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Capítulo Trinta e Oito

Quando o veículo estava prestes a colidir com os portões, Liza fechou os olhos em antecipação e aguardou o impacto. Ela se perguntou se a morte era dolorosa, se sentiria algo antes de finalmente deixar aquele plano. Acima de tudo, tinha a certeza de que precisava manter os olhos fechados, ou a sensação seria pior.

Mas foi impossível não mover as pálpebras quando Lucas virou o volante, fazendo o carro se inclinar e por pouco passar em uma súbita abertura. Por um momento, Liza não conseguiu processar o que tinha acontecido. Pelo retrovisor, ela viu a entrada do clã DiCaselle voltar a ser selada após um estrondo metálico.

"Espera, nós estamos dentro?"

As palavras de Giovora confirmaram que Liza não estava delirando, mas ainda soavam irreais. "Sinceramente, é mais fácil acreditar que eu morri e estou no céu."

"No céu você não está." Kyle olhou de relance para Lucas, nada convencido daquilo. "Seu irmão ainda está aqui."

Lucas riu e virou o rosto para fitar o homem. "Ah, só porque eu sou gay? Que feio, Kyle."

"Acredite," Kyle desviou o olhar para o território desconhecido, suas feições convictas. "Sua sexualidade não está na lista das razões pela qual você iria para o inferno."

Liza não estava prestando atenção no diálogo do grupo, seus olhos ainda arregalados. Sim, tinha esperanças de conseguir entrar no lar de Vicenzo Milani, mas no fundo algo vinha lhe dizendo que alcançar aquilo seria impossível, e ali estava ela. O carro estava imóvel, e ela não sabia como prosseguir dali em diante.

"Eles nos deixaram entrar?" Hikari soava animada, seus olhos varrendo a estrada que seguia até uma cidade iluminada ao longe. "Nossa, Cesero é mesmo bonita."

As luzes amareladas localizadas em um relevo também chamaram a atenção de Elizabeth. Já tinha ouvido falar de Cesero, a cidade que as muralhas da base DiCaselle protegiam. Muitos diziam que ela era inimaginável, sua arquitetura italiana de tirar o fôlego, mas Liza nunca havia sequer visto uma foto, então só lhe restara a imaginação.

"Nunca pensei que fosse ver pessoalmente." Ansel, em algum momento, tinha se juntado a eles para observar a paisagem. "Ninguém entra aqui há anos."

"Eles sabem quem nós somos?" Kyle perguntou.

Liza estava prestes a se questionar a mesma coisa quando algo atingiu a lataria do carro, alertando todos ali; uma bala. A jovem se assustou, finalmente percebendo que sua mão ainda estava entrelaçada com a de Kyle. Corando involuntariamente, ela soltou o homem e recuou com o veículo, mas disparos vindos do lado contrário também os acertaram em seguida.

"Acho que sabem," Lucas murmurou, nada impressionado. "E não gostam da gente."

Damien, ainda no chão, voltou a se desesperar. "A gente escapou mesmo da Alpha só pra entrar aqui e morrer também?!"

"Não parecem ser muitos, mas estamos em um terreno desvantajoso."

"Você acha mesmo que arrumar uma briga com Vicenzo Milani na casa dele é uma boa ideia, Ansel?" Giovora perguntou, mas também tinha sua arma em mãos. "E defina muitos, porque aqueles carros definitivamente não são poucos."

Liza avistou os carros pretos que desciam da cidade, um após o outro. Viu que também estariam cercados pelos seguranças se voltassem, e duvidava que os portões se abririam novamente. Agarrando o volante com os dedos, ela virou o rosto e fitou a escuridão de uma floresta que cercava ambos os lados da estrada. Quando olhou Kyle pelo espelho retrovisor, ele já a observava, e parecia saber o que ela estava planejando fazer.

"Posso tentar livrar a gente dessa, mas vai ser meio frenético."

Damien pareceu achar graça nas palavras de Liza. "Você acha mesmo que nós temos alguma..."

