupado de Lenard evaporar. O Conselho, por sua vez, pareceu inquieto ao perceber que a jovem sabia mais do que eles esperavam. Giovora piscou quase que imperceptivelmente para Liza como um elogio, mas os sentidos ágeis de Kyle captaram o gesto.
"Nada em troca?" Lenard perguntou em um tom hostil. "Moradia, comida..."
"Estão se vangloriando por não deixarem meu irmão morrer de fome? Usurpar a vida dele não foi suficiente?"
"Usurpar?" O homem começou a rir raivosamente. "Vocês estão ouvindo isso? Garota, se Prevail não tivesse protegido seu irmão todo esse tempo, sabe o que teria acontecido com ele?"
"Deixa eu adivinhar, ele teria sido pego pelo Jasi." Elizabeth inclinou o rosto devagar, um brilho provocativo em seus olhos. "Espera, mas Prevail estava protegendo ele durante o plano também, não?"
Lenard abriu a boca para responder, mas sua raiva era tanta que nenhum som saiu. Quem aquela menina pensava que era, atrapalhando o momento que ele vinha esperando por cinco anos? Prevail estava a um passo de ficar sob o seu controle, mas agora tudo estava dando errado por conta de uma baixinha que mal havia chegado.
"Ninguém obrigou ele a participar."
"Sim, é verdade. Ninguém o obrigou a ir bater boca com Jasiel, mas ele não estava ali porque queria." Liza olhou de relance para Naomi, quem a observava em silêncio. "Segundo minha tia, Lucas era a isca para que eu aceitasse voltar para a mansão Hale. Ela sabia que eu nunca voltaria para aquele lugar por pura e espontânea vontade, e por isso criou toda a situação com o Kyle e as crianças."
"Correto." Naomi parecia surpresa.
"Seguindo a lógica, Lucas precisava estar lá. Eu sabia que ele era manipulador, e vendo Kyle levando as crianças direto pro perigo, mudei de ideia na hora. Meu irmão era a base desse plano, o tempo todo." Elizabeth encarou cada pessoa que estava presente ali, "Mas por causa dele, foi levado. E agora, Prevail tem a obrigação de trazer ele de volta."
Ninguém se pronunciou por alguns segundos. As feições no rosto de Lenard eram amedrontadoras, mas ele não ousou rebater. Soren e Naomi trocaram olhares significativos; não podiam deixar o grupo revolucionário cair nas mãos dos Lohmann, e a reconciliação com o clã Hattori era a única esperança daquilo não acontecer.
"O único jeito de resgatar Lucas é com a ajuda de Shiyo." Soren ajeitou os óculos redondos, "Se ele financiar o resgate, tem uma grande chance de dar certo."
Liza assentiu, satisfeita. "Então precisamos de um jeito de entrar em contato com ele. Eu posso tentar..."
"O problema não é o contato," Naomi falou baixo, com uma expressão desconcertada. "Veja bem, temos um negociador."
Lenard, que estava visivelmente irritado e se recusava a olhar para eles, soltou uma risada de escárnio. Alguns outros membros do conselho se ajeitaram desconfortavelmente em suas cadeiras. Giovora balançou a cabeça com um sorriso amarelo, prevendo o que estava por vir. Kyle manteve sua expressão sombria, claramente não aprovando aquela ideia desde o começo.
Naomi continuou a explicação com culpa ao notar a esperança nos olhos da sobrinha. "Hoje mais cedo, Shiyo ligou e convocou uma reunião com ele."
Liza teve que se segurar para conter a animação. "Onde está esse negociador, então? É só ele ir lá e convencer o clã Hattori a nos ajudar."
"Tenho duas notícias pra você, uma boa e outra nem tanto." Giovora se encontrava debruçada de maneira folgada em sua cadeira. "Qual você quer ouvir primeiro?"
"Giovora." Soren repreendeu antes mesmo que Liza pudesse respondê-la.
"O quê? Ela ia descobrir isso uma hora ou outra, não faz sentido esconder agora." A jovem rebateu, e Liza sentiu um mau pressentimento em antecipação. "A boa notícia é que o negociador quase sempre consegue convencer o Shiyo a fazer qualquer coisa, ele é uma das nossas maiores vantagens."
Kyle lançou um olhar de desaprovação para Giovora, mas esta ignorou o aviso. Liza não notou a interação entre os dois, totalmente vidrada no assunto. "A má notícia é que o negociador não está aqui."
"Cadê ele, então?" Liza perguntou no mesmo segundo, mas Kyle interveio antes, acabando com o suspense.
"O negociador é o Lucas."
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[3600 palavras]
agora é sério vai ter capítulo novo toda terça, juro pelo lucas mortinho
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