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Capítulo Quarenta

Quando Liza acordou, ela se sentiu protegida. A visão do chalé confortável de Lídia a fez recordar os eventos da noite anterior, e ela instintivamente olhou para o lado; Kyle repousava de olhos fechados, com uma expressão um tanto serena. Ela percebeu que tinha a cabeça escorada no ombro do homem, mas não queria se mover dali.

Lembrou da festa, de como os dois haviam dançado juntos. Recordou de como eles retornaram depois de procurarem o restante do grupo, sem sucesso. De como ficaram conversando por horas no sofá, o que surpreendeu Liza, já que as pessoas diziam que Kyle não era muito de conversa. Inspirando o aroma que sempre a acalmava, a jovem fechou os olhos e decidiu aproveitar aquele raro momento de paz.

Mas, infelizmente, ele não durou muito.

Liza ouviu a porta se abrir, movendo as pálpebras no mesmo segundo. Em seguida, risadas e vozes sussurradas ecoaram pelo andar inferior, e não demorou para o restante do grupo adentrar a sala. Giovora estava na frente, e ergueu as sobrancelhas ao avistar os dois adultos no estofado.

"Onde vocês estavam?"

"Onde vocês estavam?" Liza indagou, se levantando e focando a atenção nos trajes de gala que eles vestiam. "E por que estão vestidos assim?"

Giovora abaixou a cabeça e olhou para o tecido azul do vestido que trajava, visivelmente de boa qualidade. A peça tinha uma gola alta cheia de detalhes brilhosos, e esta combinava perfeitamente com a saia plissada do modelo. Hikari também estava vestida à altura, mas sua roupa tinha uma cor dourada e várias pedras brilhantes enfeitando-a.

"Como assim? Nós vamos para o baile!"

Lucas assentiu ao alisar seu terno marrom claro com as mãos. "Sim, procuramos a entrada desse negócio em todo lugar, mas não achamos. Onde fica?"

A fala do rapaz, diferente da de Giovora, não estava arrastada. Liza trocou um olhar com Kyle, que ainda estava sentado no sofá.

"Só vai acontecer de noite."

"O quê?" Damien interveio, aparentando se chocar com as palavras de Kyle. "Saímos do karaokê mais cedo por isso!"

A lembrança fez com que Giovora envolvesse Damien e Hikari com os braços e voltasse a cantar uma música aleatória que Liza nunca tinha ouvido em sua vida, e os dois logo a acompanharam. Ansel, porém, apenas os observava com a testa franzida, como se estivesse se concentrando em alguma coisa.

Liza ficou visivelmente surpresa ao presenciar a cena, mas se forçou a ignorar aquilo por enquanto; tinha outras perguntas em mente.

"Vocês roubaram essas roupas?"

Hikari parou de cantar no mesmo minuto, a fitando com uma expressão atônita. De repente, lágrimas começaram a escorrer de seu rosto, e ela abraçou a jovem em meio ao choro. Recebendo olhares desaprovadores de boa parte das pessoas ali, Liza se sentiu desconcertada. Ela ergueu os braços e deu tapinhas consoladores nas costas da outra, sem saber o que fazer.

"Calma, ela falou sem pensar." Giovora disse ao se aproximar, levantando o braço para acariciar ela. "A gente não roubou, só pegou emprestado."

A garota fungou. "Mesmo?"

Quando a ômega assentiu, Hikari finalmente se acalmou, mas encarou Liza como se esperasse a sua confirmação. Pressionada, ela também acenou positivamente e forçou um sorriso amarelo, no fundo achando graça da situação.

"Por que acharam que o baile seria agora?"

A pergunta de Liza fez Giovora lançar uma careta exagerada para Lucas, e ela soluçou involuntariamente. "O gênio do seu irmão confundiu todo mundo dizendo que era hoje."

"Já tinha passado da meia-noite, tecnicamente." Lucas murmurou ao se defender, mas possuía feições desorientadas. "Mas posso ter me confundido um pouco."

Ansel riu com escárnio. "Isso que dá confiar em ômegas."

