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Capítulo 36 - Prazer Selvagem

"Amo tudo que é selvagem. Selvagem e livre."

O sol estava tentando abrir caminho entre as nuvens quando o avião desceu no aeroporto de Yesilkَy. Enquanto tentava pegar um táxi, Pilar obrigou-se a não pensar na chegada no mesmo aeroporto, poucos dias antes. A viagem com Zayn prometera muito e terminara tristemente. Seus sentimentos tinham se estilhaçado como frágil cristal e não tinha outra saída a não ser juntar os cacos e continuar. Só ela sabia o quanto Zayn a havia magoado. Vinte minutos depois, quando o táxi entrou nas ruas estreitas do bairro europeu, teve uma estranha sensação de claustrofobia. Depois da amplidão das estepes, a majestade das montanhas e a beleza de Aysun, o resto do mundo parecia feio e pequeno.

Sacudiu a cabeça, impaciente com as lembranças, mas elas persistiram até o táxi parar diante do hotel aonde os demais competidores estavam hospedados.

Quando entrou, logo percebeu o vulto pequeno de Gaspar Cortez num canto do saguão. Estava com charuto entre os dentes e lia um jornal. Sentiu um impulso de ternura pelo grisalho ex-jóquei e correu para ele, que pôs o jornal de lado.

— Oi, Pilar... — Disse ele, lacônico. — Arranjou a sua montaria?

— Sim, ele chega amanhã! — Respondeu Pilar, sentando-se ao lado dele, no sofá adamascado.

Houve um longo silêncio, depois Gaspar murmurou.

— Seus pais estão aqui.

— Eu sei!... — Respondeu ela, com um suspiro.

Gaspar surpreendeu-se.

— Como você sabe? — Perguntou, erguendo as sobrancelhas.

— Peguei um dos homens do serviço secreto americano a mando dele em Erzurum. Ele estava me seguindo desde Paris. — Explicou Pilar.

Gaspar tirou o charuto da boca e seus olhos se arregalaram.

— Diabo dos infernos! Serviço secreto americano?... — Praguejou irritado. — Você está sendo vigiada, como Saria.

— Isso mesmo. E eu tinha pena de Saria por ela não ter liberdade. Ironia da vida, não? — Disse, amarga.

Gaspar suspirou e dissendo em seguida.

— Seus pais estão numa suíte presidencial do Istambul Sheraton. Tem mandado aquele magrelo alto do segurança pessoal dele, Fishermann, se não me engano, o cara é persistente realmente. Veio dez vezes por dia aqui, para ver se você chegou. Eles estão aflito para falar com você.

— Pois vão ter que esperar muito. — Retrucou Pilar, os olhos escurecendo ao pensar no encontro com os pais.

Percebeu, pelo olhar ansioso de Gaspar, que estava doido para fazer milhões de perguntas. Bom amigo que era, não perguntou nada. Iria esperar, paciente, que ela se sentisse pronta para fazer confidências. Lágrimas de gratidão subiram-lhe aos olhos, dissolvendo a confusa sensação de raiva e dor em relação aos pais e a Zayn. Como uma criança, apoiou a cabeça num ombro de Gaspar e soluçou perdidamente.

— Para o inferno! — Disse, entre lágrimas. — Que eles vão para o inferno!

Carinhoso, Gaspar deu-lhe pancadinhas no ombro, aguentando a tempestade emocional com o mesmo estoicismo que aguentaria uma chuvarada que o pegasse no meio de uma planície do Wyoming. O jeito era continuar firme na sela e cavalgar.

Quando os soluços diminuíram de intensidade, ele sorriu, suave.

— Tá, menina... Agora que desabafou, que tal a gente ir comer alguma coisa? Essa comida turca é fraca, não me satisfaz...

Pilar conseguiu rir, apesar dos olhos continuarem tristes.

— Seu estômago parece um despertador regulado para cada quatro horas, Cortez! — Brincou, mas percebeu que também estava com fome, pois nada comera desde o jantar na noite passada.

Quando estavam a uma mesinha da lanchonete do hotel, Pilar perguntou.

— Como vai Saria? Nem pude falar direito com ela, voltei antes dos competidores.

— O joelho dela está melhor. — Respondeu Gaspar. — Só que está cada dia mais tensa. Vive esperando que a mandem voltar a Moscou. Se lhe dessem chance até a primavera, o joelho estaria curado. Fora a maldita artrite, ela é uma excelente amazona. Me lembra muito a minha filha, se ainda estivesse entre nós.

— É mesmo, Gaspar. Sinto muito por sua perda. — Concordou Pilar. — Admiro e gosto de Saria tanto quanto você...