A frase do homem se perdeu quando Liza fez uma curva repentina com o carro, saindo da estrada e entrando no denso conjunto de árvores. Com a exceção de Kyle e Thomas, as pessoas na parte traseira foram ao chão. Lucas, no banco do passageiro, acabou batendo a cabeça no vidro da janela. No meio do caos, um miado estressado de Amon-Rá pôde ser ouvido.

"Que merda é essa?" Giovora perguntou ao tentar se levantar. "Dá pra avisar antes de quase capotar o carro?"

Liza estava ocupada demais tentando enxergar algo na escuridão para responder. Ansel resmungou audivelmente ao se erguer, alisando seu sobretudo preto e caro. Ele então estendeu uma mão para Hikari, que parecia ter achado graça da situação. Damien, claramente dolorido, permaneceu imóvel.

"É bom isso ter valido a pena, vai ficar um galo."

Se certificando de que o irmão estava bem com um breve olhar, Liza voltou a se concentrar no caminho instável. Não sabia se ainda estavam sendo perseguidos, mas os tiros haviam cessado. A floresta fechada era benéfica por um lado, mas perigosa pelo outro. Quanto mais eles pareciam se afastar, mais a jovem conseguia respirar.

E então Liza percebeu que o carro estava estranho, sem muita coordenação. Ela conseguiu frear antes de perder o controle, mas o veículo acabou deslizando e atingindo uma árvore. Felizmente a colisão não foi violenta, mas o barulho da batida soou em meio à noite silenciosa.

"Tudo bem?"

A voz preocupada de Kyle fez Liza erguer o rosto, ainda atordoada. Por sorte, em algum momento, ela tinha se lembrado de colocar o cinto de segurança. O homem a ajudou a levantar, e ficou mais calmo quando viu que ela não tinha se machucado. Thomas, que havia acordado com o barulho, a encarava com seus grandes olhos cor de avelã.

Hikari observou o grupo. "Alguém se machucou?"

Quando Damien, ainda caído, murmurou algo em confirmação, Giovora ajeitou as roupas. "Todo mundo bem, vamos sair daqui antes que nos alcancem."

Ansel assentiu e abriu as portas traseiras, saindo sem nem olhar para o rapaz. Giovora foi atrás, seguida de Lucas. Kyle estava na fila, mas hesitou ao ver Liza e Hikari olhando para Damien.

"Vocês não vão deixar ele aqui, né?"

Damien lançou um olhar de alívio para Liza enquanto se sentava com uma careta de dor, e Hikari logo foi ajudar a colocá-lo de pé. O rapaz era pesado, mas ainda tinha bastante força, e Elizabeth constatou que ele ficaria bem contanto que os pontos não se abrissem. Kyle observou a cena com uma expressão nada amigável, mas suspirou em derrota e tomou o lugar da jovem, entregando Thomas para ela.

O bebê ficou contente em voltar para o colo de Liza, abraçando seu pescoço e se aconchegando em seu colo. Hikari, vendo que Kyle era mais do que suficiente para auxiliar Damien, optou por carregar Amon-Rá, que surpreendentemente não estava muito estressado com a situação.

Lucas ligou a lanterna do celular enquanto acariciava a lateral da cabeça. Ansel carregava uma arma, e parecia atento para qualquer perigo que poderia aparecer. Se arrepiando com o frio, Liza acariciou repetidamente as costas de Thomas, agradecida por ele estar vestindo roupas grossas. Nunca o vira ter qualquer resfriado, mas sabia que apenas uma leve friagem poderia fazer com que ele adoecesse.

Quando as pernas de Liza começaram a doer, o grupo avistou uma iluminação ao longe. Liza ficou tensa, mas a ideia de repousar em um lugar aquecido espantou seu medo. Ao se aproximar da fonte de luz, ela visualizou um chalé solitário. Pequenas plantações de ervas e flores rodeavam a construção, e uma pequena trilha de cascalho guiava o caminho até a porta.

