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𝖳𝖧𝖨𝖱𝖳𝖤𝖤𝖭 | 𝖼𝖺𝗌𝗌𝗂𝖾

O caminho de volta parece mais leve do que a ida. O rádio está desligado, então sem briga. Mas ainda tem trânsito; é Los Angeles, sempre tem trânsito.

─ Mc Donalds! ─ praticamente grito, e ele se assusta, desviando o volante um pouco.

─ Que porra, Cassandra! Você quer matar a gente? ─ não respondo, mas faço um beicinho. ─ A gente comeu há, literalmente, quinze minutos atrás.

─ Um prato daquele tamanho não mata a fome de ninguém. ─ reclamo. ─ Passa no drive thru, é rapidinho.

Ele não responde, então assumo que ele vai passar direto. Mas isso não acontece; ele vira o volante para a direta e entra no estacionamento, ignorando o drive thru.

─ Você vem ou não? ─ ele chama, quando eu não desço imediatamente.

Como sempre, ele anda na minha frente. Aaron entra primeiro que eu, e a porta quase bate na minha cara.

─ Idiota do caralho. ─ murmuro, e ele olha por cima do ombro, para mim, sorrindo.

─ Eu ouvi isso.

─ Que bom.

─ Boa noite. ─ uma terceira voz soa, e percebo que paramos no balcão juntos.

Aaron faz o pedido dele e eu fico atrás, esperando ele concluir para fazer o meu em seguida. Só há uma atendente no balcão agora.

─ Anda logo, cara. ─ reclamo e cutuco as costas dele com um dedo, mas ele nem se mexe.

Ouço a moça agradecer, Aaron em seguida, e depois ele se vira, me deixando bem de cara com o peito dele. Eu bato na altura do queixo dele, e é bem... desconfortável ficar perto assim.

─ Vamos achar uma mesa. ─ pela trigésima vez no dia, ele pega a minha mão. Ou é a mão ou é o pulso, mas ele sempre me segura para andar.

─ Eu nem fiz o meu pedido ainda.

─ Eu fiz pra você.

Meu queixo cai, e ele usa meu choque para me puxar até uma mesa vazia.

─ Você pediu pra mim?

─ Uhum.

─ Você nem sabe o que ia pedir!

─ O mesmo de sempre. Um triplo cheddar, sem cebola e barbecue, e uma coca-cola média.

Meu queixo cai um pouquinho mais.

─ Stalker do caralho. Como você sabia? ─ ele me olha com deboche.

─ Pelo mesmo motivo que eu sei que Taco Bells é seu fast food favorito. Você nunca pedia nada diferente. ─ ele dá de ombros.

─ Há anos! Como você ainda lembra?

─ Tenho a memória boa.

─ Sei.

Um tempo depois, ele vai buscar os lanches no balcão e volta para a mesa. Enquanto desembrulho o meu, pergunto:

─ Quatro filhos, Aaron? ─ soo indignada. ─ O que você acha que eu sou?

─ Eu tinha que falar quatro. ─ ele dá de ombros. ─ Meu pai teve quatro.

─ Que se foda o seu pai, cara. Se você vier com isso de quatro filhos de novo, eu te bato.

Ele ri, jogando ketchup no lanche.

─ Maternidade te assusta tanto assim?

Na verdade não. Mas ele não precisa saber.

─ Se for multiplicado por quatro, sim!

─ Não fala assim. Aiden, Ivan, Helene e Agnes vão ficar tristes.

Paro a centímetros de morder meu lanche.

─ De que merda você tá falando?

─ É o nome dos nossos filhos, coração. Eu disse que já tinha escolhido. ─ ele sorri.

─ Você disse que nós tínhamos escolhido, não você sozinho. ─ retruco, e mordo o lanche.

─ Ok, sua chance de opinar. ─ ele gesticula.

─ Não gosto de Ivan. ─ falo.

─ Por que não?

─ Porque parece Satan. ─ tomo um gole do refrigerante. ─ Dominic. Muito melhor.

Ele franze a testa.

─ Tipo em Velozes e Furiosos? ─ ele pergunta.

─ Não tinha lembrado disso, mas sim. ─ dou de ombros. ─ Dominic ao invés de Ivan.

─ Mas...

─ Mas nada. Você já escolheu os outros três.

Mordo mais um pedaço, mas paro no meio da mastigação. Preciso da ajuda do refrigerante para engolir tudo sem engasgar.

─ Meu Deus. ─ murmuro, e ele me olha com confusão. ─ Estamos discutindo sobre os nomes dos filhos que nunca vamos ter.

Ele solta uma gargalhada.

─ Discutindo não. Argumentando. ─ corrige. ─ Mas foi bom, caso alguém pergunte.

─ Como assim?

Ele geme de frustração antes de responder.

─ Tem mais uma porra de evento. É em duas semanas, mas meu pai ainda não me disse onde, apenas que é no outro sábado, pulando esse.

Faço uma careta, mas não digo nada. Como o último pedaço do meu lanche, e percebo que Aaron está sorrindo enquanto me olha.

─ Virei palhaça, Liebregts? ─ reclamo.

─ Tá quase. Tem cheddar na sua cara. ─ ele diz, se inclinando para passar o dedo perto da minha boca. Ele leva o mesmo dedo até a boca, e eu reviro os olhos.

─ Essa era a sua cantada no ensino médio, lembra? ─ me recosto na cadeira e cruzo os braços. ─ Você levava uma garota para comer, esperava até o fim e fazia exatamente isso. E depois você levava a coitadinha pro seu carro.

O sorriso convencido dele me irrita.

─ Funcionava muito bem. ─ ele se gaba. ─ E, se não me falha a memória, funcionou com você também.

─ Por isso o 'coitadinha', você não sacou? ─ ironizo. ─ Vamos embora. Preciso de um banho.

Junto os papéis e o copo em cima da bandeja e jogo no lixo, deixando a bandeja no suporte ao lado.

Dessa vez, sou eu quem ando na frente. Mas Aaron não destranca o carro até chegar. Dois minutos depois, estamos na estrada de novo.

Saímos do carro ao mesmo tempo, quando ele estaciona na vaga do prédio. E entramos no elevador juntos também.

Entro no banheiro assim que posso, e tomo um banho morno de dez minutos. Coloco o vestido no cesto de roupas, que vou lavar amanhã depois do trabalho, e saio do banheiro.

Esbarro em Aaron no corredor. Ele está sem camisa, apenas com a calça social e uma toalha pendurada no pescoço. Tento passar por ele, mas ele me impede.

─ Cassie... ─ o olho. ─ Valeu.

Dou de ombros.

─ Foi o nosso acordo.

Passo por ele e me tranco no meu quarto. Não saio até que precise ir trabalhar, no dia seguinte.

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