Nesse momento, o garçom trouxe os sanduíches e o chá de hortelã que haviam pedido. Comeram em silêncio. Quando terminaram, Pilar pôs o guardanapo na mesa e levantou-se.

— Acho que não dá para fugir para sempre. Tenho que ir enfrentar as feras!

— Boa sorte, menina! Não deixe seus pais lhe enrolarem! Mas não basta só enfrentar eles, melhor enfrentar um certo herdeiro também. — Aconselhou Gaspar, afastando a xícara vazia de si.

Quando o táxi parou diante do hotel de luxo, o porteiro correu a abrir a porta. Era bem o estilo dos papais escolherem um lugar assim!, pensou, enquanto atravessava o saguão de mármore. O elevador subia silenciosamente para a suíte presidencial que o congressista França e a socialite da esposa ocupavam. Pilar ajeitou os cabelos com um gesto nervoso. Levara duas horas se preparando para aquele confronto.

Fizera compressas frias para que os sinais de choro desaparecessem.

Tratara de se acalmar. Sabia que os pais tentariam dominá-la. Seus dons para os negócios e a impressionante habilidade de manipular as pessoas tinham tornado o pai no grande político e a mãe, sendo dona do banco Basck, uma das instituições financeiras mais ricas e poderosas dos Estados Unidos. Seu pai era um homem com vontade férrea, conseguia convencer até o homem mais poderoso dos EUA, o presidente. Além de ser o braço direito e fiel conselheiro do presidente americano, era o político mais cogitado a ocupar a cadeira presidencial nas próximas eleições. Tinha que demonstrar a eles que a vontade dela era tão forte quanto as deles.

Vestira-se com cuidado e elegância: o congressista Marcelo França teria que reconhecer que ela já não era uma criança. Talvez devesse agradecer a Zayn por isso. Apesar do relacionamento dos dois ter sido um contínuo conflito de emoções e choque de vontades, ele sempre a reconhecera como uma mulher forte e determianada. Mesmo agora, magoada como estava, sua pulsação acelerava-se de desejo ao pensar nele.

O elevador parou, a porta abriu-se e Pilar dirigiu-se à suíte presidencial 0007.

Respirando fundo, abriu a porta e entrou. Atrás da imponente escrivaninha sentava-se Melanie Styles, secretária particular de seu pai. Numa poltrona ao lado estava Fishermann, e a sua frente um de seus homens, o mesmo que a seguira pela Europa e a ءsia. Ergueu-se ao vê-la entrar, mas Pilar não lhes deu sequer um olhar. A secretário foi ao seu encontro.

— Srta. França, é tão bom ver a senhorita! Estávamos todos ansiosos pela sua chegada!

Pilar arrepiou-se diante da atitude servil. Parece que estou em casa de novo, pensou, com amargura. Mas nada demonstrou no rosto frio, distante.

— Obrigada, Sra. Styles. Pelo que vejo ainda contínua fiel como um cão adestrado. Então, sente-se... Se não se importa, vou ver meus pais.

Passou por eles sem lhe dar tempo para anunciá-la e entrou na sala, fechando a porta atrás de si, com cuidado. Marcelo França estava sentado a uma escrivaninha de nogueira, colocada perto da janela de modo ao ocupante ver as sete colinas de Istambul. Ergueu os olhos para ela, mas continuou estudando alguns documentos.

— Oi, papai... — Disse, apesar de ele continuar lendo sem levantar seus olhos em sua direção.

Ele deixou os papeis sobre a mesa à sua frente, enquanto Pilar ignorava as poltronas e sentava-se na borda da escrivaninha, junto dele. Inclinou-se e beijou-lhe a testa.

O sr. França ergueu-se, olhando a filha com seus olhos claros que eram uma pólida versão dos magníficos olhos dela.

— Olá, filha desnaturada. Bom você ter vindo. Sua mãe estava muito preocupada com essa sua aventura. Como foi a expedição aos confins da Turquia?

— Fascinante, papai. Nosso carro encrencou no meio da estrada e fomos socorridos por uma caravana de curdos. Uma experiência única! Onde está a mamãe mesmo?

— Aonde acha que sua mãe estaria?

— Compras?

— Compras!...

Ele contraiu os maxilares e Pilar percebeu que estava zangado e um tanto chocado. Mas quando falou a voz não mudara de timbre.

— Não gostei do jeito que tratou um dos homens de Fishermann, ameaçando-o, chamar a polícia turca. Pilar, o homem é um agente secreto americano e meu empregado, estava trabalhando direito sobre as minhas ordens. Queria provocar um mau estar internacional?

— Isso do seu ponto de vista. — Replicou ela, indiferente.