Hikari assoprou as mãos. "Quem moraria tão afastado da cidade assim?"

"Alguém que garante a própria segurança, ou seja, alguém armado." Ansel disse ao destravar a arma, seus passos silenciosos. "Não fiquem na mira das janelas."

Liza recuou alguns passos ao ouvir aquilo, seu coração batendo mais forte. Hikari pegou uma pistola e acompanhou o irmão, e eles estudaram as janelas do primeiro andar, mas não avistaram ninguém dentro da casa. Após rodearem a casa, Giovora sinalizou que iria entrar, e Lucas foi dar cobertura para a ômega.

Kyle apenas observava a ação de longe, claramente incomodado por ter que dar suporte para Damien. Liza estava atrás do homem, o usando como um escudo contra o frio. Amon-Rá encontrava-se sentado aos pés da dona, e não parecia estar contente com o frio.

A porta, para a surpresa deles, estava aberta, e Giovora deu o sinal para eles se aproximarem minutos depois. Liza não pensou duas vezes; precisava aquecer Thomas. O primeiro cômodo era uma cozinha não muito grande, mas todos couberam ali. Ao sentir a quentura de um local fechado, o corpo de Elizabeth relaxou instantaneamente.

Liza então observou o cômodo, notando prateleiras repletas de frascos de vidros com temperos e ervas dentro. O fogão era a lenha, e pequenas faíscas ainda faziam a madeira crepitar. "Definitivamente mora alguém aqui, precisamos fazer silêncio."

"O que vamos fazer?" Lucas questionou ao se sentar em um banco junto da parede, seu cenho levemente franzido. "Vamos ficar por aqui?"

"É a melhor opção por agora, na minha opinião." Hikari estendeu as mãos para o fogo já apagado do forno, tentando aproveitar o calor que ainda estava presente nas cinzas. "Mas precisamos nos certificar de que estamos seguros."

Damien caminhou com esforço até o banco, se sentando ali e soltando um suspiro de alívio. Lucas apenas lançou um olhar desinteressado para o rapaz, e em seguida fechou os olhos. Liza desconfiava que a pancada estava lhe causando dores de cabeça. Amon-Rá se acomodou embaixo do assento, ronronando audivelmente ao fechar os olhos.

"Posso dar um jeito nisso."

"Defina dar um jeito, por favor." Liza interveio, desconfiada com o tom de Ansel. "Espero que não envolva nenhuma violência."

Ansel cruzou os braços, mas observava Damien com um olhar ameaçador. "Não, não envolve. Estamos no território de Vicenzo, ferir pessoas da base dele é como jogar qualquer chance de uma aliança fora."

"Que bom que sabe," Giovora disse. "Essa não é uma das missões aleatórias contra a Alpha onde você sempre matava alguém por 'acidente'."

Ouvindo o diálogo, Liza se recordou que Prevail e o clã Hattori trabalhavam em equipe em algumas missões de coleta de dados e coisas relacionadas. Provavelmente Giovora e Kyle conheceram os dois irmãos daquela maneira.

Pensando em Kyle, Liza virou o rosto para o homem, mas notou que ele encarava Damien, e não parecia contente. Quando a jovem olhou para o rapaz, se surpreendeu ao ver que ele já a encarava.

"O que está acontecendo aqui?"

A voz desconhecida alertou todos na sala. Uma senhora vestida em uma camisola estava parada no corredor que provavelmente era a passagem para os outros cômodos. Os cabelos dela eram grisalhos, e sua voz indicava que ela tinha acabado de acordar. Liza agradeceu silenciosamente por estar ao lado de Kyle, ou não teria conseguido abaixar a arma que o homem havia apontado para a idosa em um impulso.

Por um momento, todos ficaram em silêncio. A velha observou o grupo por alguns segundos, mas não parecia intimidada com a presença deles.

"Vocês vieram da cidade?"

Lucas se levantou, sua expressão gentil e um tanto culpada. "Sim, mas nosso carro quebrou e acabamos nos perdendo. Andamos no frio por algumas horas até encontrarmos sua casa. Nos perdoe por termos entrado, não queríamos incomodar, só precisávamos de um lugar aquecido para o meu sobrinho."

A senhora varreu a cozinha com o olhar após ouvir aquelas palavras, e suas feições suavizaram quando ela viu Liza e Thomas. "Entendo, está um gelo lá fora. Que bom que conseguiram chegar aqui, a temperatura vai cair ainda mais."

Liza mal teve tempo de ficar aliviada, pois a dona da casa se aproximou dela e pousou uma mão enrugada sobre a testa do bebê. "Céus, ele está gelado! Que perigo, vou esquentar a água, ele precisa de um banho quente antes de dormir."

Quando viu a idosa levantar um caldeirão com dificuldade, Kyle foi ajudar. O fogo logo voltou a consumir a lenha, e Liza fechou os olhos por um momento, o calor a aconchegando. Hikari tomou a iniciativa de ajudar a encher o caldeirão, e Lucas voltou a se sentar. Damien encarou o jovem com espanto; com apenas algumas míseras palavras dele, tinham ido de invasores para convidados.

"Quantos meses ele tem?"

"Nove," Liza respondeu, sua voz suave. "Ele se chama Thomas."

A velha esboçou um sorriso afetuoso ao acariciar os cabelos loiros do bebê comportado. Ela então analisou Liza, depois desviou o olhar para Ansel, que também estava se aquecendo ao lado dela.

"É um lindo bebê, parabéns ao casal."

O cômodo ficou em silêncio. Liza piscou, depois encarou Ansel. Quando ela voltou a atenção para a senhora, percebeu que Kyle estava atrás dela, seu semblante totalmente fechado.

"Eu sou o pai."

Giovora, ao lado da porta, ergueu as sobrancelhas e tossiu, mas estava claro que ela estava segurando uma risada. Hikari piscou diversas vezes, comprimindo os lábios. Lucas abriu os olhos para observar a cena, se divertindo com a situação.

A idosa estudou Kyle, depois Ansel. Em seguida, ela lançou um olhar duvidoso para Elizabeth. "Tem certeza disso?"

Liza arregalou os olhos, e Kyle ficou mais irritado. Ansel franziu o cenho, não sabendo como tinha se metido no meio daquela confusão.

"Eu não sou o pai, ele que é."

As palavras de Ansel não pareceram persuadir a senhora, mas ela chegou em uma conclusão. "Tudo bem, se você diz. A água já está quente, me ajude a levar ela para o banheiro."

Ansel se ofereceu prontamente para o serviço, querendo sair o mais rápido possível dali. Liza fitou Kyle, sem saber direito o que dizer. Queria se explicar, mas pelo quê? Antes que ela pudesse pensar no que dizer, a velha a guiou pelo corredor até um pequeno banheiro.

"Eu entendo o que aconteceu." A senhora disse quando elas ficaram sozinhas, a ajudando a retirar a roupa de Thomas. "Também já fui jovem, não se preocupe, não vou revelar seu segredo."

"Não é o que você está pensando," Liza começou, seu coração ainda acelerado. "Eu não tenho nenhum segredo!"

"Já disse que não vou contar, menina. Não precisa de pânico."

"Contar o quê?"

Kyle estava parado na porta do banheiro, sua expressão ainda incomodada. A idosa ergueu as sobrancelhas e se levantou, mas não antes de lançar um olhar significativo para Elizabeth. "Vou dar privacidade para vocês."

A jovem permaneceu imóvel, sem qualquer reação. A expressão de impotência deve ter comovido Kyle, pois ele se aproximou e a ajudou com Thomas. O bebê riu quando foi colocado na água quente, balançando os braços com divertimento. Liza sorriu sem perceber ao vê-lo brincar no banho.

"Essa noite não pode ficar mais doida." Ela murmurou ao se abaixar junto de Kyle, seu coração ainda inquieto. Sentia que deveria dizer algo, mas não sabia como. "Pelo menos conseguimos fugir e temos um lugar para passar a noite."