"Engraçado todo esse julgamento quando você foi o primeiro a se animar e querer entrar na loja de roupas quando viu o terno na vitrine."

Damien arfou audivelmente, como se incitasse a discussão. Giovora apontou para o loiro e assentiu diversas vezes, concordando com Lucas.

Liza ergueu as sobrancelhas. "Como vocês entraram lá dentro? Não me digam que quebraram o vidro ou coisa parecida!"

"Claro que não, somos civilizados." Giovora respondeu em meio a outro soluço. "Vimos que a porta estava destrancada e entramos sem autorização. Esse povo deveria fechar as coisas direito."

O loiro franziu o cenho, parecendo finalmente perceber que a ação não tinha sido ética. "Eu apenas queria sentir o tecido, nada além disso. Há tempos não via um terno tão bem trabalhado."

Lucas focou a visão no terno preto do homem, notoriamente de boa qualidade, e Liza o imitou. A camisa e a gravata tinham a mesma coloração, assim como os sapatos brilhosos e formais.

"Deu pra ver que você realmente sentiu o tecido." Lucas se aproximou dele, sua expressão sugestiva. "Para alguém que despreza tanto ômegas, você até que gosta de se vestir igual a gente."

"Vocês não inventaram o preto, e não tenho culpa se cai bem em mim."

O jovem exibiu os dentes, e Liza soube naquele momento que ele estava mesmo bêbado; os sorrisos de Lucas se resumiam em lábios curvados de maneira provocativa, astuciosa. Ele raramente sorria daquela maneira.

"Realmente, cai muito bem em você."

Ansel arregalou os olhos e recuou um passo. Um erro, constatou um segundo depois, quando suas pernas cederam e ele caiu para trás. Liza então percebeu que, durante todo aquele tempo, ele estava se concentrando em manter o equilíbrio que o álcool provavelmente lhe tirara.

Um coro de risadas altas pôde ser ouvido, e não demorou para Lídia aparecer ali. A senhora encarou o grupo risonho e alcoolizado com julgamento em suas íris, ainda vestindo uma camisola de cor perolada que parecia ser de cetim. Liza ofereceu um sorriso amigável para ela, mas recebeu um cenho franzido como resposta.

"Eu deveria ter imaginado algo assim, para ser honesta." A idosa murmurou em um tom cansado, escolhendo sabiamente não perguntar sobre as roupas. "Mas se alguém vomitar no meu chão, vai limpar com a língua."

As palavras causaram uma reação em Damien, que arregalou os olhos e correu para as escadas, muito possivelmente indo para o banheiro. Giovora soluçou novamente e seguiu o mesmo caminho, começando a suar. Lucas, por outro lado, não parecia nauseado, apenas sonolento. Ele se sentou no lugar que antes Liza ocupava no sofá e fechou os olhos, relaxando.

"Pelo amor de Deus, por que você é tão pesado?"

Hikari tentava ajudar Ansel a se levantar com dificuldade, e Liza foi ajudar. Após algumas tentativas, elas ajudaram o loiro a ficar de pé, mas ele ainda precisou se apoiar na irmã. Os dois também subiram os degraus para o andar superior.

Kyle suspirou quando o cômodo ficou silencioso, se levantando e dizendo que iria checar se Thomas ainda estava dormindo. Liza assentiu, em seguida cobriu Lucas com um cobertor que estava dobrado sobre o móvel.

Distraída, ela se pegou encarando novamente o quadro na parede. Observou a expressão calma de Vicenzo, sua postura impecável. De repente, a jovem ficou nervosa; o baile seria em algumas horas, e não fazia ideia de como faria para entrar no evento. Aquela poderia ser muito bem a sua única e última chance de conseguir algum contato com o líder do clã DiCaselle.

A visão de Lídia mexendo em uma espécie de baralho na estante chamou a atenção de Liza. Quando a senhora percebeu a curiosidade da outra, franziu levemente o cenho.

"O que foi? Nunca viu um tarô de Waite?"

Quando Elizabeth negou com a cabeça, Lídia ergueu as sobrancelhas. Ela pendeu a cabeça como se cogitasse algo, e pareceu se animar ao chegar em uma conclusão.

