𝖲𝖤𝖵𝖤𝖭 | 𝖼𝖺𝗌𝗌𝗂𝖾
Terminei o meu chocolate quente rapidamente, ainda questionando o que eu estou fazendo aqui.
Eu coloquei a xícara de volta na mesa e me levantei. Aaron se levanta também.
─ Eu deveria ir... Obrigada pelo chocolate.
─ Ir pra onde? Você não acabou de dizer que... ─ ele se interrompe, então retoma: ─ O hotel.
─ É.
Ele balança a cabeça, mas antes que fale alguma coisa, o celular dele vibra. Ele para, olhando o que é, e sua mandíbula aperta. Mas, poucos segundos depois, ele me olha como se fosse a porra de um gênio.
─ Eu tive uma ótima ideia agora. ─ ele diz.
─ Na última vez que você disse isso, eu fiquei dois meses de castigo por ficar bêbada demais e bater o carro da minha mãe.
─ Eu era um garoto, só tinha ideias de merda. Mas essa é boa. Senta aí. ─ ele diz, e apenas por causa da convicção em sua voz, eu me sento no sofá mais uma vez.
─ Ok, Einstein, pode começar.
─ Se lembra que eu disse que ajudei a minha amiga a arrumar outro emprego? ─ faço que sim com a cabeça. ─ Eu pedi ajuda ao meu pai pra isso, e pra ele tudo tem um preço... Hoje mais cedo ele me ligou, e convocou a minha presença em um evento social nesse sábado. ─ franzi a testa, um pouco confusa. ─ Mas... ele me disse para ir acompanhado.
Tenho certeza de que meu rosto de enche de realização, e balanço a cabeça.
─ Aquele maluco falou para os amigos dele do Senado que eu fiquei noivo. Noivo!
─ Por que ele fez isso?
─ Porque ele gosta de se vangloriar. E se meter na minha vida. E porque eu já tenho quase vinte e dois anos, e na minha idade ele já tinha o seu primeiro filho. ─ ele xinga. ─ Ele espera que eu apareça. Com a minha noiva.
Balanço a cabeça.
─ Onde é que eu vou arrumar uma noiva, Cassie?
─ Sei lá. Contrata uma prostituta. ─ dou de ombros.
─ Cassie...
─ Aaron. Por que eu faria isso? Eu odeio o seu pai tanto quanto você odeia o meu. E eu não gosto de você também. Não faz sentido algum eu ser a sua noiva de mentira.
─ Por que você faria isso? Hmm... Talvez porque você tá morando em um hotel, enquanto eu tenho um quarto sobrando no meu apartamento, totalmente vago.
Agora ele tem a minha atenção.
─ Continue.
Não perco o sorriso convencido dele.
─ Eu não aceitei nada ainda. Quero saber como funcionaria isso tudo.
─ Você vê, Cass, que a palavra-chave é ainda. ─ o sorriso dele aumenta. ─ E é simples. Você vai comigo nesse evento de merda, nós fingimos que somos um casal feliz, blá blá amor e confete blá blá, e você pode ficar no meu apê pelo tempo que quiser.
─ Você sabe que "pelo tempo que quiser" pode significar duas semanas, dois meses ou dois anos, né?
Ele dá de ombros.
─ Uma companhia seria legal. Eu não me importo.
─ Você não se importa de ter uma estranha na sua casa?
─ Você não é estranha, Cass. Eu te conheço desde quando era garoto. ─ ele retruca.
─ E se eu quiser trazer algum cara aqui?
─ Se isso é você me chamando para um futuro ménage, talvez eu tope. Não invadindo o meu quarto, por mim tudo bem.
─ Isso não era... Ok. ─ suspiro. ─ Eu vou... considerar.
Aaron dá risada.
─ Considerar? Eu preciso da sua resposta nos próximos trinta segundos, Cassie. Preciso explorar minhas opções se você negar. ─ ergo uma sobrancelha.
─ Quais são suas opções?
─ Raven, Riley e aquela casa para homens na Main Street.
Casa para homens, aliás, é um codinome para puteiro.
─ Fale mais.
─ Raven é a minha melhor amiga, mas acho que ela não aceitaria. A Riley não gosta muito de mim, a gente sempre briga muito quando tá perto, então é um não quase garantido. O que me resta uma opção: uma prostituta.
Quase dou risada, mas ele parece genuinamente desesperado. E eu também.
─ Ok.
─ Ok?
─ Tá, eu vou ser sua noiva de mentira por uma noite.
Ele parecia prestes a saltitar de alívio.
─ Mas, olha... Uma pessoa normal apenas me cobraria aluguel, não me pediria em casamento, sabia? Mas foi fofo. ─ aperto a bochecha dele, e ele revira os olhos. ─ Mas não se engane. Eu ainda não gosto de você.
─ Idem. Fiz por necessidade.
─ Idem.
Alguns minutos depois, estou de volta ao meu carro. Dirijo até aquele hotel de merda pela última vez, esperançosamente, e pego todas as minhas coisas espalhadas pelo quarto.
Chego no apartamento vinte minutos depois, e encontro Aaron no sofá.
─ Entrando sem bater? Cadê a sua educação?
─ Se eu vou ficar aqui, então eu posso entrar sem bater. Não vou esperar você abrir a porta pra mim toda vez. ─ retruco, passando por ele com uma caixa nas mãos.
Ele percebe o meu esforço e toma a caixa de mim.
─ A segunda porta. ─ ele diz, e eu entro. ─ Ninguém dorme aqui há... Na verdade, ninguém nunca dormiu aqui. Você pode precisar de um espanador, eu acho. ─ reviro os olhos.
Aaron deixa a caixa no chão, e some. Mas volta depois de poucos minutos, com um espanador, dois panos e um produto de limpeza.
─ Eu te ajudo a limpar, e depois você pode arrumar suas coisas como quiser.
Tento não sorrir quando respondo: ─ Ok.
Finalmente, por uns dias, não vou me preocupar com as traças debaixo do colchão, ou o mofo na parede. Agora tenho uma cama Queen size, com um colchão novo e macio, e tudo graças à Aaron.
O cara que eu odeio desde o ensino médio.
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