O homem murmurou algo em concordância enquanto molhava Thomas. "Mas não por muito tempo. Precisamos encontrar um jeito de contatar Vicenzo o mais rápido possível."

"Sim, mas isso não vai ser fácil." Liza disse ao pegar um sabonete ao lado, sentindo o cheiro agradável de lavanda invadir suas narinas. "Vamos precisar de um novo plano."

"Um que dê certo, pra variar."

Liza riu. "Bom, eles nos trouxeram até aqui, isso já valeu alguma coisa."

Kyle não rebateu. Os dois ensaboaram Thomas, e após o enxágue, o bebê estava limpo e sonolento. A anfitriã, que Liza descobriu se chamar Lídia, guiou eles até um dos quartos no segundo andar. Uma cama de solteiro estava posicionada contra uma das paredes, e um colchão gasto já se encontrava no chão.

"Você mora sozinha?"

Lídia trazia algumas cobertas. "Não, já faz muitos anos. Meu neto me visita às vezes, mas uma dona de casa deve sempre estar preparada para receber visitas. Já arrumei o outro quarto, se organizem e decidam onde irão dormir."

"Entendi," Liza deitou Thomas na cama com cuidado para não o despertar. "De qualquer forma, obrigada por nos receber nesse horário."

"Já está tarde para fazer perguntas, amanhã conversaremos."

A senhora os observou uma última vez antes de deixar o quarto. Liza deixou Thomas com Kyle e desceu as escadas que se encontravam no final do corredor. Queria conferir se Lucas estava bem após a pancada, mas a visão de Hikari estudando um grande quadro na ampla sala chamou a sua atenção.

A foto emoldurada mostrava um jovem homem, e a primeira coisa que Liza reparou neste foi o longo cabelo castanho de raiz lisa e pontas onduladas. Ele possuía feições calmas no retrato, e seus olhos marrons continham um certo brilho astucioso. O sorriso capturado era discreto, e as roupas que ele vestia eram notoriamente elegantes. Elizabeth teve a impressão de que o estranho fazia parte de alguma realeza.

"Ele é bonito. Será que é parente da Lídia?"

Hikari a fitou. "Liza, esse é Vicenzo Milani."

"O quê?" Liza arregalou os olhos, surpresa. "Tem certeza?"

Em sua mente, ela já tinha a imagem do líder do clã DiCaselle, e era totalmente diferente da imagem no quadro. Imaginara que a pessoa que mantinha até mesmo a Alpha longe de seus domínios aparentasse ser mais velha.

"Sim, já vi uma foto dele." Hikari analisou a expressão do homem como se pudesse adivinhar o que ele estava pensando. "Mas já faz um tempo, essa foto pode ser antiga."

"Isso explica, não imaginava que ele fosse tão novo. Me pergunto por que a Lídia tem uma foto desse tamanho dele pendurada aqui."

"Devoção, eu presumo." Giovora disse atrás dela, assustando as duas. "Os Milanis mantêm essa gente protegida há gerações, não seria estranho adorarem Vicenzo."

Liza franziu o cenho, mas as palavras da ômega faziam sentido; se alguém lhe providenciasse proteção contra a Alpha, algo praticamente impossível de se conseguir, ela também seria grata. Ainda perdida em seus pensamentos, a jovem se arrepiou ao sentir algo gelado fazer contato com suas costas. Se virando, ela viu que Giovora lhe estendia um amontoado de gelos envoltos em um pano.

"Seu irmão te chamou, aproveita e cuida do novo amiguinho dele."

Hikari deu risada, e Liza percebeu que a expressão de Giovora se suavizou quando ela ouviu o som. Ela caminhou até a cozinha, avistando Lucas ainda no mesmo banco. Damien também estava sentado ali, mas na ponta. Na janela, Ansel procurava algum sinal de perigo do lado de fora, ainda segurando uma pistola.

"Aonde você foi?"