"Certo, eu venho querendo saber sobre a sua vida amorosa conturbada desde que você chegou aqui, vamos buscar algumas respostas."

Liza ergueu as sobrancelhas ao observar a idosa se aproximar e se sentar em uma poltrona, posicionando as cartas sobre a mesa de centro. Ela tinha certeza de que não tinha nem mesmo uma vida amorosa ativa, mas Lídia claramente pensava diferente. Querendo se distrair, ela se acomodou no chão e esperou.

Amon-Rá foi se sentar ao lado da dona, e ronronava alto. O gato branco chegou logo depois. Os dois felinos aparentemente se gostavam.

"Já fez alguma tiragem no passado?"

A garota negou com a cabeça. "Como funciona?"

"Você não faz muita coisa, apenas perguntas." Lídia disse enquanto embaralhava as cartas e depois as entregava para ela. "Tem alguma em mente?"

Liza mordeu o lábio, nervosa por alguma razão. Nunca tinha usufruído do oráculo, mas algo em seu interior lhe dizia que ele era confiável, como uma intuição, então não queria fazer o questionamento errado. Antes que ela conseguisse decidir, porém, Lídia interveio.

"Já sei, vamos ver os sentimentos da pessoa amada relacionados a você! Como são duas, uma coisa de cada vez. Vamos começar pelo moreno."

Lídia entregou as cartas para Liza antes que ela pudesse protestar, orientando-a a meditar sobre a pergunta e pensar na pessoa enquanto as embaralhava. Em seguida, a instruiu a cortar e abrir o baralho na superfície de madeira. A senhora então se curvou levemente sobre a mesa baixa, sua expressão concentrada. Ela estendeu a mão com determinação e virou três cartas aleatórias, se afastando para analisá-las.

Na primeira carta era possível ver o desenho de um homem sentado em uma cama, ele cobria o rosto enquanto nove espadas preenchiam o fundo. A segunda mostrava um cavaleiro em um cavalo branco, e este segurava uma bandeira com padrões que Liza não reconhecia. A terceira era o desenho de um coração sendo perfurado por três espadas.

"Interessante, de fato." Murmurou ela, instigando a curiosidade da outra. "Vejo uma dolorosa mudança no passado, um período muito difícil marcado por uma grande transformação. Ele se viu atormentado, em parte, pelos próprios pensamentos. Algo como culpa, muito provavelmente."

Liza arregalou os olhos ao relembrar o passado de Kyle; a perda de Amani, que foi morta na noite do massacre à mansão Hale. Sabia que ele também havia perdido a irmã mais velha, mas ainda não tinha detalhes sobre aquilo. Quando ela saiu de seu devaneio, viu que a cartomante tinha selecionado outra carta.

A ilustração de uma mulher e um homem abaixo de um ser divino foi revelada. A idosa repetiu a ação, e a garota viu duas mulheres segurando taças abaixo do que parecia ser um leão alado. Intrigada, se perguntou como Lídia conseguia tirar significados tão precisos de imagens que não faziam sentido para ela.

"Claramente o sentimento é recíproco. Existe uma atração muito sentimental, mas carnal também." Lídia virou outra carta, e nesta havia uma família contemplando dez taças envoltas de algo que se assemelhava com um arco-íris no céu. "Vejo cumplicidade e até mesmo uma família feliz, um relacionamento muito próspero."

O coração de Liza estava mais do que acelerado, seu corpo inquieto. Pelo jeito que seu rosto estava quente, ela tinha a plena certeza de que estava corada, mas não se importava. Mas quando a anciã finalizou o jogo com as duas últimas peças, a euforia da jovem se esvaiu.

"Ele está em dúvida se deve tomar uma decisão, eu vejo." Lídia indicou o desenho de uma mulher segurando duas espadas, um oceano logo atrás. "Sua razão falando mais alto em meio a um mar de emoções que ele insiste em enfrentar."

Liza engoliu em seco. "Uma decisão?"