— Acho que perdeu o juízo de vez, Pilar França. Não entende que se fosse sequestrada eu teria que pagar um alto resgate?

— Mas não fui. E se fosse, tenho certeza que você dava um jeito para tirar vantagem do fato, não é mesmo? A filha do renomado congressista americano, o próximo nome da política a se tornar o presidente dos EUA tem a filha sequestrada por um dos herdeiros turcos! — Retrucou Pilar, seca. — O que conseguiria em troca, joias, ouro, petróleo ou alguns acordos vantajosos?

— Bem, e por falar nisso... O que quero é falar sobre seu... caso com o herdeiro da família Abadi.

— Eu amo Zayn Kardashev Abadi! — Disse Pilar, de queixo erguido, ela mesma surpreendida com a convicção de suas palavras.

Os olhos frios de Marcelo França pareciam querer perfurá-la:

— E é boba o bastante para achar que ele a ama também? O futuro sheik desta nação, apaixoando por uma americana?

— Isso é problema só meu, papai.

— Não pensou que ele pode estar interessado nas vantagens que pode trazer e não em você realmente?

Pilar não pôde conter uma gargalhada ao ouvir aquilo.

— Que vantagens? Acho que você e mamãe me deserdaram quando rompi o noivado com o idiota que queriam me empurar. Ele não sabe quem eu sou de verdade!...

— Não seja boba, Pilar! Um Abadi já nasce comprometido!

— Zayn não sabe que sou a filha do próximo presidente dos EUA. Para ele sou uma anônima e pobre jóguei em busca de fortuna fácil montando cavalos em corridas pelo mundo afora.

Cerrando os dentes, Marcelo França partiu para o ataque.

— Ele pediu você em casamento? Ele menciou algo mais sério pelo menos?

— Não! — Pilar ficou de pé, de maneira a ficar no nível do pai, sem ter que erguer a cabeça para olhá-lo.

— E será que ele pediria, se soubesse quem você é?

— Papai, por que esse interrogatório agora?

— Porque eu achei que podíamos nos entender com uma conversa razoável, mas parece que você está completamente atordoada. E enfiando os pés pelas mãos nessa história. Um relacionamento não sobrevive a base de mentiras!... — O olhar dele era frio, bravo e desaprovador. — Como aquele projeto de Sheik ousa te descartar como se você fosse uma mulher qualquer! Eu vou... Como ousa permitir isso, Pilar França.

— Eu não vou ficar aqui, deixando você me tratar como uma criança idiota! — Exclamou Pilar, irritada com a frieza do pai.

Mediram-se em silêncio por minutos. Depois ele suspirou, sentou-se mais calmo.

— Sente-se, filha. — Não deixou de olhá-la enquanto Pilar sentava de novo na beirada da escrivaninha. — O que pensa que fiz estes três dias aqui? Que fiquei jogando no cassino do Hilton? — O tom era sarcástico. — Verifiquei a situação entre você e o herdeiro dessa nação.

— Como se atreveu? Eu...

O pai ergueu a mão, fazendo-a calar-se.

— Zayn está à beira da ruína. Está com diversos conflitos dentro e fora do seu seio familiar. Não verifiquei se é por causa dos líderes regionais ou o quê. Mas o fato é que ele está sofrendo tremendas pressões para se casar o mais breve possível. Está atrás de um casamento com mulher que possa trazer acordos comerciais importantes para o país e assim sair do problema. Está claro? Se as intenções de Zayn são tão puras e honradas, por que não está usando um anel de noivado, minha pobre Filha teimosa? Se o ama tanto, era só lhe revelar a verdade e o ajudar a sair desse problemão. E agora com a saúde do pai abalada por causa dos conflitos internos, como deve saber sua segunda esposa foi exilada, o boato que corre nos bastidores é que ela foi responsável por alguns atentados contra a vida da mãe de Zayn no passado. Tudo ainda é muito recente, mas muitos dizem também que ela é responsável por tentativas de assassinado dentro e fora da Turquia. E o seu filho caçula pode estar envolvido também... O sheik Rashid teve que dar muito dinheiro para apagar esse novo incêndio no seio real. — Fez uma pausa, deixando que as palavras penetrassem na cabeça dela.

— Ele usou você e estou desconfiado que, depois, jogou-a de lado. É um homem sem escrúpulos, sem nenhuma moral. E eu a quero longe dele. As relações com o nosso governo ficaram mais difíceis ainda.

— Está sendo injusto, papai... Zayn é um bom líder e... — Murmurou ela.

— Estou? Acho que não. Ele é um oportunista como qualquer liderança mundial.

— Ainda não me provou isso, pai. Eu amo esse homem... — Disse Pilar, teimosa.

