Chào các bạn! Vì nhiều lý do từ nay Truyen2U chính thức đổi tên là Truyen247.Pro. Mong các bạn tiếp tục ủng hộ truy cập tên miền mới này nhé! Mãi yêu... ♥

Capítulo 24 - Prazer Selvagem

"Amo tudo que é selvagem. Selvagem e livre."

Pilar acompanhara a fase da competição em que Zayn e Tornado tinham que saltar as barreiras. Até ali ela se conservara em segundo lugar, com boas perspectivas. No entanto, apesar de Tempestade ter-se saído muito bem nas preliminares todas, não conseguira livrar- se da preocupação: a hesitação nos saltos de barreira no treino do dia anterior podia repetir-se e, então, nada haveria a se fazer. Zayn ultrapassara essa última etapa da competição nesse dia com brilho. Realmente, o primeiro lugar pertencia a ele. Pilar, quando seu nome fora chamado, cavalgara com Tempestade até diante dos juízes, cumprimentara-os, como era praxe, e se posicionara para a largada. O sinal fora dado, saíra e...

Ainda ouvia o murmúrio de pena e simpatia dos assistentes, quando os últimos saltos de Tempestade tinham falhado. Nem sentira a neve fina que caía enquanto levava a égua para a baia, a visão empanada pelas lágrimas que continha a custo. Tinha perdido. A estrebaria estava bem aquecida.

Mecanicamente, Pilar desarreou Tempestade e passou a esponja, com carinho, para enxugar-lhe o suor da testa, focinho e pescoço. Pegou a escova e começou a escovar o pêlo brilhante de suor. Então, começou a chorar. Lágrimas enormes, quentes, de frustração e tristeza corriam-lhe pelo rosto. Enxugou-as com as costas das mãos, impaciente, desprezando-se pela própria fraqueza.

Estava tão envolvida pelas emoções que não percebeu a porta da baia abrir-se.

De repente, alguém a segurou por um braço e a fez voltar-se. Através das lágrimas, viu o rosto de traços esculpidos de Zayn e tentou virar-se, mas ele segurou-lhe o outro braço.

— Pilar... — Murmurou. — Sinto muito.

Com tremenda força de vontade ela conseguiu conter as lágrimas. Não queria demonstrar fraqueza diante daquele homem, de ninguém. Quando, afinal, encarou-o, seu olhar tinha o brilho cristalino de inúmeras pedras preciosas. Não queria aquela simpatia que era dada a qualquer concorrente fracassado!

— Não foi o que você predisse, maldosamente, no seu apartamento, outro dia? — Sibilou, amarga. — Disse que hoje eu ia perder e perdi. Minha sorte está decidida. Você falou em Destino... Acertou nisso também. O destino cego decidiu meu futuro. Deve estar contente por sua premonição ter sido tão certa! — O sarcasmo amargo tornava a voz de Pilar ferina ao máximo.

Um ímpeto destruidor que rugia dentro dela pareceu aplacar-se quando viu a fúria crescendo nos olhos negros.

— Vá pro inferno, Pilar França! — Rugiu Zayn, os dentes cerrados, os dedos apertando fortemente os braços dela. — Não me castigue por algo que estava fora do nosso alcance! Não tenho culpa se você não está em sintonia com sua parceira. Quando estamos em uma competição como está, temos que ser um só!... Você e a Tempestade não estão unida nos mesmos objetivos e nem nós desejos.

A crescente tensão emocional foi quebrada pela entrada de Gaspar na baia.

— Eu temia isso! Tinha um medo desgraçado disso! — Calou- se por instantes ao ver Zayn e Pilar. — Acho que acertou malditamente no seu diagnóstico. — Disse, então, sem perceber o ambiente carregado entre os dois.

Pilar afastou-se para o fundo da baia, física e emocionalmente exausta.

Ficou olhando os homens que examinavam a égua. Zayn apalpava a perna direita traseira do animal, na frágil esperança de descobrir um abscesso ou alguma lesão simples que tivesse provocado o fracasso na corrida.