"Sim, e está relacionada com as sombras do passado dele." Outra figura foi revelada, e esta mostrava um homem pendurado de ponta cabeça. "Mas ele precisa resolver isso sozinho, e não há nada que você possa fazer."

Ela piscou lentamente enquanto absorvia as informações, mas Lídia não perdeu tempo; recolheu o baralho e embaralhou novamente, pedindo para que ela repetisse o processo de cortar e abrir.

"Que sombrio, estou me sentindo em uma novela. Rápido, mentalize o loiro. Vamos ver o que descobrimos sobre os sentimentos desse."

"Pensei que eu faria as perguntas."

"Sim, sim. Depois você fará."

Elizabeth tinha uma expressão um tanto emburrada; Lídia ainda achava que ela tinha um caso com os dois homens. Mesmo contrariada, ela se forçou a pensar em Ansel. Ouviu uma risada abafada, e seus olhos encontraram Lucas assistindo a cena enquanto descansava no sofá ao lado. Suas feições indicavam divertimento enquanto ele observava a consulta. Liza semicerrou as pálpebras para ele, mas aquilo apenas o fez sorrir mais.

"Intrigante, muito intrigante."

Os dedos de Lídia passearam pelas três cartas selecionadas. A primeira continha um ser com chifres e asas, e Liza conseguiu ler a palavra 'diabo' abaixo da imagem. A segunda exibia duas pessoas e algumas taças com flores, e a garota quase confundiu os objetos com alguma espécie de buquê. Já a terceira mostrava um homem amarrado com uma venda nos olhos, rodeado por oito espadas fincadas no chão.

"Há um sentimento de desejo forte, uma energia sexual inegável, uma paixão que acorrenta." A cartomante disse ao estudar a primeira escolha, e suas íris castanhas e sábias se fixaram na próxima. "Ele não é novo, já vem de tempos atrás, há uma saudade aqui."

Liza notou que Lucas ouvia com atenção, suas sobrancelhas erguidas. Em uma nota mental, ela concluiu que seu irmão definitivamente não sabia controlar suas expressões quando estava alcoolizado.

"Porém," Lídia fez uma pausa dramática antes de prosseguir, indicando a última carta. "Há um impedimento, mas este foi criado pela própria pessoa. Algo impede que ela prossiga, ela pensa que está amarrada e não pode sair, mas as espadas estão espaçadas, não são elas que estão a prendendo, e sim as vendas que ela mesma colocou em si. É como um julgamento, e ela é a sua própria juíza."

Pensando no conflito que Ansel tinha com os Jeongs, a jovem achou que fazia muito sentido. Estava claro que ele sentia algo por Lucas, mas não se permitia viver aquilo; iria contra os princípios dele, já que acreditava que o rapaz estava envolvido com a Alpha. Apesar do loiro ter afirmado que havia decidido confiar neles na noite anterior, Liza não achava que ele mudaria do dia para a noite. No fundo, sabia que ele ainda tinha suas desconfianças.

"E a outra parte?" Ela questionou, atraindo um olhar alarmado de Lucas. "Como a pessoa que ele gosta se sente sobre ele?"

Lídia entregou o baralho para ela novamente, e Liza o cortou enquanto mentalizava o irmão. A cartomante o pegou de volta e virou outras duas unidades do conjunto, visivelmente concentrada.

"A outra parte é observadora, misteriosa. Mas, apesar de ter boa percepção, está se iludindo, se enganando sobre os próprios sentimentos."

Lucas franziu o cenho exageradamente, mas inclinou a cabeça para ver de onde a senhora tinha tirado aquela conclusão. A primeira ilustração se baseava em uma pessoa sentada, ela vestia um manto e um chapéu peculiar, e uma lua minguante se mesclava com suas vestes onde estas tocavam o chão. Já a segunda era uma espécie de lua com raios solares, e o astro estava sendo observado por alguns animais.

"Isso é mentira."

Lídia nem mesmo ergueu a cabeça para responder Lucas.

