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Capítulo 22 - Prazer Selvagem

"Amo tudo que é selvagem. Selvagem e livre."

O inverno envolvia Istambul num frio úmido. Chuva e neve tinham continuado caindo desde a noite anterior. O chão estava encharcado. Pilar, depois de uma cavalgada nos arredores da Hípica, estava treinando Tempestade no espaço entre os prédios onde vira Saria Taylor com seu belo cavalo. A égua estava em forma e achava que, se conseguisse manter aquele impulso nos saltos, iria se sair bem. Mas Pilar tinha a estranha sensação de que algo estava errado.

Depois de uma hora de exercício contínuo, PIlar desmontou para ajustar os estribos e dar um passeio curto. Ouviu que a chamavam. Era Saria. Com as mãos enfiadas nos bolsos do agasalho escuro, a pequena mulher russa parecia menor ainda.

— Tudo bem, Saria? — Perguntou Pilar, alegre, quando a moça se aproximou. Notou que estava maquilada. — Está linda! — disse.

Saria corou e sorriu ao ouvir o elogio.

— No trem, tomei a liberdade de ler suas revistas, e conselhos de beleza me ensinaram a usar maquilagem. Depois, você me deu aquele estojo maravilhoso...

— Pintou-se bem. Fez uma maquilagem discreta, mas eficiente. Se quiser, pode ficar com aquelas revistas. — Ofereceu Pilar.

— Não... — Respondeu a tenente, tentando sorrir. — Não posso.

— Saria, criei problema para você levando-a ao meu hotel? — Perguntou, lembrando da cara severa do funcionário do consulado russo. — Se criei, desculpe, sinto muito!

— Não foi isso. — Respondeu a russa, negando com a cabeça. — Não ando nas boas graças deles. Outra coisa... — Acrescentou, sorrindo sem vontade. — Não ajudou muito o hotel ser praticamente ao do Consulado Americano.

— Eu não tinha pensado nisso! — Disse Pilar, chocada.

— Não se sinta culpada, por favor! Você não pode saber o que a equipe de segurança do meu país pensa...

Tentando alegrar a moça, Pilar sorriu e mudou de assunto.

— Já andou por Istambul? Acho tão empolgante!

— A cidade ou certo competidor turco? — Indagou Saria, solene.

— Se está se referindo a Zayn Kardashev Abadi, engana-se. Ele está a fim de Laetitia Casta.

— Ele despreza aquela mulher — Disse Saria.

— Como sabe disso? — Surpreendeu-se Pilar.

— Notei o jeito que às vezes ele olha para ela. — Explicou Saria. — O príncipe do deserto é ótimo ator, tem um encanto envolvente, só que eu não estou sob o fascínio dele e percebo quando representa o papel que todos esperam dele.

— Então, o que ele quer? — Disse Pilar, mais secamente do que pretendia. — Se ele não gosta dela, não gosta de ninguém... a não ser de si mesmo!

— Você é apressada demais em seus julgamentos. Um homem como ele precisa ter cuidado em cada passo que ele dê. Ele tem muitos inimigos dentro e fora de seu país ou acha que ser um príncipe com grandes chances de ascender ao trono não lhe trás riscos. Além disso, Zayn tem pensamentos diferentes de seu parentes, ele quer trazer mudanças para o seu povo e país, mas para isso ele precisa conquistar nobres e o seu próprio povo!... — Observou Saria.

— Eu não esperava isso de você ...

Houve um silêncio entre as duas. Saíram andando e, de repente, Saria cambaleou e teria caído se Pilar não a segurasse.

— O que foi? — Perguntou, aflita.

— Meu joelho... — Respondeu a russa, os dentes cerrados de dor, pálida sob a maquilagem. — Quando faz um frio úmido, como agora, meu antigo ferimento me faz sofrer muito. Pelo jeito, não terei dias bons com toda essa neve a caminho.

Pilar amparou Saria até chegarem a umas cadeiras. Sentou-a.

— Posso ajudar?

— Vou tomar uma aspirina, mas isso não ajuda muito... É duro montar assim...

Duro? Pilar achava impossível, pois sabia o quanto era importante o contato dos joelhos do montador com os flancos do cavalo.

— Tenho que fazer o possível... — Continuou Saria. — Se não ganhar as corridas, acabo trabalhando num dos escritórios de quartel e eu não posso viver sem cavalgar!

Pouco depois Saria quis montar. Pilar ajudou-a. Montou também e ambas cavalgaram numa das pistas de treino. Notava que a tenente mantinha o pé da perna doente fora do estribo, que estava sentindo muita dor, mas nada podia fazer. Sentiu pena dela cuja única ambição na vida era andar a cavalo.