— Acho que acertei mesmo, infelizmente, Gaspar. — Observou, desanimado e triste, fazendo a égua dobrar o joelho várias vezes, antes de soltar-lhe a perna. — A junta está inflamada. Tempestade está sofrendo, precisa ser tratada antes que o pior ocorra. Ela não deveria ter sido forçada a participar de tantas competições machucada, foi uma irresponsabilidade.

Logo depois o médico-veterinário chegava e confirmava o diagnóstico de Zayn, depois de examinar o animal.

— A inflamação é proveniente de uma distensão no ligamento médio colateral. Infelizmente esses ligamentos são pobremente irrigados de sangue e custam a se recuperar. A égua tem que ficar em repouso um mês ou mais, tomando injeções de fenilbutazona duas vezes por dia.

Quando ouviu aquilo, Pilar mordeu os lábios, aflita. Tinha vontade de gritar, de bater com os punhos na divisão de madeira da baia. Em vez disso, murmurou um obrigado ao médico-veterinário.

Depois que Gaspar e o dr. Lanzane saíram da baia, Zayn voltou-se para ela, que não lhe deu chance de falar.

— Acabou-se — Disse Pilar, secamente, a voz dura contrastando com os olhos brilhantes. — Por favor, vá embora. — Sussurrou.

Zayn hesitou um instante, depois virou as costas e saiu.

Pilar e Gaspar assistiram ao restante da corrida com obstáculos entre os demais espectadores.

Saria Taylor foi a última competidora a correr. Olhavam atentos como ela se erguia nos estribos para aliviar o peso sobre o cavalo no momento dos saltos.

— O joelho dela está incomodando! — Murmurou Gaspar, agitado. — Veja como ela se inclina para o lado, evitando apertar os flancos.

— Ela não está se saindo bem. — Respondeu Pilar, sombria.

O treinador passou a mão, nervoso, pelos cabelos grisalhos.

— É. Deve estar sofrendo muito para se manter na corrida... — Sacudiu a cabeça. — É pena. É uma ótima cavaleira e uma boa menina.

Pilar sentiu-se tão angustiada quanto Saria devia estar se sentindo.

Tinha as mãos crispadas na beirada do banco e inclinava-se para a frente, tensa, como se a pressão de seus joelhos sadios pudessem dar o impulso certo aos competidores.

Mas a situação de Saria era tão desesperada quanto a de Pilar e sua corrida terminou com aplausos frios das poucas pessoas que ainda estavam assistindo.

Pilar estava esperando há algum tempo na baia quando viu a pequena russa chegando com o enorme cavalo.

Seu coração apertou-se e correu ao encontro dela.

As duas se abraçaram por um momento, depois Saria afastou-se.

— Sinto a sua égua estar doente. — Disse, com tristeza.

— E eu sinto por você estar doente, Saria. — Retrucou Pilar, os olhos carinhosos.

— Como é que eu ia esperar que meu joelho me traísse?

Pilar pegou as rédeas do cavalo dela, levou-o para dentro da baia e ajudou Saria a retirar os arreios. Depois, enquanto a russa massageava as pernas do animal, ela o escovou e enxugou. Quando estava no fundo da baia, guardando as coisas, ouviu passos rápidos.

— Saria, Garota! — A voz conhecida soou, num tom diferente do de sempre, antes do homem entrar na baia.

Surpresa, voltou-se e viu Gaspar Cortez entrar. Ele pareceu tão surpreso quanto ela.

— Você veio depressa... — Comentou ele, a voz arfante demonstrando que correra.

— Você também... — Respondeu Pilar, a sombra de um sorriso brincando nos grandes olhos atentos. — E pelo seu jeito de chamar por Saria, parece que andaram acontecendo coisas debaixo do meu nariz e eu nem percebi!

— Não comece com insinuações bobas! — Disse Gaspar, olhos flamejantes.

A troca de palavras meio ásperas interrompeu-se com a chegada de Saria, que saíra por instantes.

— Oi, Gaspar... — Disse ela. — Como vocês, americanos, dizem, eu estou liquidificada...