"Realmente, é tudo uma farsa. Essa pessoa pode passar uma imagem misteriosa e até mesmo desinteressada, mas aqui está sua verdadeira face." A senhora virou uma imagem que possuía uma mulher claramente da realeza, sentada em um trono. "Por trás desse fingimento está o desejo, tão claro como a luz do dia. Mas não é algo apenas carnal, é mais do que isso. Isso também indica uma autoestima elevada, se me permite dizer."

Lucas tinha os olhos arregalados, e Liza estava se segurando para não rir.

"Não, nada disso é verdade!"

"Os oráculos confiáveis não mentem, meu caro." Lídia disse ao balançar a carta em uma das mãos, mas de repente a derrubou. "Deuses, até ficou quente. Como alguém pode negar esse desejo ardente?"

Talvez pela primeira vez na vida, Liza viu Lucas Hale corar. Ele gaguejou algumas palavras, completamente atordoado. Tentava buscar palavras, mas não conseguia formular uma frase coerente.

"Mas veja só, Dois de Copas, o desejo é mútuo." Lídia continuou como se nada tivesse acontecido, e Liza admirou a concentração dela. "Não que eu precisasse de uma carta para ver isso, estava na cara."

Liza mal acreditava, mas Lucas estava realmente sem fala. Ele olhava do baralho para a idosa, parecendo estar sentindo um misto de emoções conturbadas.

"Apesar de tudo, entendo sua indignação. Sei que quer proteger a honra de sua irmã, mas não há como negar que ela está desejando esses dois homens, e intensamente." A cartomante fixou as íris castanhas em Liza, e a garota quase caiu para trás. "Imaginei que talvez sentisse atração por ambos, mas não dessa maneira. Essa cara de santa realmente me enganou."

Foi a vez de Liza ficar perplexa; tinha esquecido que Lídia acreditava que aquilo era sobre ela. Engolindo em seco, ela forçou um sorriso nada amigável. Lucas, por outro lado, pareceu se recompor ao também lembrar daquele fato.

Muito bem, tenho que fazer minhas coisas."

Lídia recolheu o baralho e se levantou, deixando os dois irmãos imóveis e atônitos. Liza fitou o jovem, que encarava um ponto aleatório no cômodo.

"Eu nem cheguei a fazer as perguntas."

Lucas finalmente recuperou a voz. "Duvido que essa tenha sido a intenção dela, só queria uma boa fofoca para se entreter."

"Bom, ela ficou bem entretida." Quando Lucas desviou o olhar, emburrado, Liza comprimiu os lábios para não sorrir. "Por que está achando ruim? Eu que fiquei com uma fama de promíscua, não você."

"Eu só..." Lucas parecia ainda estar digerindo as informações. "Não estou pensando direito, depois lido com isso. Há outras coisas para resolvermos, de qualquer maneira."

"Sim, o baile. Ainda temos o dia inteiro para bolar algo, mas vocês chegarem nesse estado não ajudou em nada."

Lucas deixou uma risada escapar.

"Acho que todos estávamos precisando disso. Hikari bolou um plano que todo mundo achou inteligente na hora, tinha a ver com as roupas."

"Isso explica um pouco as coisas." Liza suspirou e se levantou, oferecendo apoio para ele. "Veremos isso mais tarde, você precisa descansar."

"Você também," Lucas encontrou o olhar da outra, e ela esboçou um sorriso afetuoso. "Imagino que suprimir desejos carnais e ardentes por dois homens simultaneamente não seja nada fácil."

Liza encarou o rapaz, que abriu um grande sorriso em resposta, exibindo seus dentes brancos e alinhados. Nada surpresa, ela complementou a nota mental anterior: seu irmão definitivamente não sabia controlar suas expressões quando estava alcoolizado, mas nunca perdia a chance de soltar um comentário engraçadinho.

⋅ ⋅ ⋅ ⋅ ⋅ ⋅ ⋅ ⋅ ⋅ ⋅ ⋅ ⋅ ⋅ ⋅ ⋅ ⋅ ⋅ ⋅ ⋅ ⋅ ⋅

O plano de Hikari não era tão insano, mas definitivamente precisava de alterações. Por exemplo, ninguém os deixaria entrar livremente apenas porque vestiam roupas de gala. Liza não tinha certeza se a garota estava mesmo sóbria enquanto ela explicava como eles fariam para contornar a situação.

