Capítulo 3
Ofereça o combustível para um motor em
combustão e o que ele fará? Talvez apenas
funcionará, se não estiver quebrado.
VIOLET THOMPSON
E
le estava diante de mim, sério, mas de certa forma os seus olhos verdes me prendiam aos dele, foi quando decidi segurar a sua mão e seguimos até os fundos do salão, diretamente para uma porta de mármore da cor escura. Ele empurrou a porta e segurando a minha mão esquerda, entramos no maior e mais belo jardim que já tive a oportunidade de estar. Sorri como uma boba.
Rosas de cores magníficas! Uma delas chamou-me atenção, suas pétalas aveludadas tinham cores azuis chamativas, lembrava-me as pessoas mais importantes da minha vida, meus pais, que recentemente partiram-me abandonando a sorte. O meu pai costumava pegar uma do quintal da vizinha rica do nosso bairro e a entregava para mim no dia do meu aniversário.
Deixei um sorriso escapar dos meus lábios com uma lágrima solitária. Amava-os, eu amava-os! Porém, o que fiz para merecer o abandono? Simplesmente um final de semana, acordei sozinha na minha casa, havia um bilhete dos meus pais com a mesma rosa azul em cima dele, que estava sobre a mesa.
“Não nos espere para o jantar.”
Foi à última frase da carta que quebrou o meu coração em pedaços, eles não vieram no dia seguinte e nem no outro e assim foi até eu completar os meus 19 anos. Depois não pensei em mais nada, tive que me virar até conseguir sobreviver sem comida, trabalhei cedo e hoje moro sozinha no centro de Manhattan.
— Eram as minhas favoritas. — comentei após apresentar-me para Dalamon. Ele franziu a testa, parecia estar pensando em algo, mas não liguei muito.
Minha preocupação estava acabando com a diversão da noite, teria que arrumar outro emprego, porque o último teve cortes de gastos e precisava concluir o curso de Marketing em seis meses. Mordi os lábios, enrolei o tecido do vestido e passei a pontinha embaixo das unhas, Dalamon a todo o momento observador, talvez seja do seu feitio ou personalidade.
Aproximei-me da rosa, seu caule era de poucos espinhos amarronzados. Segurei a rosa na minha mão e com cuidado a levei até o meu nariz para sentir o seu suave aroma, as mãos dele ainda estavam na minha cintura causando leves arrepios no meu corpo.
— Diga-me, doutor Dalamon costuma trazer as suas conquistas aqui? — talvez fosse um bom momento para descontrair, os seus olhos verdes me encaravam com certo divertimento.
Entretanto, o sorriso que esperei pacientemente ver num homem divertido, vi se desmanchar no seu rosto, fazendo mais uma vez me tremer toda.
Fechado e sutil.
— Cada uma delas. — Dalamon disse convicto de si mesmo.
Um leve desconforto aflorou-se apenas por saber que essa não seria a primeira festa em que lotavam de mulheres bonitas. Senti-me desapontada ou talvez uma tola por pensar ingenuamente ter sido a primeira.
Convencido e egocêntrico.
— Mas nenhuma delas se quer chegou tão perto das rosas. Apenas você. — ele disse de certa forma para me tranquilizar. Confesso ter me sentido febril.
Misterioso, reservado e galanteador.
— Como assim? — soltei a rosa enquanto minhas anotações mentais sobre ele estavam ficando uma bagunça.
— Eu levo-as para outro lugar, aqui é apenas você que está vendo tudo isto. As lembranças da minha mãe cultivando e cuidando de cada planta, cada flor e rosas daqui. É uma parte que restou da minha mãe, só julguei que seria conveniente mostrar-lhe... — ele deu de ombros e soltou um riso nasal.
Indiferente? Frio?
Os seus olhos se encontram com os meus e senti algo novo sobre aquele vasto verde incrível. Como sempre o meu peito se aperta, de certa forma nunca havia estado assim com ninguém, de um jeito íntimo. Ou talvez o meu coração quebrado esteja me alertando de uma possível desilusão.
Dalamon é um exemplo de homem em que você se arriscaria por tudo, olhos verdes que são capaz de lhe tirar segredos incontáveis da sua alma, um jeito intimidador e, ao mesmo tempo sexy. Ele definitivamente não era para mim.
