
79 - Recado Macabro
Atenção: esse capítulo contém cenas de assassinato explícito. Se não se sente bem, NÃO LEIA!
"Se quando acordar não me ver, nosso amor vai revelar o esplendor do amanhecer."
Scarcéus
Depois de tentarem jantar, mas não conseguirem engolir mais que alguns grãos, Arabela sabia que precisava se encontrar com as amigas.
Passara tempo demais sumida. Porém, ao olhar para Seth, sabia que ele ainda precisava dizer alguma coisa, antes de dormir.
Ela fixou seus olhos aquáticos nele e logo o rapaz desabou, em uma torrente de palavras:
— Eu prefiro viver marginalizado para sempre a voltar ao castelo — anunciou, de pronto. — Tudor é um monstro. Nilo é outro monstro. E os dois se conheciam muito bem nessa terra de ruindade!
Arabela não conseguia entender, por isso ficou quieta.
— Nilo ameaçou de contar a todos que eu estava me drogando. Eu me importei, pois estava irado, mas hoje vejo que o que eu tinha para dizer sobre ele não existe coisa pior...
A moça sentiu a sua pele se arrepiar e Seth assentiu com a cabeça. Era mesmo ruim.
— Nilo costumava se fantasiar de soldado real, sabe?! Ele costumava caçar menininhas indefesas em torno do castelo junto com alguns soldados e o meu pai sabia bem disso — Seth disse, sentindo vontade de vomitar. — Ele nunca foi um soldado de verdade, mas o meu pai não se importava. Ele estava abusando era de umas pobretonas mesmo. Porém, Nilo não mudou somente a minha história, ele mudou a história daquela garota também, a tal de Mariah. Ela não estava dando mole para ninguém. Mariah era apenas mais uma de suas vítimas. Ele a estuprou e o meu pai sabia disso. O meu pai sempre soube que ela nunca teve culpa, porém, mesmo assim a exilou!
Arabela levou a mão à boca, contendo a vontade de vomitar.
— Mariah não foi a primeira e nem a última garota abusada no reino. As outras somente tiveram medo de serem expulsas assim como ela e então se calaram. E Tudor como o bom suserano, enterrou tudo em seu universo de mentiras.
— Foi por isso que você lutou tanto pela Zahra? — ela disse, sabendo naquele momento que Seth não estava tão apaixonado assim pela garota.
— Sim — ele respondeu. — E também porque naquela época eu acreditei que ela poderia me curar com a sua doçura. Mas eu estava errado. Ninguém mais poderia me curar senão você! Quando o meu pai pediu que eu escolhesse uma esposa, eu achei que ela poderia me salvar de mim mesmo, mas isso não é real, pois a única pessoa que me faz querer lutar de verdade e nunca mais ser um covarde é você!
Naquele instante todas as palavras morreram. E apesar de Arabela saber que precisavam ter cuidado com Nilo, ainda mais agora que não sabiam o seu paradeiro, ela se deixou levar pelo sentimento que inundou todo o abrigo, fazendo com que não pudessem fazer nada mais além de se beijarem longamente.
Íris se desesperou ao não encontrar nem Bree e nem Arabela, e então começou a correr pela mata.
Porém, naquele mesmo instante, Arabela saía inebriada do abrigo na floresta, tomada pelo beijo que havia trocado com Seth e com a ideia de que o rapaz estava bem vivo.
Deixou-o sozinho para que pudesse ajudar as suas amigas. Na verdade, um aperto em seu peito não a deixava pensar que tudo estava bem.
Não precisou andar muito até trombar com Bree.
Seus olhos estavam desfocados e a sua respiração estava acelerada, como quem começa a se afogar em um mar de angústias.
A garota estava tão perdida, que quase nem notou que era Arabela quem estava ali. Apenas começou a gritar, assim que a amiga colocou as mãos em seus ombros.
Bree tremia, como se tivesse fugindo de um assassino.
E estava!
Agora ela realmente sabia que estava na mira do assassino.
E ele o havia olhado, bem nos olhos.
— Bree? — chamou Arabela de uma maneira desesperada.
— Eu sei — ela disse, quase engasgando —, eu sei quem é aquele monstro! — Bree arfou e Arabela sentiu todos os seus músculos se enrijecerem. — Eu acabo de descobrir a sua identidade, enquanto ele se transformava aqui mesmo, na mata. — Tremia toda, enquanto encarava a amiga com seus olhos escuros. — Porém, ele também me viu…
A garota abaixou a cabeça, parecendo esvair um pouco. Arabela sabia o que ela sentia.
Pânico.
Só restava lugar para o pânico.
Arabela abriu a boca para falar, quando avistou Íris logo há alguns metros, porém, um pouco atrás da morena, com um andar completamente macabro, a moça pôde avistar o homem em sua capa e soube que de alguma forma aquele era o fim.
Não tivera tempo de avisar as amigas.
O homem pulou em cima das costas de Íris, derrubando-a ao chão. Ao vê-la ali, chutou a sua cabeça até que ela ficasse completamente inconsciente.
Arabela gritou ao pensar que a morena estava morta, pois ele não levou um minuto para se arrastar até Bree e segurá-la pelo pescoço.
Os olhos da moça começaram a se ofuscar, depois de segundos de agonia.
Arabela queria gritar e se mexer, mas de alguma forma estava hipnotizada pelo terror e ficou bem ali, esperando a sua vez.
Porém, o monstro parecia querer brincar com Bree.
Jogou-a ao chão, enquanto ela tentava a qualquer custo respirar.
Arabela se amaldiçoou por não conseguir fazer nada… mas o que poderia fazer contra um brutamonte como aquele?
O homem estava completamente vestido de negro e a sua identidade estava escondida de novo atrás de sua escuridão.
Arabela só conseguia ofegar, enquanto o homem voltou a segurar Bree novamente pelo pescoço e começou a bater com a sua cabeça em um grande rochedo, enquanto um pequeno filete começava a sujar os seus cabelos loiros de escarlate.
Bree soltou um suspiro agoniado, mas ainda conseguiu olhar para Arabela, dizendo com seus olhos em brasas: vá!
Arabela não soube que tipo de mágica percorreu o seu corpo, mas saiu correndo para bem longe.
Se sentia covarde, mas as suas pernas só conseguiam correr.
Naquele instante, o homem retirou um pequeno punhal de seu bolso e começou a escrever na pele de Bree, enquanto ela choramingava de dor e aos poucos, desmaiava por conta do sangue que ia perdendo.
O vestido que usava, e que intrigantemente era completamente branco, ficou todo maculado de vermelho quando o homem começou a perfurar o seu ventre várias vezes, até que ela se tornasse apenas uma boneca esfarrapada e sem alma.
Jogou-a no chão como um caco velho e então chutou o seu corpo de um lado para o outro, até ela ficar completamente suja de areia e folhas.
— Este é o destino dos burros e espiões! — o homem grunhiu e logo soltou um sorriso macabro.
Porém, antes de partir ainda escreveu calmamente com a sua faca na testa de Bree.
Burra.
Ela estava morta, ele sabia. Todavia, queria deixar bem claro para quem quer que a visse ali, que entrar em seu caminho era burrice.
Íris pôde ter um vislumbre ao acordar, da parca suja em movimento, denotando o último momento em que o homem estivera ali, contudo, estava machucada demais para que pudesse fazer qualquer coisa.
Então continuou a fingir que tinha falecido.
Na verdade, naquele momento, ela também queria estar morta.
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