Gaspar estava junto da cerca assistindo o treino e Pilar notou que percebera o problema da russa. Tratou de se concentrar no que fazia. Pouco depois, com o canto do olho, percebeu a presença de Zayn e Tornado na pista. Isso bastou para lembrar da paixão que ele despertava nela e crescer a raiva de saber que ia ligar a vida dele à de outra mulher. Por que, então, ele a perseguia?

Achava que era fraca a ponto de continuar com aquelas brincadeirinhas que ambos sabiam como ameaçavam acabar?

A raiva aumentou ao perceber que perdera a concentração no treino.

Apertou os calcanhares nos flancos da égua, dirigindo-a para a primeira barreira, que era um salto baixo. Prendera os cabelos num rabo-de-cavalo, com uma fita que combinava com a blusa branca e a calça preta, de veludo. Ao disparar, ela e a égua formaram lindo conjunto. Percebeu o brilho branco de um sorriso no rosto de Zayn. Sua resposta foi incitar mais Tempestade.

Quando se aproximaram da barreira, Pilar segurou firme as rédeas, ergueu o corpo sobre a sela, aliviando o peso sobre a égua e guiou-a confiante para o salto.

Apesar da perfeita coordenação do animal, cabeça abaixada e pescoço estendido, Pilar sentiu nele uma pontinha de hesitação. Fez Tempestade repetir o salto e de novo sentiu a hesitação. Algo estava errado.

Ao mesmo tempo perplexa e frustrada por não ter resposta cem por cento da égua, Pilar levou-a para saltar dois obstáculos que ficavam a sete metros um do outro. Tempestade saltou a primeira barreira com hesitação evidente, apesar de estar preparada. Continuou para a segunda e, apesar do desempenho e do impulso bons, percebeu que no último instante as pernas de trás do animal falhavam.

Um segundo depois Tempestade caía e levantava, rápida, enquanto Pilar era lançada longe, caindo de mau jeito sobre o pé esquerdo. Ficou no chão, atordoada, por instantes. Antes que se erguesse, Zayn estava a seu lado. A lã rústica do seu casaco militar arranhou-lhe o rosto quando a pôs cuidadosamente de pé. Ficou um momento apoiada nele, bebendo a força do braço, sentindo agudamente o calor e a vitalidade que emanavam dele.

Com raiva da própria reação apaixonada ao que devia ser apenas um gesto de gentileza, Pilar livrou-se do cálido refúgio dos braços dele. Zayn segurou-a pelos cotovelos, quando ela se afastou.

— Você se machucou, Pilar? — Perguntou visivelmente preocupado.

Ela evitou-lhe o olhar, temerosa do que poderia ver nele.

— Estou muito bem. — Respondeu, ríspida, batendo na roupa para se limpar. — Estou é aflita por Tempestade.

Gaspar aproximou-se e indagou, lacônico.

— Está bem, Pilar? Que diabo aconteceu?

— Não sei direito... — Começou Pilar.

Mas foi interrompida por um dos cavaleiros que trazia a assustada égua. Enquanto ele entregava as rédeas a Pilar, Gaspar e Zayn apressaram-se a examinar-lhe as pernas. Os dedos ágeis de Zayn percorreram os tendões, músculos e ossos das pernas traseiras, com firme delicadeza. Mais uma vez Pilar percebeu o enorme amor que ele nutria por animais. Quando os dois homens se ergueram, a expressão de Zayn era impenetrável, quando disse.

— Está com um leve inchaço num joelho. Pode não ser nada...

— É... — Concordou Gaspar. — O veterinário disse a mesma coisa. Que é para esperar...

Conversando sobre o que poderia ser, nenhum dos dois notou que Pilar se afastava. Ela não queria ouvir! Não suportava a ideia de Tempestade não poder competir. E seu futuro dependia disso! Quando se aproximava da arquibancada da pista, foi começando a sentir dor no tornozelo e só então percebeu que mancava para não forçá-lo.

Lágrimas de frustração subiram-lhe aos olhos quando sentiu-se segura pela cintura e, em seguida, carregada.

— Você mentiu para mim. — Disse Zayn, segurando-a por baixo dos braços e dos joelhos.

Enquanto ele a levava para a arquibancada, ela se debateu.

— Já disse que não tenho nada! Ponha-me no chão!

Não adiantou nada. Ele a levou até os bancos, sentou-a e abaixou-se, erguendo-lhe o pé. Quando percebeu o que ele ia fazer, ficou nervosa.

— Por favor, já fez bastante por mim. Agora, me deixe em paz!

Sem dar atenção, Zayn tirou-lhe a bota, a meia de lã e examinou-lhe o tornozelo com o mesmo cuidado que examinara a perna da égua.

Apesar da dor, Pilar sentiu profundo prazer enquanto ele passava as mãos pelo tornozelo machucado, movimentando o pé, observando ossos e músculos. Voltou à realidade quando ele falou.

— Felizmente, nada quebrado. Você deslocou o tornozelo e está começando a inchar.

Antes que ela pudesse falar, chamou um dos recrutas que tinham sido escalados para auxiliar durante o tempo da corrida, e falou com ele em turco. O rapaz afastou-se e logo depois voltou com uma caixa de primeiros socorros, que deu ao Zayn. Trouxe também uma bolsa de gelo, que ele ajeitou e amarrou sobre o lugar machucado. Pegou-a de novo no colo, levou-a para a primeira fileira de bancos, sentou-a e apoiou a perna na cerca, de modo a ficar erguida.

— Agora, fique assim por duas horas. — Ordenou, seco.

— Não sou um dos seus subordinados. Não vou aceitar suas ordens! — Explodiu ela, zangada por se sentir dependente dele e por ter sentido tanta alteração ao simples toque de seus dedos.

— Vai, sim! — Disse Zayn. — Não quer competir, amanhã?

— Você sabe como isso é importante para mim! — Respondeu ela, cerrando os dentes.

— Então, é melhor fazer o que eu mando.

Antes que ela falasse, pulou a cerca e foi pegar as rédeas de Tornado, que um cavalariço estava segurando.

Pilar cumpriu religiosamente a ordem dele, mantendo o pé para o alto e se descontraindo, enquanto olhava o treino dos competidores. Não se podia impedir de olhar sempre para dois deles: Laetitia e Zayn. Ela não pensara em envolvimentos emocionais. Sua intenção era apenas correr e vencer. No entanto, ali estava Zayn, frio e cruel, planejando casar-se com uma mulher que não amava. E ali estava a mulher que ele escolhera, Laetitia, que se demonstrava disposta a continuar firme, apesar de desconfiar que os sentimentos dele por Pilar eram mais do que mera atração sexual.

Sabia que era orgulhosa, que não importava o quanto amasse um homem: Desistiria dele se não pudesse tê-lo inteiro, com todo amor, toda dedicação. Pois era assim que ela sabia se dar.

O rumor de vozes excitadas interrompeu-lhe os tumultuados pensamentos. A manhã de treino tinha terminado e grupinhos de cavaleiros competidores de vários países diferentes dirigiam-se ao bar, para comer, beber e conversar sobre suas possibilidades. A voz de Zayn sobressaía e ela ouviu-o convidar o pessoal para uma reunião em seu apartamento, naquela noite.

Minutos depois, ela havia tirado a bolsa de gelo. O tornozelo estava apenas um pouco inchado. Observava-o quando percebeu que um par de botas parava a seu lado. Não ergueu a cabeça.

— Pilar, me deixe ver esse tornozelo. — Disse Zayn.

— Não precisa. Está bem melhor agora. — Murmurou ela, sem tirar os olhos da bota que estava calçando.

— Você me ouviu convidar o pessoal? — Indagou ele.

— Ouvi. — Ela amarrava a bota, deixando que a massa dos cabelos, que soltara, lhe cobrisse o rosto. — Cumprindo os deveres de um bom anfitrião, majestade? — Perguntou, irônica.

— Minha vida não é só de deveres! — Respondeu imediatamente.

— Não? — Ergueu os olhos para ver os maxilares fortes cerrados e um brilho de zanga nos olhos negros.

Apesar disso, a expressão dele era gelada quando falou.

— Como pude achar que você era meiga e inocente? É a mulher mais cruel e teimosa que já encontrei. Não perde nem um pouco para as mulheres desse país.

Ela levantou-se, com certa dificuldade, mas recusou a ajuda da mão dele.

Não queria se arriscar: o efeito do toque de Zayn era violento demais! Com esforço, endireitou o corpo.

— Veio até aqui para me insultar?

Zayn praguejou em turco, depois risse, rouco.

— Não me provoque demais, Pilar... Eu vim convidar você para ir à reunião.

— Não, obrigada — Disse, com frieza.

-— Dizem que numa multidão a gente está protegido... — Um brilho gelado escurecia o olhar dele. — Não vou poder tentar seduzir você, se é que tem medo de não poder resistir ao meu encanto.

Pilar avermelhou àquela insinuação e seus punhos se cerraram. Não falou.

— Diga-me Pilar França... — Continuou ele, em voz baixa, cortante. — Será que está querendo me dar outra bofetada?

— Você é um mau-caráter nojento! — Disse Pilar, cada palavra com o peso de rocha. — Você e aquela Laetitia merecem um ao outro!

E afastou-se com toda dignidade que o tornozelo doído permitia.

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