Se acomodando ao lado do irmão, Liza colocou o gelo sobre a elevação visível em sua testa. "Fui dar banho no Thomas."

Lucas olhou de relance para Ansel. "Por que não pediu a ajuda do pai dele?"

O homem na janela pareceu ignorar o comentário, mas Liza notou que este segurou o cabo da arma com mais força. Ela fez uma anotação mental de aconselhar Lucas a não provocar o assassino enquanto ele segurava uma arma.

"Giovora disse que você me chamou, o que foi?"

"Não fique sozinha com essa tal de Lídia," Lucas disse em um tom baixo. "Não consigo dizer o que ela está pensando."

Damien estranhou aquilo. "Como assim? Ela parece ser simpática, até deixou a gente dormir aqui. Eu desmaiaria se acordasse e visse um grupo estranho vestindo preto na minha cozinha."

"Aí que está o problema," Lucas pontuou ao tentar afastar a mão de Elizabeth de sua testa, sem sucesso. "Ela não expressou medo, isso é estranho para uma senhora que mora no meio do nada. A teoria que ela está armada faz sentido."

Ansel assentiu sem olhar para eles, e Liza se surpreendeu com o fato de eles concordarem em alguma coisa. Não acreditava que Lídia planejava fazer algum mal contra eles, mas sentia que não podia subestimar pessoas que residiam em um local onde nem mesmo Jasiel conseguia colocar os pés.

⋅ ⋅ ⋅ ⋅ ⋅ ⋅ ⋅ ⋅ ⋅ ⋅ ⋅ ⋅ ⋅ ⋅ ⋅ ⋅ ⋅ ⋅ ⋅ ⋅ ⋅

No dia seguinte, Liza acordou ansiosa. Havia sonhado diversas vezes durante a noite, e em todos os cenários eles eram descobertos pelos homens de Vicenzo. Ela voltou à realidade ao ouvir alguns murmúrios de Thomas, que a olhava com animação. O bebê estava deitado entre ela e Kyle, que ainda dormia.

Liza observou as feições relaxadas do outro, que eram um tanto raras de se ver. Normalmente, ela não tomaria a iniciativa de dividir a cama com ele, mas quando Giovora insistiu que eles precisavam dormir juntos para acobertar a história que tinham contado para Lídia, ela não conseguiu discordar.

Mesmo de costas para a porta, Liza notou a claridade que invadiu o quarto por um momento, apenas para se esvair em seguida. A voz sonolenta de Giovora soou pelo cômodo.

"Sabia que ela ia vir espiar. Pelo menos viu vocês dormindo na mesma cama, talvez agora acredite que vocês estão mesmo juntos."

Lucas se ajeitou no colchão. "Isso não impede ela de continuar achando que alguém pulou a cerca."

Liza fez uma careta, agradecida por Kyle não ter ouvido aquilo. Quando ela se virou para o homem, porém, viu que ele a encarava sem qualquer expressão. Seu coração acelerou, e ela sentiu aquela mesma necessidade de se explicar sem saber o porquê. Se levantando desengonçadamente, a jovem andou até a porta ao mesmo tempo em que tomava cuidado para não pisotear Giovora e Lucas.

Um cheiro agradável no andar de baixo fez com que o estômago de Liza roncasse. Ela desceu as escadas e seguiu na direção da cozinha, o retrato de Vicenzo chamando sua atenção novamente durante o caminho.

Chegando no cômodo, Liza viu Damien sentado na mesa. Os olhos do rapaz se iluminaram quando pousaram nela, e ele acenou enquanto comia um bolo. Hikari estava sentada no banco fazendo carinho em um gato branco, que Liza presumiu que pertencia a Lídia. Ela não viu nenhum sinal de Amon-Rá, mas gostou da presença do felino; aquilo significava que havia ração de gato em algum lugar ali.

Liza analisou o lugar. "Pra onde a Lídia foi?"

"Acabou de sair, disse que precisava resolver algo."