"Não estou muito otimista sobre isso."

"Ah, confie em mim! A organização desses eventos grandes e chiques são puro caos!" Hikari havia dito com determinação, como se já conseguisse ver os bastidores da festa. "Sei do que estou falando, temos desses lá em casa. Eles nem prestam atenção em quem está lá, portanto que a pessoa esteja executando a função."

"Mas como vamos conseguir entrar nisso?"

Relembrando a cena, Liza desejou poder voltar no passado e não ter feito aquela pergunta. Estava dentro da mansão, envolta de pessoas apressadas e estressadas com os preparativos do baile.

"Onde estão os cartões de vocês?"

A mulher uniformizada estava claramente sem paciência. Enquanto espiava o interior da grande cozinha profissional, Liza teve que admitir que Hikari tinha razão: a energia era caótica. Algumas pessoas gritavam comandos a todos os momentos, e outras corriam para atendê-los.

"Mil perdões, estávamos com medo de nos atrasar e esquecemos em casa."

A expressão pesarosa de Hikari não fez com que a outra se comovesse. Bufando em desaprovação, ela trouxe um caderno repleto de nomes aleatórios, tendo apenas os sobrenomes de origem italiana em comum. Liza escondeu o nervosismo e assinou ao lado de um nome feminino que ela não teve tempo de ler direito, e os outros três seguiram o exemplo.

"Aqui estão os uniformes, se troquem no banheiro e andem logo."

A estranha praticamente jogou roupas envoltas em um saco de plástico para eles, se virando e voltando para seus afazeres. Giovora foi a primeira a reagir, andando com tranquilidade para uma das saídas do local. Liza e os outros a seguiram.

"O que a gente acabou de fazer?" Liza perguntou quando a porta do cômodo apertado se fechou, seu coração ainda estava desenfreado. "Pensei que seríamos pegos."

"Que nada, eu te falei que eles nem prestam muita atenção, é uma bagunça total!" Hikari abanou uma das mãos, depois entrou em uma das três cabines que tinham ali. "Agora é torcer para as pessoas daquela lista não fazerem alarde."

Lucas estava ocupado observando seu reflexo no espelho. "O que vai ser um tanto difícil, já que roubamos o emprego das quatro."

"Pelo menos estamos aqui dentro, o importante é sua irmã conseguir participar da festa." Giovora colocou a mochila que trazia sobre a pia, tirando um estojo menor dali. "Por sorte voltei e peguei minhas maquiagens do carro, ou teríamos que nos contentar com os batons feios da Lídia."

"Bem conveniente da sua parte esconder que trouxe elas," Lucas pegou o objeto e abriu o zíper, satisfeito ao ver os cosméticos de marca ali. "Não acredito que fiquei de cara lavada esse tempo todo."

Giovora tomou a pequena bolsa do rapaz. "São para emergências, não pra você ficar se pintando que nem fazia em casa. Sabe que maquiagem não é nada barato depois que a maioria das empresas desse ramo faliu."

"Se parar pra analisar, tudo está bem caro." Hikari disse ao sair da cabine, seu uniforme tinha servido perfeitamente. "Mas posso construir uma fábrica desses negócios na base Hattori quando eu assumir a liderança, que tal?"

A ômega sorriu. "Acho perfeito."

Lucas ergueu as sobrancelhas de maneira sutil, trocando um olhar significativo com a irmã. O jovem, agora totalmente sóbrio, tinha voltado a conseguir controlar as expressões.

"Bom, chega de enrolação." Giovora se posicionou na frente de Liza, o estojo em mãos. "Vamos logo com isso."

Ela engoliu em seco, mas assentiu. Não se sentia segura com aquele plano, mas era necessário. Precisavam que alguém se aproximasse de Vicenzo durante o evento, e então essa pessoa poderia conversar com ele. A aproximação seria amigável, mas também necessitaria de um certo charme, algo que chamasse a atenção do líder do clã.