— Liquidada, menina! — Corrigiu Gaspar, automaticamente, depois tocou-se. — Que nada! Está liquidada coisa nenhuma! Foi o que eu vim correndo para contar... — Deu um rápido olhar a Pilar, que agora estava sorrindo abertamente. — Os jurados acabam de fazer um comunicado. Adiaram a última fase da competição para daqui a uma semana ou dez dias, por causa do mau tempo. Estão até falando em anular a corrida de hoje, o que quer dizer que a competição pode ser realizada outra vez!

As duas moças arregalaram os olhos ao ouvir aquilo.

— Está brincando! — Disse Pilar, por fim.

— Não! — Retrucou Gaspar, os olhos vivos indo de Pilar para a pequena russa. — Sabe o que isso quer dizer, não, tenente? — Perguntou, e continuou, sem esperar uma resposta. — Com uma semana de tratamento com pomada e calor, com sorte, você pode vir a recuperar os pontos que perdeu. Você é uma excelente competidora, como provou em Paris... perdendo só para o turco bonitão e para Pilar aqui!

Os olhos de Saria brilharam por instantes, contagiada pelo entusiasmo dele, depois desanimou de novo.

— Você é muito bom querendo me animar, Gaspar. Acho que esse prazo vai ser apenas um adiamento do meu fracasso.

O impulsivo treinador bateu com o boné numa viga, frustrado.

— Não fique aí gemendo como uma gata assustada! — Falou, evidentemente animado pela chance de ainda participar de algum jeito da competição.

Enquanto os dois se envolviam numa conversa animada, Pilar saiu andando pelo longo corredor da estrebaria, os pensamentos girando lentamente em círculos. O adiamento era um dom dos deuses para alguns competidores, mas não mudava nada para ela. Pilar França estava, mesmo, "liquidada", pensou, amargamente. A lesão de sua égua precisava de um mês ou mais para sarar. Ela e Gaspar tinham que voltar para casa, derrotados. Voltou à baia de Tempestade, viu se a égua estava ajeitada, acariciou-a. Soltou os cabelos, que estavam presos num coque, vestiu o pesado sobretudo e saiu para a neve que caía branca e fria.

Não percebeu o vulto alto até que ele parou diante dela.

— Zayn! — Murmurou, surpresa, tirando uma mecha de cabelos dourados que o vento lhe jogara no rosto.

Pequenos flocos de neve embranqueciam as sobrancelhas e os cílios negros, mas a voz dele era suave e cálida quando falou.

— Quando você quer, sabe ser uma mulher esquiva, Pilar... Eu estava procurando você. Soube da novidade?

— Sobre o adiamento? — Os olhos dela brilharam. — Sim, mas para mim não adianta nada.

Começou a afastar-se, mas ele falou, fazendo-a parar.

— Pilar, quer jantar comigo hoje?

Voltou-se lentamente para ele:

— Para quê, Zayn? Amanhã pego o avião para Washington. Não temos nada para dizer um ao outro.

— Engano seu, Pilar França. — Disse ele, aproximando-se e erguendo-lhe o queixo com os dedos enluvados. — Ainda temos muito a falar.

Por longos instantes, Pilar fitou os profundos olhos negros. Será que estava imaginando o pedido que via neles? Estava por aceitar o convite quando percebeu que Latifa se aproximava. Os grandes olhos escuros fitaram-nos, cheios de acusação, e como num pesadelo ela ouviu palavras ecoando no cérebro:

"Você é uma intrusa... O que pode oferecer a ele, a não ser sofrimento?"

Olhou para Zayn, de novo, perturbada.

— Sinto muito, Zayn... — Murmurou com esforço. — Acabou-se... Você tem sua vida e eu... eu tenho que juntar os pedaços da minha.

Latifa estava do lado deles, a mão pequenina no braço de Zayn. Pilar afastou-se correndo na sombria tarde de inverno.

Pilar estava junto da grande janela de seu quarto, observando a cidade iluminada lá embaixo. Estava com um vestido de noite escuro que realçava-lhe o corpo esguio. Não tinha ânimo de descer para jantar. Ela e Gaspar tinham tomado chá umas duas horas antes, conversando sobre o que iam fazer.

