Eu já perdi muito sangue e continuo perdendo, preciso subir para a minha casa e rápido, já me sinto com tonteira... Por sorte eu havia feito uma escada grande, que possibilitava uma subida tranquila até lá, graças a isso consegui subir facilmente. Guardei o coração do jacaré, dentro da bolsa de couro de peixe que eu havia feito e tratei de amarrar logo o resto de tecido da minha camisa envolta do meu braço, próximo ao meu cotovelo, havia ainda uma ponta de osso saindo do ferimento, o meu antebraço foi totalmente devorado pela fera. Amarrei bem firme com auxilio da minha boca, coletei toda a cinza que havia no meu fogão natural e lancei no ferimento, de inicio não estava funcionando, mas continuei aplicando a cinza até que o sangue começou a coagular. Eu dei graças a Deus, pois se isso não acontecesse fatalmente não duraria mais do que algumas horas, no máximo. Peguei um dos peixes enormes que eu havia guardado na geladeira, cortei a cabeça e o rabo e joguei dentro da armadilha lá embaixo, retirei o couro, abri ele bem no meio e retirei toda a espinha, cortei em pedaços pois a dor estava me matando e sem um braço eu não conseguiria mais fazer aqueles filés deliciosos, até porque não dá para acender o fogo só com uma mão também! Consegui comer um pedaço apenas, estou exausto, sem forças, cheio de dor e do meu braço ainda pinga sangue... Deixei todo o peixe para a minha cadela, que cheira todos os pedaços mas não come nada, ela parece muito triste, fica me olhando o tempo todo. Quando deitei ela deitou ao meu lado e colocou a sua cabeça bem encima da minha panturrilha, ficou fazendo um som como se fosse de choro.

     Acabei dormindo, não sei ao certo se desmaiei ou dormi, mas o fato é que enquanto estive desacordado por dois dias, o socorro finalmente me encontrou...