— Pilar! — Ele estava zangadíssimo. — Use a cabeça! Deixe dessa idiotice. Você falhou também nas corridas e...

— Não! Eu vou continuar competindo... com dos cavalos da família Abadi.

Vendo que não tinha mais argumento, o congressista sacudiu os ombros.

— Eu trouxe malas com coisas suas, de casa. Pelo menos, mude para o Sheraton, saia daquele hotelzinho horrível onde está com Gaspar.

— Não, obrigada, papai. Estou muito bem lá. — Levantou-se, foi até a porta e voltou-se. — Já que está aqui, espero que vá a Selimiye me ver correr, daqui a três dias. Talvez tenha a satisfação de me ver perder... talvez... eu tenha a satisfação de ganhar.

— Pelo que entendi o seu plano é provar que Zayn Kardashev Abadi pode abandonar tudo para ficar com uma pobre competidora fracassada e sem futuro.

— Quero apenas saber que sou amada pelo que sou.

— Se nem você mesma sabe quem é Pilar, como deseja que ele possa saber. Você fugiu dele, assim como fugiu de nosso país e de nosso convivio. O amor não é um brinquedo que possa ser manipulado a sua vontade. Aceite que o destino tem a sua prَpria vontade. Eu vou falar com o Sheik Rashid e explicou toda a situação, juntos podemos resolver isso e...

— Não se atreva papai, não interfirá na minha vida e nem do Zayn. O que tiver de ser, será!

Saiu e passou por todos sem olhar para eles. Quando se viu a salvo no elevador, Pilar encostou a testa ardente no metal frio da parede. As acusações do pai lhe tinham feito mal. Lembrou-se do baile em Paris, quando Zayn lhe dissera friamente que estava atrás de uma esposa adequada; a gentileza dele para com Laetitia e Zarra; a descrição de si mesmo que fizera como um "homem prático". Zayn era o próprio líder dessa grandiosa nação e iria fazer o melhor para ela.

Fechou um punho e apertou-o, sofrendo, contra a boca.

— Deus... — Murmurou. — Será que me enganei tanto assim? Será que eu deveria ter revelado toda a verdade para ele e ter feito que nossos pais resolvessem a nossa vida, com um simples acordos e algumas assinaturas. Abrindo assim o diálogo, e futuros novos acordos comerciais entre as duas nações.

Marcelo França esperou por cinco minutos antes de ir em direção a sala segundária, abriu a porta e fez um leve movimento com sua cabeça. Se curvou em respeito e explicou seus motivos.

— Alteza, peço mil desculpas por ter lhes escondido em meus aposentos. Mas assim pode perceber o problemas que temos.

— Sem mais explicações congressista. Seria constrangedor se sua filha me visse aqui. Graças a sua manobra rápida ela pode abrir o seu coração com mais naturalidade. E quanto ao problema sitado, realmente sua filha é mais ou talvez pior que o meu filho. Mas juntos podemos resolver esse assunto. Disse o sheik caminhando em direção a enorme janela e vendo Pilar saindo do hotel.

— Minha filha omitiu a verdade de o seu filho por acreditar que assim ela consiguirá saber os reais sentimentos dele e...

— Vamos ser realista meu caro, tanto sua filha como meu filho estão mentindo um para o outro. Sua filha mentiu sobre a sua origem, e meu filho mentiu a não revelar que ele só se casaria daqui dez ou vinte anos. Ainda irei governar essa nação por um bom tempo e decidi que meu filho não irá fazer a besteira de se casar somente por causa de um acordo. Desejo transformar essa nação numa potencia mundial, e para isso precisamos nos adequar aos novos tempos.

— Mas tudo depende de tempo alteza!

— Exato, tenho muita coisa para realizar dentro desse país. E o primeiro passo é resolver esse problema entre nossos filhos.

— Os jovens acreditam que são eternos e que possuem todo o tempo para que possa ser felizes.

— Estão errados, o tempo nunca está ao nosso favor. Ele é indiferente aos nossos sonhos ou desejos. Apenas podemos tentar viver o máximo antes que essa dádiva chamada de tempo acabe.

— Sábias palavras alteza. Então estamos de acordo quanto os nossos filhos?

— Sem sombra de dúvida congressista. Todos os documentos estão assinados e a troca será realizada no tempo adequado. espero vê-lo nas festas que faremos para o casal daqui à alguns meses. Agora voltarei para o meu palácio, acredito que nossas esposas devem estar se divertindo muito organizando o enxoval de nossos filhos.

Os dois homens sorriram e apertaram sua mãos selando os últimos detalhes dos acordos.

2895 Palavras

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