Ele resolvera ficar mais uma semana, para dar assistência a Saria. Pilar continuava decidida a ir embora. Já reservara lugar no primeiro vôo para Washinton, na manhã seguinte. Já imaginava a longa viagem intercontinental, depois a última etapa de jatinho particular de seus pais que com certeza já estavm a par de todos os acontecimentos. Já se via entrando no hall enorme da mansão dos França e vendo as expressões dos pais também.

— Não organizei o casamento para o Natal. — Kara França diria à filha com os lábios apertados em frio aborrecimento — Mas podemos fazer coisa melhor ainda. Claro que você precisa telefonar logo para o Peter e pedir desculpa pela sua atitude impensada...

Estremeceu quando a paisagem pontilhada por minaretes desapareceu diante de seus olhos para dar lugar à margem do rio Delaware, com a quadrada solidez do Palácio da Independência e a Igreja Glória a Deus. Sentiu-se desolada, perdida.

Rápidas batidas na porta trouxeram-na bruscamente de volta ao presente.

Atravessou o quarto para atender, imaginando que talvez Gaspar tivesse recuperado o juízo e tinha vindo dizer que ia com ela para casa no dia seguinte.

Assim que abriu a porta a sensação de frio, de solidão, se desvaneceu. O coração bateu mais depressa ao dar com o rosto moreno de Zayn, a angulosidade do rosto acentuada pela tensão do maxilar. Antes que organizasse os pensamentos e falasse com ele, Zayn falou.

— Não posso deixar você ir assim, saindo da minha vida de repente, como disse que vai fazer.

Pilar dominou o impulso de se jogar nos braços dele: não podia deixar que Zayn soubesse o que sentia. Compôs o rosto, escondendo o sofrimento, a angústia, a necessidade que sentia dele. Baixou os olhos, com medo que eles a traíssem.

— Você vai jantar comigo. — Era mais uma ordem do que um convite.

— Tenho uma proposta a fazer.

Um clarão passou pelos olhos dela, ao pensar que ele estava querendo se divertir. Um breve sorriso iluminou o rosto moreno.

— Eu sabia que podia desfazer a máscara de pedra que você pôs no rosto... Vamos falar só de negócios, Pilar: cavalos.

— O que quer dizer? — Perguntou ela, intrigada.

— Pegue o casaco. Conversamos enquanto jantamos.

Pouco depois estavam no pequeno restaurante da esquina, onde um grupo de músicos turcos tocavam baladas do mar Negro e uma senhora de vestido longo e escuro servia-lhes cerveja. Quando afastou a cadeira para ela, Zayn murmurou.

— Este restaurante foi aberto por russos durante a Revolução Bolchevista, há sessenta e cinco anos. Dizem que uma moça do grupo era uma cigana bailarina vinda especialemnte da Espanha. Vai ver que é ela...

Pilar observou a idosa senhora. Seu rosto ainda conservava certa beleza, apesar da idade, e seu porte era elegante.

— Seja verdade ou não... — Continuou Zayn. — Aqui fazem o melhor borscht e as mais deliciosas costeletas de vitela da cidade.

Enquanto comiam o delicioso jantar, Zayn contou histórias da antiga Istambul. Histórias que seu avô lhe contara. Pilar interessou-se pela descrição de detalhes secretos do Palácio Dolmabahçe: a porta de aço do harém do sultão e as janelas ocultas pelas quais as concubinas seguiam as intrigas diplomáticas e os conselhos de guerra realizados na sala do trono.

— Estive no palácio outro dia e não notei isso. — Riu ela.

— O que achou da casa de meu avô? — Perguntou Zayn.

Ela estava por dizer que lhe lembrara a própria casa, repleta de peças antigas, caríssimas, mas lembrou que estava bancando uma jóquei pobre e respondeu.

— Bonita, mas prefiro o Palácio Topkapi.

— Falou como uma verdadeira turca! — Exclamou Zayn, rindo.

À medida que o tempo passava, Pilar sentia-se intrigada com as diferentes facetas que Zayn mostrava em sua conversa culta, bem informada. Ele sabia ser encantador quando queria, se bem que tivesse mostrado a ela mais seu lado negro. Era como se reservasse amabilidade para os outros e para ela reservasse... o quê?

2422 Palavras

Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro