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𝖭𝖨𝖭𝖤𝖳𝖤𝖤𝖭 | 𝖺𝖺𝗋𝗈𝗇

Canso de rolar de um lado para o outro na cama e me sento. Batendo os olhos no relógio rapidamente, vejo que são uma e dez da manhã. Com um suspiro, me levanto da cama e saio do quarto.

Tento acender a luz do corredor, mas ela não liga. Tá chovendo forte lá fora, então deve ter acabado a energia.

Coçando os olhos, pesados pelo sono, atravesso o corredor. Quase grito de susto quando um trovão soa, trazendo um raio que ilumina uma silhueta bem no meio da cozinha.

─ Puta que pariu, Cassandra! ─ coloco a mão no peito, sentindo o coração acelerado. Ela solta uma gargalhada. ─ O que você tá fazendo em pé essa hora?

─ O que você tá fazendo em pé essa hora?

─ Não sou eu que acordo cedo pra trabalhar. ─ rebato.

─ Eu te odeio. ─ sorrio.

─ Continue dizendo isso a si mesma, coração, quem sabe um dia se torne verdade.

Agora estou no balcão que divide a cozinha da sala, enquanto ela está do outro lado, com o quadril apoiado na pia.

─ Eu odeio não te odiar. ─ a confissão me pega de surpresa.

─ Sim?

─ Sim. ─ ela bate o pé no chão. ─ Você me irritou por semanas, então foi um perfeito cavalheiro romântico por algumas horas e então... Nada. Por meses, nada. E depois você me irritava de novo.

Abaixo o olhar, sem saber muito bem o que dizer.

─ Eu já disse que sinto muito.

─ E eu já disse que não me importo. ─ ela retruca.

─ Cassie...

─ Não. Foda-se as suas desculpas! Se você realmente sentisse muito, não teria me deixado sozinho e corrido pro primeiro rabo de saia disponível no dia seguinte.

Aperto a borda do balcão.

─ Você tá certa. Totalmente certa. ─ falo. ─ Mas eu me assustei, Cass. Eu não fazia ideia de que você era virgem. A Debbie disse umas coisas que deu a entender que você não era mais e...

─ O que? A Debbie? O que ela disse? ─ ela pergunta, se aproximando do balcão.

─ Não importa. Eu nem me lembro mais. ─ minto. ─ O que eu tô tentando dizer é: eu sei que fui um completo filho da puta por ter fugido de você depois do que fizemos, e tô aqui te pedindo desculpa mais uma vez.

Ela fica quieta por um tempo.

─ O que você pensou, Aaron? ─ ela soa triste. ─ Que eu ia aparecer no outro dia com anéis de compromisso e te pedir em casamento?

─ Eu...

─ Deus, como eu era ingênua. ─ ela ri. ─ Eu achei, por um momento, que você pudesse corresponder o que eu sentia por você. Mas você só queria me foder.

─ Cass, eu juro que não... Espera, o quê? ─ me interrompo? ─ Corresponder? Corresponder o que? Você gostava de mim?

Mesmo com as luzes apagadas, consigo ver a expressão de desgosto dela.

─ Você é burro ou só é um bom ator, Aaron? ─ quando não respondo, ela continua: ─ Caralho, eu era a garota mais apaixonada daquela escola! E você nunca olhou pra mim. Nunca...

Antes que eu perceba, estou atravessando por cima do balcão e pego o rosto dela nas mãos, e grudo nossas bocas.

O beijo dela é tão bom quanto eu me lembrava. Melhor ainda.

Mas não dura mais do que dez segundos, quando ela percebe o que está fazendo e me empurra pra longe.

─ Não ouse! ─ ela aponta o dedo no meu peito. ─ O que eu acabei de falar não muda nada agora. Nada. Eu não sinto mais o que sentia. Eu não sou mais aquela idiota.

Um sorriso doloroso surge em mim, e eu aceno devagar com a cabeça. Estou perto dela de novo.

─ Ok. ─ sussurro, pairando sobre ela. ─ É só me dizer que não quer, e eu volto para o meu quarto e nunca mais faço isso de novo. Eu juro. É só dizer.

Ela abre a boca. Mas não diz nada. Por um minuto inteiro, ela só me encara. Os olhos dela chegam a brilhar um pouco mais com algumas lágrimas, mas elas não caem.

─ Eu te odeio. ─ ela sussurra, e eu sorrio. Isso não foi um "eu não quero" e nada do tipo. Eu coloco uma mão na bochecha dela e encosto nossas testas.

─ Eu sei, coração.

Quando a beijo de novo, é mais suave. Ela se entrega dessa vez, passando os braços pelo meu pescoço e segurando minha nuca.

Nada disso é intenso ou selvagem ou qualquer coisa assim. Não, é calmo e pacífico. Eu quero gritar que sinto muito, que nunca faria aquilo se pudesse voltar no tempo, mas acho que esse beijo diz o bastante.

Ela me leva para o quarto dela e para a cama dela. Ela me deixa sentado contra a cabeceira da cama e senta no meu colo, me beijando com tanta calma que eu quero explodir.

O quarto ilumina quando mais um raio aparece, e vejo o contorno do corpo dela enquanto ela tira a regata do pijama, depois se levanta e tira o short e a calcinha.

─ Cass... ─ começo a dizer que não precisamos fazer isso, mas ela me cala com a sua boca.

Com uma mão ela aperta minha nuca, e com a outra ela pega meu pau dentro da cueca. Ela movimenta a mão algumas vezes e, sem conseguir evitar, solto um gemido baixo.

Ela se levanta um pouco, e só percebo a intenção dela quando sinto o calor dela em mim. Ela afunda, parando quando está sentada em mim, e eu luto para respirar corretamente.

Cassie percebe a mudança.

─ Aaron?

Tomo uma grande respiração.

─ Eu nunca fiz sem camisinha antes. ─ falo, baixo. ─ É... incrível.

E ser justamente com ela deixa tudo ainda mais incrível.

Sorrindo, ela sobe o quadril e desce mais uma vez. Ela deita a cabeça no meu ombro e geme.

Acho que eu vou morrer. Agora mesmo.

Ela goza um tempo depois, com a testa suada e a respiração desregulada, e ela abraça meus ombros e empina a bunda, me dando espaço para me movimentar.

Quando sinto o orgasmo vindo, saio de dentro dela. Apesar da história dos quatro filhos, não quero nenhum agora, obrigada.

Deito ela delicadamente na cama, notando seus olhos quase fechados, e sorrio. Corro no banheiro para limpar a minha barriga e volto para o quarto de Cassie.

A cubro com o cobertor, e ela suspira, já dormindo. Sorrio largo.

─ Boa noite, coração.

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