𝖲𝖤𝖵𝖤𝖭𝖳𝖤𝖤𝖭 | 𝖺𝖺𝗋𝗈𝗇
Eu não estava dormindo quando Cassie chegou. Não consegui, na verdade.
Me levantei, relutante, e parei atrás da porta do meu quarto, parando para ouvir e avaliar se ela precisa da minha ajuda ou não.
Até...
─ Tá tudo bem, eu posso tomar banho sozinha.
Abro a porta do meu quarto, que é quase em frente ao banheiro. A primeira coisa que vejo é um cara parado de costas pra mim, no batente da porta do banheiro.
─ Cass? ─ chamo. O cara se vira, e vejo Cassie sentada na tampa fechada do vaso sanitário.
─ Te acordei? Foi mal. ─ ela diz, desleixada demais para estar sóbria.
Olho para o cara na porta; imagino que esse seja o tal Josh.
─ Eu assumo daqui. ─ falo. Ele olha entre eu e Cassie três vezes, e depois que ela assente, ele se desencosta.
─ Passa lá em casa amanhã. ─ ele diz, deixando um beijo na testa dela antes de se afastar. Ele para na minha frente e diz: ─ Coloque as mãos no lugar errado sem ela pedir, e você tá morto.
─ Ela rasgaria a minha garganta com a navalha. ─ retruco, e ele sorri fraco, então sai.
Depois que ouço o clique da porta se fechando, movo a minha atenção para Cassie.
Ando até ela com cautela, imaginando se ela ainda está brava comigo ou o que seja. Mas ela não tem nenhuma reação negativa quando me abaixo na frente dela.
─ São duas da manhã.
─ Não lembro de ter perguntado.
Sorrio.
─ Você trabalha às dez e meia, lembra? ─ insisto. ─ Você acorda às nove, e até ir para a cama já vai ser duas e meia, no mínimo.
─ Não lembro de ter perguntado isso também.
─ Para com isso, coração. Você precisa de um banho gelado, ou morno, no mínimo. E não vai conseguir fazer isso sozinha.
─ Esse é o seu plano pra me ver pelada?
Não hesito um segundo sequer antes de responder:
─ Não tem nada embaixo dessas roupas que eu não tenha visto antes.
Aparentemente, ela não gosta muito disso.
─ O que você viu era o corpo de uma garota de dezesseis anos. Eu sou uma mulher agora.
─ Ok. Eu não quero ver o seu corpo de mulher. ─ então acrescento: ─ Não hoje. E não se você não quiser mostrar, de qualquer maneira.
Ela bufa, mas não responde.
─ Você vai considerar se eu disser que entro com você? ─ pergunto.
Ela resmunga algo inaudível, mas leva a mão para a barra da camisa apertada e puxa para cima.
Eu deveria ter me levantado antes. Porque, quando ela tira a camisa, fico praticamente de cara com os peitos dela.
Ignoro o aumento de velocidade no meu batimento cardíaco e me afasto, focando meus olhos apenas nos pés dela, enquanto tiro os coturnos deles.
Depois levanto, e ela faz o mesmo; Cassie desabotoa a calça e a puxa para baixo.
Meu Deus do céu.
Entro no box e ligo o chuveiro, sentindo a temperatura da água. Não quente, mas não gelada. Não acho que seja tão eficaz quanto o bom e velho banho gelado, mas não posso fazer isso com ela.
Pego ela pela mão, olhando no rosto dela, e a guio para debaixo do chuveiro.
Pouco tempo depois, ela diz:
─ Você disse que ia entrar comigo.
─ Eu entrei. No box. ─ ela bufa. ─ A água não tá fria, Cass. Você aguenta.
─ É claro que aguento.
Quase dou risada, mas me contenho. Espero um tempo considerável para desligar a água e passo uma toalha seca ao redor dela.
─ Se seca, eu vou pegar uma roupa pra você.
Saio do banheiro e vou para o quarto dela. Não faço a mínima ideia de onde ela guarda os pijamas, então procuro pelo guarda-roupas inteiro.
Finalmente, acho uma regata de seda roxo escuro e um short que combina. Então a parte que eu temia: roupa íntima.
Não sou idiota, sei que a maioria das mulheres não dormem de sutiã. Mas não era do sutiã que eu temia.
Abro a primeira gaveta, vendo uma diversidade de cores. Não fico surpreso de ter acertado de primeira, praticamente todo mundo guarda roupas íntimas na primeira gaveta.
Pego uma, sem olhar, e quero me bater por agir como um adolescente cheio de hormônio para distribuir, mas não consigo evitar.
Volto para o banheiro, mas não entro. Estico a mão para dentro e ela pega a roupa. Dois minutos depois, ela sai.
─ Valeu. ─ ela sussurra, e percebo como seus olhos estão pesados e quase se fechando.
─ Não precisa agradecer. ─ falo, baixo, enquanto acompanho ela até seu quarto. ─ É o que amigos fazem, certo? ─ brinco.
Eu não deveria ter dito isso.
─ Não somos amigos, Aaron.
Doeu. Não vou mentir, doeu pra caralho.
─ Nunca seremos.
Não respondo. Não tem nada pra dizer, afinal. Mas levo ela até a cama mesmo assim, e a cubro até o pescoço.
Penso que ela dormiu, mas ela abre os olhos mais uma vez.
─ Você teve a sua chance. ─ ela sussurra. ─ A única coisa que você deveria ter feito era ter me esperado acordar. Só isso.
Meu peito arde e minha garganta coça.
─ Eu sei, coração. ─ sussurro de volta. ─ Acredite em mim, eu me arrependo muito disso.
─ Não mais do que eu.
Chega. Muita dor pra uma noite só.
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro