27
Quando acordei de manhã, o sol já estava forte e eu não vi a Pepita do meu lado. Quando me levanto quase caio, a casa estava toda torta, o piso, com uma grande variação de altura, uma parte bem baixa e outra bem alta, a principio passei os olhos rapidamente procurando minha cadela, e não a vi, mas quando olhei para a sua coleira, vi caindo para fora do piso da casa. Corri e deitei perto do final do piso, quando olhei para baixo meu coração disparou e quase saltou pela boca, o jacaré deu um pulo muito alto e quase mordeu a minha Pepita, a sorte é que ela estava ainda se debatendo e com isso a corda estava se movendo de um lado para o outro, deu para ver aquela enorme boca quase mordendo aquele bicho inocente e meigo!
─ NÃOOOOOO! ─ puxei rapidamente a pepita, mas quando fiz isso, a corda parou de balançar e o bote do jacaré dessa vez foi perfeito. Eu vi aquela fera crescendo de baixo para cima, gigante, imponente... parecia um aviso da mãe natureza, eu não era nada naquele momento, não estava no meu controle, então cai para trás e só puxei a corda desesperado!
─ CAIMMMM, CAIMMMM! ─ o grito de dor do animalzinho, penetrou a minha alma, era como facadas aplicadas bem firmes no meu coração.
─ NÃOOOOOOO! ─ as lagrimas rolaram sem parar, e eu puxava a corda igual a um maluco, respirando muito rápido, estava tomado de fúria, de medo, desespero e dor, tanto que eu não consegui olhar mais para baixo apenas puxava a corda e sentia o pequeno peso nela, ainda havia algo, mais eu tinha medo do que iria ver... quando terminei de puxar, vi a minha cadelinha viva, mas sem a pata traseira esquerda que foi devorada. O sangue jorrava, muito forte e eu sei que se existe uma única chance de salvá-la, depende de estancar esse ferimento o mais rápido possível! Peguei a minha camisa velha, e fiz uma tira, amarrei bem apertado, mas a minha cadelinha desmaiou de fraqueza e dor, isso me desesperou, ainda mais porque o sangramento diminuiu um pouco mas não parou! Como se alguém tivesse soprado em minha mente, me lembrei de já ter lido, que na idade media e bem antes ainda, alguns bruxos usavam cinza de sapo para estancar ferimentos, e era muito eficiente. Fui até o meu fogão (é, eu chamava assim a minha fogueira) e notei que havia muita cinza, enchi a mão com cuidado e apliquei no ferimento, e fiquei muito surpreso, não era um sapo torrado, era bambu, mas estava funcionando, lentamente estava ajudando o próprio sangue a coagular de fora para dentro. Eu coloquei a mão no pescoço dela e senti que ela ainda respirava bem fraquinho e o coração ainda batia.
─ Eu nunca quis odiar você fera... mas nesse momento o pior de mim quer vir a tona! Eu desejo te matar! Sabe, eu sou humano e o que fazemos de melhor é destruir tudo o que tocamos com as nossas mãos, espero sair daqui antes que eu acabe matando você, ou você me mate! ─ fiquei em pé na borda do piso da casa, e olhando o enorme animal que cercava imponente o meu lar, eu disse enquanto olhava para ele fixamente segurando firme a minha lança em uma mão, e a minha faca na outra. Por muito pouco eu não me atirei na água e lutei com ele ali mesmo. Acho que se não fosse a minha Pepita estar viva ainda, resolveríamos tudo ali, naquela hora, mas eu preciso ficar vivo, ainda há a esperança de sobreviver eu ela, até ele pode sobreviver, quem sabe?!
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