Ansel parecia estar calmo, mas tinha uma arma em sua cintura. Ele tinha tirado o sobretudo, vestindo apenas uma blusa preta de gola e mangas longas. As calças possuíam a mesma cor, mas não eram coladas no corpo. Liza achou que o uniforme de Prevail caía muito bem nele.

O homem a fitou por um momento, abrindo a boca só para a fechar em seguida. Parecia querer dizer alguma coisa, mas não sabia como. Liza se sentou em uma das cadeiras de frente para Ansel e pegou um pedaço de bolo, incentivando-o a falar ao levantar as sobrancelhas.

"Precisa ficar de olho no seu irmão."

Liza fez uma pequena careta, já farta daquele assunto. Tudo bem, Ansel podia não confiar em Lucas, mas eles claramente tinham mais com o que se preocupar. Antes que ela pudesse verbalizar seus pensamentos, porém, o outro voltou a falar.

"Ele bateu a cabeça no vidro do carro. Dependendo da força da pancada, é bom observar se está doendo mais do que deveria ou se ele vai ter alguma perda de consciência."

A jovem piscou, não esperando ouvir aquilo. Ansel estava preocupado com Lucas? Hikari, ainda entretida com o gato, comprimiu os lábios para não sorrir.

"Tudo bem, vou ficar de olho."

Ansel assentiu e relaxou na cadeira, voltando a atenção para a porta do chalé. Liza comeu o bolo, ainda atônita. Minutos depois, o assunto da discussão apareceu ali. Lucas os analisou com um breve olhar e foi se sentar com Hikari, seu cabelo escondendo seu hematoma. Giovora surgiu logo depois, seus cachos escuros presos em um coque, e esta foi seguida por Kyle, que segurava Thomas.

"Fui olhar a janela e vi a velha saindo," Giovora começou. "O que vamos fazer?"

"Não podemos ficar aqui para sempre, e ela já está desconfiada."

Liza concordou com as palavras de Ansel, mas eles não tinham para onde ir. Os olhos de Thomas se arregalaram quando ele viu o pedaço de bolo que ela tinha em mãos, e Kyle entregou o bebê com cuidado para ela.

"Só podemos observar por enquanto." Lucas disse com uma careta discreta, provavelmente se perguntando como eles conseguiam comer tão cedo. "É bom que temos um lugar para nos escondermos, não sabemos se Vicenzo vai querer nos ouvir, então o ideal é conseguirmos abordar ele sozinho."

A voz levemente rouca de Kyle soou pela cozinha. "Isso vai ser impossível, com certeza ele vive cercado de seguranças."

"Seguranças?" Giovora questionou ao se sentar com eles. "O cara já está protegido da Alpha, vai ter medo de quê?"

"É um bom ponto, mas não é tão simples." Hikari disse ao se levantar e ir lavar as mãos, seu semblante pensativo. "É muito comum intrigas dentro do próprio clã, muitas vezes os próprios familiares são maiores do que uma ameaça externa."

Ansel assentiu. "Vicenzo se tornou líder muito cedo, isso provavelmente o deixou vulnerável e cheio de inimigos. A morte de um líder sempre desestabiliza um clã."

"Espera," Liza se lembrou de algo enquanto dava um pedaço de bolo para Thomas. "Podemos pedir para Shiyo entrar em contato com ele, não?"

Hikari negou com a cabeça. "Tentei me comunicar com ele, mas não tem sinal algum aqui. Suspeito que tem algo bloqueando a frequência, e dessa vez não é o nosso aparelho."

Lucas suspirou e fechou os olhos. "Então o que resta é estudarmos como e onde conseguir contato com ele, isso se não nos pegarem antes."

Se sentindo impotente, Liza engoliu em seco. Pensara que a parte mais difícil já tinha passado, mas aparentemente entrar na base DiCaselle era apenas um dos desafios que eles teriam que enfrentar para conseguirem o apoio de Vicenzo Theodore Milani.

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[4300 palavras]

lembrete: eu falei que terça tinha capítulo, mas não especifiquei qual terça

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