Elizabeth relembrou o momento da escolha. Giovora foi a primeira a se desqualificar; não tinha o menor interesse em seduzir homens. Ansel também não parecia interessado, dizendo que Vicenzo não baixaria a guarda com ele. Reforçando o argumento, ele insinuou que precisaria ser alguém que parecesse indefeso, fixando o olhar nela. Kyle concordou, e então sugeriu que Hikari fosse. O loiro pareceu contrariado, rebatendo que a irmã não sabia mentir muito bem. Falara que, além de possuir a característica anterior, a pessoa precisava ser astuta, boa de lábia, e suas irís se fixaram em Liza novamente.

"Isso é um trabalho para um Jeong", ele dissera. Kyle não discordou, pelo contrário, deixou claro que também achava que Lucas seria o candidato perfeito. A resposta pareceu irritar Ansel, e não demorou para os dois começarem a discutir. Liza se recordou da expressão divertida que Lucas tinha ao assistir o conflito, antes de Giovora interferir. Ela avisou que o rapaz não seria a melhor escolha, já que Vicenzo nem mesmo sabia que ele estava vivo.

No final, Liza foi a única opção elegível para o trabalho.

"Minha base é escura pra ela, mas as sardas dão um ar angelical." A ômega disse ao analisar o rosto da garota. "Dá pra compensar com um delineado afiado."

Lucas murmurou em concordância. "Mas deixa que eu faço, o a pálpebra dela tem o formato parecido com o da minha, eu tenho experiência nisso."

Giovora fez uma leve careta; claramente gostava daquela parte. Hikari observava tudo com um semblante confuso, como se não entendesse sobre o assunto.

Pela janela do banheiro, Liza percebeu que a noite se aproximava. Ela começou a balançar a perna em um tique nervoso, mas foi repreendida por seus maquiadores. Pelo que tinha entendido da conversa, assim que os empregados começassem a circular pelo salão, eles tentariam fazer com que Kyle e Ansel entrassem na mansão.

Assim que a parte da maquiagem foi finalizada, empurraram Liza em uma das cabines com o vestido dourado e os saltos medianos que Hikari usara anteriormente. A cor do tecido era delicada de um jeito sutil e suave. Ela vestiu a peça sem muita dificuldade, depois tateou os detalhes brilhosos no véu quase transparente que rodeava a saia, enfeitando-a. Seus pés estavam cobertos, de modo que todos pensariam que aquela era a sua altura real.

Liza suspirou e abriu a porta do compartimento, recebendo reações surpresas dos trio. Giovora fez um coque improvisado e deixou duas mechas caindo na frente do rosto da jovem, e Lucas finalizou a arrumação passando um batom vermelho escuro nos lábios dela. Suas íris escuras então se fixaram no espelho, e ela arfou, maravilhada.

Estava linda.

"A não ser que Vicenzo goste exclusivamente de homens, ele está em apuros."

Lucas ficou pensativo com a fala de Hikari. "É verdade, esquecemos esse detalhe. Vamos torcer que não seja o caso, ou tudo isso vai ser em vão."

"Não se esqueça que sua irmãzinha tem a mesma lábia que você, apesar de não usar com tanta frequência." Giovora assegurou, depois indicou Liza com o queixo. "Não acho que ela precise seduzir Vicenzo para que ele a ouça."

O rapaz assentiu.

"Ela só precisa chamar a atenção dele, isso vai ser o suficiente."

Liza sentiu o sangue correr mais rápido nas veias, um nervosismo tomar conta de seu corpo. Ela não se sentia pronta para o que viria a seguir, mas faria o que fosse necessário para conseguir aquela aliança.

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[4200 palavras]

demorou mas chegou, como sempre. talvez não mais, já que eu tô inspirada pra escrever esses dias (esse capítulo inclusive foi escrito em um dia só, praticamente). tô num misto de revisar, ler e tentar escrever, mas agora tá dando certo, espero que continue assim porque próximo capítulo tem o meu filho que eu amo demais 😭

e obrigada de verdade pelo apoio e paciência de vocês 💕

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