— Preciso de algo para beber... — disse ao sentir leves arranhões pela garganta. Realmente não estaria aqui por mim mesma, se não fosse obrigada a vir com Jane. Uma colega de trabalho que por um acaso tem uma prima de sobrenome importante que a deu o convite com o direito de mais um acompanhante.
Resumindo, estou numa festa incrível com sintomas do começo de uma gripe forte. Além da garganta o meu corpo está dolorido, mas de forma um tanto incomoda.
— Está bem. — ele segurou novamente na minha mão nos levando de volta para o enorme salão. Fiquei perto das escadarias enquanto observava Dalamon ir de encontro para o bar.
Jane dançava graciosa equilibrando duas taças nas mãos, ela descia e subia de forma sensual no ritmo da música eletrônica que começou a tocar faz poucos minutos. O meu sorriso era contagiante em relação aos gritos da minha amiga que parecia estar um pouco “alegre” demais. Resolvi ir ao banheiro para retocar o batom antes de Dalamon vir com as bebidas.
Então subi as escadas em procura do mesmo. Vi dois corredores, um levava a um grande corredor à esquerda e outro à direita. Pensei em escolher um aleatoriamente e talvez com sorte pudesse encontrar um novo quarto de hóspedes.
A luz por este lado do corredor estava um pouco fraca e dava um certo ar de terror ao ambiente rústico. Passei por algumas portas parando numa específica ao qual estava entre aberta, a luz fluía do cômodo. Pensei em pedir ajuda para encontrar o banheiro, mas o que presenciei foi algo realmente assustador!
No ambiente tinha uma bela cama ornamentada e trabalhada de forma delicada, ao lado um criado mudo de cor marrom caramelado e ao lado da cama se estendia um corpo masculino.
Á medida que se aproximava, o corpo revelava algumas manchas de sangue e ao ver de quem se tratava, o meu corpo ficou rígido e levei as mãos a minha boca impedindo um grito. Não sabia se gritava ou se me calava. Gritaria pedindo ajuda? Não, já deve ser tarde.
Ele nem se quer mexe!
Ao olhar pela grande janela uma pessoa fazia-me sinal de silêncio com o indicador sobre os lábios logo em seguida pulando do segundo andar. Fiquei sozinha e sem reação, obriguei-me a sair dali o mais rápido possível descendo as escadas de forma rápida quase que caindo, passando pelas pessoas até conseguir estar do lado de fora.
As luzes das ruas estavam mais assustadoras, o tempo um pouco úmido, contribuiu para que meu corpo quente tivesse a sensação térmica e desconfortável. Gradualmente desci as escadas, temerosa por conseguir uma queda e também trêmula por ter presenciado um assassinato.
Seria mais do que normal seu corpo estar na fase da adrenalina, a boca seca, a falta de ar em seus pulmões, andar pelas ruas em constante vigilância e evitar os olhares das pessoas, como se elas soubessem de tudo. Pedi um táxi. Fugir pode ter sido errado, eu poderia ter gritado pelo menos, mas meu corpo estava quase desabando ao ver o dono da mansão Costta caído aos pés da sua própria cama.
Um táxi para, entro sem pensar em mais nada além de estar em casa. Precisava mesmo descansar e talvez pela manhã eu possa ligar pela polícia. Só não sabia que o meu erro poderia custar praticamente a minha vida. Meu nariz está coçando... Deve ser algum tipo de alergia.
Tomei um bom banho quente, lavando os cabelos e depois de toda a higiene junto de um bom alívio, coloquei uma roupa fresca e deitei me cobrindo até a cintura. O sono demorou a chegar o que acabou contribuindo com uma noite longa e cheia de pesadelos.
***
— Violet! — olhos verdes com as bordas azuladas, frios. Uma expressão de ódio que arrepiava todos os pelos do meu corpo.
— Matou o meu pai. — segurei os lençóis com força, ele se aproximou colocando uma arma em minha testa. — Irei vingar-me.
— Matou o meu pai! — repetia diversas vezes, enquanto neguei com todas as minhas forças.
— Chegou a sua hora. — um sorriso largo e frio, um estrondo e um corpo no chão.
— Você matou ele! — me vi com a arma nas mãos, Dalamon estava caído aos meus pés com o peito ensanguentado, agonizando.
— MATOU ELE!
Pulo da cama aos gritos, não sabia distinguir o sonho da realidade, suada e com falta de ar caminhei até a cozinha, tomei água e passei à noite em claro com medo de não conseguir mais acordar.
{Revisado! }
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